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27 outubro 2012

Off-Topic: A melhor resposta

"Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. Quem é você? Do que gosta? Em que acredita? O que deseja? Dia e noite somos questionados, e as respostas costumam ser inteligentes, espirituosas e decentes.Tudo para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores.

Ora, quem sou eu. Sou do bem, sou honesto, sou perseverante, sou bem-humorado, sou aberto – não costumamos economizar atributos quando se trata da nossa própria descrição. Do que gostamos? De coisas belas. No que acreditamos? Em dias melhores. O que desejamos? A paz universal. Enquanto isso, o demônio dentro de nós revira o estômago e faz cara de nojo. É muita santidade para um pobre-diabo, ninguém é tão imaculado assim.



A despeito do nosso inegável talento como divulgadores de nós mesmos e da nossa falta de modéstia ao descrever nosso perfil no Facebook, a verdade é que o que dizemos não tem tanta importância. Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. O que você diz – com todo o respeito – é apenas o que você diz. Entre a data do nosso nascimento e a desconhecida data da nossa morte, acreditamos ainda estar no meio do percurso, então seguimos nos anunciando como bons partidos, incrementamos nossas façanhas, abusamos da retórica como se ela fosse uma espécie de photoshop que pudesse sumir com nossos defeitos. Mas é na reta final que nosso passado nos calará e responderá por nós. Quantos amigos você manteve. Em que consiste sua trajetória amorosa. Como educou seus filhos. Quanto houve de alegria no seu cotidiano.Qual o grau de intimidade e confiança que preservou com seus pais. Se ficou devendo dinheiro. Como lidou com tentativas de corrupção. Em que circunstâncias mentiu. Como tratou empregados, balconistas, porteiros, garçons. Que impressão causou nos outros – não naqueles que o conheceram por cinco dias, mas com quem conviveu por 20 anos ou mais. Quantas pessoas magoou na vida. Quantas vezes pediu perdão. Quem vai sentir sua falta. Pra valer, vamos lá. Podemos maquiar algumas respostas ou podemos silenciar sobre o que não queremos que venha à tona. Inútil. A soma dos nossos dias assinará este inventário. Fará um levantamento honesto. Cazuza já nos cutucava: suas idéias correspondem aos fatos? De novo: o que a gente diz é apenas o que a gente diz. Lá no finalzinho, a vida que construímos é que se revelará o mais eficiente detector de nossas mentiras."

Martha Medeiros

26 outubro 2012

Resposta do Iasb

No passado recente (julho de 2012) uma equipe da SEC preparou um estudo sobre a questão da adoção das normas internacionais de contabilidade nos Estados Unidos. O texto faz uma série de críticas ao processo, assim como apresenta os problemas das normas internacionais. Além disto, o texto não indica uma data para que a convergência ocorra.

O relatório sepultou, pelo menos parcialmente, a possibilidade de que a maior economia do mundo possa adotar as normas internacionais. Agora uma equipe da Fundação IFRS preparou um texto sobre o assunto. Apesar do mesmo não ter sido aprovado pelo Iasb ou pelos trustees da Fundação IFRS, não deixa de ser uma resposta ao texto (e críticas) da SEC.

O relatório afirma que a indecisão da SEC pode representar um risco no esforço da convergência entre o FASB e o Iasb. Isto pode representar um risco de que uma década de esforço no sentido da convergência seja “seguido por um novo período de divergência”. Apesar de reconhecer a complexidade do mercado estadunidense, o texto considera que a experiência de outros países indica que a vontade política adequada pode superar os desafios.

Em resposta à crítica da SEC de que o Iasb depende muito da contribuição de alguns países, o texto usa uma relação entre doação e tamanho da economia para mostra que os Estados Unidos contribuíram pouco para o trabalho da Fundação IFRS. Mas que este país possui um quarto dos assentos no organismo internacional, apesar de ter doado menos de 10%.

Sobre o Brasil, eis uma citação interessante:

Finalmente, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores da Deloitte realizou uma pesquisa em 2011 para descrever relações com investidores, após a adoção do IFRS pelas empresas de capital aberto. Embora a pesquisa tenha coletado dados das empresas apenas alguns meses após a publicação pela primeira vez das demonstrações financeiras em IFRS, alguns benefícios já foram percebidos. A maioria dos entrevistados acredita que a IFRS trouxe mais transparência às informações financeiras. O custo de transição foi menos de US $ 1 milhão para 77 por cento dos inquiridos e os principais fatores de custo foram a aquisição de conhecimentos técnicos da IFRS e preparação de informação comparativa.

