Translate

13 julho 2013

Fato da Semana

Fato: Derrota do Rodízio de Auditoria nos Estados Unidos 

Qual a relevância disto? – Os defensores do rodízio das empresas de auditoria acreditam que isto poderá melhorar a qualidade do serviço prestado. Mas aqueles que são contra o rodízio também possuem bons argumentos, incluindo o aumento no custo do trabalho. Alguns países já implantaram o rodízio, incluindo países desenvolvidos. Na maior economia do mundo, onde a contabilidade é mais avançada, o regulador das empresas de auditoria tentou criar normas para obrigar as empresas a fazerem o rodízio.

Num primeiro momento a proposta foi derrotada no congresso, dentro de uma das suas comissões, por 52 votos a zero. Agora o Congresso aprovou, por 321 a 62, o Audit Integrity and Job Protection Act. Isto praticamente enterra as chances de se ter o rodízio naquele país nos próximos anos.
O ato teve aprovação do AICPA, uma entidade historicamente dominada pelas grandes empresas de auditoria, que são contrárias ao rodízio. Mas alguns comentaristas lamentaram a aprovação, por entender que o rodízio poderia ser uma experiência que melhoraria a qualidade dos pareceres.

Positivo ou Negativo? – Depende. Se você é favorável ao rodízio, a aprovação realmente é negativa. Impede que empresas da maior economia sejam obrigadas a mudar seus auditores. Se você acredita que o rodízio é ruim, o fato da semana é positivo.

Desdobramentos – Pelo menos nos Estados Unidos, o assunto rodízio não voltará a ser debatido pelos reguladores nos próximos anos. Como os Estados Unidos possuem uma grande influencia em outras economias, isto também pode significar que esta experiência talvez não seja implantada em muitos países.

Outro fato relevante: a escolha de um fato relevante é sempre difícil. Além deste, é interessante notar que a semana apresentou, em dois países distintos, um problema com o ativo “mais” líquido existente: a moeda. Nestes países, a moeda corrente pode não possuir o valor de face.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – Este país está vendendo sua moeda para colecionadores por um valor menor que o valor de face. Isto é um exemplo interessante de que o dinheiro pode, em certas circunstâncias, ser avaliado por um preço menor que o valor nominal. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela

2 – Já este outro país está incentivando sua população a denunciar quem não aceita a moeda de maior valor, que possui a figura de um líder carismático para uma parcela da sua população. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela

3 – Finalmente ficamos sabendo que os sócios estrangeiros do Banco Renner são brasileiros com domicilio no exterior. Tratam-se
Bispo Edir Macedo e Esposa
Cantor Roberto Carlos
Luciano Huck e Angélica

4 – Esta empresa anunciou, entre 2009 a 2012, 55 comunicados sobre descoberta de petróleo e informações derivadas. Hoje sabe-se que alguns dos comunicados eram manipulados:
BHP
OGX
Petrobras

5 – E esta outra está sendo investigada por suposta prática de esquema de pirâmide no Brasil:
Anway
Herbalife
Telexfree

6 – O Comitê da Basileia está estudando mudar as normas recentemente aprovadas denominadas de Basileia 3. Trata-se de normas sobre
O capital das instituições financeiras
O hedge que deve ser feito em derivativos
O valor do sinistro das seguradoras

7 – A Thomson Reuters suspendeu a divulgação antecipada para alguns clientes vips do índice de confiança do consumidor. A divulgação antecipada significava que estes clientes recebiam a informação com antecedência de quanto tempo em relação aos clientes normais?
1 hora
1 minuto
2 segundos

8 – Neste país, o partido do governo está sendo investigado por uso de caixa dois. Inclusive com pagamentos ao principal estadista do país. O tesoureiro responsável pela distribuição do dinheiro acumulou uma boa fortuna
Argentina
Brasil
Espanha

9 – A inflação deste país está perto dos 40% anuais. Para o Goldman Sachs isto é hiperinflação.
Equador
Venezuela
Zimbabue

10 – Um grande jornal anunciou-se que a Petrobrás estará usando a contabilidade de _____ para proteger-se do movimento do câmbio.
Derivativos
Equivalência patrimonial
Hedge

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) Irã; (2) Argentina; (3) Bispo Edir Macedo e Esposa; (4) OGX; (5) Telexfree; (6) O capital das instituições financeiras; (7) 2 segundos; (8) Espanha; (9) Venezuela; (10) Hedge

O que Bernanke e os protestos têm em comum?

