Translate

29 novembro 2012

Surdez seletiva

Recentemente o banco UBS foi multado em 29,7 milhões de libras por falhas nos auditores internos. Um texto do Financial Times (Selective deafness of internal audit, 26 de Novembro de 2012, Jonathan Guthrie) afirma que o problema seria maior se as pessoas soubessem da existência deste profissional.

No caso do UBS, o problema ocorreu com o funcionário Kweku Adoboli. Para o regulador inglês, as falhas dos auditores internos permitiram a existência de Adoboli.

28 novembro 2012

Rir é o melhor remédio


Padronização e Contabilidade


Uma das características da contabilidade moderna é a busca pela padronização. A questão das normas contábeis, os exames profissionais e a construção de currículo mínimo para os estudantes são exemplos que comprovam isto.

Apesar desta relevância, não se sabe qual o nível ótimo para a padronização. Conhecemos um pouco as vantagens e desvantagens do processo, mas não sabemos o “momento de parar” ou o “ponto ótimo”. Impor padrão pode trazer uniformidade: podemos comparar os balanços de mais de uma empresa ou os balanços da mesma empresa no tempo. O lado negativo é que geralmente a padronização inibe a inovação.

Paul Madsen, da Universidade da Flórida, discutiu na sua dissertação esta questão sob uma ótica bastante original: a profissão. Quando analisamos a padronização nos diferentes tipos de ocupações existentes percebemos que padrões correspondem a ferramentas desenvolvidas para melhorar as vantagens competitivas de cada profissão. As ocupações que dão mais importância aos padrões geralmente conseguem estabelecer regras mais complexas. A figura a seguir mostra a relação entre importância dos padrões e sua complexidade.

Pode-se perceber que quanto maior a complexidade dos padrões, mais relevante ele se torna. Destacado, na figura, o papel de três ocupações relacionadas com a contabilidade (bookkepers, accountants e auditors).

Outra figura aparece no trabalho de Madsen: a quantidade de palavras produzidas ao longo do tempo.

Neste sentido, a criação do APB, na década de sessenta, e do Fasb, na década de setenta, representa uma quebra de tendência. O advento após estas entidades representa um aumento no número de regras para a profissão.  O gráfico sugere que a contabilidade é cada vez mais padronizada. Bom para a uniformidade; ruim para a inovação.

NIYAMA, Jorge; SILVA, CÉSAR. Os usuários e a padronização contábil in Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.

Padronização do Gabarito

O exame da Unesp ficou marcado pela padronização de suas respostas. Em todas a versões da prova, composta por 90 questões de múltipla escolha, a cada grupo de cinco questões as respostas seguiam um padrão específico.

Se um grupo tivesse como primeira resposta a alternativa D, por exemplo, as quatro questões seguintes teriam como alternativas corretas as letras C, E, B, A, respectivamente. O padrão talvez tenha ajudado aqueles que perceberam as sequências ao preencher o gabarito.
(Um Exame atrás do outro. Carlos Lordelo e Cristiane Nascimento, Estado de S Paulo, 27 nov 2012, p. 27 EDU)

Uma possível justificativa seria tornar mais rápida a correção. Mas isto não é relevante, já que o computador que faz a correção. Um efeito é que tornou-se mais fácil o uso do insider information.

Ainda HP

A HP anunciou uma grande baixa contábil em razão de problemas descobertos numa empresa recentemente adquirida. Consideramos, aqui neste blog, como o fato da semana.

O antigo controlador da Autonomy, a empresa adquirida, questionou, numa carta aberta para a HP, as acusações. Ele insiste que está sendo acusado injustamente e quer evidências dos problemas contábeis na sua ex-empresa. A HP respondeu indicando que não irá trazer este assunto a público, deixando por conta dos reguladores ingleses a investigação. A resposta da HP também foi pública.

Cresce a impressão de que a HP precisa, urgentemente, de um novo conselho de administração. Além disto, ficamos sabendo hoje que o contador da HP vendeu suas ações da empresa após a aquisição da Autonomy e antes que os problemas fossem de conhecimento público. E que a Autonomy pagou 2,7 milhões para Deloitte em 2010, sendo 1,5 milhão para auditoria.

Governança Corporativa

A governança tem se mostrado um ponto de debate desde que os indivíduos começaram a se organizar com propósitos específicos. Como garantir o poder da organização, guiado por propósitos em comum (ao invés de desviado para propósitos distintos) é um tema sempre discutido. As instituições de governança fornecem uma estrutura dentro da qual a vida social e econômica dos países é conduzida. Desde o início dos tempos a governança corporativa tem sido um assunto controverso; embora o termo, em si, tenha surgido apenas recentemente.

A governança corporativa se interessa pelo exercício do poder nas entidades corporativas. A OECD (Organization for Economic Co-operation and Development) fornece uma definição funcional:

Governança corporativa é o sistema pelo qual corporações são direcionadas e controladas. A estrutura da governança corporativa especifica a distribuição de direitos e responsabilidades entre diferentes participantes na entidade (diretores, administradores, acionistas e outros stakeholders) e soletra as regras e procedimentos para a tomada de decisões em questões corporativas. Ao fazer isso, também fornece a estrutura pela qual os objetivos das empresas são estabelecidos, assim como os meios para alcançar tais objetivos e monitorar o desempenho.

Todavia, a governança corporativa tem implicações mais amplas e é crítica para o bem estar econômico e social: (i) ao prover os incentivos e medidas de desempenho para atingir o sucesso empresarial, (ii) em fornecer accountability e transparência para garantir a distribuição igualitária da riqueza resultante. O significado da governança corporativa para fornecer a estabilidade e igualdade da sociedade é capturado na definição mais ampla de Adrian Cadbury (2004): “A governança corporativa se preocupa em garantir o balanço entre metas econômicas e sociais e entre metas individuais e públicas. A estrutura da governança está presente para encorajar o uso eficiente dos recursos e, igualmente, para exigir a accountability para a administração daqueles recursos. A meta é alinhar, da forma mais próxima possível, os interesses dos indivíduos, da corporação e da sociedade”.

Alinhar interesses diferentes em formas de produção colaborativa não é fácil e os diretores são “encarregados de balancear os interesses, por vezes competitivos, de uma variedade de grupos que participam de corporações públicas” (Blair e Stout, 2001, p. 409). A natureza incessante da governança corporativa é indicada na definição da Comissão de Governança Global (Commission on Global Governance, 1995, p. 2): “um processo contínuo através do qual interesses conflituosos ou distintos podem ser acomodados e ações cooperativas podem ser tomadas”. Os dilemas e contestações implícitos nessas definições são elaborados de forma mais completa nas teorias de governança corporativa que analisaremos posteriormente.

Do livro “Theories of Corporate Governance” [CLARK, THOMAS (ed.). Routledge: Reino Unido, 2008].

Viral

De azul, o número de pessoas que viram o clique Baby, de Bieber. De vermelho, Gangman Style. Fonte; Aqui