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10 janeiro 2013

A espera dos balanços

É interessante quanto a economia influencia o desempenho das empresas. Mas os balanços podem representar a boa ou má notícia sobre o desempenho da economia. Eis um texto sobre isto:

O início da temporada de balanços do quarto trimestre nos Estados Unidos trará sinalizações do desempenho das empresas também aqui no Brasil. A primeira empresa a dar o pontapé inicial será a Alcoa, com estimativa de lucro por ação de US$ 0,06, contra prejuízo de US$ 0,03 por ação no mesmo período do ano passado.

A empresa ligada ao setor de siderurgia e metalurgia já poderá influenciar a avaliação sobre o mercado brasileiro, uma vez que mostrará se o quanto a demanda mundial por alumínio está aquecida.

Na visão de João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, os setores de petróleo e mineração nos Estados Unidos estarão no foco dos investidores.

Por outro lado, o setor bancário, dessa vez, não deverá chamar a atenção. "O momento de incerteza no sistema financeiro mundial já passou, o que causa certo otimismo com os resultados".

O analista recorda que, durante o ano de 2012, a economia americana produziu indicadores econômicos positivos, com melhora consistente, mas o lucro das companhias não acompanhou, e os balanços do segundo e do terceiro trimestres se mostraram piores do que o esperado.

Por outro lado, o otimismo fica por conta do cenário do mercado de trabalho. "Os dados recentes de desemprego foram surpreendentes, assim como a confiança do consumidor e isso pode mostrar uma economia mais fortalecida, assim como os resultados corporativos."

Vale e Petrobras

Internamente, os balanços da mineradora Vale e da petrolífera Petrobras são os mais aguardados pelos investidores.

A Vale informou em dezembro aderiu à nova legislação do estado de Minas Gerais sobre o ICMS, o que permitirá o término de processos e evitará novas autuações, mas que terá impacto contábil negativo de R$ 528 milhões no quarto trimestre. Os mercados esperam para ver o quanto este valor irá prejudicar a companhia.

Além disso, a melhora na economia chinesa, projetando um crescimento contínuo e saudável, apontado nos últimos indicadores, também está no foco dos investidores, que poderão medir se este crescimento, impulsionado pela demanda interna, será capaz de gerar ganhos à mineradora.

No caso da Petrobras, a grande expectativa fica exatamente por conta das projeções frustradas nos dois últimos trimestres, após registrar prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre e lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo dos R$ 7,7 bilhões esperados pelos analistas.

Acordo bilionário

Dez bancos dos Estados Unidos chegaram a um acordo de quase US$ 20 bilhões ontem com reguladores do setor bancário relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. As acusações contra as instituições financeiras haviam sido feitas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e o Escritório do Controlador da Moeda (OCC, na sigla em inglês) em 2011.

(...) Os dez bancos americanos estavam ansiosos para selar o acordo bilionário porque vão divulgar seus balanços do quarto trimestre do ano passado nas próximas semanas e querem deixar esse assunto para trás [1].

Entretanto, as negociações quase fracassaram no fim de semana, quando os banqueiros ameaçaram rejeitar o acordo caso fosse incluída uma demanda adicional do Fed por mais US$ 300 milhões, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

O acordo está relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. Atolados em milhões de processos de hipotecas, muitos bancos usaram um sistema que ficou conhecido como "assinaturas-robôs" para determinar as execuções, afirmando falsamente que tinham analisado pessoalmente cada um dos contratos concedidos.

Esse pacto assinado ontem pelos bancos substitui a análise individual dos arquivos de empréstimos de cada cliente. De acordo com o OCC, o acordo beneficia ambos os lados, ao dar dinheiro mais rapidamente para os consumidores e encerrar um caro processo que poderia se arrastar por anos, prejudicando a indústria hipotecária.


Nos EUA, bancos fazem acordo bilionário - 8 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo

[1] Ou seja, os valores serão reconhecidos de imediato

Receita, Natura e MMX

A Receita Federal resolveu mostrar suas garras. Os alvos: MMX Mineração e Metálicos e Natura.

Na primeira empresa, um auto de infração de 3,8 bilhões de reais por problemas no ano de 2007 (observe que foram quase cinco anos depois). Segundo o Brasil Econômico:

Mesmo assim, Carlos Müller, analista da Geral Investimentos, não acredita que a empresa tenha muitos problemas. "Caso esse auto se concretize, a companhia provavelmente irá pedir para parcelar este valor, que é muito alto. Desta forma, não há risco dela quebrar", aponta o analista.