O que Bernanke e os protestos têm em comum?"
Texto de Ilan Goldfajn para O Estado de S. Paulo e O Globo.
Publicado em: 02/07/2013

Tudo está mudando ao mesmo tempo. Choque internacional, protestos no País. Até a Seleção Brasileira mudou e voltou a jogar como campeã.
 
Parece obra do acaso. Mas não acredito em coincidências, o choque externo sinaliza proximidade do fim de um ciclo global e, através de caminhos diversos, desperta a insatisfação local já existente. Por isso acontecem ao mesmo tempo. A economia global certamente está mudando de rumo. E pressionando a economia brasileira. Após anos de juros zero, fluxos de capitais abundantes para países emergentes e pressão para apreciação do real, a maré está mudando. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deixou claro que já está preparando a diminuição dos estímulos dos últimos anos e, no futuro, a subida de juros. Agora os fluxos de capitais estão voltando aos EUA e o real deprecia, pressionando a inflação e requerendo políticas mais austeras. O Banco Central do Brasil (BC) tem intervindo no mercado de câmbio tentando suavizar o impacto do choque, mas o movimento é forte.
 
Ao mesmo tempo, os protestos indicam necessidade de mudanças: melhores serviços públicos, mais crescimento, menos inflação e, de uma forma geral, aumento do bem-estar. Essa situação reduz o espaço de manobra da política econômica, no curto prazo. Mas a dificuldade abre espaço para a oportunidade que, se bem aproveitada, pode melhorar a economia no longo prazo.
 
São vários protestos no mundo, cada um diferente do outro. O que têm em comum é que ocorrem no fim de um longo ciclo global, que começou com uma década de crescimento forte (sem discriminar por país ou tipo de política econômica, não havia política errada) e passou por uma crise financeira global, que quase levou à depressao no mundo e à quebra do euro, só evitadas graças a políticas extremas de estímulo por parte dos governos. O fim do ciclo está próximo, pelo menos nos EUA, onde o desemprego cai e aproxima-se do patamar de 6,5%, ponto focal para reversão das políticas de estímulo. O excesso de estímulo fica para trás. A nova realidade assusta o mundo.
 
A princípio não haveria por que temer a nova realidade nos EUA. Se, por um lado, juros mais altos nos EUA e reversão dos fluxos de capitais têm consequências negativas, como a liquidação de ativos nos países desenvolvidos, queda nas bolsas e nos outros ativos, sem falar na depreciação cambial, por outro lado, o país que primeiro entrou em crise, com o problema dos empréstimos "subprime", está começando a sair dela. E a volta do crescimento nos EUA pode significar, com alguma defasagem de tempo, o começo do fim da recessão na Europa e a volta para um "novo normal". Até mesmo a desaceleração recente das economias emergentes  pode ser revertida com a ajuda da volta do crescimento nos países avançados. Entendo a desaceleração atual nos emergentes como efeito da desaceleração global – retardado alguns anos pelas políticas domésticas de estímulo que conseguiram adiar o efeito do choque global. Agora seria o começo do caminho na direção contrária.
 
A subida dos juros no mundo é a outra face da volta do crescimento global. Uma não vai ocorrer sem a outra. O impacto em cada uma das economias no mundo emergente vai depender da combinação do impacto financeiro negativo com o impacto da volta do crescimento global.
 
