08 janeiro 2013
Ernst 2
A empresa de auditoria Ernst Young anunciou que está "colaborando" com o FBI no desenvolvimento de um software para filtrar e-mails dos fraudadores.
Através de termos que usualmente seriam utilizados por fraudadores, o programa filtra os e-mails. Entre os principais termos dos fraudadores:
Cover up
Write off
Illegal
Failed investment
Nobody will find out
Grey area
They owe it to me
Do not volunteer information
Not ethical
Off the books
Backdate
No inspection
Pull earnings forward
Special fees
Friendly payments
Através de termos que usualmente seriam utilizados por fraudadores, o programa filtra os e-mails. Entre os principais termos dos fraudadores:
Cover up
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Ernst 1
Em março de 2012 a Reuters revelou que a empresa de auditoria Ernst Young, além de auditar, fazia lobby para algumas empresas. A atividade de lobby é permitida nos Estados Unidos, mas é estranho que uma empresa de auditoria faça este tipo de trabalho e ao mesmo tempo também faça lobby para a empresa auditada.
Quase um ano depois, a Reuters volta a noticiar que a SEC, entidade responsável pela fiscalização do mercado dos EUA, está investigando a Ernst Young por violar as regras de auditoria. A SEC não comentou o assunto, já que a investigação ainda está nos momentos iniciais. A auditoria também não comentou.
Quase um ano depois, a Reuters volta a noticiar que a SEC, entidade responsável pela fiscalização do mercado dos EUA, está investigando a Ernst Young por violar as regras de auditoria. A SEC não comentou o assunto, já que a investigação ainda está nos momentos iniciais. A auditoria também não comentou.
A pressa da HP
(...) Um ex-executivo da HP que trabalhou na empresa na época diz que parecia que Apotheker e o conselho de administração não sabiam o que fazer, e estavam tentando tudo o que conseguiam imaginar. Não era uma estratégia, diz ele. Era o caos.
O tamanho do caos ficou claro quando a HP anunciou, em novembro, que teria uma perda contábil de US$ 8,8 bilhões com o negócio relacionado à Autonomy, em meio a alegações de irregularidades no balanço na companhia de software. A HP diz que informou o problema à Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de títulos e câmbio americana, e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido, e afirma que pretende entrar com suas próprias ações civis. O conselho de administração demitiu Apotheker no fim de 2011, apenas 11 meses após ele assumir o cargo, substituindo-o por Meg Whitman. E o trabalho da nova executiva-chefe ficou ainda mais difícil: a Autonomy está agora avaliada em cerca de 15% do valor pago pela HP.
Um olhar sobre a breve e inglória passagem de Apotheker mostra o quanto a HP se equivocou. Ele entrou para a companhia após uma longa e bem-sucedida carreira na fabricante alemã de softwares SAP. Embora admirado por seu intelecto (ele fala cinco idiomas) e energia, seu estilo autocrático de administrar dificultou muito suas tomadas de decisão, segundo afirmam muitos dos mais de uma dezena de ex-colegas da HP e da SAP entrevistados para este artigo, que pediram para ficar no anonimato por causa dos laços pessoais que têm com ele. Quando Apotheker assumiu, a Autonomy, que faz produtos para organizar as grandes quantidades de dados que inundam as redes de computadores das empresas, estava à venda havia meses e mantinha o banqueiro Frank Quattrone, da Qatalyst Partners, como chamariz de venda.
Quattrone e o executivo-chefe da Autonomy, Mike Lynch, primeiro ofereceram a companhia para a Oracle em uma reunião realizada em abril. Eles não mencionaram um preço, mas executivos da Oracle disseram a eles que o valor de mercado de US$ 6 bilhões da Autonomy não parecia ser justificado por suas finanças, segundo pessoas a par da reunião, que também pediram para não ter seus nomes revelados porque o encontro foi sigiloso. Mark Hurd, presidente-adjunto da Oracle (e ex-executivo-chefe da HP), concluiu que o negócio da Autonomy estava crescendo muito lentamente. Segundo essas pessoas, o diretor de fusões e aquisições Doug Kehring colocou em dúvida a elevada margem de lucro da Autonomy. Eles não levaram a proposta da Autonomy a sério, acrescentam as fontes. Em uma conferência telefônica com analistas em setembro, o executivo-chefe da Oracle, Larry Ellison, classificou o preço pedido pela Autonomy de "absurdamente alto".
