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30 outubro 2012

Doce Contabilidade

Bolos e cupcakes comemorando formaturas de contadoes:





Fontes: Biscoitos; Bolo JulieCalculadora1;  Cupcakes Diversos;  Calculadora2

Brasil rico, Brasil pobre


Editorial  Estado de S.Paulo - 28/10



O aumento da renda nos últimos dez anos proporcionou uma notável melhora no padrão de vida da maioria das famílias brasileiras, aproximando-o de indicadores de países desenvolvidos, se o que se leva em conta é a aquisição de bens de consumo. No entanto, como mostrou o jornal Valor (21/10), se o critério for o fornecimento de serviços públicos básicos, pelos quais o Estado é diretamente responsável, uma boa parte desses mesmos cidadãos ainda convive com situações típicas dos países mais pobres do mundo. Ou seja: quando depende da renda das famílias, o avanço dos brasileiros na direção do mundo do conforto é significativo; no entanto, quando há necessidade de investimentos estatais, as demandas mais óbvias de grande parte da população ainda estão muito longe de serem satisfeitas.

O Brasil é hoje o oitavo maior mercado consumidor do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial. Desde 2001, saltou de 85,1% para 96,3% o total de domicílios que dispõem de geladeiras. No caso dos televisores, o índice passou de 89% para 97,2%, e no de máquinas de lavar, de 33,6% para 51,6%. Quase 100% das casas agora têm fogão, e o número de residência com computador ligado à internet quadruplicou, chegando a 37,1%. Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esses dados têm relação direta com a redução da desigualdade de renda verificada no período. Houve expansão de 16% do rendimento médio real do trabalho entre 2001 e 2011, e esse crescimento foi mais acentuado entre os 50% mais pobres da população. Estudo da Fundação Getúlio Vargas indica que o ganho nessa faixa foi de 68% acima da inflação. Além disso, o total de trabalhadores com carteira assinada cresceu 48,1% entre 2003 e 2011.

Ao mesmo tempo, a oferta de crédito, capitaneada por bancos oficiais, passou de 25% para 51% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2002 e agosto passado, o que, ao lado do abatimento de impostos para reduzir os preços, também ajuda a explicar o aumento substancial da aquisição de bens duráveis. Com relativa estabilidade de emprego e de ganhos salariais, aliada ao crédito fácil e aos incentivos estatais, os brasileiros foram às compras.

No entanto, muitos desses consumidores da "nova classe média", que passaram a assistir a seus programas favoritos em modernas TVs de tela plana, são os mesmos que topam com lixo na porta de casa, que enfrentam esgoto a céu aberto e que não têm escola com qualidade ao menos razoável para seus filhos.

O IBGE mostra que cerca de 40% das residências brasileiras não dispõem de abastecimento de água e coleta de esgoto. A comparação com os países ricos é dramática: nos Estados Unidos, segundo o Valor, apenas 0,6% das casas não tinham água encanada e vaso sanitário com descarga em 2011. Ainda segundo o IBGE, 11% das casas brasileiras não têm nenhum tipo de saneamento básico e 5% convivem com lixo acumulado. E 40% dos logradouros não têm nenhuma identificação, de modo que seus habitantes não sabem dizer exatamente onde moram. O quadro é igualmente sombrio na educação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2011 mostra que, no ensino médio, a maioria dos alunos não sabe ir além das quatro operações aritméticas nem consegue ler e escrever de modo satisfatório.

Tudo isso se reflete na capacidade do Brasil de competir por mercados. O último ranking do Fórum Econômico Mundial sobre o tema indica que o País, embora tenha subido cinco posições, para o 48.º lugar, ainda marca passo em indicadores-chave. No item "saúde e educação básica", por exemplo, o Brasil figura em 88.º lugar entre 144 países, perdendo 9 posições desde 2009.
Como se observa, lentamente estamos deixando de ser a "Belíndia", à qual se referiu o economista Edmar Bacha, em 1974, para designar a concentração de renda que gerou o abismo entre o minúsculo Brasil rico, isto é, a "Bélgica", e o enorme Brasil pobre, a "Índia". Agora, o País está mais para um "Engana", apelido dado recentemente pelo ex-ministro Delfim Netto para designar esse festejado Brasil que tem renda da Inglaterra (England), mas que ainda dispõe de serviços públicos de Gana.

Entidade

Eis um exemplo interessante sobre a questão da entidade numa grande empresa brasileira:

(...) Na sexta-feira, membros do conselho [da Via Varejo] se reuniram por cinco horas, na sede da Via Varejo, em São Caetano do Sul (SP), para tratar de uma extensa pauta com 15 itens - incluindo um plano para melhorar os resultados da varejista que reúne Casas Bahia e Ponto Frio. Mas foram os gastos dos ex-donos da Casas Bahia que ocuparam a maior parte do tempo e pesaram no clima, já nada amistoso entre as partes. Só neste ano, as despesas da família Klein chegaram perto de R$ 75 milhões.

