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26 novembro 2012

Rir é o melhor remédio




Sobre não falar inglês

Txto de Juliana Cunha, do blog Já Matei por Menos

Uma parte considerável do meu trabalho atual consiste em escrever sobre pesquisas novas que têm sido feitas nas áreas de saúde e comportamento. A maior parte dessas pesquisas vem de países de língua inglesa por motivos que eu sempre questiono, mas raramente consigo mudar.

Em geral, são os países mais ricos, com mais cultura acadêmica e que mais se empenham em divulgar as pesquisas que fazem. O meio acadêmico brasileiro é, na minha percepção, mais fechado em si mesmo, com mais desprezinho por jornalistas e menos sedução pelo mercado, o que faz com que se importe menos com a imprensa leiga (oi).

Quando me vejo diante de uma dessas pesquisas gringas, meu procedimento é quase sempre o mesmo: tento entrevistar os autores de fora e falar com pesquisadores brasileiros que possam contrapor/reiterar o estudo gringo.
Só recentemente consegui entender por que um trabalho tão simples — enviar o estudo por e-mail aos pesquisadores brasileiros, esperar eles lerem, ligar e conversar com eles — acaba sendo sempre tão complicado.

A imensa maioria dos professores e médicos que eu entrevisto me dá um fora assim que recebe o e-mail com o estudo. Não dá para dizer que é falta de tempo porque eu explico o procedimento logo na primeira conversa, antes de enviar qualquer coisa.

Começo a acreditar que o motivo seja um só: eles não falam inglês e não querem admitir isso para mim.

Para a classe média brasileira, saber inglês deixou de ser uma ferramenta ou uma habilidade. Não é sequer um “diferencial”, como os RHs gostavam de falar. Saber inglês é visto como condição fundamental para que a pessoa seja merecedora do cargo que ocupa. Não falar inglês é humilhante, algo a ser escondido.

Na prática está longe de ser assim. A maior parte das pessoas que eu conheço e que ocupa cargos legais merece estar nesses empregos mesmo tendo um domínio precário do idioma. As pessoas que eu entrevisto — ou tento entrevistar — para o jornal são todas destacadas em seus meios e, se eu estiver certa, poucas delas falam inglês com desenvoltura.

Falar um idioma é uma habilidade como outra qualquer, como cozinhar e jogar tênis, diz uma das minhas melhores professoras da Letras. É uma pena que as pessoas tenham transformado essa habilidade tão legal em um motivo de humilhação mútua e de competição.

Aqui na redação a coisa mais rara do mundo é uma pessoa ter coragem de fazer suas entrevistas em inglês na frente dos colegas. Quase todos recorrem às salinhas reservadas. E quase ninguém admite que ainda estuda o idioma — ou que gostaria de estudar — porque, afinal, são repórteres da Folha, o que vão pensar deles se souberem que não têm um bom inglês?

Fico impressionada que tanta gente no mundo seja ruim de matemática — uma habilidade muito mais básica — e assuma isso até com uma ponta de orgulho enquanto quem não sabe inglês tenha que trazer isso como um segredo sujo, uma mancha no currículo.

O certo não seria meus entrevistados me dizerem: “Oh sua fulana, você trate de traduzir isso pra mim. Meu inglês é péssimo, mas você depende de mim do mesmo jeito porque eu sou é foda naquilo que faço”?

Elaborando uma pesquisa

Escrito por Rodolfo Araújo para o blog PharmaCoaching.

À primeira vista, elaborar uma pesquisa não parece ser das tarefas mais complicadas do mundo. Você tem um assunto em pauta, sobre o qual gostaria de colher algumas informações e tudo o que precisa fazer é organizar algumas perguntas de forma coerente.

Há diversos bons livros sobre o tema para ajudar a escolher o formato, definir escalas e fazer as análises estatísticas. Particularmente, gosto do "Pesquisa de Marketing - Uma Orientação Aplicada", do Naresh Malhotra (Bookman, 2011).