Apotheker via a Autonomy como a passagem da HP para o mercado de software de altas margens, que na época respondia por menos de 3% das vendas da companhia. O executivo-chefe e seu diretor de estratégia e tecnologia, Shane Robison, contrataram a empresa de contabilidade KPMG para rever uma auditoria feita pela Deloitte na Autonomy em fevereiro. Um porta-voz de Apotheker diz que ele apresentou a aquisição para o conselho em uma reunião de dois dias no fim de julho de 2011. No mês seguinte, ele reagiu às objeções de sua diretora financeira Cathie Lesjak, de que o negócio seria caro demais. Apotheker ganhou a discussão e o negócio acabou seguindo em frente. (Lesjak não quis fazer comentários sobre o assunto.)
A Autonomy, que registrou um lucro operacional de US$ 395 milhões sobre vendas de US$ 931 milhões nos 12 meses antes de ser comprada pela HP, usava táticas contábeis agressivas para inflar seus resultados, segundo um ex-executivo da companhia que pediu para ficar no anonimato porque não quer ser visto como alguém que cospe no prato em que comeu. A Autonomy antecipava e contabilizava grande parte das receitas obtidas com a assinatura de um software chamado Zantaz, um programa baseado na internet que bancos e escritórios de advocacia usam para armazenar arquivos de computador para propósitos de conformidade às regras.
Ao reconhecer os pagamentos de uma só vez, em vez de espaça-los ao longo do tempo, a companhia inflava seus lucros. O tratamento contábil dado pela empresa a um sistema de arquivamento de e-mails e documentos, o Arcpliance, exagerava a verdadeira margem de lucro do produto, que não era amplamente usado, segundo executivos. No negócio dos softwares, o "reconhecimento de receita normalmente é a maneira predominante de se maquiar os balanços", já que as altas margens de lucro tornam mais tentador acelerar as vendas, afirma Dana Basney, diretor de serviços contábeis forenses da CBIZ MHM, empresa de contabilidade de San Diego. "Você consegue um retorno maior."
É difícil fiscalizar as normas contábeis no setor dos softwares por causa da dificuldade em mensurar os bens físicos, diz Michael Cusumano, professor de administração da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Desde 1990, cerca de metade das companhias de softwares de capital aberto tiveram que recalcular suas receitas por erros na classificação das vendas e retornos dos produtos, ou porque lançaram pagamentos em curso por serviços de suporte técnico como vendas de licenças de produtos, segundo afirma Cusumano. "É preciso ser duplamente, triplamente cuidadoso para acreditar no que você vê no papel", diz ele. "Muitas vezes, as empresas de contabilidade não são especialistas em detectar esses tipos de fraudes. Elas podem ser muito bem escondidas."
Somente depois que um delator da Autonomy entrou em cena, no terceiro trimestre, foi que a HP tomou consciência dos problemas na fabricante de softwares. Após a revelação dos problemas na Autonomy, as ações da HP atingiram o menor patamar em dez anos, ampliando uma queda que eliminou mais de US$ 100 bilhões do valor de mercado da companhia em cinco anos. Apotheker e Whitman defendem a verificação feita antes do negócio com a Autonomy. Em um comunicado emitido em novembro, Apotheker chamou os procedimentos realizados na companhia de "meticulosos e completos", e disse que o escândalo contábil foi um "choque".
