05 dezembro 2012
O que não te ensinaram na pós-graduação IV
Notas: Os seus alunos aprendem de acordo com o retorno que recebem. Um trabalho com a devida nota e apontamentos é uma ferramenta de feedback importante. A prova é uma forma de comunicação entre você e o aluno. Essa é a forma pela qual você descobre o que os alunos realmente sabem e que princípios e conceitos eles não assimilaram. Não use apenas monitores ou assistentes para a correção das provas das suas turmas.
Figura Pública: Esteja atento. Como professor você é uma figura pública. Seus alunos passam 40 horas ou mais por semestre te olhando enquanto você fala. Essa experiência os marca de forma indelével. Você perceberá que anos depois, quando te abordarem e te chamarem pelo nome, esperarão que você se lembre deles. Você, claro, usualmente não se lembrará. A aparência e as vestimentas deles serão diferentes. O ponto é: o seu comportamento em locais públicos é notado quando você menos espera.
Eventos: Participe de palestras e congressos. Quando pessoas de primeira linha são convidadas a palestrar, seja na sua área ou não, tente ao máximo comparecer. Quando você era aluno, pessoas intelectualmente importantes apareciam no campus para palestrar ou passar um ou dois dias com professores e alunos. Frequentemente se tornaram eventos memoráveis para você. Você comparecia só para ver quem era aquela pessoa. Agora que você é um professor, não se sinta ocupado demais para estar presente em tais momentos. Mesmo que o assunto não pareça interessante para você, vá. O que você irá ouvir, se cuidadosamente prestar atenção, é como os palestrantes pensam sobre o mundo, como lidam com problemas, como trabalham neles. Constantemente você aprenderá coisas novas que alterarão a sua perspectiva sobre a sua área de ensino e pesquisa.
O que não te ensinaram na pós-graduação I, II, III
Bolha do Alicate
O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul ofereceu denúncia na última sexta-feira (30) contra dez pessoas, pelos crimes de formação de quadrilha e manipulação do mercado, sendo duas dessas pessoas acusadas também de "insider trading" - uso de informação privilegiada - envolvendo as ações da Mundial (MNDL3).
Segundo informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgadas na tarde desta terça-feira (4), além de penas de prisão, os denunciados poderão ser condenados a penas de multa que podem atingir até três vezes o lucro obtido com as irregularidades. Procurado pelo Portal InfoMoney, a assessoria de imprensa da CVM não soube especificar quem são os acusados.
"Bolha do alicate"
A fabricante de válvulas, talheres, alicates e produtos de beleza viu seu valor de mercado crescer artificialmente quase 3.000% de fevereiro a junho de 2011, despencando cerca de 85% em apenas uma semana após essa longa alta, indo da faixa dos R$ 7,00 para R$ 0,90, resultando em fortes perdas para diversos investidores - o que ficou conhecido como "bolha do alicate".
Atualmente, as ações MNDL3 são negociadas entre R$ 0,15 e R$ 0,17, com um fraco volume financeiro.
Ministério Público denuncia 10 por "bolha do alicate" - 4 de Dezembro de 2012 - BOL
Gostei do nome Bolha do Alicate.
Segundo informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgadas na tarde desta terça-feira (4), além de penas de prisão, os denunciados poderão ser condenados a penas de multa que podem atingir até três vezes o lucro obtido com as irregularidades. Procurado pelo Portal InfoMoney, a assessoria de imprensa da CVM não soube especificar quem são os acusados.
"Bolha do alicate"
A fabricante de válvulas, talheres, alicates e produtos de beleza viu seu valor de mercado crescer artificialmente quase 3.000% de fevereiro a junho de 2011, despencando cerca de 85% em apenas uma semana após essa longa alta, indo da faixa dos R$ 7,00 para R$ 0,90, resultando em fortes perdas para diversos investidores - o que ficou conhecido como "bolha do alicate".
Atualmente, as ações MNDL3 são negociadas entre R$ 0,15 e R$ 0,17, com um fraco volume financeiro.
Ministério Público denuncia 10 por "bolha do alicate" - 4 de Dezembro de 2012 - BOL
Gostei do nome Bolha do Alicate.
Eletrobras
Com menos de 24 horas para analisar argumentações contra e a favor, a área técnica e o colegiado da CVM não conseguiram [1] concluir a priori que a União, controladora da Eletrobras, deveria ser impedida de votar a proposta de prorrogação dos contratos de concessão atingidos pela Medida Provisória 579, por conflito de interesses.
Mas a CVM “reconheceu a importância de evoluir na discussão acerca do conflito de interesses nas sociedades de economia mista”.
