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26 março 2013

Efeito Mateus

O termo “efeito Mateus” foi criado pelo sociólogo Merton na década de sessenta. A inspiração está numa história da bíblia (existente no Evangelho de Mateus - foto), contada por Jesus, onde o senhor deu a três empregados 5, 2 e 1 talento. O que recebeu mais conseguiu duplicar o dinheiro; aquele que recebeu 2 talentos também dobrou a quantia; mas aquele que recebeu 1 talento escondeu seu dinheiro embaixo da terra, com medo de roubarem. Ao pedir conta do dinheiro, o senhor repreende o servo que recebeu 1 talento, dizendo que ele foi mau e preguiçoso: “tirai este talento e daí ao que tem dez. Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter”.

Merton usou esta parábola para caracterizar as situações onde pequenas diferenças iniciais são ampliadas no tempo. Malcolm Gladwell, no livro Outliers, conta o caso dos meninos que são selecionados para compor um time de futebol. Em geral esta seleção é feita por idade. Assim, os garotos de oito anos serão selecionados para formar um grupo de jogadores com esta idade. O problema é que o menino que nasceu em janeiro tem uma vantagem sobre o garoto que nasceu em dezembro de quase um ano. Esta pequena vantagem inicial faz com que a criança que nasceu em janeiro seja considerada como mais apta ao esporte que seu colega que tem dezembro como data de nascimento. Assim, os garotos que nasceram no início do ano acabam prevalecendo sobre os demais. Isto caracteriza o efeito Mateus.

Três pesquisadores tentaram verificar a existência do efeito Mateus na área acadêmica. Pierre Azoulay, Yanbo Wang e Toby Stuart usaram artigos científicos para verificar se os pesquisadores, e seus artigos, que foram premiados com o Howard Hughes Medical Investigator sofriam a influencia da fama. A resposta foi afirmativa. E o efeito Mateus é significante quando existe uma incerteza sobre a qualidade do artigo. Isto ocorre, por exemplo, quando estou na dúvida se um artigo é bom, mas diante de um nome conhecido, decido ler.

Apesar disto, os autores fazem um alerta: o efeito Mateus é superestimado na literatura. Isto justifica o título do artigo: efeito ou fábula?

Fonte: Azoulay, Pierre; Wang, Yanbo; Stuart, Toby. Matthew: Effect or Fable? Working paper, dez 2012,

GRI: Global Reporting Initiative

Por Isabel Sales

Em "Canibais com Garfo e Faca" John Elkington afirma que um novo paradigma da transparência incluirá a comunicação aberta, baseada no direito de saber, que será acumulada na abordagem triple bottom line (TBL). A TBL envolve acessar os valores de uma entidade, suas estratégias e práticas, e como esses podem ser utilizados para atingir os objetivos econômicos, ambientais e sociais, sempre considerando uma forma de minimizar qualquer dano resultante de suas atividades. Enquanto relatórios financeiros tradicionais focam primariamente a lucratividade e outras performances financeiras, a dimensão econômica da TBL tem a intenção de capturar e apresentar uma visão compreensiva da interação da corporação com todos os stakeholders.

A Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição independente com o propósito de desenvolver e disseminar diretrizes para relatórios de sustentabilidade (sustainability reporting guidelines) globalmente aplicáveis. A GRI é pioneira no desenvolvimento e divulgação da triple bottom line (TBL) e é um centro de colaboração extraoficial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).

As diretrizes para relatórios de sustentabilidade da GRI, que são revisadas e atualizadas a cada dois anos, se tornaram um dos mais respeitados guias para a abordagem TBL e parte do princípio que os stakeholders exigem informações sociais e ambientais que acrescentem credibilidade quanto a interação entre uma empresa e o meio-ambiente. Espera-se que com a adoção dessas haja redução de inconsistência nas informações de evidenciação ambiental.

Teoricamente, vários fatores direcionam essa mudança na forma de divulgação adotada pelas empresas. A comunicação eficiente com stakeholders exerce um papel importante em suas percepções, portanto acredita-se no poder de proteger e melhorar a reputação da empresa. Mais de 50% dos fiduciários de fundos de pensão britânicos buscam objetivos não financeiros – não necessariamente porque acreditam que estão seguindo o interesse dos usuários, mas também para proteger seus "bons nomes" do ataque de ativistas ("Ethical Investment: Deconstructing The Myth").

Além disso, um número crescente de investidores inclui fatores sociais e ambientais em seu processo decisório. A publicação de relatórios de TBL é uma forma de aumentar a atratividade a esse grupo ao assegurar que a empresa está aliando a sua comunicação e a sua atitude aos interesses desses acionistas. Ademais, acredita-se haver um efeito positivo no preço das ações.

