Translate

12 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Fato da Semana

Fato: As manobras do governo para fechar suas contas

Qual a relevância disto? Uma empresa precisa gerar mais receita que despesa. Quando isto não ocorre, gera um prejuízo e seu acionista sabe que é uma situação que não pode perdurar por mais tempo, caso contrário a empresa morre. Do mesmo modo, o governo também necessita ter receita compatível com as despesas; caso contrário, ou aumenta os impostos ou reduz as despesas. Mas no mundo moderno, a geração de um superávit passou a ser visto como um sinal de uma boa gestão financeira das contas públicas.  E num mundo em crise, onde diversos países estão com dificuldade de fechar suas contas, passar a impressão de que um governo consegue ter receitas maiores que despesas é um sinal positivo.

O governo brasileiro aumentou substancialmente as despesas nos últimos anos. Também conseguiu arrecadar mais impostos. Mesmo assim, ao final do ano de 2012 as contas públicas apontavam um resultado negativo. Uma série de operações, realizadas nos últimos dias de dezembro, permitiu que o governo registrasse superavit. Entretanto, ficou claro para quem acompanha as finanças públicas, que foram malabarismos contábeis.

Para contabilidade, particularmente a contabilidade pública, fica uma imagem de algo manipulável. A representação fidedigna deixa de existir.

Positivo ou Negativo? Para a contabilidade, sem dúvida nenhuma negativo. Seria mais importante que prevalecesse o retrato mais fiel das contas públicas.

Desdobramentos - Esta é uma das situações onde os efeitos são de longo prazo. Principalmente reduz a credibilidade das contas públicas.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 - Um dos maiores escândalos contábeis dos últimos meses no Brasil foi o do Banco Cruzeiro do Sul. Uma estimativa do Ministério Público de São Paulo informa que ___ % do lucro líquido era falso:

101%
71%
61%

2 - Os balanços das empresas estão sendo aguardados pelos economistas para

Verificar o aumento da carga tributária no lucro das empresas
Verificar o efeito da economia sobre o desempenho das empresas
Verificar o impacto do aumento de preços praticado nos últimos meses

3 - Um acordo de 20 bilhões de dólares entre bancos e autoridades dos EUA foi firmado recentemente. O acordo

deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2012
deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2013
não deverá ter efeito, pois não afeta o caixa dos bancos

4 - MMX e Natura foram destaques esta semana pelo seguinte motivo

autuação do Ministério do Trabalho
cobrança de impostos por parte da Receita Federal
divulgação de notícias boas e reação do mercado acionário

5 - E a Herbalife tem sofrido no mercado acionário dos Estados Unidos. A principal razão refere-se a problemas com

endividamento
geração de caixa
receita

6 - Esta empresa está desenvolvendo um software para o FBI para detectar fraude contábil em e-mails corporativos:

Ernst Young
IBM
Norton

7 - A AES Eletropaulo anunciou esta semana que está negociando um imóvel, que irá resultar num lucro de 62 milhões. A empresa afirmou que o valor

já foi reconhecido no passado, quando usou o deemed cost
será reconhecido até 2016
será reconhecido quando ocorrer a operação

8 - Os antigos acionistas do BVA tentaram, quando da intervenção, tirar vantagem desta entidade do terceiro setor

