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30 novembro 2012

Relevância da Auditoria

Pesquisa realizada pela PwC e divulgada com exclusividade ao Valor no Brasil mostrou que, a despeito de eventuais questionamentos e dos casos de fraudes que vez por outra aparecem, os investidores ainda valorizam bastante o trabalho do auditor externo. Entre 104 investidores e analistas ouvidos, 67% discordaram da afirmativa que não faria diferença saber se um balanço era auditado ou não, dado que o próprio investidor faria sua própria avaliação dos dados. (...)

Opinião do auditor segue relevante, diz PwC - Valor Econômico - 29 de nov de 2012

Apesar do texto ter uma posição favorável ao parecer do auditor ("segue relevante") o percentual de 67% indica que 1/3 dos entrevistados não discordam (ou não opinaram) sobre um balanço com auditoria ou não.

Republicações

A seguir um texto do Valor Econômico. Veja que o autor faz uma defesa apaixonada das IFRS (só apresenta o lado positivo) e defende os problemas das normas e o papel do auditor:

A figura equilibrada do balanço patrimonial, que se manifesta por meio da igualdade obrigatória entre a soma de ativos de um lado e passivos a patrimônio do outro, cria a ilusão para muitos de que a contabilidade é uma ciência exata. Mas ela nunca foi. E está ainda mais longe de vir a ser.

Agora que o Brasil adotou as normas internacionais de contabilidade, os agentes de mercado que lidam com demonstrações financeiras terão que se acostumar com o aumento da frequência de discussões sobre práticas e critérios contábeis - e também com reapresentações de balanços. "Ninguém mais tem a palavra final", afirma Sergio Romani, sócio-líder de auditoria da Ernst & Young Terco. [1]

Isso ocorre tanto porque o arcabouço regulatório [2] é uma novidade para todos, que ainda estão se adaptando aos conceitos, mas também pelo fato de o IFRS ser baseado em princípios [3], e não em regras específicas e detalhadas.

Seja pelo pouco tempo de prática, ou mesmo por questões culturais, contadores e auditores brasileiros ainda estão dando os primeiros passos na arte de fazer julgamentos sobre métodos contábeis. [4]

Essa possibilidade de interpretações e conclusões diferentes sobre eventos econômicos semelhantes torna mais difícil a vida de preparadores, auditores, investidores e reguladores.

Não por acaso, estão mais comuns os casos de reapresentação de balanços, de ajustes prospectivos relevantes por mudanças de estimativas e de reclassificação retroativa de contas, no momento em que a empresa apresenta números de um novo exercício. [5]

A lista de empresas de capital aberto que tiveram que fazer alterações nos balanços nos últimos anos é grande. Por erros em estimativas, diversas empresas do setor imobiliário tiveram que ajustar seus balanços, com destaque para Gafisa, PDG e Brookfield. Em outros tantos casos, o motivo teve relação com a interpretação e aplicação dos princípios do IFRS, como ocorreu com BrasilAgro, Energisa, Inepar, Lojas Americanas, Marfrig, Minerva, Rossi, Sabesp e Telebras, para citar alguns casos.

As reapresentações podem ocorrer tanto de forma espontânea como por determinação da Comissão de Valores Mobiliários.

As estimativas, imprecisas por natureza, sempre fizeram parte da contabilidade, como na provisão para perdas com inadimplência ou na constituição de reservas contra eventuais derrotas em processos judiciais. [6] Segundo o Aulete, uma estimativa é uma "avaliação prospectiva de algo, que se faz com base nos dados disponíveis no presente".

Assim, os dados que as empresas apresentam na demonstração de resultados não podem ser confundidos com a realidade perfeita e objetiva das coisas. Eles são apenas uma aproximação. A melhor possível [7], na visão da companhia.

