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03 setembro 2012

Surpresa no Lucro

Fazendo uma postagem sobre "surpresa" no lucro, Damodaran lembra que as empresas que jogam com a reação do mercado irá fazer ajustes que garantam superar as expectativas.

Isto funciona num primeiro momento. Para continuar funcionando, as empresas entram numa espiral suicida: se anteriormente as expectativas foram superadas, os ajustes devem ser ainda maiores para continuar suplantando as "novas expectativas".

Regra do 72


A regra do 72 é uma maneira fácil de obter em quanto tempo um investimento irá dobrar o seu valor. Para saber este período de tempo, basta dividir 72 pela taxa. Suponha um investimento que irá render 10% ao ano. Em quantos anos o valor do investimento será o dobro? Pela regra do 72 basta dividir 72 por 10 (sem o percentual e sem a divisão por cem) e obteremos 7,2 anos. Ou seja, em aproximadamente 7,2 anos teremos o valor investido em dobro.

A figura abaixo mostra algumas taxas e o valor da regra do 72. Um investimento como a antiga poupança, que rendia 6% ao ano, levaria 12 anos para dobrar o seu valor. De 1994 até julho de 2012 o mercado acionário brasileiro apresentou uma rentabilidade mensal de 1,22%, que corresponde a 15,7% ao ano. Usando 15%, temos que em menos de cinco anos o valor do investimento dobraria.

Produtividade do capital financeiro

No limiar de novo ciclo
Autor: Thomás Tosta de Sá
Valor Econômico - 22/08/2012


A crise econômica mundial, que se agravou a partir da crise financeira de 2008, está afetando a economia brasileira com uma intensidade maior do que se imaginava inicialmente.

A resposta do governo brasileiro adotando medidas de estímulo ao consumo com o aumento do crédito e redução de impostos, com o aumento dos gastos do governo e financiamento de longo prazo das empresas, com aportes do Tesouro para capitalização do BNDES, surtiu um efeito positivo de curto prazo fazendo com que a economia brasileira apresentasse em 2010, ano de eleições presidenciais, seu mais elevado crescimento do PIB, 7,5%, nos últimos 20 anos. O modelo se esgotou e novos rumos deverão ser traçados para corrigir o ritmo de crescimento do PIB de 2,7% em 2011 e provavelmente menos de 2% em 2012.

O crescimento econômico das nações só é sustentável com o aumento da produtividade dos fatores de produção. O capital intelectual só aumenta sua produtividade por meio da educação aplicada à inovação. O capital financeiro, com a alocação eficiente da poupança por meio do mercado de capitais e os recursos naturais com seu uso inteligente, em benefício do ser humano.

Se durante o século passado o crescimento da economia mundial foi liderado pelas economias desenvolvidas, acredita-se que nas próximas décadas o crescimento será impulsionado pelos países emergentes.

Para que o Brasil tenha um papel relevante nesse processo, será necessário rever seu modelo calcado em consumo e gastos de governo. Investimentos sociais terão que substituir gastos sociais como prioridade da política governamental. Hoje, a carga tributária de quase 40% do PIB é usada para financiar gastos correntes dos quais os benefícios previdenciários representam quase 12% do PIB.

(...)Na área de investimentos em infraestrura, o anúncio de uma nova política de concessões que abrangerá todos os setores anteriormente mencionados transferindo para o setor privado a gestão e, principalmente, a captação de recursos, é um renovado programa de parceria público privada. Nesse cenário o mercado de capitais pode voltar a desempenhar o papel de maior financiador de longo prazo das empresas brasileiras.

Em 2007 tivemos 67 IPO"s e o valor de mercado das empresas cotadas em bolsa atingiu 97% do PIB e o mercado de capitais contribuiu com cerca de R$ 115 bilhões para o financiamento dessas empresas. O BNDES, historicamente o maior financiador de longo prazo no Brasil, aplicou nesse ano cerca de R$ 66 bilhões.