Mas há alguns detalhes importantes que podem ter influência direta não só nos resultados, mas também nas atitudes que os pesquisados podem tomar durante ou imediatamente após responder uma pesquisa. Vejamos o caso da escala, por exemplo:

Suponha que você queira conhecer melhor os hábitos de higiene do seu público, especificamente de higiene bucal. Estão você faz a seguinte pergunta, com a respectiva escala:


Quantas vezes por dia você escova os dentes?
Escala Likert
Salvo engano, a maioria das pessoas ficará nas duas primeiras opções. Agora mudemos o intervalo de tempo da pergunta, mantendo a mesma escala, pare ver o que acontece:
Quantas vezes por semana você escova os dentes?
Escala Likert
Desta vez, é provável que a maioria das pessoas fique nas duas últimas opções - o que provavelmente não muda muita coisa em relação aos dados coletados.
Mas suponha que você seja um dentista e tenha interesse em aumentar a frequência com que seus pacientes marcam consultas para um check-up de rotina. Para isto, logo após esta pergunta você acrescenta outra, que soa quase como um convite, do tipo:
Você gostaria de agendar uma consulta para um check-up?
Qual das opções anteriores você acredita que teria mais influência na decisão do seu futuro paciente? A primeira, na qual ele tem a impressão de estar abaixo da média na escala; ou a segunda, em que ele parece estar acima?


Pesquisa em educação contábil envolvendo as normas internacionais

Tendo em vista a crescente evolução da Contabilidade Internacional, decorrente da globalização, os temas relacionados à harmonização e convergência estão sendo estudados por diversos órgãos de contabilidade e acadêmicos. Com tal interesse, o presente trabalho identifica, através de uma pesquisa descritiva, qualitativa e com o uso de dados secundários, os estudos que estão sendo realizados acerca da educação contábil internacional entre os anos de 2000 e 2010. Foi realizada uma pesquisa nos principais periódicos internacionais de Contabilidade, por meio do Portal de Periódicos da Capes. No total, 79 artigos foram analisados e segregados em três diferentes grupos e em dez subgrupos. Como resultado, identificou-se que a produção científica sobre educação contábil internacional é crescente, sendo que o período de janeiro de 2005 a abril de 2010 representou 60% dos artigos analisados. Além disso, o periódico mais relevante foi o Journal of Accounting Education. Desses grupos, o então chamado curriculum, instrução e métodos de ensino representa 51% dos artigos, sendo seguido por outros dois intitulados de pesquisas acadêmicas e educação em países, que representam 38% e 11%, respectivamente. Por fim, identificou-se que 57% das produções sobre o tema utilizaram uma metodologia empírica/prática, sendo que os artigos teóricos/metodológicos representam 43% do total. Como produção intrinsecamente relacionada à educação contábil internacional, identificou-se um total de 11% dos artigos, demonstrando que existe uma área de pesquisa não muito estudada, e que, logo, podem existir oportunidades de pesquisa inovadoras.

UM ESTUDO SOBRE A PESQUISA EM EDUCAÇÃO CONTÁBIL EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS: TEMÁTICAS ENVOLVENDO AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Eduardo Bona Safe de Matos, Jorge Katsumi Niyama, José Lúcio Tozetti Fernandes, Ducineli Régis Botelho
ConTexto, v. 12, n. 22, 2012.

25 novembro 2012

Rir é o melhor remédio

Como a China tornou-se capitalista?



Os grifos são meus.