Whitman, que não teve autorização da HP para dar entrevista, disse a analistas, durante a conferência telefônica em que divulgou os resultados do quarto trimestre da HP, que o conselho fiou-se nas finanças auditadas pela Deloitte e a KPMG. A Deloitte não quis fazer comentários; a KPMG disse que sua única função foi fornecer uma série limitada de serviços não relacionados à auditoria. A Deloitte "obviamente não detectou esses problemas na época", diz o consultor jurídico geral da HP, John Schultz. "Teria sido muito difícil, ou mesmo impossível, para a HP detectá-los." Schultz diz que a Autonomy declarou de forma errada mais de US$ 200 milhões em receitas - incluindo a contabilização de vendas de PCs e mouses de computador como softwares. Lynch disse à agência "Bloomberg News" que seus métodos estão dentro dos padrões de contabilidade europeus e que a HP fez suas acusações para ocultar a má administração da unidade. "Isso não faz sentido", diz ele. "A HP está procurando um bode expiatório e não serei eu." (...) (Tradução de Mário Zamarian)
Como a pressa em mudar pôs a HP em apuro - 7 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Aaron Ricadela | Bloomberg Businessweek
O tamanho do caos ficou claro quando a HP anunciou, em novembro, que teria uma perda contábil de US$ 8,8 bilhões com o negócio relacionado à Autonomy, em meio a alegações de irregularidades no balanço na companhia de software. A HP diz que informou o problema à Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de títulos e câmbio americana, e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido, e afirma que pretende entrar com suas próprias ações civis. O conselho de administração demitiu Apotheker no fim de 2011, apenas 11 meses após ele assumir o cargo, substituindo-o por Meg Whitman. E o trabalho da nova executiva-chefe ficou ainda mais difícil: a Autonomy está agora avaliada em cerca de 15% do valor pago pela HP.
Um olhar sobre a breve e inglória passagem de Apotheker mostra o quanto a HP se equivocou. Ele entrou para a companhia após uma longa e bem-sucedida carreira na fabricante alemã de softwares SAP. Embora admirado por seu intelecto (ele fala cinco idiomas) e energia, seu estilo autocrático de administrar dificultou muito suas tomadas de decisão, segundo afirmam muitos dos mais de uma dezena de ex-colegas da HP e da SAP entrevistados para este artigo, que pediram para ficar no anonimato por causa dos laços pessoais que têm com ele. Quando Apotheker assumiu, a Autonomy, que faz produtos para organizar as grandes quantidades de dados que inundam as redes de computadores das empresas, estava à venda havia meses e mantinha o banqueiro Frank Quattrone, da Qatalyst Partners, como chamariz de venda.
Quattrone e o executivo-chefe da Autonomy, Mike Lynch, primeiro ofereceram a companhia para a Oracle em uma reunião realizada em abril. Eles não mencionaram um preço, mas executivos da Oracle disseram a eles que o valor de mercado de US$ 6 bilhões da Autonomy não parecia ser justificado por suas finanças, segundo pessoas a par da reunião, que também pediram para não ter seus nomes revelados porque o encontro foi sigiloso. Mark Hurd, presidente-adjunto da Oracle (e ex-executivo-chefe da HP), concluiu que o negócio da Autonomy estava crescendo muito lentamente. Segundo essas pessoas, o diretor de fusões e aquisições Doug Kehring colocou em dúvida a elevada margem de lucro da Autonomy. Eles não levaram a proposta da Autonomy a sério, acrescentam as fontes. Em uma conferência telefônica com analistas em setembro, o executivo-chefe da Oracle, Larry Ellison, classificou o preço pedido pela Autonomy de "absurdamente alto".
Apotheker via a Autonomy como a passagem da HP para o mercado de software de altas margens, que na época respondia por menos de 3% das vendas da companhia. O executivo-chefe e seu diretor de estratégia e tecnologia, Shane Robison, contrataram a empresa de contabilidade KPMG para rever uma auditoria feita pela Deloitte na Autonomy em fevereiro. Um porta-voz de Apotheker diz que ele apresentou a aquisição para o conselho em uma reunião de dois dias no fim de julho de 2011. No mês seguinte, ele reagiu às objeções de sua diretora financeira Cathie Lesjak, de que o negócio seria caro demais. Apotheker ganhou a discussão e o negócio acabou seguindo em frente. (Lesjak não quis fazer comentários sobre o assunto.)
A Autonomy, que registrou um lucro operacional de US$ 395 milhões sobre vendas de US$ 931 milhões nos 12 meses antes de ser comprada pela HP, usava táticas contábeis agressivas para inflar seus resultados, segundo um ex-executivo da companhia que pediu para ficar no anonimato porque não quer ser visto como alguém que cospe no prato em que comeu. A Autonomy antecipava e contabilizava grande parte das receitas obtidas com a assinatura de um software chamado Zantaz, um programa baseado na internet que bancos e escritórios de advocacia usam para armazenar arquivos de computador para propósitos de conformidade às regras.