Leia mais em IFRS Staff Challenges SEC on Adoption Obstacles , Tammy Whitehouse, Compliance Week

Rir é o melhor remédio

Duas sobre economia:

Qual a diferença entre micro e macro? Microeconomia você está errado sobre coisas específicas; macro você está errado sobre coisas em geral.

Quantos economistas são necessários para trocar uma lâmpada? Nenhum. A mão invisível irá trocar.

(Fonte: The Cartoon Introduction to Economics, vol 1: Microeconomics, Grady Klein e Yoram Bauman.

Quase 1 milhão

O leitor deve ter percebido que o blog está quase atingindo 1 milhão de visualizações. Diariamente superamos mais de duas mil, o que é razoável para um blog voltado para um assunto técnico. Grato a todos os leitores.

Pedimos que respondam a enquete no início da página, lado direito: o que você sente falta no Blog? Os itens listados são postagens que chegamos fazer no passado e já não fazemos mais: links; testes (chegamos a mais de 500), resenhas  de livros; artigos técnicos exclusivos (como sobre valor justo) ou material didático (a série sobre índices).

Bunheads

A série Bunheads é sobre Michelle Simms,  uma ex-bailarina de Las Vegas, que aceita a proposta de casamento de um admirador e muda para cidade de Paradise. Logo que chega na cidade, o marido morre num acidente de carro e deixa para Michelle a casa, com uma escola de balé, onde dá aula a sogra de Michele chamada Fanny.

A série foi criada por Amy Sherman-Palladino, a mesma de Gilmore Girls. Bunheads tem muita semelhança com Gilmore Girls: diálogos rápidos, com muitas tiradas e centrada nas mulheres. A professora de Balé Fanny foi atriz de Gilmore Girls. E Michelle, a bailarina, lembra muito Lorelai, até fisicamente.

No quinto episódio da primeira temporada Michelle descobre que a escola de balé é uma bagunça em termos administrativos. E resolve ir procurar um CPA para entender o que está ocorrendo. A cena a seguir, de dois minutos, mostra quando Michelle descobre o que realmente está acontecendo na escola de balé:





Aqui uma tradução rápida

CPA: Embora seja uma contabilidade incomum, não tenho informações necessárias para análise do capital bruto... se pudesse achar os débitos B2C ou B3C.
Fanny: Ei, você me fez vir até aqui.
Michelle: Desculpe, voltei. Continue com o...
CPA: Certo. Com respeito as despesas mais importantes de capital, separei em duas partes. Não podemos ignorar o significado das despesas com os prejuízos líquidos.
Fanny: Quanta classe!
CPA: Não concordam?
Michelle: Perdão.
CPA: Estou falando muito rápido?
Michelle: Não. Como queria que ele falasse mais rápido. Quer dizer, estou entediada. Você não está?
Fanny: Não entendi nenhuma palavra depois do “oi, meu nome é Bob”.
CPA: Eric. Meu nome é Eric.
Fanny: Oh.
CPA: Vamos direto ao ponto. Revisei tudo e seus problemas não são a péssima organização contábil. Seu problema é a receita.
Michelle: O que isto significa?
CPA: vocês precisam ter alguma. Vocês já sentaram e avaliaram como as coisas funcionarão? Certo, vamos começar pela Michele.
Michelle: Espera, como me pôs no problema?
CPA: Seu marido deixou propriedades, dois carros, um funcionando, dois CDs, uma conta bancária que se administrar sabiamente conseguirá manter por um bom tempo, mas não para sempre. Você precisa de alguma receita.
Michelle: A escola de balé ajuda, certo?
CPA: Ajudaria se tivesse algum aluno.
Michelle: Do que está falando? Aquele lugar está cheio, as turmas estão lotadas.
CPA: Perdão, pagantes. Segundo os registros, a maioria não paga.
Michelle: Não pagam? É isto mesmo, Fanny?
Fanny: Acho que sim. Se você nos trouxe a um contador decente.
Michelle: Por que eles não pagam?
Fanny: Existem bolsas de estudos.
Michelle: quantas?
Fanny: Não tenho certeza.
Michelle: São quantos alunos?
CPA: 75
Michelle: E quantos pagam?
CPA: 9
Michelle: 9?
CPA: 9
Michelle: Nove? Nove? Nove?
Fanny: Você parece um alemão
Michelle: Nove?
Fanny: Terminamos?
Michelle: Nove?
Fanny: Vamos
Michelle: Nove!
Fanny: Diga adeus ao adorável contador.
Michelle: Nove? Nove?