Müller compara este esforço ao desafio que a Vale enfrenta com os royalties que, segundo ele, deixou provisionado nos balanços parte do valor que ela espera ter que pagar. A outra parte, a mineradora considera que a probabilidade de cobrança é baixa.


A Natura recebeu um auto de 628 milhões de reais, além de multas e juros, referente a impostos de 2008 (quatro anos depois)

A fabricante de cosméticos anunciou que irá recorrer e William Alves, analista da XP Investimentos acredita que ela irá ganhar a causa. "Nem sempre o que a Receita aponta é verdadeira. Diversas empresas já entraram com ação e ganharam. No entanto, isso ainda vai demorar uns dois anos", pontua.

"Se a Natura não conseguir ganhar a causa, é provável que ocorra redução do valor, de R$ 600 milhões para R$ 60 milhões", estima o analista da XP Investimentos.



Sobre este assunto,

A Receita observa que a fiscalização tem se aperfeiçoado nos últimos anos, principalmente com a melhora da programação e seleção dos contribuintes. De acordo com a instituição, a estratégia permite que os esforços de fiscalização sejam concentrados sobre quem realmente apresenta indícios fortes de sonegação e evasão fiscal.
Em 2012, uma das prioridades da Receita foi o combate ao planejamento tributário abusivo, feito pelas empresas para pagar menos tributos. A Receita também ampliou o foco de atuação no ano passado junto a grandes empresas, que contam com duas delegacias especiais em São Paulo e no Rio de Janeiro.



É interessante notar que ambas empresas são de capital aberto e não divulgaram fatos relevantes. Nota zero em evidenciação.

Herbalife

O xerife do mercado de capitais dos EUA, a SEC, decidiu abrir uma investigação sobre o esquema de vendas da empresa Herbalife. A SEC não fez nenhuma acusação contra a empresa, como revela o NY Times. A investigação surgiu depois que um gestor de um fundo de investimento chamou a empresa do "mais bem administrado esquema de pirâmide da história do mundo".

A Herbalife, que também atua no Brasil, incentiva seus vendedores a fazerem recrutamento de novos vendedores.

O gráfico ao lado mostra o comportamento das ações da empresa nos últimos meses.

Evolução da Internet

Fonte: Aqui

E a figura mostra que os tablets irão dominar o mundo:


Exportações e Importações em 2012


Os resultados do comércio exterior do ano encerrado permitem um teste interessante sobre a sensibilidade, no Brasil, ante uma crise que afetou a grande maioria dos países avançados.
Como se podia imaginar, o Brasil é altamente sensível, nas suas exportações, à queda de atividade nos países avançados aos quais fornece produtos básicos ou semimanufaturados. Com a seca nos EUA, as exportações de commodities concentraram-se em produtos de alimentação (soja e milho), enquanto as matérias-primas destinadas à indústria tiveram forte redução de preços, como o alumínio e o minério de ferro, este acusando uma queda de preço de 24,9%, com grande dependência do mercado chinês, que dita seu preço .
Os produtos semimanufaturados, normalmente destinados a países com indústria ainda incipiente, sofreram também com a queda da atividade mundial: seus preços caíram 8,3%, mais que o das commodities (- 7,4%).
Os bens de maior valor agregado, os manufaturados, perderam no ano passado o mercado norte-americano e sofreram o protecionismo da Argentina, uma praça importante para esses bens. Essas exportações somaram no ano passado US$ 90,7 bilhões. As de automóveis diminuíram 14,8%, dadas as dificuldades enfrentadas na Argentina e no México. São exportações que visam, basicamente, países emergentes ou subdesenvolvidos, uma vez que não se pode considerar o Brasil como uma plataforma para a indústria de veículos, em vista dos salários pagos aqui. É possível que daqui a alguns anos nos possamos contentar em abastecer apenas o nosso próprio mercado. O grande sucesso foi na venda de aviões, com US$ 4,7 bilhões.
As importações brasileiras recuaram 1,4%, menos do que as exportações (-5,3%). E foram dominadas por matérias-primas, com participação de 44,7% do total, que parece indicar que a indústria importa parte importante de componentes, o que permitiu reduzir em 7,8% as de bens de consumo duráveis. Os carros, que têm participação de 4,8% no total das importações, caíram 19,5%. Os bens de capital participam com 21,9% do total das importações.
O Brasil está longe de ser um centro produtivo mundial. É antes de tudo um exportador de commodities, porém sem o poder de fixar os preços dessas exportações, que dependem de Bolsas de Mercadorias no exterior. Além disso, depende essencialmente do vasto mercado da China, que num único ano fez cair as receitas dos minérios de ferro em mais de US$ 1 bilhão.
Fonte: aqui

