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29 outubro 2012

Uma proposta para as auditorias: deixar de ser obrigatória

No mês passado, uma comissão de investigação do Senado colocou atenção sobre a forma como a empresa de contabilidade Ernst Young LLP ajudou a Hewlett-Packard (HP) em truques de uso e lacunas para evitar impostos sobre os milhões de dólares de lucros escondidos no exterior.

O programa envolveu transferências de dinheiro através da Ilhas Cayman, bem como operações estruturadas para fazer distribuição de dinheiro para os EUA a partir de subsidiárias offshorek, parecendo empréstimos não tributáveis. Ernst  Young não é apenas um consultor fiscal para a HP, que também é auditor externo da fabricante de computadores.

Isso significa que a Ernst  Young teve a opinar sobre se a HP representaram devidamente os efeitos financeiro nos relatórios da Ernst  Young, a consultoria tributária. Este duplo papel - auditor dos livros, além de conselheiro sobre a forma de contornar as leis tributárias - é permitido sob as regras estadunidenses, mesmo que isto resulte em empresas de auditoria auditarem seu próprio trabalho. Essa não é a pior parte, no entanto.

(...) A noção de auditoria "independente" é uma piada mesmo. O cliente paga a empresa de auditoria pelo parecer.

"Eu simplesmente não vejo qualquer outra estrada viável para ir para baixo neste momento", disse Turner [contador chefe da SEC até 2001]. "Nós tentamos auto-regulação. Tentamos a SEC como um regulador. E tentamos o Public Company Accounting Oversight Board como um regulador. E nada funcionou. Então vamos voltar para uma solução de mercado."

Eis o que ele recomenda: Fim do mandato de auditoria, e exigir que os acionistas ser convidados a votar em ter uma auditoria. Ele sugere a cada três anos, ou antes, quando uma empresa muda CEOs. Se os acionistas dizer sim, a nomeação do auditor pelo comitê de auditoria teria que ir para o voto dos acionistas de cada ano. Ratificação dos acionistas de auditores atualmente não é obrigatória. (...) 


Don’t Cram Audits Down Investors’ Throats - Bloomberg - Weil

Eis uma solução interessante: a auditoria seria opcional para a empresa.

BMG

Apesar do reconhecimento alcançado pelo patrocínio no futebol, o BMG nunca deixou de ser conhecido como o "banco do mensalão". No dia 15, a juíza Camila Franco e Silva Velano, da 4.ª Vara da Justiça Federal em Minas, condenou Ricardo Guimarães, seu pai, Flávio Pentagna Guimarães, e outros dois diretores do banco - João Batista de Abreu e Márcio Alaor de Araújo - por gestão fraudulenta de instituição financeira, em processo desmembrado do mensalão.

Segundo a sentença, o BMG financiou o esquema de corrupção com empréstimos no valor total de pelo menos R$ 43,6 milhões ao ex-presidente do PT, José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e três pessoas ligadas a ele. Em contrapartida, de acordo com a decisão, o banco mineiro ganhou exclusividade para fornecer empréstimos consignados a pensionistas e aposentados do INSS.


Estado de S Paulo - 28 de outubro de 2012

O mesmo jornal informa que o BMG patrocina seis times da série A (Santos, Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG, Cruzeiro e Coritiba) do Campeonato Brasileiro. Os valores são de 65 bilhões de reais. Além disto, o BMG emprestou para diversos times: São Paulo (R$ 65,5 milhões), Palmeiras (R$ 45,5 milhões), Flamengo (R$ 40,7 milhões), Vasco (R$ 38,9 milhões), Corinthians (R$ 24,8 milhões), Fluminense (R$ 22 milhões) e Santos (15,3 milhões), totalizando R$ 253 milhões.

28 outubro 2012

Rir é o melhor remédio

O preço não se baseia no custo.

Fonte: Aqui

Artigo falso aceito para publicação


Nem todas as revistas científicas que encontramos em bancas são confiáveis. Criadores de uma ferramenta online chamada Mathgen, que gera automaticamente trabalhos matemáticos cheios de frases aleatórias, queriam descobrir até que ponto as publicações científicas são verídicas.