Nem mesmo o auditor externo, contratado para dar um parecer sobre o balanço, assegura que as informações ali divulgadas são 100% reais e verdadeiras. Eles dizem, no máximo, que a empresa seguiu as regras contábeis e que os dados "representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a situação patrimonial da empresa" naquela data. E sempre confiando na boa fé dos administradores da empresa, esses sim responsáveis pelas informações apresentadas. [8]

Investidores podem se sentir desconfortáveis com essa aparente falta de segurança. Mas é assim que as coisas funcionam hoje em todos os mercados desenvolvidos.

Numa adaptação do velho ditado, se não é perfeito com os auditores, seria muito pior sem eles. [9]

Mas se sempre houve espaço para discussões sobre práticas contábeis, é inegável que as dúvidas aumentaram desde que o Brasil adotou, em 2010, o padrão contábil IFRS, usado em mais de cem países pelo mundo, incluindo todos da União Europeia.

Alguns críticos do IFRS [10] dizem que esse é um dos pontos fracos deste padrão contábil, na medida em que ele abre espaço para que uma mesma regra seja interpretada de forma diferente em países distintos ou mesmo entre empresas do mesmo setor, no mesmo país.

Essa difusão de práticas constou como um dos alertas no extenso relatório preparado pela Securities and Exchange Commission (SEC), elaborado dentro do processo de decisão do órgão regulador americano sobre a adoção ou não do IFRS nos Estados Unidos, que ainda está pendente de uma definição. [11]

Mesmo para os defensores do IFRS, essa diversidade na aplicação das regras será resolvida apenas em parte. Algumas interpretações divergentes devem desaparecer com o tempo, conforme as empresas se acostumem com as regras e o mercado crie referências de melhores práticas para seguir.

Outro conjunto de diferenças seria permanente, e se justificaria exatamente pelas peculiaridades de uma empresa, ou da visão da administração sobre o modelo de negócios. [12]

No comentário que fez para o anuário feito pela Fipecafi e pela Ernst & Young sobre o segundo ano do IFRS no Brasil, o professor de contabilidade Eliseu Martins diz que o padrão internacional é "mais informativo", por convergir mais com o resultado econômico das empresas. Como cada companhia funciona de uma forma, ele diz que "uma das consequências desse tipo de mudança é o surgimento de diferenças entre métodos de mensuração adotados por parte das empresas".

Com base nos dados do documento, de 328 páginas analisando a aplicação de cada norma contábil, ele cita diferenças nos métodos e taxas de depreciação e também no critério para registro de ganhos e perdas atuariais.

Richard Sexton, sócio líder global de auditoria da PwC, admite que um dos grandes desafios que a contabilidade é enfrentar a obsessão do mercado por um único número, que é o lucro por ação.

Para ele, entretanto, é perfeitamente razoável que contadores cheguem diferentes pontos dentro de um intervalo aceitável. "O que não significa que um está errado e outro certo", afirma, destacando, entretanto, que é preciso que haja transparência sobre o que foi feito.

Até mesmo por considerar que existe esse intervalo, Sexton fala com cautela em relação às reapresentações de balanços. "A republicação pode ser positiva para se corrigir um erro. Mas [em número excessivo] também podem reduzir a confiança do mercado", afirma.

Ele cita os casos dos ganhos e perdas atuariais com fundos de pensão, cujos cálculos dependem de inúmeras premissas assumidas pela administração. Para Sexton, não adianta querer exagerar na precisão dos cálculos, porque isso não seria útil para ninguém.

Como já disse uma vez o professor Martins, o IFRS permite que a empresa mostre sua cara.

Segundo Ana María Elorrieta, ex-presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e sócia da PwC, isso exigirá também do público leitor. "O investidor tem que ser mais sofisticado para usar a informação na tomada de decisão".


