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28 outubro 2012

Custos e medicina

Você já foi ao consultório médico e saiu de lá com pedidos de exames que considerou descenessários? Eu não sou médica, aliás, adio o máximo possível a minha visita a um especialista (a não ser ao oftalmologista – míopes, uni-vos), mas acredito possuir uma capacidade mínima para julgar a necessidade, ou não, de certos tratamentos de saúde.

Quando eu descobri a existência de exames periódicos anualmente obrigatórios quase dei um chilique interno. No dia em que me entregaram um encaminhamento para o cardiologista (que inicialmente só era obrigatório a partir dos 30) senti o meu tempo desrespeitado. Quando cheguei ao tal cardiologista (após ouvir uma bronca sobre como eu era muito nova para estar ali), além do eletrocardiograma (parte obrigatória dos exames periódicos) o tal doutor ainda acrescentou um teste ergométrico, aí eu fiquei ponderando a possibilidade deu me rebelar e ainda assim conseguir ter o meu relatório carimbado e preenchido por ele.

Antes que vocês me deem uma bronca, acho importante salientar que pesquisas demonstram uma grande variação na forma como os médicos diagnosticam e tratam os pacientes em condições médicas similares, refletindo custos médicos ineficientes e desnecessários.

Então vamos aproveitar para discutir o trabalho “Accounting and Medicine: An Exploratory Investigation into Physicians’ Attitudes Toward the Use of Standard Cost-Accounting Methods in Medicine” dos autores Greg M. Thibadoux, Marsha Scheidt e Elizabeth Luckey publicado no Journal of Business Ethics em 2007.

Os pesquisadores da área de saúde têm estudado formas de reduzir as variações existentes entre as práticas de cada médico com base em certa padronização – objetiva-se reduzir custos de tratamento ao mesmo tempo em que garanta a qualidade.
Nos Estados Unidos existem diretrizes denominadas Evidence Based Best Practices (EBBP – Melhores Práticas Baseadas em Evidências), fundamentadas em resultados de estudos científicos que fornecem evidências sobre como atingir o melhor resultado da maneira mais custo-eficiente.

Os responsáveis pelo fornecimento de tratamentos na área da saúde investigam formas de “amarrar” a utilização de recursos aos protocolos médicos, na tentativa de monitorar e controlar os custos. Sim, é considerada uma atitude controversa já que reportam e destacam as práticas de cada médico (como o número de testes solicitados e a adoção de terapias específicas) e podem influenciar abordagens clínicas.

Assim, o objetivo do estudo em questão foi a análise da percepção dos clínicos sobre a ligação entre um sistema de custos padronizados de acordo com as diretrizes EBBP. Para isso, os autores questionaram a nove médicos quais as reações e preocupações que advinham da combinação entre os custos e a diretrizes. As respostas mais importantes foram as categorizadas em “centrada em ética”, ou “preocupada com a implementação e utilização do sistema baseado em custos relativamente a EBBP”.

As questões éticas foram citadas com mais frequência. Dos nove profissionais envolvidos, oito demonstraram preocupação sobre as implicações éticas da utilização de custos padronizados na medicina. Um participante afirmou que se os relatórios dos médicos forem utilizados apenas como base de dados financeiros, não há problema. Todavia, o problema surge caso a administração utilize essa base para se envolver de forma a repreender ou controlar a equipe médica. Ademais, uma variância positiva nos custos pode significar não uma melhoria, mas sim tratamento inadequado.

Se por um lado custos meenores de atendimento deixarão montantes disponíveis para investimentos em outras opções, tal como a melhoria da aparelhagem hospitalar, há de se ponderar sobre os benefícios que a padronização de atendimentos a saúde trarão. Apesar de claramente deixarem os custos dessa área mais eficientes, é necessário atentar às possíveis consequências para os pacientes e à qualidade do atendimento médico após a adoção dessas medidas.


27 outubro 2012

Off Topic: Apoio Emocional

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, nos últimos 45 anos, a taxa de suicídio cresceu 60% no mundo. Isso significa que, a cada ano, um milhão de pessoas tiram a própria vida – uma taxa de mortalidade de 16 por 100 mil habitantes, ou o mesmo que uma morte a cada 40 segundos. A notícia fica ainda pior por conta da expectativa de que esse número dobre até 2020.

Segundo dados da OMS, ao longo da vida, 17,1% dos brasileiros “pensaram seriamente em por fim à vida”, 4,8% chegaram a elaborar um plano para tanto, e 2,8% efetivamente tentaram o suicídio.

A média brasileira é de 25 suicídios por dia, número só inferior ao de mortes no trânsito e homicídios. Vale lembrar que o número real de suicídios pode ser bem maior, visto que muitas vezes estes casos são relatados como mortes acidentais.

Esses dados assustadores vêm acompanhados de um pedido da OMS para que os governos tratem esse problema de forma urgente.

