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07 maio 2013

Rir é o melhor remédio




Salami Science

Estava atualizando o livro de Teoria Contábil. Ao final de cada capítulo existe um tópico que tenta condensar as pesquisas mais atuais daquele tema. Para fazer atualização desta parte, selecionei um conjunto de artigos publicado recentemente na nossa literatura. Num determinado tema surpreendi com dois artigos de três autores sobre o mesmo tema. Ao olhar com mais atenção, percebi que os autores praticaram o Salami Science.

O que é Salami Science? Segundo Fernando Reinach (aqui)

"Salami Science" é a prática de fatiar uma única descoberta, como um salame, para publicá-la no maior número possível de artigos científicos. O cientista aumenta seu currículo e cria a impressão de que é muito produtivo.

Algumas consequências indiretas do Salami Science é o aumento no número de artigos submetido aos periódicos, a dificuldade de citar uma pesquisa através de único artigo, o aumento nos textos que precisamos ler para compreender um determinado assunto e a redução na qualidade geral dos textos. Com respeito aos artigos onde percebi o Salami Science, resolvi não citar nenhum dos dois no livro. (Eu percebi a existência de trechos idênticos em ambos os artigos).

Mas é importante observar que a Salami Science é consequência do ambiente acadêmico que vivemos. Somos avaliados pelo número de artigos que conseguimos publicar. Quando um pesquisador faz o Salami Science ele está reagindo a este sistema. É uma reação explicada por Darwin:

Mas o que Darwin tem a ver com isso? Foi ele que mostrou que uma das características que facilitam a sobrevivência é a capacidade de se adaptar aos ambientes. E os cientistas são animais como qualquer outro ser humano. Se a regra exige aumentar o número de trabalhos publicados, vou praticar "Salami Science". É necessário ser muito citado? Sem problema, minhas fatias de salame vão citar umas às outras e vou pedir a amigos que me citem. Em troca, garanto que vou citá-los. As revistas precisam de muitas citações? Basta pedir aos autores que citem artigos da própria revista. E, aos poucos, o objetivo da ciência deixa de ser entender a natureza e passa a ser publicar e ser citado. Se o trabalho é medíocre ou genial, pouco importa. Mas a ciência brasileira vai bem, o número de mestres aumenta, o de trabalhos cresce, assim como as citações. E a cada dia ficamos mais longe de ter cientistas que possam ser descritos em uma única frase: Ele descobriu...

Eu costumo dizer que Einstein não seria professor no Brasil, já que as suas principais descobertas foram publicadas assim que foram surgindo na sua mente. E ele passou uma grande parte da sua vida tentando criar uma teoria unificada, que não conseguiu. Não seria produtivo. Não faria pontos no Qualis da Capes.

Santiago Bernabéu

Eis um exemplo como aproveitar bem um ativo, no caso o estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid:

Para o clube, já se foi o tempo em que estádio era apenas para os domingos de futebol. Nos últimos anos, o Santiago Bernabéu se transformou numa máquina de fazer dinheiro sete dias por semana, todo o ano.

Com aluguéis de salas para reuniões, tours diários para visitantes de todo o mundo, restaurantes de diferentes países e uma verdadeira estrutura de centro de negócios, o estádio do Real Madrid atingiu no ano passado uma situação inédita: já recebe mais gente em dias sem jogo que em dias de rodada do campeonato espanhol.

Um verdadeiro oásis de dinheiro numa Espanha quebrada, o Santiago Bernabéu se transformou numa das empresas mais rentáveis do país. Por ano, chega a faturar 120 milhões - valor suficiente para comprar a cada ano um novo Cristiano Ronaldo ou acima de toda a renda de Corinthians, São Paulo ou Flamengo. Esse valor nem sequer inclui o próprio time do Real Madrid e seus patrocinadores. Há 15 anos, a renda do estádio quase dependia exclusivamente do futebol, acumulando 33 milhões em 1998.

O projeto de transformar o estádio criado em 1947 numa empresa tem cerca de 15 anos, e os resultados logo apareceram. Por ano, são mais de 700 mil pessoas que compram seus ingressos (a 16 cada) para passear pelo estádio. Em 2012, isso garantiu ao clube 29 milhões, praticamente sem esforço.

Além de visitar os vestiários, caminhar pelo gramado, sentar no banco de reservas e conhecer os túneis, o visitante ainda pode tirar uma foto com Cristiano Ronaldo, com a taça da Liga dos Campeões ou mesmo abraçado com José Mourinho. Tudo graças a computadores. E, claro, com o desembolso de mais 20 por foto.

Estrategicamente, o tour termina dentro da maior loja de artigos de um clube já construída. O visitante pode sair com a camisa do time com seu nome nas costas por mais 100.

