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03 setembro 2012

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

O que é EFRAG?

Existem algumas entidades que possuem um papel importante para contabilidade e poucas pessoas conhecem. O EFRAG é uma delas. Esta entidade recebe a denominação de European Financial Reporting Advisory Group.

A função do EFRAG é recomendar a União Europeia o endosso dos padrões da contabilidade financeira. Mas recentemente o EFRAG foi notícia ao trabalhar em conjunto com o FASB na produção de um documento sobre evidenciação.

Para este blogueiro, é interessante que o documento tenha sido realizado em conjunto com a Autorité des Normes Comptables (ANC) da França, o Financial Reporting Council (FRC) do Reino Unido. Mas não com o Iasb.

Retorno do Mercado e P/L

Existe uma relação entre o índice P/L e o retorno do mercado: o retorno do mercado corresponde ao inverso do índice P/L.

Em alguns países, onde o índice P/L é aproximadamente 15, isto significa que o retorno do mercado médio no longo prazo é de 6,7%. Basta fazer a seguinte operação

Retorno do Mercado = 1/15 = 0,067

Curiosamente esta tem sido a média dos retornos das ações nestes mercados.

Quando usamos o retorno mensal do mercado brasileiro de julho de 1994 até julho de 2012 encontramos um retorno mensal médio de 1,2%. Isto representa um retorno anual de 15,4%, muito acima do retorno dos países desenvolvidos. Fazendo a correspondência entre este retorno anual e o índice P/L temos um valor de 6,5 para o período. São valores diferentes do que encontramos em outros mercados.

Entretanto, o elevado retorno decorre da instabilidade elevada do período analisado e, talvez, da inflação elevada para alguns anos. Além disto, o mercado acionário brasileiro viveu um período de bonança em razão da entrada de investidores estrangeiros. Isto naturalmente influencia o resultado final para este período.

Considerando o período de janeiro de 2007 até julho de 2012, o retorno mensal cai para 0,59%, que corresponde a um retorno anual de 7,3%. Isto em termos de índice P/L representa 13,6, um valor muito próximo ao encontrado em países mais desenvolvidos. O aumento do índice P/L brasileiro é notável: se usarmos o período de janeiro de 2006 a julho de 2012, acrescentando somente o ano de 2006, o retorno mensal é de 0,89% que corresponde a um P/L de 8,9.

Tudo leva a crer que no longo prazo a rentabilidade do mercado acionário brasileiro deva encaminhar para uma taxa entre 6 a 8%, que corresponderia a um P/L entre 12,5 e 16,7.

Para ler mais:

Leituras


- The Sharapova Effect (Freakonomics)

- Institutional environment for entrepreneurship in rapidly emerging major economies: the case of Brazil, China, India, and Korea (International Entrepreneurship and Management Journal)

-The Best Book Reviews Money Can Buy (NYT)

- Before the Culture Fades (City Journal)

- The Economist:Voice of the New Global Elite (National Interest)

-Electricity taxes in Brazil: Untangling the custo Brasil (The Economist)

-Everything You Think You Know About China Is Wrong (Foreign Policy)

-Setor de celulose quase estatizado (Miriam Leitão)

-Now hiring: Brazil wants more foreign professionals (Reuters)

-The future of printers Printers sink: An industry that puts ink to paper is fighting for survival (The Economist)

-Our image of Africa is hopelessly obsolete (The Guardian)

-How to Get a Doctorate in Six Weeks (Freakonomics)

-The Nokia effect:Finland’s fortunes are affected by one firm. What about other countries? (The Economist)



Surpresa no Lucro

Fazendo uma postagem sobre "surpresa" no lucro, Damodaran lembra que as empresas que jogam com a reação do mercado irá fazer ajustes que garantam superar as expectativas.

Isto funciona num primeiro momento. Para continuar funcionando, as empresas entram numa espiral suicida: se anteriormente as expectativas foram superadas, os ajustes devem ser ainda maiores para continuar suplantando as "novas expectativas".

Regra do 72


A regra do 72 é uma maneira fácil de obter em quanto tempo um investimento irá dobrar o seu valor. Para saber este período de tempo, basta dividir 72 pela taxa. Suponha um investimento que irá render 10% ao ano. Em quantos anos o valor do investimento será o dobro? Pela regra do 72 basta dividir 72 por 10 (sem o percentual e sem a divisão por cem) e obteremos 7,2 anos. Ou seja, em aproximadamente 7,2 anos teremos o valor investido em dobro.

A figura abaixo mostra algumas taxas e o valor da regra do 72. Um investimento como a antiga poupança, que rendia 6% ao ano, levaria 12 anos para dobrar o seu valor. De 1994 até julho de 2012 o mercado acionário brasileiro apresentou uma rentabilidade mensal de 1,22%, que corresponde a 15,7% ao ano. Usando 15%, temos que em menos de cinco anos o valor do investimento dobraria.