Editor's note: Nobel Prize–winning economist Ronald Coase and Professor Ning Wang are the authors of a new book, "How China Became Capitalist." The book outlines China’s 30-year transition from a closed, communist, agrarian economy to a rapidly growing industrial economy. THE AMERICAN Editor-in-Chief Nick Schulz recently asked the authors about the transformation of the Chinese economy, the legacy of the Tiananmen massacre, and why “capitalism with Chinese characteristics is impoverished by the lack of a free market for ideas.”
Nick Schulz: In a famous 1978 communiqué, communist party leaders in China admitted that “one of the serious shortcomings in the structure of economic management is the over-concentration of authority.” What prompted the Chinese leadership to acknowledge this fact and embrace devolving economic authority?
Ronald Coase and Ning Wang: This was not the first time for the Chinese leadership to acknowledge the problem. As early as 1956, even before China’s first Five-Year Plan (1953–1957) ended, Mao realized centralization of power in the Chinese economy had dampened the incentives of local officials as well as those of the state enterprises in cities and communes and production teams in rural areas. Mao pushed decentralization in 1958, but it was quickly absorbed into the “Great Leap Forward,” when more than 30 million Chinese peasants perished in Mao’s great famine. In the eyes of Chinese economic planners, decentralization was the culprit. Afterward, centralization was restored.
By 1978, the Chinese government came back to Mao’s diagnosis, though its prescription went one step further than Mao’s, since it knew that Mao’s did not work. Mao devolved economic authorities only to provincial and sub-provincial local governments. Now, state enterprises were given some autonomy in their operation.
NS: You write that “China became capitalist with marginal revolutions.” What do you mean?
RC & NW: A key empirical finding of our book is that there are actually two Chinese reforms. One was dictated by Beijing. The other resulted from grassroots initiatives. Starving peasants started private farming and township and village enterprises; city residents without a job in the state sector set up the first private businesses in Chinese cities; Shenzhen and other Special Economic Zones were set up as an experiment to co-opt capitalism to save socialism. They all operated outside the protected boundary of socialism.
During the first decade of reform, “marginal revolutions” introduced entrepreneurship and market forces back to the Chinese economy, while the state-led reform was desperately trying to improve the state-owned enterprises and save socialism. In this sense, China became capitalist with marginal revolutions.
NS: You point out that China’s reforms of its state-owned enterprises were a disappointment. What accounted for that?
RC & NW: China’s reforms of state enterprises as the “central link” of the whole reform program lasted for more than two decades, from the very beginning to 2003. Before the mid-1990s, privatization of state enterprises was strictly prohibited, and reform mainly consisted of delegating some economic rights to state enterprises and giving them some incentives. Even though the state enterprises gained more autonomy and better incentive structures, they were never subject to market discipline. For example, poor-performing state enterprises were not allowed to go bankrupt. Not surprisingly, state enterprises were quickly outperformed by private enterprises, which were poorly equipped in terms of financial and human capital but had to face strict market selection.
In the 1990s, increasing competition from the private sector made more and more state enterprises insolvent, adding financial burden to local governments. This led many local authorities to let go of the state enterprises under their jurisdiction. Since the mid-1990s, the Chinese government started to privatize state enterprises, and the number of remaining state enterprises was reduced dramatically.
Today, the central government controls less than 120 state-owned enterprises, but many of them are state monopolies, still not subject to market discipline. As a special interest group, the remaining state enterprises pose a serious challenge to market order.
[...]Universities and even libraries in China were shut down during the Cultural Revolution (1966–1976). Under Deng’s leadership, Chinese universities were reopened in 1977. College students were desperate for new knowledge and new sources of knowledge. It did not take long for them to figure out that the United States had the best to offer.
NS: The Student Movement and the collapse of the Soviet Union led to deep antipathy on the part of China’s communist leaders toward markets. Are you surprised that the Tiananmen massacre did not ultimately lead to a full-scale rejection and reversal of economic reforms?
RC & NW: China’s economic reform was under heavy political and ideological attack from 1989 to 1991. Many market reforms were reversed. The private sector was chastened as the root source of China’s political and economic problems.