A questão dos gastos dos Klein foi levada ao conselho de administração da Via Varejo pela própria família. Como a presidência da empresa está muito próxima de ser trocada - no dia 22 de novembro o conselho vai votar o nome do substituto de Raphael Klein [1] - e as contas da companhia estão sendo avaliadas pela KPMG, a família decidiu apresentar as contas, na tentativa de legitimar e manter os gastos [2]. Com a saída de Raphael, entrará na vaga de presidente um executivo indicado pelo Pão de Açúcar e, provavelmente, próximo a Abilio Diniz, fundador e sócio-minoritário do GPA.

Controlador da Via Varejo, o GPA já havia solicitado que a empresa apresentasse tais gastos, mas a administração da controlada não o fez [3]. Casino, o sócio majoritário de GPA, e Abilio, em lados opostos em outras questões envolvendo a sociedade no Pão de Açúcar, se uniram para "acabar com a gastança", segundo uma fonte que acompanha as conversas com a família Klein.

São despesas computadas no balanço de uma companhia que vende muito, mas lucro pouco [4]. Via Varejo teve receita líquida de cerca de R$ 21 bilhões em 2011. E a soma de gastos de R$ 75 milhões equivale a quase 20% do lucro antes de juros e impostos do primeiro semestre de 2012 (R$ 406 milhões) e a quase quatro vezes o lucro líquido do período (R$ 20,2 milhões).

Na sexta-feira, representantes do Casino e Abilio foram preparados para barrar o plano dos Klein, de legitimar seus gastos em Via Varejo. Apresentaram votos escritos e fundamentados e, a partir de agora, tais despesas estariam suspensas.

O clima de constrangimento foi tamanho que, ao final, a própria família Klein votou contra o plano de despesas que havia sido apresentado. O assunto será submetido a um grupo de trabalho e depois, deve voltar à pauta.

Abilio Diniz, conhecido por seu temperamento exaltado em certas situações, manteve-se calmo durante a longa reunião do conselho, que teve início às 10 horas da manhã e durou até o fim da tarde. O único momento em que se alterou foi quando contestou a informação de que teria aprovado o que ele chamou de "despesas ultrajantes".

A apresentação do estudo preliminar da KPMG, que também prometia ser alvo de polêmica por ser o argumento central do questionamento dos Klein sobre o acordo de associação que criou a Via Varejo em 2010, acabou sendo suspensa. Nos últimos meses, a KPMG vem auditando novamente os balanços de Ponto Frio e Casas Bahia.

O presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, na posição de membro do conselho de administração da Via Varejo e representando os controladores, assumiu o comando da reunião nesse ponto. Disse que o tema da auditoria dos balanços de Ponto Frio e Casas Bahia não deveria ser discutido por se tratar de um levantamento ainda em fase de elaboração. Portanto, inconclusivo.

Em determinado ponto da reunião, a KPMG informou que iria apresentar um relatório das finanças de Bartira, fabricante de móveis controlada pelos Klein. O GPA foi contra por entender que é preciso finalizar toda a auditoria e não apresentar nada "picado". Seria preciso passar por um comitê financeiro antes de o relatório ser apresentado ao conselho. Pestana está recebendo suporte do Casino para enfrentar as polêmicas na empresa de eletroeletrônicos, apesar de o controlador francês do grupo ter se mantido afastado dessas discussões até o momento.

Apesar da união de forças entre Casino e Abilio nas questões da Via Varejo, em breve, os sócios devem ter um embate a respeito das mesmas despesas que o antigo controlador tem com o Pão de Açúcar. Por ano, Abilio gasta, em média, cerca de metade do valor gasto pelos Klein, com segurança e aeronaves [5]. Mas, diferentemente da família Klein, Abilio Diniz tem sinal verde do sócio francês, dos tempos anteriores às brigas. (...)


GPA avalia gastos da família Klein - 29 de Outubro de 2012 - Valor Econômico - Adriana Mattos e Graziella Valenti

[1] Já tinha lido em algum lugar que a reclamação da família Klein estava relacionada com esta troca. O texto confirma isto.
[2] Parece que a estratégia não deu certo.
[3] Eis um exemplo interessante de conflito de agência.
[4] Como é característico do setor. Neste caso, gastos como estes são críticos para aumentar ou diminuir a rentabilidade.
[5] A informação indica que os gastos são nebulosos também.

