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19 dezembro 2012

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BVA

O BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) há quase dois meses, tem até agora um passivo a descoberto de aproximadamente R$ 1,5 bilhão [1]. O valor total pode ser maior ou menor, porque o processo de levantamento e análise dos números só deve terminar no fim desta semana. Segundo fontes que acompanham o caso, ainda há chance de o BVA não ser liquidado. A decisão final será do BC.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que há dois trabalhos de avaliação correndo paralelamente. Um deles é o do BC, que definiu como interventor do banco o funcionário de carreira Eduardo Félix Bianchini. O outro processo está sendo comandado pelo banco de investimentos BR Partners, contratado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

A estimativa de um passivo próximo de R$ 1,5 bilhão é do BC. Bianchini foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou. O trabalho do FGC ainda não terminou. A expectativa é de que os números das equipes lideradas pelo BR Partners sejam conhecidos até o fim desta semana.

Esses números são fundamentais para saber se o BVA terá ou não salvação. Uma proposta firme pelo banco só poderá ser feita - e avaliada pelo BC, que tem a palavra final no assunto - com os dados detalhados em mãos.

Diferentemente de outros bancos que quebraram no País nos últimos anos (notadamente Panamericano e Cruzeiro do Sul), no BVA, até agora, não foram encontradas fraudes. O passivo a descoberto é fruto, principalmente, de garantias de créditos concedidos pelo banco.

Segundo pessoas que conhecem a instituição, o BVA tinha como característica emprestar para empresas de médio porte e deixar a maior parte do débito para ser liquidada no final do contrato. Como contrapartida, exigia garantias, como imóveis.

Entre os ativos do banco constam pouco mais de R$ 300 milhões em imóveis executados por inadimplência. O problema é que, em muitos casos, a documentação do imóvel está incompleta. Não há, por exemplo, certidão de registro em cartório.

O mesmo ocorre com imóveis que são garantia de empréstimos que ainda estão na carteira. A legislação obriga o BC a fazer provisões para todos esses empréstimos com garantias duvidosas. Por isso, a conta do passivo total está perto de R$ 1,5 bilhão [1].

Se as garantias se revelarem reais, o buraco final será menor. De outro lado, a apuração dos números pelos técnicos poderá revelar passivos que até agora não apareceram e, consequentemente, inviabilizar o banco. (...)


BVA tem buraco de R$1,5 bi até o momento - LEANDRO MODÉ E DAVID FRIEDLANDER - Agencia Estado. Grifo nosso

Novamente a contabilidade aparece. Apesar de não ter fraude, o BVA tinha problemas contábeis.

[1] Uma confusão aqui. Passivo a descoberto é diferente de conta do passivo total.

Padronização na Avaliação

Profissionais de auditorias e bancos de investimentos discutem a adoção de padrões internacionais de avaliação de empresas (valuation) no Brasil. Atualmente, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) emite regras para esse trabalho, mas, de acordo com Cláudio Ramos, sócio da KPMG no Brasil, a convergência com práticas internacionais tende a facilitar a entrada de investidores estrangeiros em companhias nacionais.

Um código de 128 páginas contendo orientações sobre o tema foi lançado pelo International Valuation Standards Council (IVSC) no fim de 2011 e está sendo divulgado em vários países. No Brasil, o porta-voz foi Steven Sherman, presidente do conselho do IVSC e sócio da KPMG. Ele acredita que, ao seguir as normas propostas, os profissionais podem evitar um dos seus maiores pesadelos: a necessidade de republicar informações financeiras em razão de erros de avaliação. “Nos últimos dez anos, as falhas ao avaliar ativos tangíveis e intangíveis nos Estados Unidos foram responsáveis por cerca de 50% das republicações”, diz.