Renda fixa ou variável?


É assunto dos debates e tertúlias entre analistas, economistas e operadores de mercado a possível realocação da poupança privada, de instituições e indivíduos, que gradualmente transfeririam parte de seus recursos dos títulos de renda fixa para os de renda variável (ações, debêntures conversíveis, fundos de ações). Esse prognóstico vem sendo justificado pela substancial queda das taxas de juros que experimentamos nos últimos anos e que agora estão nos seus níveis mais baixos depois de longo período.
Investidores brasileiros, historicamente por conhecidas razões, privilegiam títulos de renda fixa. Anos de superinflação com títulos indexados, sejam públicos ou privados, atraíam a inquestionável preferência. No momento, no entanto, pessoas físicas não dão nenhum sinal de que realmente estejam considerando mudar preferências que se solidificaram ao longo de décadas, enquanto os investidores institucionais reagem lentamente.
Não creio que devemos nos surpreender com esse comportamento, pelas seguintes razões:
Durante longos períodos, a rentabilidade dos títulos de dívida em geral foi boa, superando a inflação. Esta, por sua vez, provocou o encurtamento do horizonte temporal dos investidores. A insegurança sobre o futuro da moeda tinha como consequência a busca de resultados em prazos curtos e não atraía os investidores em ações;
Em dezembro de 2012, a Bolsa registra somente 621 mil acionistas, ante 559 mil em 2008. Estima-se um potencial de 2 milhões de acionistas;
Os intermediários financeiros, com algumas honrosas menções, não estavam (ou ainda não estão) equipados para investir mais agressivamente na educação dos investidores e para redirecioná-los. O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, está coordenando a revisão do sistema de distribuição de valores mobiliários, que deve ser vista com aplausos. Assim, caberá aos intermediários parcela importante desse trabalho educativo, lembrando que maiores ganhos implicam maior risco;
A economia brasileira patinando, com taxas de crescimento insatisfatórias, não cria ambiente propício para o investimento;
O ambiente externo, com uma conjuntura internacional mal resolvida e com as bolsas refletindo esse ambiente, não cria um cenário favorável para as ações;
Novos lançamentos de ações durante 2013 ficaram muito abaixo da expectativa. Vale lembrar que o número de empresas listadas em bolsa no Brasil, em dezembro de 2011, era de 373, ocupando o 27.º lugar no mundo. A Índia tinha, naquele ano, 6.752; Hong Kong, 3.838; Austrália, 3.079; e a Coreia, 1.816. No entanto, efetivamente no caso brasileiro, as companhias com liquidez estariam em torno de somente 150;
Recomendações recentes de alguns analistas indicam que grande parte das ações projeta um quociente P/L (preço/lucro) superior a 15 vezes. Mesmo reconhecendo que a taxa de juros, agora no seu nível mais baixo, justificaria um quociente P/L mais alto, ainda assim as ações das boas empresas, em geral, não estão baratas;
O que poderá acelerar a canalização de um maior volume para o mercado será o comportamento do investidor institucional, particularmente dos fundos de pensão. Em grande parte, terão de ajustar seus planos, revendo compromissos atuariais;
Outra variável importante será a do investidor estrangeiro, que em anos passados foi grande aplicador, seja diretamente em Bolsa ou em novas emissões. O seu humor com relação ao Brasil alterou-se nos últimos meses, mostrando preocupação com uma questão fundamental: a previsibilidade.
Creio que, no médio prazo, consolidando-se uma nova fase da economia brasileira, essa transferência de recursos irá acontecer, mas vai requerer uma série de iniciativas - aqui resumidamente apresentadas, ressaltando a questão da confiabilidade institucional.
Fonte: aqui