Cruz Vermelha do Brasil
Legião da Boa Vontade
Sport Club Corinthians

George Orwell e o uso da linguagem


ROBERTO, MACEDO, ECONOMISTA (UFMG, USP, HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É CONSULTOR ECONÔMICO, DE ENSINO SUPERIOR, - O Estado de S.Paulo
George Orwell foi um grande escritor e jornalista inglês. Na sua extensa obra, dois livros se destacaram, inclusive no Brasil, nos quais revelou sua intensa oposição ao autoritarismo e ao totalitarismo: 1984 e A Revolução dos Bichos.
Aqui inspirou até o nome de um programa de televisão, o Big Brother Brasil. Big Brother, ou o Grande Irmão, era a figura imaginária e onipresente que conduzia o partido no poder num país sob jugo totalitário, imaginado por Orwell. Esse partido controlava seus membros de forma acintosa e cada um tinha em sua residência uma câmera de vídeo com que era observado pelo controle central exercido pelo Big Brother.
Menos conhecida é a paixão de Orwell pela clareza no uso da linguagem. Soube pelo seu livro Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios (São Paulo, Companhia das Letras, 2011). Nele, o capítulo A política e a língua inglesa trata mais da linguagem do que da política. Esta e os políticos entram em cena porque Orwell lhes atribui parte da culpa pela má linguagem.
Começa apontando a decadência da língua inglesa. As causas, várias, com seu próprio efeito atuando como causa adicional, ao reforçar as originais, produzir o mesmo resultado de forma intensificada, e assim por diante, indefinidamente. Nas suas palavras, a linguagem "... se torna feia e imprecisa porque nossos pensamentos são tolos, mas seu desmazelo torna mais fácil para nós termos pensamentos tolos".
Várias de suas observações cabem também à língua portuguesa no seu uso no Brasil. Entre outros males, é evidente a invasão de estrangeirismos, principalmente ingleses, muitas vezes sem ponderação quanto ao seu significado e à necessidade e relevância de usá-los. Entre casos mais comuns, estão delivery, sale e off. E há bullying, que ignora nosso verbo bulir e o substantivo bulimento.
Há também os estranhos nomes que recebem edifícios lançados na cidade de São Paulo, quase todos em inglês, francês ou italiano. Recentemente, um jornalista americano que nela vive me disse ter ficado perplexo com um deles, o Augusta High Living, na chamada baixa Rua Augusta. Em inglês high é palavra também usada para descrever uma pessoa embriagada ou sob efeito de drogas.
Para crítica, Orwell apresenta cinco trechos de igual número de autores e neles ressalta duas características comuns. A primeira é o "ranço das imagens" ou metáforas. A segunda é a falta de precisão conceitual, à qual voltarei mais à frente.
Quanto às metáforas, e escrevendo em 1946, argumenta que uma "recém-inventada ajuda o pensamento a evocar imagem visual, ao passo que uma que está tecnicamente 'morta' (por exemplo, resolução férrea) se transforma numa palavra comum e pode ser usada sem perda de vivacidade. Mas, entre esses dois tipos, há um enorme depósito de metáforas gastas que perderam todo o poder de evocação e só são usadas porque economizam para as pessoas o trabalho de inventar expressões".
Entre as gastas que cita, várias estão também na nossa língua: trocar seis por meia dúzia, misturar alhos com bugalhos, caiu na rede é peixe e calcanhar de Aquiles. Acrescenta que muitas dessas expressões são usadas sem o conhecimento de seu sentido, e pergunta: o que são bugalhos, por exemplo?
É ao discutir o sentido das palavras e expressões que enfatiza a política e os políticos. O termo democracia tem destaque: "... além de não existir uma definição com que todos concordem, a tentativa de criá-la sofre resistência de todos os lados. (... ) quando dizemos que um país é democrático, nós o estamos elogiando; em consequência, os defensores de todo tipo de regime alegam que ele é democrático, e temem que tenham de deixar de usar a palavra se esta for atrelada a algum significado".
E mais: "Em nosso tempo, o discurso e a escrita política são, em grande medida, a defesa do indefensável. (...) Desse modo, a linguagem política precisa consistir, em larga medida, em eufemismos, argumentos circulares e pura imprecisão nebulosa. (...) O estilo inflado é em si mesmo uma espécie de eufemismo. (...) A linguagem política (...) é projetada para fazer com que as mentiras soem verdadeiras (...), e para dar uma aparência de solidez ao puro vento". Assim, mesmo discorrendo sobre linguagem, percebe-se que Orwell foi fiel à sua vocação de rebelar-se quanto ao que via de errado na política, na qual ressaltou esse uso deturpado.
Afirmações suas soam familiares no Brasil, onde, por exemplo, é disseminado o entendimento de que o voto livre e universal basta para marcar o País como uma democracia; onde a escolha de reitores de universidades públicas apenas por seus professores, estudantes e funcionários é defendida a pretexto de ser democrática; 
[...]Quanto à linguagem em si, Orwell propõe seis regras para aprimorá-la, e adaptei a quinta à nossa língua: "1) Nunca use uma metáfora, símile ou outra figura de linguagem que está acostumado a ver impressa; 2) nunca use uma palavra longa quando uma curta dará conta do recado; 3) se é possível cortar uma palavra, corte-a sempre; 4) nunca use a voz passiva quando pode usar a ativa; 5) nunca use uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou um jargão se puder pensar num equivalente do português cotidiano; 6) infrinja qualquer uma destas regras antes de dizer alguma coisa totalmente bárbara".
Adicionaria uma sétima, a de evitar frases longas, pois embolam o raciocínio e confundem leitores e ouvintes. E de um filósofo da educação, o franco-americano Jacques Barzun, uma que abrange todas: escrever é reescrever.
Fonte: aqui

A besta insaciável: gastos do governo


O mundo observa enquanto os Estados Unidos lutam por seu futuro fiscal, mas os contornos dessa batalha refletem divisões sociais e filosóficas mais amplas que provavelmente vão influir de muitas maneiras no mundo inteiro, nas próximas décadas. Têm havido muitas discussões a respeito dos cortes dos gastos pelo governo, mas não foi dada atenção suficiente à possibilidade de tornar os gastos do governo mais eficientes. No entanto, se o governo não adotar uma estratégia mais criativa no fornecimento de serviços, seus custos continuarão subindo inexoravelmente.