Mas não são os turistas que mais deixam dinheiro no estádio. Com 252 salas, o Real oferece a empresas a possibilidade de alugar as dependências para eventos que podem ir de 10 a 80 mil pessoas - ou seja, o estádio lotado. Uma das empresas que abandonaram o formato tradicional de reunião para ir ao estádio foi a Cisco Systems.

"Aqui não trabalhamos para os jogos de futebol dos domingos. Aqui, há jogos todos os dias", comenta Marta Santamaria, uma das responsáveis pela gestão do local. Na temporada 2010-2011, foram 447 eventos, mais de um por dia. Jogos, apenas 27. O restante são atos comerciais de empresas, reuniões de grupos e promoções.(...)

06 maio 2013

Rir é o melhor remédio

Organograma

Gazeta do Rio de Janeiro e a Contabilidade anterior a independência

As primeiras notícias sobre a contabilidade num jornal impresso brasileiro ocorreu logo após a chegada da Família Real. Isto não foi uma coincidência, já que a imprensa no nosso País começou após a vinda do rei de Portugal. O primeiro registro que encontrei nas minhas pesquisas ocorreu no jornal Gazeta do Rio de Janeiro, em 1809. E trazia o seguinte anúncio:

O Superintendente da Decima das Freguezias de Santa Rita, e Candellaria procura hum sujeito, que bem escreva, e conte para a escripturação da Decima: quem se achar nestas circumstancias, dirija-se ao dito Superintendente.
(Gazeta do Rio de Janeiro, n. 77, p. 4, 1809. Itálico no original)

O Superintendente estava procurando alguém que tinha uma boa caligrafia, um dos requisitos relevantes para ser um profissional de contabilidade até o século XX, quando se popularizou as máquinas de datilografia. O anúncio não é claro sobre que tipo de escrituração o Superintendente desejava. Isto era relevante já que na época era comum o uso das partidas simples.

Um ano depois um anúncio na mesma Gazeta do Rio de Janeiro, apresentava um profissional que sabia as partidas dobradas e estava oferecendo seus serviços:

Huma pessoa de consumada experiencia, e talentos mercantís; e que fala, e escreve perfeitamente todas as línguas da Europa, e que possue extensas correspondencias em todas as Praças de commercio, se offerece para conduzir a correspondencia, e escripturação em partidas dobradas, e singelas de qualquer casa bem acreditada que se quiser servir de seu prestimo. Na Loja da Gazeta se receberao ulteriores informações.
(Gazeta do Rio de Janeiro, 1810, n. 35, p. 4, itálico no original)

Este profissional parece bem capacitado, já que falava e escrevia em todas as línguas existentes na Europa (sabemos, hoje, que isto é um exagero, já que o número é substancialmente grande). Além disto, ele conhecia não somente as partidas simples, que no texto parece com o nome de “singela”, como também as dobradas. O termo “partida singela” parece ser comum naquele período: em outra edição da Gazeta do Rio de Janeiro, já em 1819, outra pessoa se oferece para fazer a escrituração mercantil por partida singela (número 42, p. 4).

É interessante notar que somente em 1818 iremos encontrar outro anúncio deste tipo, onde uma pessoa que um emprego de Caixeiro ou Guarda-livros e que tinha acabado de chegar de Lisboa (Gazeta do Rio de Janeiro, 1818, n. 52, p. 4).

Um aspecto relevante: o termo “contabilidade” ou “contador” não aparece nestes quatros anúncios citados e publicados na Gazeta do Rio de Janeiro. Mas o termo guarda livros aparece. Inclusive está presente num anúncio de 1816 (número 30, p. 4), quando o jornal anuncia a disponibilidade da obra “Guarda livro moderno, ou Curso completo de Instrucções elementares sobre as Operações do Commercio, tanto em Mercadorias, como em Banco, contendo o methodo de escripturar livros por partidas dobradas, conforme o estilo dos principaes Escriptorios Mercantis da Europa”.

Entretanto, entre os números do mesmo jornal, encontrei este classificado que é bastante interessante (clique na imagem para ver melhor):

O profissional que se oferecia como Guarda Livros apresentava referências e passaporte. Detalha que seu trabalho inclui o uso das partidas dobradas, prometendo fechar a escrituração após findar o ano, com um retrato adequado da situação da empresa. Um profissional que toda empresa deseja, mesmo nos dias de hoje. 

Wingham Rowan: Um novo mercado de trabalho

Um infinidade de pessoas precisa de trabalhos com horários flexíveis -- mas é difícil para essas pessoas conectarem-se com os empregadores que precisam delas. Wingham Rowan está trabalhando nisto. Ele explica como a mesma tecnologia que move os mercados financeiros modernos pode ajudar empregadores a contratar trabalhadores por fatias de tempo.

População

Dois gráficos interessantes mostrando a distribuição da população por longitude e latitude: