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14 setembro 2012

Notas de Risco para os governos

O governo federal vai passar a calcular um "rating" da situação fiscal de Estados e municípios. A classificação, que funciona como uma espécie de nota da capacidade de pagamento, servirá de base para subsidiar a concessão de aval da União nos empréstimos dos governos regionais no Brasil e no exterior. A metodologia antiga levava em consideração o resultado primário (receitas menos despesas para pagamento da dívida), que deixa de ser preponderante na análise do crédito. (...)

Num modelo muito parecido com o que é adotado pelos bancos e até mesmo pelas agências de classificação de risco, as notas vão variar de A+ (nos casos em que situação fiscal é excelente e o risco de crédito quase nulo) até D- (quando há um quadro de desequilíbrio fiscal). Só terá aval da União o Estado e os municípios que receberem de A+ a B- (casos em que a situação fiscal é boa e o risco de crédito é médio).

A análise do crédito será feita pela equipe técnica do Tesouro com base numa complexa metodologia, com várias fórmulas matemáticas, publicadas ontem no Diário Oficial da União. (...)


É uma boa notícia. Mas o ideal é que isto fosse realizado por especialistas ou por terceiros, isentos do processo.

Elétricas

O dia seguinte ao anúncio oficial do governo sobre a redução das tarifas de energia elétrica foi marcado por quedas históricas das ações do setor. Levantamento da empresa de informações financeiras Economática revela que 24 companhias com papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderam, em conjunto, R$ 15 bilhões em valor de mercado. Nos últimos dois dias, são R$ 21,3 bilhões.

A perda dessa quarta-feira equivale a um recuo médio de quase 10% nos papéis, mas houve ação que se desvalorizou mais, como a da Cesp, que desabou 27,5%. O mau humor dos investidores foi atribuído, principalmente, à decisão do governo de antecipar para 2013 o término das concessões de algumas companhias. O prazo original era 2015 ou 2017, dependendo do caso.

A grande dúvida é como se dará o ressarcimento de algumas empresas. A compensação será feita às concessionárias que, no prazo de seus contratos, não conseguiram recuperar o que investiram para construir hidrelétricas, linhas de transmissão ou infraestrutura de distribuição. É o cálculo da chamada amortização. Para a consultoria e auditoria Deloitte, o valor para o setor todo é de cerca de R$ 47 bilhões.

"A parte mais negativa foi provavelmente a antecipação da renegociação de concessões para 2013", afirmaram, em relatório, os analistas do banco JP Morgan. "Acreditamos que o mercado não estava esperando essa mudança, o que aumenta a profundidade e a amplitude de ações do governo no setor de serviços públicos."

A corretora Ativa observou que, como as concessões que vencem em 2015 e 2017 serão renovadas já em 2013, as concessionárias terão de adiantar a queda das tarifas já no próximo ano.

Quebra de contrato

Para analistas do HSBC, a antecipação da renovação das concessões representa uma quebra de contratos. "O mercado pode ficar apreensivo com a situação de concessões mais antigas, como as da AES Tietê e da Light Energia", observou o texto, assinado por Eduardo Gomide.

Um relatório do banco Credit Suisse lembrou que o descasamento entre o que o governo propôs como ressarcimento às empresas e o real valor da depreciação dos ativos deve expor muitas companhias a prejuízos contábeis, o que limitará a capacidade de distribuição de dividendos.

O setor elétrico é historicamente um dos que mais pagam dividendos, o que agrada a muitos investidores. Outra característica é ser um segmento da economia menos suscetível a oscilações. Por isso, é incluído no rol das chamadas ações defensivas. Quedas expressivas como a de hoje, portanto, são raras.

A explicação para a queda mais forte dos papéis da Cesp constou de um relatório do banco Itaú BBA. Segundo os analistas, o valor dos ativos não amortizados da empresa pode somar R$ 1,1 bilhão, 45% abaixo das estimativas preliminares.

Significa dizer que, se a Cesp tiver mesmo um valor não amortizado inferior ao estimado antes, terá menos receitas a incorporar nos resultados. Os números oficiais e definitivos serão calculados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O desempenho das ações do setor elétrico impediu uma alta mais forte do Índice Bovespa. O principal termômetro da bolsa brasileira subiu hoje pelo quinto pregão seguido. Mas a valorização poderia ter sido superior ao 0,84% registrado caso os papéis das empresas de energia não tivessem caído tanto.

Desde o início do mês, quando se consolidaram as informações de que o governo mexeria nas tarifas do setor, os papéis das empresas de energia perderam quase R$ 21 bilhões em valor de mercado. Em 31 de agosto, as 24 companhias valiam, conjuntamente, R$ 177,3 bilhões. Ontem, eram R$ 156,6 bilhões.

Beth Moreira, Claudia Violante, Fátima Laranjeira e Luciana Collet, da Agência Estado
Mercado vê ‘quebra de contrato’ e elétricas perdem R$ 21 bi em dois dias

Assédio moral

Sobre a questão do assédio moral com o funcionário da empresa Brahma, uma excelente (novidade?) postagem do Rodolfo:

Havia, no entanto, outra coisa que me parecia estranha na reportagem: se o funcionário estava tão insatisfeito com as normas da empresa, por que simplesmente não pedia demissão? Ou por que não fazia uma denúncia formal à área de governança corporativa?