Entre os pontos que devem entrar em consideração, segundo a CVM, está o artigo 238 da Lei nº 6.404/76, que expressamente autoriza o controlador a “orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação”.
Em relação ao caso concreto da Eletrobras, a superintendência de relações com empresas da CVM seguirá analisando as circunstâncias e “de posse de mais elementos poderá formar seu juízo conclusivo quanto à matéria”.
Há pelo menos dois pontos em questão que poderiam ser analisados nessa operação específica.
Um é o plano do governo de reduzir a tarifa de energia em 20% e, como controlador da Eletrobras, votar para que a companhia aceite uma receita mais baixa por seus serviços daqui para frente.
Nesse caso, tal como faz com a Petrobras e o preço da gasolina, a União usa uma empresa de economia mista para atingir objetivos de política pública [2]. Mais especificamente, reduzir os custos de produção da indústria brasileira e manter os índices de preços em torno da meta de inflação. Do ponto de vista das empresas mistas, isso pode significar tanto uma perda efetiva como também um ganho menor do que o potencial caso a decisão fosse contrária à determinada pelo governo.
Um segundo ponto é a Eletrobras assinar um contrato com a União que lhe obrigará a registrar uma baixa contábil bilionária no valor de seus ativos — conta do balanço formada por bens e direitos [3], que foram constituídos por alguma razão e, normalmente, após um desembolso efetivo. A perda será inferior aos R$ 18 bilhões inicialmente anunciados porque o governo decidiu dar uma indenização maior para ativos de transmissão, mas não deixará de ser relevante.
Ao aceitar o valor definido pelo governo (que nem ela mesma conhece [4]), a Eletrobras abre mão de ser remunerada por esses ativos, que durante anos foram registrados na sua contabilidade e aceitos pelo governo - seja via Aneel, como reguladora, ou pela própria União, como controladora, ao aprovar as contas anuais da empresa [5].
Como na contabilidade não existe débito sem crédito [6], vale destacar que a própria União é a contraparte dessa perda bilionária. Assim, se a Eletrobras perde alguns bilhões, o governo ganha a mesma quantia do outro lado (ao reduzir um potencial desembolso) [7].
Dito de outra forma, se a União tivesse uma contabilidade baseada na competência, a indenização devida às concessionárias de energia pelos ativos não amortizados estaria há anos registrada no passivo — idealmente, pelos mesmos valores da contabilidade das empresas. Ao determinar um valor menor que o esperado pelas empresas para pagar como indenização, o governo reduz esse passivo e registra a diferença como ganho [8].
Não fica claro como essa receita contábil extraordinária do Tesouro atende o interesse público.
Se a Eletrobras resolvesse “vender” uma nota de R$ 100 para o governo por R$ 40, todo mundo ia achar estranho. Mas como não se trata de dinheiro vivo, mas de um ativo fixo, de valor mais controverso, o tratamento é outro.
A Eletrobras argumentou que os valores registrados eram estimativas, já que não se conhecia o critério que seria usado pelo governo para a indenização. A empresa também pontuou que essa perda (ou ganho do governo) será registrada com ou sem prorrogação dos contratos de forma antecipada, já que o Ministério de Minas e Energia disse que o critério para reembolso será o mesmo quando vencerem as concessões em 2015. Assim, a perda teria sido imposta à empresa pela União como governo (como ocorreria num caso hipotético de aumento de impostos) e não como acionista ao aceitar a prorrogação antecipada.
Mas a pouca disposição da Eletrobras em contestar o método de cálculo escolhido chamou a atenção [9]. Uma evidência de que havia espaço para discussão é que, após críticas e questionamentos administrativos apresentados por outras empresas (que não têm a União como controladora), o governo reviu valores e decidiu aumentar a indenização em alguns bilhões de reais - não sendo necessário nem mesmo entrar com uma ação judicial, cujo “desfecho seria desconhecido”, segundo a Eletrobras.
Conflito na Eletrobras? - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online
[1] A CVM é governo. Será que ela possui independência suficiente para analisar este caso?
[2] Esta é uma situação que um minoritário já sabe de antemão o risco envolvido. Investe numa empresa do governo quem deseja correr um risco.
[3] Ah, este conceito de ativo ... Nem um aluno de graduação usa mais. (Pelo menos não um aluno deste blogueiro)
[4] É interessante (?) que uma decisão deste nível não possui um valor.
[5] Não somente. Especialmente na escolha dos seus dirigentes.
[6] em igual valor.
[7] Mas perde também, já que não terá dividendos desta empresa.
[8] Novamente não é tão simples assim.
[9] É também uma empresa dominada por políticos.