Investidores terão que se acostumar com republicações - 29 de Novembro de 2012 - Valor Econômico - Fernando Torres

[1] É uma forma de dizer que ninguém é responsável pelos números da contabilidade.
[2] Arcabouço contábil seria melhor
[3] Isto é algo questionável na literatura mais crítica sobre o assunto.
[4] O julgamento contábil existe desde os primórdios da contabilidade
[5] É difícil fazer uma relação de causa e efeito entre a adoção das normas e reapresentação.
[6] Aqui é uma contradição do item [4]: a questão do julgamento sempre existiu.
[7] Ficou dúbio se "a melhor possível" refere-se a qualidade dos dados ou o fato da visão do desempenho por parte da empresa.
[8] Esta é uma boa discussão. O texto tira a responsabilidade do auditor. Mas existem pessoas que acreditam que os auditores são responsáveis (ou co-responsáveis). Outro aspecto é que o texto não considera que o contador também seja responsável: somente o administrador.
[9] O texto assume claramente uma posição. Deixa de lado inclusive propostas radicais, como esta, apresenta aqui no blog, que defende a auditoria opcional, como existia anteriormente na contabilidade.
[10] Quem?
[11] A posição contrária é apresentada de forma superficial em dois parágrafos.
[12] Isto sempre irá existir; não é exclusividade das IFRS

Meta Atuarial

O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), órgão ligado ao Ministério da Previdência Social, decidiu reduzir gradualmente a meta atuarial dos fundos de pensão, dos atuais 6 por cento, para 4,5 por cento ao ano até 2018.

A medida vale a partir de 2013. A cada ano, a meta terá um corte de 0,25 ponto percentual. A meta atuarial consiste no rendimento real (descontada a inflação medida pelo IPCA), necessário para que o fundo consiga pagar seu beneficiários ao longo do tempo.

"A decisão reflete o cenário atual de juros mais baixos da economia brasileira", informou o ministério, em comunicado.


Aluisio Alves - Meta atuarial dos fundos de pensão cairá a 4,5% em 2018 - 29 de Novembro de 2012 - Reuters Brasil

Isto resolve os problemas do passivo atuarial de algumas empresas.

Cientistas comportamentais na campanha de Obama

Late last year Matthew Barzun, an official with the Obama campaign, called Craig Fox, a psychologist in Los Angeles, and invited him to a political planning meeting in Chicago, according to two people who attended the session.