Se o número de suicídios é alto, o número de tentativas é 20 vezes maior: 5% da população mundial vai tentar tirar a própria vida pelo menos uma vez durante sua existência. Isso torna o suicídio a maior causa de mortes evitáveis no mundo, matando mais que os homicídios e as guerras (somados).

A situação também é mais comum em países mais pobres, que também são os países menos preparados para prevenir o suicídio. Isso não significa que não tenha gente engajada em melhorar a qualidade de vida dos suicidas.

O CVV (Centro de Valorização da Vida), por exemplo, é uma das organizações não governamentais (ONG) mais antigas do Brasil. Essa instituição, fundada em 1962, se baseia essencialmente no trabalho voluntário de milhares de pessoas distribuídas por todas as regiões do Brasil.

A missão do CVV, como seu nome sugere, é valorizar a vida. Sua principal iniciativa é o Programa de Apoio Emocional realizado por telefone, chat, e-mail, VoIP, correspondência ou pessoalmente.

“Oferecemos apoio emocional, com o objetivo de valorizar a vida de todas as pessoas, prevenindo, assim, que estas pensem em tirar suas próprias vidas”, conta Adriana Rizzo, voluntária do CVV, que também faz parte da equipe de divulgação da ONG.

O atendimento é gratuito e funciona 24 horas na maioria das cidades em que há um posto CVV. As pessoas podem conversar sobre todos os assuntos que considerarem importantes pra elas.

Como o serviço é anônimo, o CVV não tem identificador de chamada e os voluntários não pedem dados pessoais dos que buscam ajuda, é difícil colocar em números quantas vidas foram salvas pelo programa. Mas que muitas já foram, não há dúvida.

“Algumas pessoas que buscam nosso atendimento voltam a nos procurar para agradecer, mas isto não é esperado nem exigido por nós. Em época de fim de ano, elas nos procuram para agradecer e desejar um feliz natal, feliz ano novo”, diz Rizzo.

No quê o programa da CVV se baseia? Rizzo explica que o trabalho da ONG é eficaz porque se baseia em uma necessidade humana básica, que é a de se comunicar. “Sabemos que quando alguém não se comunica com outras pessoas, não tem esta oportunidade, os acontecimentos do dia a dia vão se acumulando e por vezes isto pode levar ao isolamento, depressão e pensamentos suicidas”, afirma.

A voluntária acredita que conversando e compartilhando suas dores e alegrias, as pessoas se sentem compreendidas, melhores e mais leves para continuar a viver.

Esse “senso comum”, aliás, tem base científica. A ciência está cheia de exemplos de situações nas quais os laços sociais desempenharam um fator muito importante na saúde e bem-estar físico e mental das pessoas.

Por exemplo, um estudo mostrou que pessoas com círculo social limitado (poucos amigos íntimos) tornam ou veem seus problemas maiores do que realmente são. Outra pesquisa sugeriu que relações sociais são tão importantes para a saúde como outros fatores de risco comuns, como tabaco, exercício físico e obesidade.

Já outros tipos de estudo fizeram associações entre a família e amigos e como isso ajudou as pessoas a superarem problemas. O suporte de um amigo, por exemplo, pode ajudar alguém a perder peso. O apoio da família é capaz de ajudar uma adolescente anoréxica a se recuperar melhor e mais rapidamente. Uma família amorosa pode ser fundamental para o bom desenvolvimento cerebral de uma criança no início da vida, assim como ser sociável na infância leva a felicidade na vida adulta.

Esses são só alguns exemplos de como a comunicação, o apoio e os laços sociais são importantes para nos manter saudáveis. O CVV pode não estar fazendo ciência de propósito, mas com certeza está colaborando para a vida humana.

Voluntariando

Achou o serviço interessante? Gostaria de se voluntariar? Os voluntários da CVV são pessoas comuns, com mais de 18 anos, que não precisam ter nenhuma formação especial, apenas vontade de ajudar alguém.

Se quiser entrar para o programa, basta participar de um curso gratuito para seleção de voluntários que acontece em todos os postos de atendimento do Brasil, várias vezes ao ano. Veja os endereços dos postos.

Se você precisa de ajuda, escolha a forma de comunicação que mais lhe agrada e entre em contato com a ONG. Você será atendido por um voluntário com o maior respeito e anonimato. Eles não estão lá para lhe aconselhar ou julgar, mas sim para lhe ouvir.

Os voluntários são devidamente treinados para conversar com qualquer pessoa que procure ajuda e apoio emocional e guardarão estrito sigilo sobre tudo que for dito, independente do meio selecionado.

Quer mais informações? Acesse o site da CVV, ou siga a instituição no Facebook ou Twitter.


Fonte: Hyperscience

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Fato da Semana

Fato: A questão não  resolvida da adoção das normas internacionais de contabilidade nos Estados Unidos

Qual a relevância disto? A maior economia do mundo fez em 2002 um acordo com o Iasb para promover a convergência. Nos últimos anos alguns projetos foram desenvolvidos em conjunto, mas os últimos meses tornou evidente que o maior mercado de capitais não irá adotar as IFRS tão cedo. Assim, as três maiores economias do planeta não usam as “normas internacionais”.