A resposta estava um pouco adiante: ele queria ser demitido, mas a companhia não concordava. Ou seja: ele queria receber mais dinheiro, para deixar a empresa por sua livre e espontânea vontade.

A prática - pedir para ser demitido para receber a multa de 40% do FGTS, além do direito de sacar o fundo - é tão disseminada que ninguém questiona sua legitimidade, tampouco sua ética. Por conta disto, o rapaz da reportagem conta que ficou mais dois anos na Ambev, até que sua demissão fosse liberada - e ele pudesse se livrar do ambiente que tanto lhe fazia mal, coitado. E aí, mesmo conseguindo a demissão como queria, entrou na Justiça do Trabalho contra a empresa, por assédio moral.

Informações e CVM

O superintendente de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Fernando Soares Vieira, afirmou hoje que a autarquia vem atuando fortemente na melhora da qualidade das informações divulgadas pelas companhias. (...)

Entre as rotinas implementadas pela autarquia nos últimos anos estão o acompanhamento no envio de e-mails alerta, aplicação de multas para atraso no envio de informações e divulgação semestral da lista das companhias inadimplentes com suas obrigações de entrega por mais de três meses.

A CVM vem atuando também, segundo Vieira, com uma supervisão baseada em quatro riscos. O primeiro diz respeito à entrega das informações; o segundo, ao acompanhamento das informações nos formulários de referência; o terceiro diz respeito à conformidade das demonstrações financeiras às regras contábeis; e o último, ao acompanhamento da conduta das companhias nas operações como fusão, cisão e organizações societárias.

Profissionais da área destacaram no evento que o website de relações com investidores é a principal fonte de informações sobre as companhias de capital aberto. Helio Garcia, do Ibri, afirmou que a ferramenta é fundamental na prestação de contas ao mercado. (...)

Para CVM, melhorar divulgação de informações por empresas é prioridade - 13 de Setembro de 2012 - Valor Online - Daniela Meibak | Valor

Agressividade contábil

Uma pesquisa da Price com investidores trouxe a preocupação deles com a "agressividade" das empresas nas demonstrações contábeis. Uma possível solução seria a auditoria das políticas contábeis e de números que hoje não são editados, segundo informou o The Telegraph. Medidas que são apresentadas pelas empresas, mas que fogem dos valores contábeis tradicionais, como o lucro líquido ajustado, são objeto de preocupação. Mesmo medidas específicas de certos setores, como vendas por loja, para o varejo, foram citadas na pesquisa.

Segundo o resultado da pesquisa, 56% dos entrevistados afirmaram que informações preliminares para o mercado também deveriam ser auditadas.

13 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

"Vejo um turista!"
"Formação Nessie"

O segredo do monstro do Lago Ness

Facebook

O gráfico abaixo (do Yahoo Finanças) mostra a evolução, em três meses de negociação, das ações do Facebook. Quando do lançamento das ações desta empresa, o preço inicial foi fixado em 38 dólares. Depois de cair no início de junho, as ações da empresa recuperaram parte do seu preço, ficando um pouco acima de 30 dólares em julho. Em agosto um novo patamar: um pouco acima de 20 dólares, quase metade do preço inicial. No dia 4 de setembro do preço chegou ao mínimo (17,73).

Existem diversos textos que tratam da ascensão e queda do Facebook no mercado de capitais. Um texto de Andrew Sorkin para o New York Times (The Man Behind Facebook’s I.P.O. Debacle. Sorkin é o roteirista da série The Newsroom – fantástica, por sinal – e do filme A Rede Social, sobre o Facebook) inova ao focar sua atenção em David Ebersman. Ebersman é o chief financial officer. Apesar de não ser tão conhecido como Zuckerberg ou Sandberg, Ebersman tem um papel importante no fracasso do Facebook: na época do lançamento das ações o Facebook chegou a ser avaliado em 100 bilhões de dólares. Hoje o valor de mercado é de 50 bilhões.

Foi Ebersman quem forçou o aumento no preço inicial da ação para 38 dólares, depois de estudos terem mostrado um intervalo entre 28 a 35 dólares como sendo o mais adequado. Além de aumentar o preço, ele também aumentou a quantidade de ações oferecidas em 25%.

Mas Sorkin lembra que a queda no preço não representa um problema somente para o investidor que comprou no momento errado. Como muitas empresas de tecnologia, o Facebook atrai e retém talentos através das ações.

Alguns destes funcionários receberam ações com valor de 24,1 dólares. Quando as ações do Facebook começaram a cair, estes empregados começaram a vender suas ações. O resultado: mais queda.

O problema do Facebook foi o oposto do LinkedIn. Esta empresa lançou suas ações por um preço abaixo do valor da empresa. O resultado é que os investidores iniciais ganharam um “presente” de 350 milhões de dólares em razão da subavaliação das ações.

No processo de lançamento de ações, as empresas devem encontrar um preço justo; valores abaixo, como o caso do LinkeIn, transfere dinheiro da empresa para os investidores iniciais; valores elevados, como o Facebook, pode até trazer dinheiro no curto prazo para empresa, mas gera desconfiança no investidor.