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10 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

Minha vida...

Fato da Semana

Fato: Os efeitos práticos do CPC 38

Qual a relevância disto? Como sabemos, o Brasil optou por adotar as normas internacionais de contabilidade, que são mais flexíveis. Esta flexibilidade é decorrente da própria dificuldade que a entidade reguladora, o Iasb, tem em contemplar os diferentes interesses de mais de cem países do mundo que usam suas regras. Assim, em muitos casos, o Iasb permite que mais de uma alternativa seja adotada.

Ao adotar as normas internacionais de contabilidade, pelo menos parcialmente, o nosso País trouxe parte desta flexibilidade para as nossas demonstrações contábeis. Especificamente, o CPC 38 trata da contabilidade de hedge no Brasil e permitiu um tratamento alternativo para a questão cambial.

Diversas empresas estão aproveitando desta alternativa para gerenciar seus resultados. Nesta semana, duas se destacaram: a Braskem e a Petrobras. Ambas optaram por alternativas que melhoravam seu resultado.

Positivo ou Negativo? - Apesar das empresas estarem dentro das normas, sempre fica a impressão negativa, de manipulação contábil. Para contabilidade, isto não é muito bom.

Desdobramentos – Mais empresas podem adotar estes procedimentos e a punição seria do mercado, com uma redução no preço das ações. Será que isto irá ocorrer? Quando a norma, fica tudo como está no longo prazo.

Outros candidatos ao fato da semana: discutiu-se muito os efeitos do Banco Rural, mas o anúncio da liquidação ocorreu na sexta-feira passada.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – A exportação de jogadores de futebol pode trazer boas divisas para os países da América Latina. O país que mais exporta jogadores é:
Argentina
Brasil
Uruguai

2 – Desapareceram R$156 milhões desta entidade que estavam depositados na Suíça, segundo um texto da Folha de S. Paulo:
Banco Real
Banco Schahin
Vasp

3 – O jornal Washington Post foi vendido para um executivo que possui uma fortuna de 25 bilhões de dólares. O valor da venda corresponde a 1% da sua fortuna
Carlos Slim
Jeff Bezos
Warren Buffett

4 – Este órgão aplicou em cinco anos multas de R$1,2 bilhões, mas arrecadou somente R$19 milhões:
Anac
Cade
CVM

5 – Uma pesquisa realizada na Inglaterra entre contadores mostrou que
Apesar de ganharem menos, as mulheres estão reduzindo esta diferença
Existe uma equivalência no salário dos homens e mulheres
Os homens continuam ganhando mais que as mulheres

6 – O Banco Rural foi liquidado pelo Banco Central. Revelou-se que o passivo a descoberto era de
400 milhões de reais
900 milhões de reais
1,6 bilhão de reais

7 – Ainda com respeito ao Rural, no segundo semestre de 2012 esta instituição perdeu ativos no valor de
400 milhões de reais
900 milhões de reais
1,6 bilhão de reais

8 – Ao inspecionar o trabalho da EY em 2012, o PCAOB encontrou, em 52 trabalhos realizados, problemas em
5
15
25

9 – O custo para fazer um assento para a classe executiva de um avião pode chegar a
8 mil dólares
80 mil dólares
800 dólares

10 – Ao sancionar um projeto sobre corrupção aprovado no parlamento brasileiro, a presidência da república vetou uma punição
Aos políticos eleitos
Aos servidores públicos
As empresas corruptoras

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 8 ou 7 = prata; 6 ou 5 = bronze

Respostas: (1) Argentina; (2) Banco Schahin; (3) Jeff Bezos; (4) CVM; (5) os homens continuam ganhando mais que as mulheres; (6) 400 milhões de reais; (7) 1,6 bilhão de reais; (8) 25; (9) 80 mil dólares; (10) empresas corruptoras.

Mudança Contábil e Resultado

Gigantes como Petrobras e Braskem puxaram a fila de empresas brasileiras que estão adotando uma nova forma de contabilidade para amenizar a volatilidade de seus resultados devido ao efeito da variação cambial sobre dívidas em moeda estrangeira.

A Petrobras e a Braskem adotaram a chamada "contabilidade de hedge" (ou hedge accounting, em inglês) nos resultados do segundo trimestre. Na esteira, a Vale e a produtora agrícola Vanguarda Agro já anunciaram que vão fazer o mesmo.

O sistema tem como objetivo usar as exportações como proteção contra a variação da dívida em moeda estrangeira, já que a alta em uma linha compensa a queda da outra.