A adoção do padrão, entretanto, ainda levará tempo para acontecer. No momento, o documento do IVSC está sendo traduzido para o português, e o conselho internacional só reconhecerá a validade da tradução após ela ser aprovada pelas quatro principais auditorias. Depois disso, é necessário um debate com reguladores — como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central — e uma série de audiências públicas com participantes do mercado. (Bruna Maia)


Rumo à padronização -18 de Dezembro de 2012 - Revista Capital Aberto


Fraudes

O livro descrito nesta resenha poderia muito bem ser o enredo de um filme de Hollywood. Todos os elementos de um bom thriller estão contidos nele: suspense, ação, tensão e um final “feliz” (bem, não foi muito feliz para os clientes de Madoff). Em No One Would Listen, Harry Markopolos, administrador de recursos, conta como, por diversas vezes, tentou alertar as autoridades norte-americanas sobre o esquema de pirâmide administrado por Bernard Madoff, um respeitado filantropista e cofundador do mercado eletrônico Nasdaq.

Entre 2000 e 2008, as denúncias de Markopolos foram ignoradas cinco vezes pela Securities and Exchange Comission (SEC), órgão equivalente à nossa Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A inépcia e incompetência do regulador do mercado de capitais norte-americano em seguir as evidências apontadas por Markopolos e pelo grupo que ele liderava, autointitulado “os farejadores”, custaram aos investidores o estonteante valor de US$ 65 bilhões, parcialmente recuperados. Em 2009, Madoff se entregou às autoridades, sendo condenado a 150 anos de prisão por ter cometido o maior golpe financeiro da história.

O cofundador do mercado eletrônico Nasdaq tinha uma corretora e administrava recursos, investindo para seus clientes. Esses clientes eram captados por fundos de fundos (feeder funds) que recebiam de Madoff uma elevada participação na taxa de administração e parte da taxa de sucesso. Enquanto ele mantivesse sua promessa de retornos consistentes, sem muita volatilidade, todos estariam felizes e não fariam perguntas.

Markopolos teve acesso ao retorno mensal de alguns desses fundos e constatou que a performance era muito boa para ser verdade (em um determinado momento, o fundo de Madoff registrou apenas três meses de retorno negativo em um período de mais de 80 meses). Como um bom “nerd” que trabalhou por muito tempo com derivativos, Markopolos tentou replicar o retorno de Madoff, apenas para ter certeza que era impossível fazê-lo jogando limpo. Conclusão: ou Madoff se aproveitava de seu conhecimento do fluxo de dinheiro do mercado para comprar antes da alta e vender antes da baixa (ele era dono de uma das maiores corretoras de Wall Street), em uma prática conhecida como “front running”, ou ele estava pagando os retornos de seus clientes com o dinheiro novo que era continuamente alimentado pelos feeder funds. Isto é, um esquema de pirâmide clássico.

Em um determinado momento, Markopolos abandona sua carreira de administrador de fundos para dedicar-se apenas ao exercício de expor fraudes do mercado financeiro, mesmo sem ter a garantia de alguma compensação a partir dos recursos recuperados. Esse fato levou parte da mídia a criticar suas motivações para “dedurar” Madoff. No entanto, deve-se lembrar que as denúncias contra Madoff foram feitas muito antes.

O autor finaliza o livro com uma lista de mais de uma dezena de itens bastante pertinentes para melhorar a qualidade da SEC como xerife máximo do mercado. A falta de confiança no mercado alija os investidores e eleva o custo do capital para as empresas, com pesadas consequências para o crescimento econômico. Embora este Harry não use os mesmos métodos de Dirty Harry, personagem eternizado por Clint Eastwood, ambos trabalharam para livrar nossa sociedade dos pilantras.


Farejador de fraudes - 18 de Dezembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Peter Jancso

Mais evidenciação

A porcentagem de empresas listadas na BMFBovespa que aderiu ao Relate ou Explique subiu de 45,31%, em maio, para 57,95%, em outubro de 2012. No total, 253 companhias já informam em seu Formulário de Referência, sobre a publicação de informações relacionadas às dimensões social, ambiental e de governança corporativa ou explicam por que ainda não possuem esta prática, de acordo com uma atualização dos dados, realizada pela Bolsa. Em maio, este número era de 203.

