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10 janeiro 2013

Eleição

A eleição dos melhores jogadores do mundo, feita pela Fifa nesta semana, mostrou que todos os escolhidos jogam no futebol espanhol. O resultado foi tão estranho, talvez reflexo da baixa qualidade dos eleitores.

Três brasileiros participaram da votação: Mano Menezes - como técnico da seleção, Thiago Silva - capitão e Cleber Machado - como representante da imprensa. Nenhum deles votou em Neymar, por exemplo, para um dos três melhores do mundo (Messi, C Ronaldo e Ibra, sendo Thiago; C Ronaldo, Messi e Falcão, para Mano; e Messi, Xavi e Ronaldo, para Machado).

Numa eleição onde o patriotismo é comum (Casillas votou no defensor Sérgio Ramos para melhor jogador, enquanto o técnico da Espanha escolheu Casillas o melhor jogador da temporada, por exemplo), diversos jogadores de boa qualidade foram deixados de lado.

09 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Os dez maiores erros na citação


Quando Nash apresentou seu texto revolucionário de teoria dos jogos, o economista estadunidense usou duas citações. Nos dias de hoje isto seria impensável: um texto com menos de cinco referências dificilmente seria aceito num congresso ou periódico. Assim, temos artigos que exageram nas citações, pecando às vezes pelo excesso. A lista a seguir começou com sete erros. Depois que escrevi os sete pecados num guardanapo e estava preparando para fazer este texto, eu percebi que estava incompleta e acrescentei mais três problemas.

Os problemas apresentados a seguir são baseados na minha experiência como leitor de artigos, avaliador e professor.

1 – Maiúscula e minúscula – infelizmente temos que respeitar as normas de citações. E estas normas muitas vezes não fazem muito sentido. A norma de citação brasileira diz que um autor citado ao longo de uma frase deve ser escrito em letras minúsculas; se não citamos o autor na frase, mas o mesmo foi fonte do pensamento, o nome deve estar entre parêntese, em letras maiúsculas. Veja os exemplos:

Segundo Paes (2011), a norma da ABNT é uma grande bobagem.
A norma da ABNT é uma grande bobagem (PAES, 2011)

As duas frases são similares e mostram quando devemos usar maiúsculas e minúsculas. Realmente isto é uma grande bobagem da ABNT, a responsável pelas normas de citação no Brasil, mas os avaliadores consideram isto na sua análise.

2 – Esquecer o nome do co-autor (também conhecido como erro Van Breda) – Em obra de dois ou mais autores supõe-se que os mesmo ajudaram a escrever o texto. Assim é necessário citar todos os autores. Já analisei artigo onde o segundo autor, certo Silva, num livro de capital de giro, não foi citado, apesar de ter sido responsável por muitas linhas do livro. Obviamente fiquei chateado com o grande esquecimento. Neste ponto, o grande campeão na área de contabilidade é Van Breda. Assim, devemos citar

Para Hendriksen e Van Breda (1999) nunca devemos esquecer o nome do co-autor

3 – Não saber usar apud e et alii – Estas duas expressões de origem latinas são fontes de grande confusão. O apud é usado quando pegamos uma citação de outro autor, não tendo consultado a fonte original. Isto pode ocorrer quando não temos acesso à obra. A ordem é citar o autor original primeiro, ligado por um apud – em itálico – ao autor onde você encontrou o texto. Desta forma:

Pacioli apud Niyama e Silva (2011) afirmou que o dono deve contabilizar todos os eventos

Já o et alii  indica a existência de vários autores. A maior confusão é imaginar que seria et alli com dois “eles”. Para evitar o risco, cite et al. Eis um exemplo:

Segundo Sales et alii (2012) a contabilidade é divertida

4 – Página – Em algumas ocasiões gostamos de citar um autor de maneira literal. Neste caso devemos usar as aspas e indicar a página onde o texto foi encontrado. Quando a citação não é literal, não é necessária a página. Eis dois exemplos;

Segundo Correia (2012, p. 1), “o universo contábil é diversificado”.
Para Correia (2012) o mundo contábil é diversificado.