Ao reconhecer os pagamentos de uma só vez, em vez de espaça-los ao longo do tempo, a companhia inflava seus lucros. O tratamento contábil dado pela empresa a um sistema de arquivamento de e-mails e documentos, o Arcpliance, exagerava a verdadeira margem de lucro do produto, que não era amplamente usado, segundo executivos. No negócio dos softwares, o "reconhecimento de receita normalmente é a maneira predominante de se maquiar os balanços", já que as altas margens de lucro tornam mais tentador acelerar as vendas, afirma Dana Basney, diretor de serviços contábeis forenses da CBIZ MHM, empresa de contabilidade de San Diego. "Você consegue um retorno maior."
É difícil fiscalizar as normas contábeis no setor dos softwares por causa da dificuldade em mensurar os bens físicos, diz Michael Cusumano, professor de administração da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Desde 1990, cerca de metade das companhias de softwares de capital aberto tiveram que recalcular suas receitas por erros na classificação das vendas e retornos dos produtos, ou porque lançaram pagamentos em curso por serviços de suporte técnico como vendas de licenças de produtos, segundo afirma Cusumano. "É preciso ser duplamente, triplamente cuidadoso para acreditar no que você vê no papel", diz ele. "Muitas vezes, as empresas de contabilidade não são especialistas em detectar esses tipos de fraudes. Elas podem ser muito bem escondidas."
Somente depois que um delator da Autonomy entrou em cena, no terceiro trimestre, foi que a HP tomou consciência dos problemas na fabricante de softwares. Após a revelação dos problemas na Autonomy, as ações da HP atingiram o menor patamar em dez anos, ampliando uma queda que eliminou mais de US$ 100 bilhões do valor de mercado da companhia em cinco anos. Apotheker e Whitman defendem a verificação feita antes do negócio com a Autonomy. Em um comunicado emitido em novembro, Apotheker chamou os procedimentos realizados na companhia de "meticulosos e completos", e disse que o escândalo contábil foi um "choque".
Whitman, que não teve autorização da HP para dar entrevista, disse a analistas, durante a conferência telefônica em que divulgou os resultados do quarto trimestre da HP, que o conselho fiou-se nas finanças auditadas pela Deloitte e a KPMG. A Deloitte não quis fazer comentários; a KPMG disse que sua única função foi fornecer uma série limitada de serviços não relacionados à auditoria. A Deloitte "obviamente não detectou esses problemas na época", diz o consultor jurídico geral da HP, John Schultz. "Teria sido muito difícil, ou mesmo impossível, para a HP detectá-los." Schultz diz que a Autonomy declarou de forma errada mais de US$ 200 milhões em receitas - incluindo a contabilização de vendas de PCs e mouses de computador como softwares. Lynch disse à agência "Bloomberg News" que seus métodos estão dentro dos padrões de contabilidade europeus e que a HP fez suas acusações para ocultar a má administração da unidade. "Isso não faz sentido", diz ele. "A HP está procurando um bode expiatório e não serei eu." (...) (Tradução de Mário Zamarian)
Como a pressa em mudar pôs a HP em apuro - 7 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Aaron Ricadela | Bloomberg Businessweek
Redes Sociais
Sobre o vício das redes sociais:
(...) Deletar-se – ou o que os mais mórbidos chamam de “suicídio digital” – é a tentativa de sair da rede, assumir o controle do seu perfil, do seu tempo ou sua sanidade mental. A saída com frequência é anunciada com ares dramáticos, confiantes. Mas segundo especialistas o que ocorre mais frequentemente é o retorno dos desertores às atualizações da linha do tempo, provando que não, nunca conseguiremos deixar o Facebook ou o Twitter.
“A ansiedade tem levado as pessoas a quererem se libertar, mas elas não conseguem”, diz Larry Rosen, autor de iDisorder (sem edição brasileira) e professor de psicologia na Universidade Estadual da Califórnia. “Alguns sabem que estão totalmente envolvidos, mas se abandonarem, mesmo que seja por uma hora, temem perder alguma coisa.”
Alguns usuários fazem tentativas honestas de deixar a mídia social, especialmente como uma promessa de fim de ano. Enviam um post ou um tweet anunciando que “estou desativando a minha conta”. Mas são ameaças vazias. Rosen diz que muitos que deixam a mídia social retornam em até 24 horas.