Produtividade do capital financeiro

No limiar de novo ciclo
Autor: Thomás Tosta de Sá
Valor Econômico - 22/08/2012


A crise econômica mundial, que se agravou a partir da crise financeira de 2008, está afetando a economia brasileira com uma intensidade maior do que se imaginava inicialmente.

A resposta do governo brasileiro adotando medidas de estímulo ao consumo com o aumento do crédito e redução de impostos, com o aumento dos gastos do governo e financiamento de longo prazo das empresas, com aportes do Tesouro para capitalização do BNDES, surtiu um efeito positivo de curto prazo fazendo com que a economia brasileira apresentasse em 2010, ano de eleições presidenciais, seu mais elevado crescimento do PIB, 7,5%, nos últimos 20 anos. O modelo se esgotou e novos rumos deverão ser traçados para corrigir o ritmo de crescimento do PIB de 2,7% em 2011 e provavelmente menos de 2% em 2012.

O crescimento econômico das nações só é sustentável com o aumento da produtividade dos fatores de produção. O capital intelectual só aumenta sua produtividade por meio da educação aplicada à inovação. O capital financeiro, com a alocação eficiente da poupança por meio do mercado de capitais e os recursos naturais com seu uso inteligente, em benefício do ser humano.

Se durante o século passado o crescimento da economia mundial foi liderado pelas economias desenvolvidas, acredita-se que nas próximas décadas o crescimento será impulsionado pelos países emergentes.

Para que o Brasil tenha um papel relevante nesse processo, será necessário rever seu modelo calcado em consumo e gastos de governo. Investimentos sociais terão que substituir gastos sociais como prioridade da política governamental. Hoje, a carga tributária de quase 40% do PIB é usada para financiar gastos correntes dos quais os benefícios previdenciários representam quase 12% do PIB.

(...)Na área de investimentos em infraestrura, o anúncio de uma nova política de concessões que abrangerá todos os setores anteriormente mencionados transferindo para o setor privado a gestão e, principalmente, a captação de recursos, é um renovado programa de parceria público privada. Nesse cenário o mercado de capitais pode voltar a desempenhar o papel de maior financiador de longo prazo das empresas brasileiras.

Em 2007 tivemos 67 IPO"s e o valor de mercado das empresas cotadas em bolsa atingiu 97% do PIB e o mercado de capitais contribuiu com cerca de R$ 115 bilhões para o financiamento dessas empresas. O BNDES, historicamente o maior financiador de longo prazo no Brasil, aplicou nesse ano cerca de R$ 66 bilhões.

Desde 2008 modificou-se esse quadro, com o BNDES, à falta de outra alternativa, assumindo novamente o papel de grande financiador das empresas com todas as desvantagens decorrentes. O resultado é que tivemos apenas quatro, seis e 11 IPO"s respectivamente em 2008, 2009 e 2010. O mercado de capitais brasileiro, um dos mais bem regulados do mundo, deve seu sucesso a um trabalho permanente de educação de seus agentes e de fatores específicos que marcaram seus dois últimos ciclos desde 1991:

1991/1997 - uma legislação flexível para entrada dos investidores estrangeiros e o sucesso do Plano Real que resultou no controle da inflação. Nesse período o IBovespa teve uma valorização de quase 3 mil % em dólares;

2002/2008 - lançamento do Novo Mercado, eliminação da CPMF nas negociações em bolsa, mudança da lei das S.A."s restabelecendo direitos de acionistas minoritários e o lançamento do Plano Diretor do Mercado de Capitais pelas entidades do mercado e implementado durante o governo Lula. O índice Bovespa valorizou-se de 8.300 pontos em outubro de 2002 para 73.500 pontos até a crise de 2008.

O novo ciclo do mercado de capitais, que imaginamos estar se aproximando, terá como fatores determinantes a redução da taxa de juros e uma nova Estratégia Nacional de Acesso ao Mercado de Capitais que encontra-se em construção para ampliar de forma significativa o número de investidores, intermediários e empresas no mercado.

Com pouco mais de 550.000 investidores individuais e de 400 empresas listadas em bolsa o conjunto de investidores institucionais aplica apenas 17% de seus recursos em ações e 7% em títulos de dívida das empresas sendo que títulos públicos e papéis bancários absorvem 41% e cerca de 30% desses recursos respectivamente.

O aumento de produtividade do capital financeiro resultante do crescimento do seu mercado de capitais poderá ser o principal responsável pela retomada gradual de novos níveis de seu desenvolvimento econômico e social.


Thomás Tosta de Sá é presidente executivo do Ibmec-Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais e ex-presidente da CVM