Ambas as frases dizem aproximadamente a mesma coisa. Na primeira, uma citação exatamente como estava no texto original, merece aspas e a página.

5 – Citação e referências – este é um erro muito comum. Todo trabalho citado ao longo do texto deve constar das referências e aquele que estiver nas referências deve ter sido citado no texto. De outra forma, um autor citado ao longo do seu texto não deve estar ausente das referências (afinal, queremos saber detalhes da obra) e um item constante da referência deve ter sido usado no trabalho. Este tipo de erro é muito comum nos trabalhos que passaram por uma intensa revisão.

6 – Citar um nome errado – se você tiver o azar do seu trabalho ser avaliado pela vítima do seu erro, ou de alguém próximo a ele, este erro será muito grave. Além disto, se for um nome amplamente conhecido na área, o erro também poderá ter consequências. Revise o nome que consta do livro ou do artigo para ter certeza que não cometeu este engano. Na nossa área é muito comum encontrar frases como:

Lidicibus (1997) afirmou que o pesquisador merece respeito.

7 – Citar uma obra pouco relevante sobre o assunto – se você estiver fazendo um trabalho sobre a história dos negócios durante a segunda guerra não faz sentido citar uma obra genérica como História do Brasil Resumida. O assunto é muito específico e merece uma citação como O Brasil e a II Guerra, por exemplo. Uma obra genérica pode ser relevante para você tomar conhecimento do assunto, mas você não precisa dizer isto para seu leitor. No passado este tipo de erro deveria ser conhecido como Manual da Fipecafi: esta obra – excelente, por sinal – era muito citada nas dissertações e teses da USP. Mas provavelmente é muito genérica para merecer tanta citação. Outra forma de cometer este erro é usar um pequeno trecho de um artigo cujo foco não é aquele. Por exemplo:

Para Moraes (2008), a contabilidade é a ciência da informação.

E o trabalho de Moraes é algo como “Fluxo de Caixa Descontado”. Ora, Moraes não fez uma grande reflexão sobre o que é a contabilidade; simplesmente fez esta afirmação “de passagem”. Quando citamos estamos usando o “argumento de autoridade”. Este tipo de erro é uma falha neste argumento: o que citamos não é a melhor autoridade sobre o assunto.

8 – Deixar de citar um trabalho seminal – o trabalho seminal é aquele que mudou a área que você está escrevendo. Se você estiver fazendo um texto de finanças comportamentais, provavelmente você deverá citar Kahneman e Tversky e os trabalhos que mudaram o que pensamos sobre o assunto da década de 70. Mas atenção: não seja muito genérico; não é necessário citar a obra de Freud, por exemplo.

9 – Colocar palavras na boca do autor que ele não disse – Ao ler um trabalho e traduzir as principais ideias, muitas vezes distorcemos a visão do texto. A citação que usei no item 2 é um exemplo disto: obviamente eles não disseram isto no livro.

10 – Não citar – depois de tantos problemas, talvez a melhor solução fosse não citar. Mas este é o mais grave dos erros. Isto inclui não reconhecer que não lemos as obras originais – erro do universitário que não lê as obras obrigatórias para o vestibular, mas sim os resumos – ou que aquela ideia não é nossa. Considero este um erro gravíssimo, sujeito a “fogueira da inquisição” na acadêmica. É roubo, desonestidade. Não perdoo este tipo de erro.

Quais os erros mais comuns? Acredito que o uso errado de maiúsculas e minúsculas, a falta de sincronia entre os autores citados ao longo do texto e aqueles que constam das referências e a citação de uma obra com pouca aderência sobre o assunto. 

Dauria

Ao pesquisa o Estado de S Paulo de 17 de fevereiro de 1945 encontrei a seguinte nota:
Francisco D´Auria foi um dos maiores nomes da contabilidade brasileira. O texto informa que o mesmo era, na ocasião, secretario da Fazenda do Estado de S Paulo, um importante cargo administrado. Mas o chama de "conhecido financista", não contador.