A ansiedade é muito grande. O uso da mídia social é cada vez mais classificado como dependência – pesquisadores na Noruega criaram a Escala de Vício no Facebook de Bergen, uma medida para decifrar até onde uma pessoa viciada nos sites sociais pode chegar.
Rosen discorda. “Não é um vício, é uma obsessão”, afirma ele. “Vício é quando você faz alguma coisa para ter prazer, como fumar um cigarro ou jogar um jogo. Não estamos no Facebook por prazer. Estamos ali para reduzir nossa ansiedade. Se alguma coisa boa ocorrer ali, então há um prazer repentino.” (...)
É possível sair das redes sociais? - 6 de janeiro de 2013- Katherine Boyle - Washington Post
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
(...) Deletar-se – ou o que os mais mórbidos chamam de “suicídio digital” – é a tentativa de sair da rede, assumir o controle do seu perfil, do seu tempo ou sua sanidade mental. A saída com frequência é anunciada com ares dramáticos, confiantes. Mas segundo especialistas o que ocorre mais frequentemente é o retorno dos desertores às atualizações da linha do tempo, provando que não, nunca conseguiremos deixar o Facebook ou o Twitter.
“A ansiedade tem levado as pessoas a quererem se libertar, mas elas não conseguem”, diz Larry Rosen, autor de iDisorder (sem edição brasileira) e professor de psicologia na Universidade Estadual da Califórnia. “Alguns sabem que estão totalmente envolvidos, mas se abandonarem, mesmo que seja por uma hora, temem perder alguma coisa.”
Alguns usuários fazem tentativas honestas de deixar a mídia social, especialmente como uma promessa de fim de ano. Enviam um post ou um tweet anunciando que “estou desativando a minha conta”. Mas são ameaças vazias. Rosen diz que muitos que deixam a mídia social retornam em até 24 horas.
A ansiedade é muito grande. O uso da mídia social é cada vez mais classificado como dependência – pesquisadores na Noruega criaram a Escala de Vício no Facebook de Bergen, uma medida para decifrar até onde uma pessoa viciada nos sites sociais pode chegar.
Rosen discorda. “Não é um vício, é uma obsessão”, afirma ele. “Vício é quando você faz alguma coisa para ter prazer, como fumar um cigarro ou jogar um jogo. Não estamos no Facebook por prazer. Estamos ali para reduzir nossa ansiedade. Se alguma coisa boa ocorrer ali, então há um prazer repentino.” (...)
É possível sair das redes sociais? - 6 de janeiro de 2013- Katherine Boyle - Washington Post
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
Debitador
O que seria um "debitador"? Observem a necessidade de "boa letra" - afinal tudo era feito manualmente. Já no anúncio seguinte, a empresa procurava alguém com "pratica de contabilidade" e o nome da função era "correntista": será que era quem cuidava da conta corrente?
Boa letra
Na postagem "Debitador" constatamos que antigamente era importante ter boa caligrafia. Eis um texto relacionado:
Vale a pena preservar a escrita à mão? A resposta é menos óbvia do que se pensa. Claro que você continua a rabiscar listas de coisas a fazer ou pequenos bilhetes que deixa no balcão da cozinha. Talvez faça anotações à mão nas reuniões. Mas qual foi a última vez que preencheu uma página de papel inteira com frases ininterruptas tentando expressar um argumento ou defender um ponto de vista? Qual foi a última vez que usou caneta e papel para escrever e não só para anotar?
O livro The Missing Ink (A Tinta Desaparecida, em tradução livre, sem edição brasileira), do britânico Philip Hensher, faz uma defesa que provavelmente demorou demais para sair. Com o subtítulo “A Arte Perdida da Caligrafia”, o livro é parte um lamento, parte obituário e parte um grito de guerra a uma forma de escrita que vem definhando.
Numa era em que textos e notas são digitados em tablets, estamos perdendo a habilidade necessária para escrever à mão e com rapidez uma frase que seja ao mesmo tempo inteligível e atraente. O tempo dedicado ao ensino da caligrafia nas escolas diminuiu. Por isso, Hensher inicia o livro com uma pergunta dolorosa: “Devemos nos preocupar? Devemos aceitar que a escrita à mão é uma habilidade do passado? Ou ela tem um valor que nunca será substituído pelo mundo digitalizado?”.