Mas a CVM “reconheceu a importância de evoluir na discussão acerca do conflito de interesses nas sociedades de economia mista”.
Entre os pontos que devem entrar em consideração, segundo a CVM, está o artigo 238 da Lei nº 6.404/76, que expressamente autoriza o controlador a “orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação”.
Em relação ao caso concreto da Eletrobras, a superintendência de relações com empresas da CVM seguirá analisando as circunstâncias e “de posse de mais elementos poderá formar seu juízo conclusivo quanto à matéria”.
Há pelo menos dois pontos em questão que poderiam ser analisados nessa operação específica.
Um é o plano do governo de reduzir a tarifa de energia em 20% e, como controlador da Eletrobras, votar para que a companhia aceite uma receita mais baixa por seus serviços daqui para frente.
Nesse caso, tal como faz com a Petrobras e o preço da gasolina, a União usa uma empresa de economia mista para atingir objetivos de política pública [2]. Mais especificamente, reduzir os custos de produção da indústria brasileira e manter os índices de preços em torno da meta de inflação. Do ponto de vista das empresas mistas, isso pode significar tanto uma perda efetiva como também um ganho menor do que o potencial caso a decisão fosse contrária à determinada pelo governo.
Um segundo ponto é a Eletrobras assinar um contrato com a União que lhe obrigará a registrar uma baixa contábil bilionária no valor de seus ativos — conta do balanço formada por bens e direitos [3], que foram constituídos por alguma razão e, normalmente, após um desembolso efetivo. A perda será inferior aos R$ 18 bilhões inicialmente anunciados porque o governo decidiu dar uma indenização maior para ativos de transmissão, mas não deixará de ser relevante.
Ao aceitar o valor definido pelo governo (que nem ela mesma conhece [4]), a Eletrobras abre mão de ser remunerada por esses ativos, que durante anos foram registrados na sua contabilidade e aceitos pelo governo - seja via Aneel, como reguladora, ou pela própria União, como controladora, ao aprovar as contas anuais da empresa [5].
Como na contabilidade não existe débito sem crédito [6], vale destacar que a própria União é a contraparte dessa perda bilionária. Assim, se a Eletrobras perde alguns bilhões, o governo ganha a mesma quantia do outro lado (ao reduzir um potencial desembolso) [7].
Dito de outra forma, se a União tivesse uma contabilidade baseada na competência, a indenização devida às concessionárias de energia pelos ativos não amortizados estaria há anos registrada no passivo — idealmente, pelos mesmos valores da contabilidade das empresas. Ao determinar um valor menor que o esperado pelas empresas para pagar como indenização, o governo reduz esse passivo e registra a diferença como ganho [8].
Não fica claro como essa receita contábil extraordinária do Tesouro atende o interesse público.
Se a Eletrobras resolvesse “vender” uma nota de R$ 100 para o governo por R$ 40, todo mundo ia achar estranho. Mas como não se trata de dinheiro vivo, mas de um ativo fixo, de valor mais controverso, o tratamento é outro.
A Eletrobras argumentou que os valores registrados eram estimativas, já que não se conhecia o critério que seria usado pelo governo para a indenização. A empresa também pontuou que essa perda (ou ganho do governo) será registrada com ou sem prorrogação dos contratos de forma antecipada, já que o Ministério de Minas e Energia disse que o critério para reembolso será o mesmo quando vencerem as concessões em 2015. Assim, a perda teria sido imposta à empresa pela União como governo (como ocorreria num caso hipotético de aumento de impostos) e não como acionista ao aceitar a prorrogação antecipada.
Mas a pouca disposição da Eletrobras em contestar o método de cálculo escolhido chamou a atenção [9]. Uma evidência de que havia espaço para discussão é que, após críticas e questionamentos administrativos apresentados por outras empresas (que não têm a União como controladora), o governo reviu valores e decidiu aumentar a indenização em alguns bilhões de reais - não sendo necessário nem mesmo entrar com uma ação judicial, cujo “desfecho seria desconhecido”, segundo a Eletrobras.
Conflito na Eletrobras? - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online
[1] A CVM é governo. Será que ela possui independência suficiente para analisar este caso?
[2] Esta é uma situação que um minoritário já sabe de antemão o risco envolvido. Investe numa empresa do governo quem deseja correr um risco.
[3] Ah, este conceito de ativo ... Nem um aluno de graduação usa mais. (Pelo menos não um aluno deste blogueiro)
[4] É interessante (?) que uma decisão deste nível não possui um valor.
[5] Não somente. Especialmente na escolha dos seus dirigentes.
[6] em igual valor.
[7] Mas perde também, já que não terá dividendos desta empresa.