Eles enviaram um artigo falso criado por computador a revista de estudos matemáticos Advances in Pure Mathematics, e voilà: apenas dez dias depois, a obra foi aceita para publicação.

Os editores da revista pediram apenas alguns pequenos esclarecimentos à autora do artigo, que, por sua vez, não existe. A obra seria de autoria de uma inexistente professora de matemática chamada Marcie Rathke, da também inexistente Universidade do Sul da Dakota do Norte em Hoople.

No entanto, apesar do estudo falso ter sido aprovado, a revista impõe uma taxa de publicação de cerca de US$ 500 (R$ 1.000). E certamente a professora Marcie Rathke não vai ter fundos suficientes para essa despesa… Triste, não é? O texto completo que foi aceito na revista está disponível em PDF aqui (em inglês). Produza você mesmo o seu artigo matemático sem sentido no Mathgen.


Fonte: Hyperscience

O papel do professor

O objetivo da educação? Criar alegria de pensar.

Compartilho o vídeo porque a paixão que o Rubem Alves tem pela educação inspira!


Via Varejo

Sobre o desempenho da Via Varejo (antiga Casas Bahia), um trecho interessante da análise do Valor:

O Valor notou um crescimento expressivo e contínuo do total de contingências fiscais, cíveis e trabalhistas classificadas como de perda possível. A empresa não precisa constituir provisão para essas disputas, sendo necessário apenas a divulgação dos valores envolvidos, quando é possível estimá-los.

Ao fim de junho deste ano, essas causas somavam R$ 835 milhões, contra menos de R$ 300 milhões ao fim de 2010.

Não é possível precisar a cifra em disputa em dezembro de 2010 porque a Via Varejo tem corrigido dados do passado quando apresenta novos balanços.

Quando divulgou o balanço de 2010, a empresa disse que os processos de perda possível somavam R$ 264 milhões. Ao divulgar os resultados do ano seguinte, informou que as contingências ao fim de 2011 somavam R$ 493 milhões e que, em dezembro do ano anterior, eram de R$ 293 milhões (acima, portanto, dos R$ 264 milhões divulgados um ano antes).

Agora em junho, ao relevar que as contingências de perda possível alcançaram a cifra de R$ 835 milhões, a empresa diz que, em dezembro de 2011, esses processos somavam R$ 750 milhões - valor bem superior aos R$ 493 milhões divulgados na versão anterior.

O Valor também identificou que, quando apresentou seu balanço de 2011, a Via Varejo corrigiu o demonstrativo referente ao ano anterior e aumentou a provisão para perdas com contingências judiciais em R$ 44 milhões.

Na primeira versão do balanço, apresentada no início de 2011, essa conta do passivo somava R$ 109 milhões ao fim de dezembro de 2010. Um ano depois, o saldo do ano anterior divulgado para comparação subiu para R$ 153 milhões. Como contrapartida, foi elevada a conta de depósitos judiciais, no ativo, no mesmo montante de R$ 44 milhões. Nada transitou pelo resultado.

Nas notas explicativas do balanço de 2011, a Via Varejo disse, genericamente, que tinha feito reclassificações no balanço de 2010. Mas não detalhou quais eram, nem os motivos.

A diferença de R$ 44 milhões pode não ser significativa quando se olha o tamanho do ativo da empresa ao fim de 2010, que somava R$ 9,8 bilhões.

Mas é representativa tendo em conta o resultado líquido apurado no exercício de 2010, que foi negativo em R$ 65 milhões.

Procurada, a empresa não esclareceu o motivo da correção na conta de provisões, nem explicou o aumento nas contingências de perda possível, que quase triplicaram em um ano e meio. A companhia apenas enviou nota dizendo que "tem suas demonstrações financeiras preparadas de acordo com as regras e normas contábeis, sendo essas demonstrações auditadas pela Ernst  Young Terco".