O bom a cena é que o contador passa uma imagem de eficiência: descobriu rapidamente o que estava ocorrendo na empresa. Mas as mulheres ficam entediadas com o palavreado do CPA.

Cruzeiro do Sul

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) marcou para 13 de novembro, às 15 horas, o julgamento do ex-presidente do banco Cruzeiro do Sul Luis Octavio Indio da Costa preso em São Paulo na segunda-feira. O advogado de defesa será o ex-presidente da autarquia Marcelo Trindade.

O julgamento de Luis Octavio Indio da Costa na CVM tratará da não divulgação de fato relevante referente a negociações para uma possível compra do banco Prosper. (CVM julgará sócio do Cruzeiro do Sul - 25 de Outubro de 2012 - Valor Econômico  - Luciana Bruno)

O processo é anterior aos problemas financeiros da instituição e sua liquidação, que ocorreu em setembro. Ao mesmo tempo, a Polícia Federal indiciou o banqueiro em sete crimes, com possibilidade de 50 anos de prisão.

A PF geralmente atribui a empresários e controladores de instituições financeiros esses crimes. Para Índio da Costa, no entanto, a PF reservou uma surpresa ao indiciá-lo também como incurso no artigo 27 C da Lei 6.385/76 - operações simuladas e manobras fraudulentas com ações na Bolsa de Valores por meio de "interpostas pessoas" com a finalidade de lucro indevido, pena de 1 a 8 anos. A PF e a Procuradoria da República estão impressionadas com o drama de centenas de clientes do Cruzeiro do Sul que foram lesados. Perderam economias de uma vida inteira e criaram uma associação das vítimas do banco.

O rosário de ilícitos imputados ao banqueiro alcança quatro artigos da Lei 7.492/86 (Colarinho Branco). Foi indiciado no artigo 1.º (gestão fraudulenta de instituição financeira, pena de 3 a 12 anos), artigo 6.º (manter em erro sócio ou investidor com informações falsas, 2 a 6 anos), artigo 11 (caixa 2 de banco com movimentação paralela de recursos, pena de 1 a 5 anos de prisão) e artigo 17 (mútuos vedados, reclusão de 2 a 6 anos).

A PF atribui quadrilha a Índio da Costa - artigo 288 do Código Penal, 1 a 3 anos, combinado com o Decreto 5.015 (organização criminosa). E o enquadrou por lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de cadeia), crime financeiro como ação antecedente. (Índio da Costa é indiciado em sete crimes - 25 de Outubro de 2012 - O Estado de São Paulo - Fausto Macedo)

Fundos de Estatais

Onde têm um grande escândalo contábil no Brasil tem um fundo de pensão de uma estatal envolvido, para azar dos seus funcionários. No caso do BVA isto parece que não foi exceção:

A Petros investiu R$ 51 milhões em cédulas de crédito bancário (CCB) emitidas pela V55 Empreendimentos, uma das empresas criadas pelos principais sócios do BVA - José Augusto Ferreira dos Santos e Benedito Ivo Lodo - para injetar recursos no banco. O saldo a ser pago dessa CCB, que vence em junho de 2013, é estimado em pouco mais de R$ 20 milhões. Com a intervenção no BVA, os bens dos acionistas, incluindo a V55, ficaram indisponíveis. (Petros financiou sócios do BVA, 25 de Outubro de 2012, Vinícius Pinheiro)


Talvez uma das razões seja a ganância:

O investimento nos papéis da V55 rendia para a Petros o equivalente à variação do IPCA mais 13% ao ano, bem acima da meta atuarial de 6% da fundação. A posição na V55 representava 5,5% do total de CCBs detidos diretamente pelo fundo de pensão.


Ou a falta de conhecimento de finanças, mais especificamente, diversificação.