Todo setor de serviços intensivos enfrenta os mesmos desafios. Na década de 60, os economistas William Baumol e William Bowen escreveram sobre a "doença dos custos" que grassa nesses setores. O famoso exemplo que eles apresentaram foi o do quarteto de cordas de Mozart, que exige o mesmo número de músicos e de instrumentos nos tempos modernos quanto no século 19. Do mesmo modo, leva aproximadamente o mesmo tempo para um professor avaliar um trabalho quanto há 100 anos.

Por que razão o lento crescimento da produtividade se traduz em altos custos? Ocorre que, em última instância, os setores de serviços precisam competir por uma mão de obra que faz parte da mesma reserva nacional de trabalhadores de setores nos quais a produtividade cresce rapidamente, como finanças, indústria e tecnologia da informação.

Evidentemente, o governo é o setor de serviços intensivos por excelência. São funcionários do governo os professores, policiais, lixeiros, e os integrantes das Forças Armadas.

As escolas modernas se parecem muito mais com as de 50 anos atrás do que as fábricas modernas com as daquela época. E, embora a inovação no campo militar tenha sido espetacular, ainda se baseia em grande parte na mão de obra intensiva. Se as pessoas querem o mesmo nível de serviços do governo em relação a outros itens que elas consomem, os gastos do governo acabarão exigindo com o tempo uma parcela cada vez maior da produção nacional.

De fato, nem só os gastos do governo aumentaram enquanto parcela da renda, mas também cresceram os gastos em muitos setores de serviços. Hoje, esse setor, que inclui o governo, corresponde a mais de 70% da renda nacional das economias mais avançadas.

A agricultura, que nos anos 1800 representava mais da metade da renda nacional, encolheu para poucos pontos porcentuais. O emprego na indústria que representava talvez um terço do emprego, ou mesmo mais, antes da 2.ª Guerra, caiu drasticamente. Nos EUA, por exemplo, o setor manufatureiro emprega menos de 10% de todos os trabalhadores. Portanto, enquanto o pessoal conservador em matéria de economia exige cortes dos gastos, forças poderosas impelem na direção contrária.

Na realidade, o problema é mais grave no setor público, onde o crescimento da produtividade é muito mais lento. Embora isso possa refletir a variedade peculiar de serviços que são esperados dos governos, a história não acaba aqui.

Evidentemente, parte do problema está no fato de que os governos usam a mão de obra não apenas para fornecer serviços, mas também para fazer transferências implícitas. Além disso, as agências governamentais atuam em muitas áreas em que enfrentam pouca concorrência - e, portanto, encontram pouca pressão para inovar.

Por que não levar um maior envolvimento do setor privado, ou pelo menos a concorrência, ao governo? A educação, onde o poder das modernas tecnologias revolucionárias mal foi percebido, seria um bom lugar para começar. Sofisticados programas de computação estão se tornando muito eficientes para avaliar os trabalhos dos alunos do ensino médio, e podem até atingir o mesmo nível dos melhores professores.

A infraestrutura é obviamente outra área de ampliação do envolvimento do setor privado. Antigamente, por exemplo, acreditava-se que os motoristas que dirigiam nas estradas administradas por empresas privadas sabiam que teriam de pagar vários pedágios. Entretanto, os modernos radares e os sistemas de pagamento automático resolveram a questão.

Mas não devemos imaginar que adotar o fornecimento dos serviços de empresas privadas constituiria uma panaceia. Seria sempre necessária uma regulamentação, ainda mais quando existe o envolvimento de um monopólio ou de um quase monopólio.

Quando presidente dos EUA, na década de 80, Ronald Reagan descreveu sua estratégia de política fiscal como "deixar a besta morrer de fome": ou seja, o corte de impostos acabará obrigando as pessoas a aceitarem uma redução dos gastos do governo. Sob muitos aspectos, sua estratégia foi um grande sucesso. Ocorre que os gastos do governo continuaram crescendo, porque os eleitores ainda querem os serviços que o governo oferece. Hoje, está claro que conter a expansão do governo significa definir incentivos de modo que a inovação na administração pública acompanhe a inovação em outros setores de serviços.

Sem novas ideias, batalhas como as que estão ocorrendo hoje nos EUA só poderão se agravar.
Os políticos podem e prometem fazer melhor, mas não terão sucesso a não ser que identifiquemos de que maneira é possível aumentar a eficiência e a produtividade dos serviços prestados pelo governo. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

Fonte: aqui