Na América Latina acredito que existam defesas bem construídas para choques financeiros. A grande maioria dos países (inclusive o Brasil) construiu grandes (e custosos) estoques de reservas internacionais que servem de defesa, pois podem ser usados para suavizar qualquer ajuste necessário na economia, sem grandes traumas. Muitos governos tornaram-se credores em moeda forte, os passivos externos são menos rígidos e a maturidade da dívida pública é mais longa. As defesas foram construídas como lições das crises das décadas anteriores, essencialmente financeiras. Acredito que após o choque inicial e o ajuste aos tremores que se seguem haverá reversão dos eventuais exageros e a volta da calmaria.
 
A vulnerabilidade maior na América Latina hoje é a um choque real. Uma desaceleração mais forte da China, que venha a impactar negativamente as commodities e os termos de troca e, portanto, a renda na região teria um impacto maior. Qual  a probabilidade desse cenário? Num contexto em que a economia global se recupera lentamente, uma desaceleração mais forte da China seria consequência do estouro da bolha de crédito e de investimento, estímulos usados para revitalizar a economia depois da quebra do Lehman Brothers. Uma desaceleração específica da China teria um impacto maior nas economias da América Latina (e no Brasil) do que o impacto do choque de juros de Bernanke.
 
O impacto do novo ciclo mundial no Brasil depende, portanto, das idiossincrasias na China, mas também de suas próprias. O que temos de específico no Brasil em relação ao resto do mundo? Em que divergimos mais? Entramos nesta nova fase com inflação mais alta que nossos vizinhos, muitos com inflação abaixo das suas metas. Isso coloca limites na depreciação do câmbio que pode ser absorvida pela economia (pelo menos sem que a alta da inflação exija mais medidas de austeridade, difíceis no contexto atual). Também adotamos política fiscal mais estimulativa do que os outros, em parte porque o Brasil começou a desacelerar antes das outras economias do mundo. Precisamos fazer ajuste fiscal e ao mesmo tempo atender às novas demandas de velhos problemas. Está claro que a dificuldade de hoje é também a oportunidade de rebalancear a economia. Precisamos voltar a investir em infraestrutura, mas também em serviços públicos consistentes com a alta carga tributária. Reformas que privilegiem a educação são muito bem-vindas, há que se olhar o longo prazo. Só assim reagiremos à altura ao choque externo combinado aos protestos.
 
 Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.

12 julho 2013

Rir é o melhor remédio










Contabilidade na Petrobras

Leiam o texto a seguir:

Para evitar o forte impacto do câmbio em seus balanços, a Petrobras informou que passou a adotar desde maio deste ano uma nova regra contábil, conhecida contabilidade de hedge --instrumento usado para proteção contra variações de moedas em empresas que tem receitas ou dívidas em outras moedas que não o real.

Segundo a Petrobras, essa prática é regulamentada no Brasil e "permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos (balanços trimestres)".

O mecanismo só pode ser usado, porém, desde que as companhias "gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos", de acordo com a estatal.

Em outras palavras, a empresa terá de obter receitas em moeda estrangeira que compensem, por exemplo, o impacto negativo do câmbio em suas dívidas.

No caso da Petrobras, a nova regra contempla, inicialmente, cerca de 70% do total das dívidas expostas à variação cambial (ou seja, denominada em dólar ou outras moedas) por um período de sete anos. Desse modo, a estatal tem esse prazo para "compensar" eventuais perdas decorrentes do câmbio.

A compensação se dará por meio das exportações da estatal, protegendo cerca de 20% das vendas externas da companhia pelo mesmo período.

"Com a aplicação da contabilidade de hedge, os ganhos ou perdas oriundos das dívidas em dólares norte-americanos, provocados por variações cambiais, somente afetarão o resultado da companhia na medida em que as exportações forem realizadas.

Até que essas exportações sejam realizadas, as referidas variações serão acumuladas em conta do patrimônio líquido", diz a estatal em comunicado.

Para o banco britânico Barclays, espera-se com a introdução do mecanismo "reduzir o impacto causado pela variação cambial" no balanço da estatal.

No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, a oscilação do câmbio gerou menor pressão sobre o endividamento da Petrobras e resultou num impacto positivo de R$ 925 milhões na comparação com o primeiro trimestre de 2012.