Em julho uma equipe da SEC fez um relatório apontando uma série de problemas com estas normas. É importante destacar que é a SEC, a entidade que regula o mercado de capitais estadunidenses, que delega para o Fasb a normatização contábil. Assim, o relatório era uma ducha de água fria nas pretensões do Iasb em ter os Estados Unidos como parceiros. Além disto, a equipe não sinalizou para um cronograma de adoção das normas, que era esperado pelos mais otimistas.

No início da semana ficou claro que os problemas eram inclusive operacionais. A Compliance Week lembrou que até o momento a SEC nãotinha aprovado a taxonomia XBRL das IFRS. Em termos práticos, isto pode inviabilizar que empresas estrangeiras com ações negociadas na bolsa dos Estados Unidos possam usar as IFRS. Esta, por sinal, foi uma grande conquista para o Iasb.

Na metade da semana uma frase da presidente do Fasb parecia sugerir que as coisas voltariam ao normal.
Mas no final de semana saiu um relatório resposta do Iasb para as críticas que foram feitas pela SEC em julho. Mais de três meses depois: parece até que a entidade londrina teve dificuldade de responder as críticas que foram feitas pela SEC.

Este relatório cita o Brasil para afirmar que é possível fazer a convergência desde que se tenha vontade política e que os custos do processo não são tão elevados.

O fato da semana diz respeito a todo processo da convergência internacional.

Positivo ou negativo? – Depende da posição de cada pessoa. Para os defensores da convergência a semana não foi boa no saldo final: aparentemente os Estados Unidos estão ainda muito distantes da convergência. E estão pouco entusiasmados.

Desdobramentos – Teremos que esperar até a finalização do processo eleitoral dos Estados Unidos. 

Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão no comentários.

1 – A questão do rodízio das empresas de auditoria, impedindo que um mesmo auditor trabalhe durante muito tempo na empresa, foi discutida esta semana por uma entidade fiscalizadora:

IFRS
IOSCO
PCAOB

2 – Esta entidade registrava na contabilidade a concessão de empréstimos para terceiros e os recursos não eram liberados:

BVA
Cruzeiro do Sul
Panamericano

3 – As empresas Deloitte e KPMG foram notícia esta semana e, pasme positiva.

Consideradas as melhores empresas em termos de salários de executivo
Eleitas empresas com melhores programas de estágio
Estão na lista de empresas inovadoras em termos tecnológicos

4 – Nesta semana a CVM

Assinou um convênio de cooperação com a SEC japonesa
Iniciou processo contra os executivos do Panamericano
Passou a ter oficialmente um novo presidente

5 – Insider trading, gestão fraudulenta, caixa 2, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro são alguns dos crimes atribuídos aos executivos do

BVA
Cruzeiro do Sul
Panamericano

6 – Investimento com rentabilidade muito acima do mercado deveria gerar desconfiança. Os papeis de um fundo chamado V55 rendia a variação da inflação mais 13% ao ano. Apesar de que “quando a esmola é demais, o santo desconfia”, este santo não desconfiou:

Comissão de Valores Mobiliários
Fundos de Pensão Petros
Secretaria do Tesouro Nacional

7 – A empresa está finalmente reconhecendo perdas referentes aos royalties de mineração:

Companhia Siderúrgica Nacional
Petrobras
Vale do Rio Doce

8 – Uma apuração do custo de “produção” da princesa Kate, incluindo vestido, cosmético e bronzeamento, mostrou que

É possível ser tão bonita quanto a  Kate com pouco dinheiro
O maior custo é o da manicure semanal
Somente alguém com muito dinheiro pode gastar o montante estimado

9 – As operações de repasse do Tesouro para o BNDES estão sendo lembradas a algo que existiu até a década de oitenta no Brasil:

Conta movimento do tesouro
Emissão de moeda pelo Banco Central
Operação contábil sem o registro no Siafi

10 – Este escritor famoso foi prefeito no interior do país e chegou a produzir dois relatórios de prestação de contas, lembrados pelo valor literário.

Carlos Drummond de Andrade
Graciliano Ramos
Machado de Assis

Periódicos

O vídeo a seguir discute a questão dos periódicos científicos gratuitos, diante do aumento no preço dos periódicos pagos.

Justiça

Três casos internacionais de fraude no dia de ontem. Um empresário afirmou que era dono de uma parcela significativa do Facebook devido a um acordo realizado em 2003 com o fundador da empresa. As acusações foram consideradas falsas e o empresário foi preso.

O ex-primeiro ministro da Itália (e presidente do clube de futebol Milan), Berlusconi, foi condenado por fraude fiscal na Itália. Apesar da condenação, dificilmente ele será preso pois ainda pode existir recurso contra a decisão.

Finalmente, um ex-vice-chairman da Deloitte foi condenado a 21 meses de prisão por uso de informação privilegiada.