Nonetheless, China kept its commitment to opening itself to the West. Even the most conservative Chinese leaders realized that China could not afford a return to isolation, and that China had too much to learn from the West. On November 28, 1990, at the 10th anniversary of the Special Economic Zone, Shenzhen was hailed as “a vanguard in conducting reform and opening up to the outside world.”
Moreover, the first decade of reform had generated many economic gains and improved the lives of so many Chinese that a full-scale rejection of reform would jeopardize further the legitimacy of the government. As long as pragmatism prevailed and the Chinese government continued to “seek truth from facts,” China’s reform and opening up had a great chance to survive.
NS: You write, “The most extraordinary feature of Chinese economic reform is perhaps that the Chinese Communist Party has survived, and indeed thrived, over the three decades of market transformation.” What accounts for this survival and thriving?
RC & NW: After Mao’s death, the Chinese Communist Party quickly distanced itself from a radical revolutionary party committed to fighting capitalism and spreading communism. With the return of Deng Xiaoping in 1978, the new party leadership returned to pragmatism and jettisoned radical ideology. As the fledging private sector outperformed the state sector and the marginal revolutions outshined the state-led reform, the party gradually embraced the market economy.
Even though the Chinese Communist Party still monopolizes political power, it is no longer an ideology-driven political party. Indeed, it is communist only in name. It welcomes global capitalism and claims its legitimacy on peace and prosperity. Its political philosophy is no different from the “Mandate of Heaven.” It is this de-politicization of the party, its continuous adaptation, and self-transformation that has allowed the party to grow with the Chinese market economy.
Today, the Chinese government faces enormous challenges, including corruption from within and the increasing demand for political participation from without. As we have argued in the book, an open market for ideas offers a gradual and viable path for China to further reform its political system.
NS: You note that “capitalism with Chinese characteristics is impoverished by the lack of a free market for ideas.” What hope is there of that changing?
RC & NW: We are cautiously optimistic that China in the coming decades will embrace the market for ideas, just like it embraced the market for goods three decades ago. Our optimism mainly rests on the following three considerations. First, in the early 1980s Steve Cheung predicted that China would go capitalist because the potential economic gains were simply so overwhelming. Today, a similar but stronger argument can be made for China’s move toward a market for ideas. Second, the market for ideas is politically neutral. A market for ideas can work in many different political systems. As long as the Chinese government continues to commit itself to pragmatism, upholding practice as the criterion of testing truth, it will come to realize that an open market for ideas is indispensable for the Chinese people to realize their potential. Third, a free market for ideas has long been respected in China as a political ideal, as captured by the Chinese aphorism, “let a hundred flowers bloom, and a hundred schools of thought contend.” Only an open market for ideas can turn that dream into reality.
NS: You are critical of much modern economics, saying it has been transformed “from a moral science of man creating wealth to a cold logic of choice and resource allocation.” How did this happen? Where did economics go wrong?
RC & NW: Adam Smith, the founding father of modern economics, took economics as a study of “the nature and causes of the wealth of nations.” As late as 1920, Alfred Marshall in the eighth edition of Principles of Economics kept economics as “both a study of wealth and a branch of the study of man.” Barely a dozen years later, Lionel Robbins in hisEssay on the Nature and Significance of Economic Science (1932) reoriented economics as “the science which studies human behavior as a relationship between ends and scarce means which have alternative uses.” Unfortunately, the viewpoint of Robbins has won the day.
The fundamental shift from Smith and Marshall to Robbins is to rid economics of its substance — the working of the social institutions that bind together the economic system. Afterward, economics has turned into a discipline without a subject matter, advocating itself as a study of human choices. This shift has been assisted by what Hayek (1952) criticized as the growing trend of scientism in the study of society, which took mathematical formalism as the only secure route to truth in the pursuit of knowledge. As economists become more and more interested in formalism and related technical sophistication, it becomes secondary whether the substantive questions that they choose to perfect their methods or to illustrate their theoretical models bear any resemblance to the real world economy. By and large, most of our colleagues are not bothered by the fact that what they profess is mainly “blackboard economics.”
[...]