Crise da Biblioteca Nacional


O descaso das autoridades em relação à preservação da história do Brasil pode muito bem ser simbolizado pela degradação da Biblioteca Nacional. Sua sede de 102 anos, no centro do Rio de Janeiro, enfrenta toda sorte de problemas há décadas, mas só agora, diante da perda alarmante de parte da memória nacional, graças a cupins e infiltrações, receberá alguma verba para fazer os reparos urgentes - serão R$ 70 milhões, segundo o Ministério da Cultura.
Reportagem da Folha de S.Paulo resumiu o atual estado da Biblioteca, que a Unesco considera uma das dez maiores do mundo. Quase todo o edifício padece de má conservação, o que ameaça a coleção de obras raras, algumas do século 11. O ar-condicionado está com defeito, o que obriga os funcionários a trabalhar sob uma temperatura muitas vezes superior a 40 graus, calor que compromete também a manutenção do acervo. Em razão desse defeito, houve três vazamentos de água somente neste ano - num dos casos, mais de 2 mil periódicos foram atingidos. Quando chove muito forte, os livros que ficam no último andar são atingidos. Em laudo de setembro de 2012, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional chamou a atenção para a necessidade urgente de um levantamento rigoroso do estado de conservação das instalações do edifício. Além disso, há um problema estrutural evidente: a capacidade original de armazenamento do prédio é de 400 mil volumes, mas ele abriga hoje cerca de 9 milhões de itens. Todos os anos chegam 100 mil obras novas, entre livros, fotos, jornais, mapas e objetos de valor histórico. O espaço utilizável da Biblioteca Nacional, sob todos os aspectos, foi superado há muito tempo.
Os servidores da instituição fizeram dois protestos em 2012 para denunciar os problemas do edifício e também para acusar a Fundação Biblioteca Nacional, responsável por sua administração, de não prestar informações sobre as providências que tomou para resolvê-los. A Fundação limitou-se a afirmar que "muito tem sido feito" para modernizar o prédio e que já ordenou a contratação de uma empresa para reparar as instalações elétricas e o ar-condicionado. Para justificar a demora na resolução da crise, a Fundação argumentou que as exigências legais acarretam atrasos, uma desculpa muito comum em várias repartições do governo federal para disfarçar sua ineficiência.
Como se não fosse suficiente a degradação da Biblioteca, a Fundação Biblioteca Nacional passou a acumular em 2012 outras funções, como a responsabilidade pelo Plano Nacional do Livro e Leitura, cujo orçamento é de R$ 373 milhões - mais que o dobro do orçamento da própria Fundação. A crítica dos especialistas da área é que a Fundação não tem capacidade para realizar essa tarefa, deixando em segundo plano a Biblioteca Nacional, cuja zeladoria é sua função precípua. Oficialmente, a Fundação diz que todos os projetos que administra já foram ao menos iniciados e que os problemas da sede da Biblioteca não estão relacionados com o aumento de tarefas da instituição. No entanto, como não é possível acompanhar a execução dos projetos, pois o site do Plano Nacional do Livro e Leitura não é atualizado desde 2011, resta somente a constatação de que os programas tocados pela Fundação enfrentam atrasos. Ademais, a própria ministra da Cultura, Marta Suplicy, observou o óbvio - que a Fundação não é a instituição adequada para administrar o Plano Nacional do Livro e Leitura - e pretende rever essa atribuição. São erros desse tipo que denunciam a desorientação burocrática do atual governo, cada vez mais inchado para atender a interesses políticos.
No caso da Biblioteca Nacional, porém, trata-se de mais um entre tantos erros administrativos cujas consequências, de tão maléficas, são difíceis de medir. Por essa razão, o processo de degradação dessa instituição, responsável pela guarda de um acervo tão importante de documentos e que simboliza como poucas a pretensão do Brasil de ocupar um lugar no mundo civilizado, deve ser imediatamente interrompido.
Fonte: aqui

Negócio x Mercado


Pouco antes do fim do ano passado, a jornalista Claudia Safatle, no "Valor Econômico", relatou conversa com fonte na área econômica tratando, entre outras coisas, da percepção do governo acerca de suas relações com o setor privado.