Hensher tem interesse nessa briga. No livro, ele faz referência aos capítulos que esboçou à mão – um processo incompreensível para alguém que, como eu, chega a digitar seu texto no iPhone às 4h58 da madrugada. Mas Hensher é um homem que escreve à mão com uma letra elegante. Ele usa papel para escrever e tem até uma marca preferida de caneta-tinteiro. Em outras palavras, ele é bem diferente de muitos dos homens modernos.
Mas compartilho da preocupação dele sobre a “arte perdida da escrita à mão”. Quando vejo meus rabiscos indecifráveis percebo que não posso mais dizer que tenho uma caligrafia definida. Ela muda de letra cursiva para letra de forma conforme a necessidade. E quando revejo os 42 blocos de notas que preenchi nos anos trabalhando como jornalista na revista Slate, eles parecem diários de uma louca – uma mistura sem consistência de estilos. Isso é preocupante diante da ênfase de Hensher de que tudo o que escrevemos, de certa forma, é a expressão de nós mesmos.
The Missing Ink tem um capítulo divertido sobre a análise da escrita à mão e está repleto de observações e enigmas interessantes. Hensher observa na introdução que não consegue reconhecer a caligrafia dos seus amigos mais íntimos e que nunca viu textos escritos à mão por eles.
Mas o que ele enfatiza no livro é como é breve e infeliz a história da escrita à mão. Antes da revolução industrial, a habilidade era restrita à elite. Com o desenvolvimento do comércio, uma classe de trabalhadores passou a frequentar escolas de caligrafia para escrever de maneira clara, correta e com rapidez.
A primeira escola de caligrafia teve como modelo o ensino da gravura e os alunos eram incentivados a contemplar formas bem definidas de escrita, como “um ‘o’ perfeitamente redondo”. Depois surgiram outras formas de ensino, como o método Palmer, de estilo cursivo. Hoje ele parece rebuscado, mas seu objetivo na verdade era desenvolver a rapidez e a naturalidade.
As informações históricas são fascinantes e têm um ponto em comum. Toda inovação da escrita manual teve por finalidade aprimorar a velocidade e clareza da comunicação humana. E é aí que a quixotesca defesa de Hensher tropeça. Pois o que é mais rápido e mais claro do que digitar? Não é mais fácil entender e prestar atenção quando você está diante de um texto bem definido como este? A escrita à mão não é a maneira mais clara de comunicação quando o objetivo é expressar o que temos em mente e sermos compreendidos.
Isso significa que a única defesa da escrita à mão é nostálgica. Ainda hoje é maravilhoso receber uma carta que foi fisicamente tocada e trabalhada pelo remetente. Talvez as mesmas pessoas que condenam a era digital em breve adotarão a escrita à mão em massa. Eu certamente vou continuar escrevendo bilhetes assim de vez em quando. Mas é preciso admitir: cultivar a caligrafia será um hobby como o tricô. Nossos filhos precisam aprender a escrever na escola, mas provavelmente não precisarão escrever à mão.
Hensher conclui com um apelo para mantermos viva a escrita à mão. “Continuar diminuindo o espaço da escrita à mão nas nossas vidas é diminuir, de maneira limitada, mas real, a nossa humanidade”, diz. Num mundo em que a digitação predomina, talvez nossa humanidade fique ainda mais aparente: seremos julgados não pela habilidade manual com uma caneta, mas pelo que dizemos.
O fim da caneta - 6 de janeiro de 2013 - Por Redação Link - Julia Turner - Slate - TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
Vale a pena preservar a escrita à mão? A resposta é menos óbvia do que se pensa. Claro que você continua a rabiscar listas de coisas a fazer ou pequenos bilhetes que deixa no balcão da cozinha. Talvez faça anotações à mão nas reuniões. Mas qual foi a última vez que preencheu uma página de papel inteira com frases ininterruptas tentando expressar um argumento ou defender um ponto de vista? Qual foi a última vez que usou caneta e papel para escrever e não só para anotar?