[8] Novamente não é tão simples assim.
[9] É também uma empresa dominada por políticos.
SEC, Auditoria e China
A Securities and Exchange Commission (SEC) abriu processo administrativo contra as unidades regionais chinesas afiliadas às quatro grandes firmas do mercado de auditoria — PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG —, além da BDO.
O processo será movido por causa da recusa dessas firmas de disponibilizar os papéis de trabalho de auditoria de empresas chinesas investigadas por “potencial fraude contábil” contra investidores americanos.
De acordo com a SEC, essa conduta viola o que está previsto na legislação do mercado de capitais dos Estados Unidos e na lei Sarbanes-Oxley.
As empresas que serão processadas são BDO China Dahua Co. Ltd., Deloitte Touche Tohmatsu CPAs Ltd., Ernst & Young Hua Ming LLP, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian CPAs Ltd.
Essas unidades regionais chinesas ficam numa situação delicada, porque o governo da China não autoriza o compartilhamento dessas informações.
“Firmas que conduzem auditorias sabendo que elas não poderão cumprir as leis que requerem o acesso a esses papéis de trabalho estão sujeitas a sanções severas”, afirma Robert Khuzami, diretor da área de fiscalização da SEC.
Conforme documento divulgado pelo regulador americano, um tribunal administrativo vai marcar uma audiência para determinar quais medidas serão tomadas contra essas empresas. Uma decisão inicial deve sair em dez meses.
SEC vai processar filiais chinesas de firmas de auditoria - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Fernando Torres
O processo será movido por causa da recusa dessas firmas de disponibilizar os papéis de trabalho de auditoria de empresas chinesas investigadas por “potencial fraude contábil” contra investidores americanos.
De acordo com a SEC, essa conduta viola o que está previsto na legislação do mercado de capitais dos Estados Unidos e na lei Sarbanes-Oxley.
As empresas que serão processadas são BDO China Dahua Co. Ltd., Deloitte Touche Tohmatsu CPAs Ltd., Ernst & Young Hua Ming LLP, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian CPAs Ltd.
Essas unidades regionais chinesas ficam numa situação delicada, porque o governo da China não autoriza o compartilhamento dessas informações.
“Firmas que conduzem auditorias sabendo que elas não poderão cumprir as leis que requerem o acesso a esses papéis de trabalho estão sujeitas a sanções severas”, afirma Robert Khuzami, diretor da área de fiscalização da SEC.
Conforme documento divulgado pelo regulador americano, um tribunal administrativo vai marcar uma audiência para determinar quais medidas serão tomadas contra essas empresas. Uma decisão inicial deve sair em dez meses.
SEC vai processar filiais chinesas de firmas de auditoria - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Fernando Torres
Participação no Mercado
O gráfico mostra a participação do sistema operacional no mercado. Nos primórdios, predomínio do TRS80. Depois Atari e Commodore. Mas na maior parte do tempo, os sistemas Windows e derivados - de azul claro no gráfico. Apple - de vermelho, sempre foi minoria. Mas nos últimos anos apareceu o Android (verde), que parece ameaçar o domínio do sistema da Microsoft.
Fraude Chinesa
No ano passado divulgamos (aqui, aqui e aqui) no blog o escândalo contábil da Sino-Forest. Esta empresa chinesa foi acusada de fraude pelos reguladores canadenses. Mas o parecer de auditoria, feito pela E&Y, não tinha nenhuma objeção.
A notícia mais recente é que a Ernst Young concordou em pagar 117 milhões de dólares canadenses. Trata-se do maior pagamento que um auditor já fez na história daquele país.
A notícia mais recente é que a Ernst Young concordou em pagar 117 milhões de dólares canadenses. Trata-se do maior pagamento que um auditor já fez na história daquele país.
Embonecamento
Em postagem anterior comentamos uma série de termos que às
vezes são usamos de maneira intercambiável. Confesso que faltou o termo embonecamento. O dicionário registra que
este termo significa enfeitar, tornar enfeitado como uma boneca.
O termo é usado na contabilidade para dizer que uma empresa “enfeitou”
seu resultado. O sentido aqui é sempre positivo, ou seja, embonecar significa
melhorar os valores apresentados pela contabilidade.
Não existe uma conotação de legalidade ou ilegalidade, ao
contrário do termo “fraude” que está associado a algo fora da lei.
Corresponderia a tradução do termo em língua inglesa window dressing, que por sua vez teria uma tradução literal de “fachada”,
“aparência enganosa”. Este termo não é muito usado nos dias de hoje.
A foto da esquerda é Alessandra Ambrósio sem maquiagem. Da direita, a mesma pessoa, com maquiagem.
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