O tema foi a mudança de orientação do governo Dilma Rousseff, que teria dado uma "guinada no estatismo" típico do Programa de Aceleração de Crescimento em prol de uma orientação mais empresarial.

Segundo a fonte: "A Dilma ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula acreditava que o Estado, com seus investimentos, faria o país crescer. A Dilma presidente da República entendeu que há limitações e que é preciso trazer a iniciativa privada para o crescimento econômico".

Parece boa notícia, mas desconfio de que nem a fonte nem a presidente entenderam muito bem o que significa "trazer a iniciativa privada para o crescimento econômico".

Para usar categorias empregadas pelo economista Luigi Zingales, o governo parece confundir uma política pró-negócio com uma orientação pró-mercado.A primeira consagra vencedores em setores eleitos a dedo, sem que saibamos ao certo os critérios de escolha.A segunda buscar criar condições para que empresas possam florescer em um ambiente competitivo, abstendo-se de eleger a priori os campeões nacionais.

Os resultados dessas abordagens não poderiam ser mais distintos, como expresso, por exemplo, no indispensável "Why Nations Fail" (Por que nações fracassam?), de Daron Acemoglu e James Robinson.

Como argumentado por esses economistas, políticas pró-negócio tipicamente levam a lucros de monopólio, beneficiando uns poucos setores à custa do resto da sociedade.
Com lucros garantidos (o chamado "capitalismo de compadres"), reduz-se o incentivo à atividade inovadora e assim o impulso ao crescimento de longo prazo, sustentável apenas pela expansão persistente da produtividade.

Políticas pró-mercado, em contraste, não se ocupam da eleição de vencedores, mas, sim, em forjar um ambiente econômico que facilite a proliferação de inovadores para que da quantidade surja a qualidade.

Tributos mais baixos (e, principalmente, mais simples), agilidade na criação (e destruição) de empresas, respeito aos direitos de propriedade são medidas, entre outras, que fazem parte desse ambiente, cujo sucesso é fartamente documentado na literatura econômica, inclusive no livro citado.

Não é preciso clarividência para perceber que a orientação governamental aproxima-se do primeiro caso, sem muito parentesco com o segundo grupo de políticas.
O governo crê que sua ação, seja por meio de políticas setoriais, seja pela manipulação da política tributária ou creditícia, criaria os "incentivos corretos" (segundo seus próprios e inescrutáveis critérios) para o investimento empresarial e é nesse sentido que acredita ter se aproximado do setor privado.

O viés intervencionista, porém, não se esgota nisso. Por coincidência (ou não), na mesma coluna, ao discorrer sobre o pacote de concessões (privatização permanece como palavra tabu no dicionário governista), faz-se menção explícita aos limites impostos sobre o retorno do capital investido nesses projetos.

Assim, ao mesmo tempo em que oferece lucros extraordinários a setores eleitos, o governo arbitra o retorno em outros segmentos e ainda se ofende quando os prejudicados reclamam.

Não é assim que uma economia capitalista prospera. Sob um regime como o que vigora no Brasil, há mais a ganhar tentando influenciar decisões de política do que na atividade empresarial propriamente dita. É de esperar, portanto, que empresas reajam racionalmente a isso, direcionando seus recursos para o lobby em vez de ao investimento produtivo e à inovação.

Num momento em que o esgotamento da mão de obra ociosa deixa claros os limites ao modelo de crescimento do país, investimento e produtividade são as saídas possíveis, mas, sob o regime pró-negócio, cada dia mais remotas.

Fonte: aqui