Há ainda um crescente número de evidências que sugerem que as performances econômica, social e ambiental têm a capacidade de afetar as opiniões dos participantes do mercado sobre a exposição da empresa a riscos. Segundo o The Allen Consulting Group, o risco, nesse caso, não considera somente o de investimento, mas também a pressão política e da comunidade, além de ameaças ambientais.

Atualmente a TBL existe como uma forma de balanced scorecard que captura em números e palavras o grau em que uma companhia está, ou não, criando valor para seus acionistas e para a sociedade. O termo também é usualmente utilizado como sinônimo para sustentabilidade, em grande parte devido à referência da SustainAbility à relação entre os três aspectos da triple bottom line. As três linhas representam a sociedade, a economia e o meio-ambiente. A sociedade depende da economia – e a economia depende do ecossistema global, cuja saúde representa a linha máxima de resultado.

Google

Uma análise de 39 serviços ofertados pelo Google que foram descontinuados, em média eles duram cerca de 1500 dias. Ou um pouco mais de quatro anos. Neste sentido, o Reader, que deverá ser descontinuado em julho para desespero dos blogueiros, durou 2 824 dias.

IAS 19: Proposta de Alteração

O IASB divulgou uma proposta de alteração do IAS 19, sobre planos de benefícios a empregados. As mudanças seriam no sentido de reduzir a complexidade da aplicação da atual norma. Os comentários serão aceitos até 25 de julho.

Fifa e a Copa

Uma projeção feita pela BDO, empresa de auditoria e consultoria especializada em análises econômicas, financeiras e mercadológicas, aponta que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil vai render para a Fifa a maior arrecadação de sua história: nada menos do que US$ 5 bilhões entrarão nos cofres da entidade (cerca de R$ 10 bilhões).

O valor é 36% superior em comparação ao montante obtido com o Mundial da África do Sul (US$ 3.655 bilhões), em 2010, e 110% maior do que o arrecadado na Copa de 2006, na Alemanha, que rendeu US$ 2.345 bilhões. A maior parte do dinheiro vem dos direitos de transmissão pela tevê, seguido pelo marketing gerado em torno do evento. (...)
O Mundial de 1990, na Itália, rendeu para a Fifa US$ 57 milhões em receitas com direitos de tevê e, após oito anos, a entidade arrecadou US$ 138 milhões na França. Depois, em 2002, Coreia e Japão sediaram o evento que proporcionou à entidade um crescimento de 466% nas receitas - US$ 782 milhões foram pagos por emissoras que transmitiram o torneio no Oriente.

Análise da BDO feita em cima de balanços da Fifa aponta que a entidade apresentou receita total de US$ 1,07 bilhão em 2011, evolução de 86% em comparação ao ano de 2003. O lucro líquido acumulado entre 2007 e 2010 foi de US$ 631 milhões, sendo que a Copa da África foi responsável por 90% desse montante.

“O mercado ‘Copa do Mundo’ cresce em velocidade rápida a cada edição do evento. E a tendência é de seguir em alta para os próximos da Rússia e do Catar, países com poder econômico muito forte”, diz Pedro. “Não estamos tratando apenas da transmissão de um jogo de futebol. É diferente. Um mundial representa uma luta feroz pelos direitos de transmissão. A emissora que transmite esse evento vence a concorrência, torna-se a melhor. Ela paga uma fortuna por esses direitos, mas vai arrecadar muito com publicidade e terá lucro”, exemplifica o executivo.

O aumento da arrecadação da Fifa a cada mundial também reflete nas premiações dadas às seleções. Em 2002, a CBF embolsou US$ 7,59 milhões após a seleção vencer a Alemanha na decisão. A Itália, campeã do mundo em 2006, recebeu US$ 19,3 milhões e a Espanha, que conquistou sua primeira estrela em 2010, na África do Sul, ganhou US$ 30 milhões. Para 2014, a Fifa já anunciou que o campeão levará ao seu país US$ 40 milhões.
Se para a Fifa a organização de um mundial rende lucro exorbitante, para os países-sede receberem o evento é interessante tanto na parte financeira quanto no legado [1]. “O que muda é a forma como os países tratam do assunto. Isso é questionável, o Mundial em si, não”, diz Pedro. “A previsão é de que a Copa impacte em até 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional”, afirma o analista. Em termos de comparação, em 2012 o crescimento do PIB do País ficou em 0,9%.

[1] Há muitas dúvidas quanto a isto.

Como funciona a pirâmide?

Fonte: Aqui