O livro The Missing Ink (A Tinta Desaparecida, em tradução livre, sem edição brasileira), do britânico Philip Hensher, faz uma defesa que provavelmente demorou demais para sair. Com o subtítulo “A Arte Perdida da Caligrafia”, o livro é parte um lamento, parte obituário e parte um grito de guerra a uma forma de escrita que vem definhando.
Numa era em que textos e notas são digitados em tablets, estamos perdendo a habilidade necessária para escrever à mão e com rapidez uma frase que seja ao mesmo tempo inteligível e atraente. O tempo dedicado ao ensino da caligrafia nas escolas diminuiu. Por isso, Hensher inicia o livro com uma pergunta dolorosa: “Devemos nos preocupar? Devemos aceitar que a escrita à mão é uma habilidade do passado? Ou ela tem um valor que nunca será substituído pelo mundo digitalizado?”.
Hensher tem interesse nessa briga. No livro, ele faz referência aos capítulos que esboçou à mão – um processo incompreensível para alguém que, como eu, chega a digitar seu texto no iPhone às 4h58 da madrugada. Mas Hensher é um homem que escreve à mão com uma letra elegante. Ele usa papel para escrever e tem até uma marca preferida de caneta-tinteiro. Em outras palavras, ele é bem diferente de muitos dos homens modernos.
Mas compartilho da preocupação dele sobre a “arte perdida da escrita à mão”. Quando vejo meus rabiscos indecifráveis percebo que não posso mais dizer que tenho uma caligrafia definida. Ela muda de letra cursiva para letra de forma conforme a necessidade. E quando revejo os 42 blocos de notas que preenchi nos anos trabalhando como jornalista na revista Slate, eles parecem diários de uma louca – uma mistura sem consistência de estilos. Isso é preocupante diante da ênfase de Hensher de que tudo o que escrevemos, de certa forma, é a expressão de nós mesmos.
The Missing Ink tem um capítulo divertido sobre a análise da escrita à mão e está repleto de observações e enigmas interessantes. Hensher observa na introdução que não consegue reconhecer a caligrafia dos seus amigos mais íntimos e que nunca viu textos escritos à mão por eles.
Mas o que ele enfatiza no livro é como é breve e infeliz a história da escrita à mão. Antes da revolução industrial, a habilidade era restrita à elite. Com o desenvolvimento do comércio, uma classe de trabalhadores passou a frequentar escolas de caligrafia para escrever de maneira clara, correta e com rapidez.
A primeira escola de caligrafia teve como modelo o ensino da gravura e os alunos eram incentivados a contemplar formas bem definidas de escrita, como “um ‘o’ perfeitamente redondo”. Depois surgiram outras formas de ensino, como o método Palmer, de estilo cursivo. Hoje ele parece rebuscado, mas seu objetivo na verdade era desenvolver a rapidez e a naturalidade.
As informações históricas são fascinantes e têm um ponto em comum. Toda inovação da escrita manual teve por finalidade aprimorar a velocidade e clareza da comunicação humana. E é aí que a quixotesca defesa de Hensher tropeça. Pois o que é mais rápido e mais claro do que digitar? Não é mais fácil entender e prestar atenção quando você está diante de um texto bem definido como este? A escrita à mão não é a maneira mais clara de comunicação quando o objetivo é expressar o que temos em mente e sermos compreendidos.
Isso significa que a única defesa da escrita à mão é nostálgica. Ainda hoje é maravilhoso receber uma carta que foi fisicamente tocada e trabalhada pelo remetente. Talvez as mesmas pessoas que condenam a era digital em breve adotarão a escrita à mão em massa. Eu certamente vou continuar escrevendo bilhetes assim de vez em quando. Mas é preciso admitir: cultivar a caligrafia será um hobby como o tricô. Nossos filhos precisam aprender a escrever na escola, mas provavelmente não precisarão escrever à mão.
Hensher conclui com um apelo para mantermos viva a escrita à mão. “Continuar diminuindo o espaço da escrita à mão nas nossas vidas é diminuir, de maneira limitada, mas real, a nossa humanidade”, diz. Num mundo em que a digitação predomina, talvez nossa humanidade fique ainda mais aparente: seremos julgados não pela habilidade manual com uma caneta, mas pelo que dizemos.
O fim da caneta - 6 de janeiro de 2013 - Por Redação Link - Julia Turner - Slate - TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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