O Relate ou Explique é uma recomendação lançada pela Bovespa neste ano, na Rio+20, com o objetivo de facilitar o acesso de todos os stakeholders - especialmente investidores e analistas - a informações relacionadas aos negócios e às práticas de sustentabilidade das companhias, oferecendo transparência ao mercado. A iniciativa da Bolsa estimula as companhias a indicarem em seus formulários de referência a publicação de relatórios de sustentabilidade.

Como resultado, o público tem acesso a uma tabela, de fácil visualização, que apresenta os links para os relatórios das empresas que publicam as informações, as explicações das companhias que ainda não publicam e também aquelas que deixaram a resposta em branco. As companhias que inseriram as informações no seu Formulário de Referência (item 7.8), até 19 de outubro, integram o banco de dados atualizado.

As informações socioambientais são uma ferramenta de extrema utilidade e tem ganhado cada vez mais importância para os investidores. Segundo uma recente pesquisa realizada com fundos de pensão, desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces), os relatórios de sustentabilidade estão entre as principais fontes de informação usadas por analistas.

A XP Investimentos divulgou sua carteira semanal para o período entre 17 e 21 de dezembro, retirando os papéis da BR Properties e da EzTec e incluiu as ações da Iochpe-Maxion e da também Metalúrgica Gerdau. Após um segundo semestre complicado para a Iochpe Maxion e outras empresas do setor, a corretora projeta novas medidas de estimulo por parte do governo, prolongando linhas especiais de financiamento, e outros estímulos.


Aumenta número de empresas que apresentam informações - 18 de Dezembro de 2012 - DCI

Multa bilionária

O banco UBS está pronto para enfrentar as consequências das suas ações. Agora, são executivos de outros bancos que querem saber o que os espera, uma vez que os reguladores dos Estados Unidos e do Reino Unido avançam com sua investigação sobre manipulação das taxas de juros.

O banco suíço deve concordar, ainda esta semana, em pagar cerca de US$ 1,5 bilhão, num acordo para solucionar acusações de irregularidades relativas a taxas de referência, tais como a Taxa Interbancária de Londres, ou Libor na sigla em inglês, dizem pessoas próximas às negociações. (...)

O acordo iminente com o UBS ocorre em meio a elevadas tensões transatlânticas devido à escala das sanções impostas aos bancos europeus pelos reguladores americanos. Os reguladores britânicos ficaram indignados com a maneira como as investigações das autoridades americanas sobre os bancos britânicos HSBC e Standard Chartered foram conduzidas.

Em uma reunião privada recente com autoridades do setor bancário em Londres o presidente da FSA, Adair Turner, normalmente um duro crítico dos bancos, implicitamente criticou os reguladores americanos.

Está havendo uma "corrida armamentista" nas multas, disse Turner, segundo pessoas a par desse comentário. Um porta-voz da FSA não quis comentar. (...)



Multa bilionária assombra bancos - 18 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Jean Eaglesham e David Enrich | The Wall Street Journal

Governança

Num artigo para o Financial Times, James Spellman (Bad governance to blame for creative accounting, 17 de dez de 2012) relembra as histórias recentes de péssima governança corporativa: O Deutsche Bank, que não reconheceu 12 bilhões de dólares de perdas durante a crise ou a HP, que não viram os problemas da empresa Autonomy, comprada pela empresa.

Parte do problema reside na variedade de escolha para a aplicação de normas de contabilidade, e em nenhum lugar isso é mais claro do que com o gerenciamento de resultados, como demonstra um estudo recente.


Esta pesquisa mostrou que um quinto das empresas deturpam o lucro. Além da culpa nos administradores, Spellman lembra que a governança é relevante: conselhos e comitês de auditoria sem experiência e dominados por comparsas dos gestores facilitam estas situações.