Para isso, o efeito da variação cambial sobre a dívida em moeda estrangeira não é totalmente contabilizada no resultado financeiro da companhia, mas no patrimônio líquido.

Apenas uma parcela da variação da dívida é transferida para o resultado, mas este montante corresponde ao valor que pode ser compensado pelas exportações faturadas naquele período.

"Este impacto é reconhecido de forma escalonada, conforme for compensado pela receita", explica o professor de finanças do Insper, Michael Viriato.

Desta forma, o câmbio não derruba o lucro em tempos de apreciação do dólar, e tampouco favorece os resultados em época de depreciação da moeda norte-americana.

Segundo o professor Fernando Caio Galdi, da Fipecafi, esse recurso reflete de forma mais realista a realidade econômica destas companhias.

"O hedge accounting faz com que a compensação entre passivo e ativo seja refletida de maneira mais adequada na demonstração financeira", disse. Ele acredita que outras exportadoras devem seguir o mesmo caminho, pois contam com uma proteção natural das exportações.

A contabilidade de hedge pode ser usada no Brasil desde 2009, quando foi aprovado o pronunciamento contábil 38 (CPC 38). Até então, apenas instituições financeiras podiam usar este instrumento. Segundo Galdi, o processo para adotar a metodologia é complexo, pois a empresa deve comprovar que o hedge é seguro. "O processo é bastante detalhado e complexo", afirmou.

A Braskem foi a primeira a colher os frutos desta estratégia. A petroquímica teve lucro líquido de US$ 99 milhões no primeiro semestre. Caso tivesse mantido a prática contábil anterior, o resultado registrado seria um prejuízo de R$ 855 milhões, segundo a companhia.

No segundo trimestre, a petroquímica teve prejuízo de R$ 128 milhões, que poderia ter sido muito maior (de R$ 1,08 bilhão) não fosse o novo padrão contábil.

O mesmo efeito deve ocorrer com a Petrobras, que divulga os resultados nesta sexta-feira (09/08). Procuradas pela reportagem, Braskem, Petrobras e Vanguarda não comentaram o assunto.

Para a analista do Banco do Brasil Investimento Carolina Flesch, com a novidade contábil o resultado da petroleira terá maior coerência com o resultado operacional. "Dessa forma, a Petrobras antecipa também os dividendos sobre as receitas a serem obtidas com as exportações futuras", disse em relatório.

A decisão foi bem recebida pelos analistas de mercado porque beneficia a distribuição de dividendos no curto prazo e reduz as oscilações dos resultados. "A volatilidade do lucro líquido deve ser significativamente reduzida sob a nova política", disseram em relatório os analistas do Bank of America Merrill Lynch quando a Braskem anunciou a medida.

Especialistas em contabilidade, no entanto, questionam se o investidor pessoa física, e até mesmo alguns institucionais, conseguirão avaliar a mudança. Outro problema pode ser a quebra de uniformidade das demonstrações financeiras ao longo do tempo.

"Ficará mais difícil comparar com o resultado do ano passado, por exemplo", diz o professor de contabilidade da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Eduardo Flores. Segundo ele, será necessário que as notas explicativas sejam mais detalhadas, afim de que as mudanças sejam avaliadas com precisão pelo investidores.

A Vale deve ser a próxima grande exportadora a adotar a contabilidade de hedge. A companhia disse em teleconferência na quinta-feira que a mudança deve ocorrer em 2014.

No segundo trimestre, o lucro líquido da companhia despencou para R$ 832 milhões, ante R$ 5,32 bilhões no mesmo período de 2012, refletindo perdas contábeis por conta do efeito da valorização do dólar na sua dívida.

Outra que pretende adotar a contabilidade de hedge é a produtora agrícola Vanguarda Agro. Em julho, a companhia disse que começaria a adotar a prática em 1º de agosto.

Mudança contábil ameniza danos cambiais sobre os balanços - Brasil Econômico - Por Natalia Gómez e Juliana Schincariol/ Reuters - 09/08/13

Aqui um texto, em inglês, da Reuters sobre a Vale.

Contabilidade nos clubes

O Valor Econômico (Governo endossa proposta que enquadra cartolas, Caio Junqueira, 09/08/2013) informa que o governo está apoiando uma proposta que altera a gestão dos clubes de futebol e entidades esportivas que recebem recursos públicos. A proposta poderá afetar diretamente a contabilidade destas entidades:

Agora, a divergência é sobre o texto que prevê, por exemplo, mandato de quatro anos para dirigentes, com direito a apenas uma reeleição; presença obrigatória de atletas na direção das entidades esportivas e de clubes; transparência quanto a dados econômicos, como contratos, direitos de imagem, patrocinadores, propriedade intelectual; existência e autonomia de Conselhos Fiscais; controle social interno e acesso irrestrito a todos associados e filiados a documentos e informações relativos à prestação de contas e publicação deles na internet.

