Na história das normas contábeis é possível encontrar características qualitativas da
informação contábil. Trata-se de uma relação de fatores que deveriam ser
observados na produção das demonstrações contábeis. Estas características surgiram
na metade do século XX como substituto dos “princípios contábeis” e foram
incorporadas as estruturas conceituais da contabilidade. Assim, tanto o Fasb,
entidade que normatiza a contabilidade nos Estados Unidos, quanto o Iasb, que
promulga as regras contábeis para diversos países, usam este termo. O Brasil,
através do CPC, também incorporou este termo à linguagem contábil.
Na lista das características existe a comparabilidade. Para
que usa a demonstração contábil é importante verificar a tendência do
desempenho e confrontar com outras empresas. A comparação é crucial para a
análise das demonstrações contábeis.
O problema é que a comparabilidade é uma característica
qualitativa. Se fosse quantitativa seria possível medir se uma informação é
mais comparável que outra. Uma consequência disto é que não podemos dizer, de
maneira objetiva, se uma empresa brasileira poderá ter sua demonstração comparada
com uma empresa britânica, por exemplo. Também não podemos afirmar se a
existência de um CPC ajuda a aumentar a comparação.
Alguns pesquisadores estão tentando transformar as
características qualitativas em algo mensurável. As vantagens disto são enormes
já que tornam as pesquisas mais objetivas. Recentemente três pesquisadores (um
pesquisador da Universidade de Toronto e dois do MIT) fizeram uma proposta para
medir esta característica de forma objetiva. Com isto podemos determinar se,
por exemplo, se a adoção das normas do Iasb pelo Brasil aumenta a comparação
com as demonstrações contábeis de diferentes países. Em outros termos, se for
possível medir a comparabilidade será possível verificar seus benefícios.
Usando o lucro como medida a ser comparada, os pesquisadores
calcularam a diferença dos lucros previstos. O teste inicial foi em mais de 70
mil empresas. Depois do resultado positivo, testaram também medidas
alternativas, que não apresentaram uma resposta melhor.
Para ler mais: DE FRANCO, Gus; KOTHARI, S. P; VERDI,
Rodrigo. The Benefits of
Financial Statements Comparabilty. Working Paper, 2011.
Veja também Comparabilidade com IFRS