Via Varejo registra baixo retorno e disparada de processos judiciais - Valor - 26 de outubro de 2012 - Fernando Torres

Custos e medicina

Você já foi ao consultório médico e saiu de lá com pedidos de exames que considerou descenessários? Eu não sou médica, aliás, adio o máximo possível a minha visita a um especialista (a não ser ao oftalmologista – míopes, uni-vos), mas acredito possuir uma capacidade mínima para julgar a necessidade, ou não, de certos tratamentos de saúde.

Quando eu descobri a existência de exames periódicos anualmente obrigatórios quase dei um chilique interno. No dia em que me entregaram um encaminhamento para o cardiologista (que inicialmente só era obrigatório a partir dos 30) senti o meu tempo desrespeitado. Quando cheguei ao tal cardiologista (após ouvir uma bronca sobre como eu era muito nova para estar ali), além do eletrocardiograma (parte obrigatória dos exames periódicos) o tal doutor ainda acrescentou um teste ergométrico, aí eu fiquei ponderando a possibilidade deu me rebelar e ainda assim conseguir ter o meu relatório carimbado e preenchido por ele.

Antes que vocês me deem uma bronca, acho importante salientar que pesquisas demonstram uma grande variação na forma como os médicos diagnosticam e tratam os pacientes em condições médicas similares, refletindo custos médicos ineficientes e desnecessários.

Então vamos aproveitar para discutir o trabalho “Accounting and Medicine: An Exploratory Investigation into Physicians’ Attitudes Toward the Use of Standard Cost-Accounting Methods in Medicine” dos autores Greg M. Thibadoux, Marsha Scheidt e Elizabeth Luckey publicado no Journal of Business Ethics em 2007.

Os pesquisadores da área de saúde têm estudado formas de reduzir as variações existentes entre as práticas de cada médico com base em certa padronização – objetiva-se reduzir custos de tratamento ao mesmo tempo em que garanta a qualidade.
Nos Estados Unidos existem diretrizes denominadas Evidence Based Best Practices (EBBP – Melhores Práticas Baseadas em Evidências), fundamentadas em resultados de estudos científicos que fornecem evidências sobre como atingir o melhor resultado da maneira mais custo-eficiente.

Os responsáveis pelo fornecimento de tratamentos na área da saúde investigam formas de “amarrar” a utilização de recursos aos protocolos médicos, na tentativa de monitorar e controlar os custos. Sim, é considerada uma atitude controversa já que reportam e destacam as práticas de cada médico (como o número de testes solicitados e a adoção de terapias específicas) e podem influenciar abordagens clínicas.

Assim, o objetivo do estudo em questão foi a análise da percepção dos clínicos sobre a ligação entre um sistema de custos padronizados de acordo com as diretrizes EBBP. Para isso, os autores questionaram a nove médicos quais as reações e preocupações que advinham da combinação entre os custos e a diretrizes. As respostas mais importantes foram as categorizadas em “centrada em ética”, ou “preocupada com a implementação e utilização do sistema baseado em custos relativamente a EBBP”.

As questões éticas foram citadas com mais frequência. Dos nove profissionais envolvidos, oito demonstraram preocupação sobre as implicações éticas da utilização de custos padronizados na medicina. Um participante afirmou que se os relatórios dos médicos forem utilizados apenas como base de dados financeiros, não há problema. Todavia, o problema surge caso a administração utilize essa base para se envolver de forma a repreender ou controlar a equipe médica. Ademais, uma variância positiva nos custos pode significar não uma melhoria, mas sim tratamento inadequado.

Se por um lado custos meenores de atendimento deixarão montantes disponíveis para investimentos em outras opções, tal como a melhoria da aparelhagem hospitalar, há de se ponderar sobre os benefícios que a padronização de atendimentos a saúde trarão. Apesar de claramente deixarem os custos dessa área mais eficientes, é necessário atentar às possíveis consequências para os pacientes e à qualidade do atendimento médico após a adoção dessas medidas.