Ambiental

A partir de hoje, os investidores no mercado de ações contam com mais uma referência que pode contribuir para a escolha das empresas e alocação dos recursos em bolsa. Pela primeira vez, o "Carbon Disclosure Project" (CDP) classificou e pontuou as empresas brasileiras que apresentam a maior capacidade para estudar e administrar os impactos positivo e negativo das mudanças climáticas no universo dos seus negócios. (...)

Nessa primeira publicação, o CDP organizou duas listas. Na primeira, figuram as empresas com as notas mais altas no quesito "disclosure" (transparência). São elas: BM&FBovespa, Braskem, CPFL Energia, EDP - Energias do Brasil, Itaúsa, JBS, Marfrig, Petrobras, Santander Brasil e Vale. Essas companhias ganharam a maior pontuação entre as 52 que responderam ao questionário por demonstrarem uma compreensão mais lúcida sobre as consequências do aquecimento global sobre o seus empreendimentos e por relatarem isso com transparência.

Na segunda lista, ganharam destaque as empresas com as maiores notas no quesito "performance" (desempenho). São companhias que estão, segundo a metodologia do CDP, tomando medidas importantes como, por exemplo, colocar em prática processos de redução das emissões de gases de efeito estufa. Com exceção de Vale e Braskem, as companhias da primeira lista também figuram no segundo grupo, que traz ainda Cesp e Cemig.(...)

Do ponto de vista do investidor, iniciativas como essa são importantes para complementar o processo de 'valuation' (avaliação do valor das ações) feito por gestores e investidores, na opinião de Ricardo Torres, consultor e professor de finanças da BBS Business School. (...)

As empresas mais conscientes sobre os riscos ambientais - 29 de Outubro de 2012 - Valor Econômico - Karla Spotorno

29 outubro 2012

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Voo da Águia Real


Matias-Pereira é um autor conhecido da área de finanças públicas. Com diversos livros publicados sobre o tema, o professor da Universidade de Brasília, inclusive no Programa de Contabilidade, surpreende em lançar um livro não técnico. Trata-se d´O Voo da Águia Real (editora Livronovo, 2012. Aqui um vídeo de divulgação).

Nesta obra ele descreve a busca do conhecimento interior de um brasileiro que acabou de defender sua tese de doutorado. Para isto, o personagem principal, Mateus, resolve fazer o caminho de Santiago de Compostela, começando da França. O trajeto de Mateus mostra reflexões filosóficas e como fazer para ser uma pessoa melhor. Afinal, Mateus sentia-se vazio após sua defesa.

Ao começar a obra de Matias-Pereira, que possui uma grande cultura geral que aparece no seu texto, parecia que estava escutando o autor, que é meu colega de universidade. A profissão do autor como professor está nítida na obra, quando descreve didaticamente as cidades, as igrejas e a história do caminho. Isto pode às vezes prejudicar uma leitura mais rápida da obra, mas é um atrativo para aqueles que gostam de caminhar e querem buscar o sentido da vida, que por sinal é o subtítulo da obra.

A partir do capítulo 17 a obra ganha um dinamismo interessante, que sofrerá uma reviravolta surpreendente no capítulo 45. 

Custo de um Estádio

Observe a tabela a seguir:
São 16 estádios que foram construídos para competições esportivas. Ao lado de cada estádio tem-se o custo em milhões de dólares da sua construção. Logo após, a capacidade de cada arena.

A seguir, um índice de utilização, sendo quanto maior melhor. Este índice deveria ser de 50 ou mais. É possível notar que a maioria dos estádios é subutilizada, incluindo o famoso Allianz Arena, do Bayern de Munique. Este índice é calculado dividindo a quantidade de pessoas que frequentaram o estádio pela capacidade. O Turner Field teve, em 2010, um número de pessoas frequentando aquela arena que corresponde a 50 vezes sua capacidade.

A última coluna é a relação entre o custo e a capacidade. A média é de 7,04, indicando que cada assento custa 7,04 mil dólares.

O estádio do Maracanã terá uma capacidade de 76 mil lugares. Com base neste valor, o custo estimado para o estádio seria de 535 milhões de dólares, que corresponde a 1,1 bilhão de real (câmbio de 2,02). Este valor é bem próximo ao valor estimado do estádio. O Mané Garrincha, de Brasília, com 70 mil lugares, ficaria por 1 bilhão. A tabela a seguir faz o cálculo para os estádios da Copa:
Ou seja, os dez estádios teriam um custo estimado de 4,1 bilhões de dólares.

A análise acima mostra que talvez o custo da copa não esteja tão "superfaturado". Mas dois cuidados com esta conclusão: o custo realizado pode aumentar, igualando ou ultrapassando o valor estimado aqui; e o uso dos estádios deve estar bem abaixo dos valores de outros estádios após o término da Copa.