Obviamente o texto deverá encontrar resistências no parlamento, onde a bancada da bola é muito forte.

(Cartoon, adaptado daqui)

Hedge e Petrobras

A Petrobras divulga hoje o resultado do segundo trimestre, o primeiro depois de adotada a contabilidade de hedge, regulada no Brasil pelo pronunciamento contábil CPC38. A regra permite minimizar os efeitos da desvalorização do real sobre as dívidas da companhia, que é neutralizada em parte pelas receitas futuras obtidas com exportações alinhadas aos prazos de vencimento da dívida em dólar.

A estatal informou que a nova regra abrange 70% do total de sua dívida líquida exposta à variação cambial que será protegida por 20% das exportações durante os próximos sete anos. A dívida líquida da Petrobras é de R$ 150 bilhões, dos quais cerca de 78% expostos ao dólar. A nova regra aumentou em 15%, para R$ 30 bilhões, a estimativa do J.P.Morgan para o lucro líquido da Petrobras em 2013.

No segundo trimestre, a contabilidade de hedge livrou a Petrobras de um prejuízo de R$ 2,32 bilhões segundo os analistas do banco, que agora se converte em estimativa de lucro líquido de R$ 3,89 bilhões no trimestre. São previstas ainda receitas de R$ 72,12 bilhões e Ebitda de R$ 16,7 bilhões.

Alguns críticos afirmam que a medida ajuda o esforço do governo, maior acionista da estatal, a melhorar suas contas. O resultado positivo é bom para os detentores da ações ordinárias (ON), que receberão mais dividendos.

Outra crítica é que a Petrobras é importadora líquida de derivados, que ainda são vendidos no Brasil com defasagem. E a nova regra não vai evitar o efeito da desvalorização do real sobre o custo operacional, considerando gastos com serviços e materiais que são pagos em dólares, não em reais.

Como ressaltaram os analistas Caio Carvalhal e Felipe dos Santos, do J.P.Morgan, quando a regra foi anunciada, no longo prazo a nova contabilidade é neutra e não se traduz em perdas ou ganhos para a companhia. Os analistas estão pessimistas com a produção da Petrobras, que deve fechar o ano em torno de 1,8% abaixo da meta.

Em relatório para clientes do HSBC, Luiz Felipe Carvalho e Filipe Gouveia, calculam que a nova contabilidade trará impacto imediato de R$ 4,1 bilhões no lucro trimestral da Petrobras, ajudando também a pagar dividendos. Mais crítico, o HSBC avalia que a nova contabilidade, que considera oportunista, trará resultados confusos e com menos visibilidade.

Entre os itens mais importantes para se observar na Petrobras, o HSBC aponta a política de preços de combustíveis, que mantém defasagem de 22% no preço da gasolina e 18% no diesel em relação ao mercado internacional. E ressaltam que a manutenção dessa política deverá causar perdas de R$ 15,6 bilhões no segmento de refino em 2013.

O Itaú BBA espera lucro de R$ 4,9 bilhões, receitas de R$ 72,15 bilhões e Ebitda de R$ 16,7 bilhões. As projeções do Deutsche são ligeiramente menores: receita de R$ 69,246 bilhões, lucro de R$ 4,69 bilhões e Ebitda de 16,33 bilhões. A corretora Planner vê piora no desempenho do trimestre, com queda da rentabilidade operacional, aumento da despesa financeira e aumento das vendas de combustíveis. Por isso prevê receitas de R$ 76,46 bilhões e lucro de apenas R$ 3,058 bilhões.


Nova regra contábil evita que a Petrobras tenha prejuízo - Cláudia Schüffner - Valor Econômico - 09/08/2013

Caça ao efeito Eike

A temporada de balanços e teleconferências de bancos deste segundo trimestre teve um ingrediente adicional: a caça a eventuais estragos deixados por empréstimos concedidos às empresas do grupo EBX, controlado por Eike Batista.

A busca - que não é uma tarefa fácil, por causa do sigilo bancário - encontrou vestígios. Mas nada que tenha abalado os gigantes do sistema financeiro local.

