A produção de petróleo dos Estados Unidos cresceu mais em 2012 do que em qualquer outro ano desde os primórdios da indústria no país, em 1859, e deve crescer ainda mais em 2013.
A produção de petróleo cru no ano passado, de 6,4 milhões de barris por dia em média, foi a mais alta nos últimos 15 anos e apresentou um crescimento recorde de 779.000 barris por dia em relação a 2011, segundo o Instituto Americano de Petróleo (ou API, na sigla em inglês), uma organização do setor.
É o maior salto anual na produção desde que Edwin Drake perfurou o primeiro poço de petróleo comercial em Titusville, no Estado da Pensilvânia, dois anos antes do início da Guerra Civil americana.
A Agência de Informação Sobre Energia dos EUA prevê volumes ainda maiores em 2013, estimando o aumento da produção média diária em 900.000 barris.
Esse surto de produção é resultado de uma combinação de tecnologias: perfuração horizontal e fraturamento hidráulico, ou "fracking", que consiste em bombear água, químicos e areia a altas pressões para quebrar formações rochosas subterrâneas.
Juntas, essas técnicas possibilitaram a produção de depósitos de petróleo e gás aprisionados em formações antes consideradas inatingíveis.
Isso fez ressurgir a atividade em áreas há muito estabelecidas, como a bacia Permiana do oeste do Texas, e também em vastas áreas pouco exploradas no passado, como a formação de xisto Bakken, no Estado de Dakota do Norte.
A produção da Bakken subiu de apenas 125.000 barris de petróleo por dia cinco anos atrás para quase 750.000 barris por dia hoje. Os benefícios desse salto na produção americana de combustíveis incluem o aumento no emprego em algumas regiões e um renascimento da manufatura doméstica.
"Num nível bem elementar, esse surto está criando empregos e riqueza onde antes não havia", disse Michael Levi, um estudioso de ambiente e energia do Conselho das Relações Exteriores. O surto também tornou o país menos vulnerável a agitações externas que podem prejudicar o suprimento de combustíveis.
"Os acontecimentos [recentes] na Argélia, por exemplo, mostram a importância de aumentar a produção nos EUA e outros países", disse Amy Myers Jaffe, diretora executiva para energia e sustentabilidade da Universidade da Califórnia. O boom da exploração de xisto mirou primeiro o gás natural, mas, quando a abundância de gás derrubou os preços deste combustível, as petrolíferas redirecionaram seus recursos para o petróleo.
Diante da lenta recuperação da economia e dos padrões mais rigorosos para o consumo de combustível impostos à frota de carros e caminhões americanos, a demanda por petróleo caiu em 2012 para seu menor nível em 16 anos, segundo a API. As importações totais de petróleo no ano diminuíram 6,9%, para o volume mais baixo dos últimos 15 anos, informou a organização.
As refinarias, que nos últimos dez anos gastaram bilhões de dólares modernizando e ampliando instalações, estão agora com excesso de capacidade, tentando escoar sua produção extra de diesel e gasolina nos mercados da América do Sul e outras regiões.
A petrolífera americana Exxon Mobil Corp. projeta que a América do Norte se tornará um exportador líquido de combustíveis até 2025, graças ao contínuo crescimento da produção de petróleo no Canadá e das exportações de gasolina e diesel.
A continuação dessa tendência ascendente na produção não está garantida, dizem os especialistas, observando que o setor precisa continuar melhorando suas tecnologias de exploração e produção, principalmente nas áreas mais populosas, ou então poderá enfrentar regulamentações cada vez mais rigorosas. As preocupações com o meio ambiente continuam sendo um aspecto crítico na expansão da tecnologia.
Maior produção de petróleo bruto não implica necessariamente gasolina mais barata, pois os preços dos combustíveis ainda são influenciados pelos mercados mundiais.
Mas o aumento na produção doméstica já está tendo um impacto considerável no setor do refino, que no passado havia se concentrado em processar petróleo importado, mais difícil de refinar.
[...]
Fonte: aqui