Às 15h27 (horário de Brasília), as ações mais negociadas da Petrobras (preferenciais, sem direito a voto) subiam 2,89%, para R$ 15,65, enquanto os papéis ordinários (com direito a voto) da petroleira avançavam 6,44%, para R$ 14,69. (Folha de S Paulo, grifo nosso, 
Petrobras muda contabilidade para reduzir impacto do câmbio, 11 julho 2013)

Observem a forma "torta" com que o texto trata a contabilidade por hedge: o texto dar a entender que o hedge é uma regra contábil, quando na verdade os lançamentos contábeis refletem este fato. Pensei em fazer uma série de observações, mas confesso que não tive paciência. 

Estudo destaca ocupações de nível técnico com maiores ganhos salariais



Com base em dados extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE), uma pesquisa divulgada pelo Ipea apontou as carreiras de nível técnico que mais geraram vagas de trabalho e tiveram maiores ganhos salariais entre 2009 e 2012. Na geração de vagas, destaque para a área de saúde.

Entre as ocupações que predominam com maiores ganhos salariais estão as de operadores de câmara fotográfica, de cinema e de televisão (com aumento real de 51,1% nos salários), dos técnicos de inspeção, fiscalização e coordenação administrativa (aumento de 41,6%) e dos técnicos em laboratório (29,3%).

Os dados fazem parte da edição especial do boletim Radar - Tecnologia, Produção e Comércio Exterior.

CVM e Evidenciação

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) discute internamente a possibilidade de divulgar ao mercado os ofícios de alerta que encaminha às companhias abertas ou a pessoas físicas que atuam no mercado de capitais. Nesses documentos, a autarquia, após identificar alguma irregularidade desses agentes, chama a atenção para o fato, fixa um prazo para que a irregularidade seja corrigida e alerta para que ela não se repita.

Fernando Soares Vieira, superintendente da área de relações com empresas (SEP) da CVM, conta que em 2008 o colegiado da época discutiu o tema e decidiu que esses documentos não deveriam se tornar públicos, conforme a deliberação 542.

"Mas hoje nosso entendimento é que seria muito bom divulgá-los, até mesmo para dar uma satisfação ao mercado. Três ou quatro casos recentes nos fizeram chegar a essa conclusão", diz Soares, ressaltando que a decisão não cabe à superintendência, mas sim ao colegiado, que deverá examinar novamente o tema.

Os ofícios de alertas são apenas um dos instrumentos de fiscalização e supervisão de riscos da CVM, rotineiramente utilizados, mas que quase nunca se tornam públicos, a menos que, por exemplo, alguma companhia tome a iniciativa de divulgá-los.

O mercado já acostumou-se à resposta-padrão da CVM a questionamentos sobre possíveis más condutas. "A autarquia não comenta casos específicos, mas está sempre analisando todos os casos no mercado". Apesar da pouca informação, essa resposta está longe de indicar que a atividade de fiscalização na CVM não seja intensa e criteriosa, embora, a própria autarquia reconheça que suas atividades são pouco divulgadas ao público.

"Sabemos que [essa falta de divulgação] traz o risco de ficar no mercado uma imagem de que a CVM não está atuando", afirma Claudia Hasler, assessora da SEP. "Mas nós não podemos correr o risco de perder um caso. Se ficar a sensação de que fizemos um pré julgamento, pode ser alegado que houve um cerceamento de defesa. E com isso podemos perder um caso em que uma punição poderia ser feita até mesmo com um efeito instrutivo para o mercado", afirma. É por essa razão, explica Claudia, que a CVM sempre opta por ser discreta. "O regulador não pode parecer injusto, ter a imagem de que não apura tudo o que deve apurar ou de que não ouve as pessoas e as companhias. Nenhuma das duas coisas seriam boas", afirma. (...)


CVM estuda tornar público alerta enviado a companhia - Ana Paula Ragazzi | Do Rio - Valor Econômico - 11/07/2013