Embora as empresas X não tenham atrasado o pagamento de seus empréstimos (até onde se sabe), os bancos são obrigados a constituir provisões para perdas mesmo antes disso, em caso de evidências da piora da qualidade de crédito de cliente.

Indo além dos releases de resultados (onde costuma parar a maioria dos investidores) e fazendo uma leitura detalhada de notas explicativas e dos relatórios de administração completos, foi possível notar uma piora nas carteiras voltadas para grandes empresas tanto do Itaú como do Bradesco, tidos como os mais expostos ao grupo EBX.

No caso do BTG Pactual, a constituição de provisões no segmento de empréstimos corporativos não teve qualquer alteração. E os executivos disseram abertamente que "não esperam eventos negativos vindos do grupo EBX" que possam ter impacto no balanço da instituição.

Segundo o BTG, sua maior exposição está na MPX, empresa de energia, que tem a melhor estrutura de capital entre as companhias X e que tem agora a alemã E.ON como maior acionista, dividindo o controle com Eike. Olhando o histórico recente das provisões do BTG, o principal movimento relevante de piora da qualidade de crédito ocorreu no terceiro trimestre do ano passado, quando a carteira com rating "E", que exige provisão de 30% do saldo, subiu de R$ 71 milhões para R$ 536 milhões. Contudo, não é possível identificar o motivo.

O Itaú não foi tão direto quando o BTG sobre Eike Batista. Disse apenas que o aumento de 39% das despesas com provisões para perdas em empréstimos no banco de atacado (que reúne operações com grandes empresas) ante igual trimestre do ano passado, para R$ 1,02 bilhão, não se deve a um risco sistêmico, mas a "casos específicos".

Analistas ficaram intrigados com uma reclassificação de rating feita pelo Itaú, que moveu cerca de R$ 30 bilhões da carteira com nota de risco "A", que exige provisão de 0,5%, para a carteira "AA", a mais alta, que não exige nenhuma provisão. O efeito da mudança seria positivo em R$ 150 milhões no resultado.

Embora não tenham sido explícitos nas perguntas, analistas e investidores queriam saber se a melhora na avaliação de parte da carteira de crédito teria sido feita para anular a deterioração de outra parcela do portfólio, esta ligada às empresas de Eike Batista. Mas o Itaú garantiu que não.

O diretor de relações com investidores do banco, Rogério Calderón, disse ao Valor que foi feito "um aprimoramento no sistema de avaliação das garantias" nas linhas de financiamento de veículos, crédito imobiliário e empréstimos para pequenas e médias empresas. Nos casos em que o valor atualizado da garantia superava o saldo a receber, houve uma elevação do rating. Quando o colateral estava inferior ao valor registrado no balanço, houve rebaixamento.

Embora admita que a migração dos R$ 30 bilhões para o rating "AA" teria efeito positivo no resultado, Calderón ressalta uma mudança de aproximadamente R$ 900 milhões do rating "D" para o "E", que teve efeito contrário e praticamente anulou o impacto. Nesse caso, de "D" para "E", a provisão precisa subir de 10% para 30% do valor total, com impacto negativo de R$ 180 milhões. "O efeito total líquido, considerando essas e outras reclassificações menores, é imaterial", disse ele.

No caso do Bradesco, foi possível notar um aumento de R$ 2,4 bilhões entre março e junho nas operações com nota "D", que exigem provisão de 10%, dentro da carteira de grandes empresas. Em junho, esse rating passou a representar 2,5% do total de empréstimos para o segmento corporativo (que costuma ter inadimplência baixa), ante uma fatia de apenas 1% em março e que costuma se manter abaixo disso.

Chama atenção que o Bradesco, assim como o principal rival, também fez uma reclassificação que fugiu ao padrão histórico nas notas de crédito de alguns empréstimos no segundo trimestre. Houve redução de R$ 7 bilhões nas operações com rating "C", e de outros R$ 4 bilhões com nota máxima "AA", enquanto subiram os empréstimos com notas "A", "B" e "D".

Em nota, o diretor executivo do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti, disse que a qualidade dos ativos é avaliada mensalmente e que tanto operações específicas como grupos de operações "têm seus riscos agravados ou melhorados, conforme as novas informações que estão sendo capturadas no mercado, ou mesmo pelo aprimoramento das nossas ferramentas de análise". Segundo ele, "o efeito líquido em resultados desses procedimentos foi irrelevante".

Caça a "efeito Eike" nos balanços encontra apenas vestígios - Fernando Torres - Valor Econômico - 09/08/2013