“He said, ‘Bring the whole group; let’s hear what you have to say,’ ” recalled Dr. Fox, a behavioral economist at the University of California, Los Angeles.
So began an effort by a team of social scientists to help their favored candidate in the 2012 presidential election. Some members of the team had consulted with the Obama campaign in the 2008 cycle, but the meeting in January signaled a different direction.
[...]Less well known is that the Obama campaign also had a panel of unpaid academic advisers. The group — which calls itself the “consortium of behavioral scientists,” or COBS — provided ideas on how to counter false rumors, like one that President Obama is a Muslim. It suggested how to characterize the Republican opponent, Mitt Romney, in advertisements. It also delivered research-based advice on how to mobilize voters.
“In the way it used research, this was a campaign like no other,” said Todd Rogers, a psychologist at Harvard’s Kennedy School of Government and a former director of the Analyst Institute. “It’s a big change for a culture that historically has relied on consultants, experts and gurulike intuition.”
When asked about the outside psychologists, the Obama campaign would neither confirm nor deny a relationship with them. “This campaign was built on the energy, enthusiasm and ingenuity of thousands of grass-roots supporters and our staff in the states and in Chicago,” said Adam Fetcher, a campaign spokesman. “Throughout the campaign we saw an outpouring of individuals across the country who lent a wide variety of ideas and input to our efforts to get the president re-elected.”
For their part, consortium members said they did nothing more than pass on research-based ideas, in e-mails and conference calls. They said they could talk only in general terms about the research, because they had signed nondisclosure agreements with the campaign.
In addition to Dr. Fox, the consortium included Susan T. Fiske of Princeton University;Samuel L. Popkin of the University of California, San Diego; Robert Cialdini, a professor emeritus at Arizona State University; Richard H. Thaler, a professor of behavioral science and economics at the University of Chicago’s business school; and Michael Morris, a psychologist at Columbia.
“A kind of dream team, in my opinion,” Dr. Fox said.
He said that the ideas the team proposed were “little things that can make a difference” in people’s behavior.
For example, Dr. Fiske’s research has shown that when deciding on a candidate, people generally focus on two elements: competence and warmth. “A candidate wants to make sure to score high on both dimensions,” Dr. Fiske said in an interview. “You can’t just run on the idea that everyone wants to have a beer with you; some people care a whole lot about competence.”
Mr. Romney was recognized as a competent businessman, polling found. But he was often portrayed in opposition ads as distant, unable to relate to the problems of ordinary people.
When it comes to countering rumors, psychologists have found that the best strategy is not to deny the charge (“I am not a flip-flopper”) but to affirm a competing notion. “The denial works in the short term; but in the long term people remember only the association, like ‘Obama and Muslim,’ ” said Dr. Fox, of the persistent false rumor.
The president’s team affirmed that he is a Christian.
At least some of the consortium’s proposals seemed to have found their way into daily operations. Campaign volunteers who knocked on doors last week in swing states like Pennsylvania, Ohio and Nevada did not merely remind people to vote and arrange for rides to the polls. Rather, they worked from a script, using subtle motivational techniques that research has shown can prompt people to take action.
“We used the scripts more as a guide,” said Sarah Weinstein, 18, a Columbia freshman who traveled with a group to Cleveland the weekend before the election. “The actual language we used was invested in the individual person.”
Simply identifying a person as a voter, as many volunteers did — “Mr. Jones, we know you have voted in the past” — acts as a subtle prompt to future voting, said Dr. Cialdini, a foundational figure in the science of persuasion. “People want to be congruent with what they have committed to in the past, especially if that commitment is public,” he said.
Many volunteers also asked would-be voters if they would sign an informal commitment to vote, a card with the president’s picture on it. This small, voluntary agreement amplifies the likelihood that the person will follow through, research has found.
In a now classic experiment, a pair of Stanford psychologists asked people if they would display in a home window a small card proclaiming the importance of safe driving. Those who agreed to this small favor were later much more likely to agree to a much larger favor, to post a large “Drive Carefully” sign on their lawn — “something no one would agree to do otherwise,” Dr. Cialdini said.
Obama volunteers also asked people if they had a plan to vote and if not, to make one, specifying a time, according to Stephen Shaw, a retired cancer researcher who knocked on doors in Nevada and Virginia in the days before the election. “One thing we’d say is that we know that when people have a plan, voting goes more smoothly,” he said.
Recent research has shown that making even a simple plan increases the likelihood that a person will follow through, Dr. Rogers, of Harvard, said.
Another technique some volunteers said they used was to inform supporters that others in their neighborhood were planning to vote. Again, recent research shows that this kind of message is much more likely to prompt people to vote than traditional campaign literature that emphasizes the negative — that many neighbors did not vote and thus lost an opportunity to make a difference.
This kind of approach trades on a human instinct to conform to social norms, psychologists say. In another well-known experiment, Dr. Cialdini and two colleagues tested how effective different messages were in getting hotel guests to reuse towels. The message “the majority of guests reuse their towels” prompted a 29 percent increase in reuse, compared with the usual message about helping the environment. The message “the majority of guests in this room reuse their towels” resulted in a 41 percent increase, he said.

Fonte: Academic ‘Dream Team’ Helped Obama’s Effort - NYT-12/11/2012

Tesouro X TCU

Em decisão aprovada no último dia 14, o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o aumento de aportes do Tesouro Nacional para o BNDES, com o objetivo de financiar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), fere a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O Tesouro repassa recursos ao BNDES — as chamadas subvenções econômicas —, mas não apresenta os cálculos dos subsídios embutidos nos repasses nem adota medidas de compensação para garantir o equilíbrio fiscal, o que representa “severa afronta ao objetivo principal da LRF”, diz o relatório aprovado pelo plenário do Tribunal.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/tcu-aumento-de-aportes-ao-bndes-fere-lei-de-responsabilidade-fiscal-6792970#ixzz2D9mKTUGs
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