Desde 2008 modificou-se esse quadro, com o BNDES, à falta de outra alternativa, assumindo novamente o papel de grande financiador das empresas com todas as desvantagens decorrentes. O resultado é que tivemos apenas quatro, seis e 11 IPO"s respectivamente em 2008, 2009 e 2010. O mercado de capitais brasileiro, um dos mais bem regulados do mundo, deve seu sucesso a um trabalho permanente de educação de seus agentes e de fatores específicos que marcaram seus dois últimos ciclos desde 1991:

1991/1997 - uma legislação flexível para entrada dos investidores estrangeiros e o sucesso do Plano Real que resultou no controle da inflação. Nesse período o IBovespa teve uma valorização de quase 3 mil % em dólares;

2002/2008 - lançamento do Novo Mercado, eliminação da CPMF nas negociações em bolsa, mudança da lei das S.A."s restabelecendo direitos de acionistas minoritários e o lançamento do Plano Diretor do Mercado de Capitais pelas entidades do mercado e implementado durante o governo Lula. O índice Bovespa valorizou-se de 8.300 pontos em outubro de 2002 para 73.500 pontos até a crise de 2008.

O novo ciclo do mercado de capitais, que imaginamos estar se aproximando, terá como fatores determinantes a redução da taxa de juros e uma nova Estratégia Nacional de Acesso ao Mercado de Capitais que encontra-se em construção para ampliar de forma significativa o número de investidores, intermediários e empresas no mercado.

Com pouco mais de 550.000 investidores individuais e de 400 empresas listadas em bolsa o conjunto de investidores institucionais aplica apenas 17% de seus recursos em ações e 7% em títulos de dívida das empresas sendo que títulos públicos e papéis bancários absorvem 41% e cerca de 30% desses recursos respectivamente.

O aumento de produtividade do capital financeiro resultante do crescimento do seu mercado de capitais poderá ser o principal responsável pela retomada gradual de novos níveis de seu desenvolvimento econômico e social.


Thomás Tosta de Sá é presidente executivo do Ibmec-Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais e ex-presidente da CVM

02 setembro 2012

Instagram Capitalista

De onde é?

"A moça posta uma foto sorrindo. Querem saber a cor e a marca daquele batom. A outra posta uma foto de viagem e é imediatamente promovida a consultora de turismo: querem saber onde se hospedou e se achou passagem barata. Minha paciência se esgotou quando uma pessoa do meu Instagram postou uma foto fazendo acro ioga pendurada em panos que pendiam do teto e tudo que seus amigos tinham para perguntar era onde ela fazia aquelas aulas.

Nêgo pensa que as experiências podem ser reduzidas ao local onde se corta o cabelo, a uma cor de batom. No fim, os sorrisos permanecem amarelos e nossas vidas vão sendo reviradas como um catálogo da Polishop.

A coisa mais legal que uma pessoa pode fazer hoje na internet é se recusar a citar marcas gratuitamente. É subir seu passe como consumidor objetificado e parar de transformar amigos em consultores de compras.

Hoje, durante, a aula, fiquei hipnotizada pelo modo como meu professor conseguiu sair de casa inteiramente vestido sem exibir um único logo. Uma camisa polo sem marquinha no peito. Óculos sem marquinhas nas hastes. Nunca na vida vi um par de óculos sem logomarca. Tive que me conter para não checar se os fundos da calça jeans traziam emblema. Quem sabe um dia eu crio coragem para perguntar onde ele comprou aqueles óculos."

Rir é o melhor remédio



Fonte: RyotIRAS.com

Bônus de volta

Um dos maiores impactos provocados pela crise de 2008 foi a percepção, pela opinião pública, de que os executivos financeiros são uma categoria mais que privilegiada.Independentemente dos resultados bons ou ruins das instituições que dirigiam, os principais executivos dos bancos comerciais e de investimentos eram premiados com bônus generosos. Movimentos de protesto, como o Ocupe Wall Street, espalharam-se pelo mundo. Pois agora os “senhores do universo”, imortalizados no romance “Fogueira das Vaidades”, do americano Tom Wolfe , terão de devolver alguns milhões de bônus indevidos.

Bancos como HSBC, Royal Bank of Scotland, Barclays, Lloyds Bank, Deutsche Bank, J.P. Morgan Chase e Standard Chartered seguiram as demandas da sociedade, dos governos e dos acionistas e partem para cima dos executivos e ex-funcionários agraciados com generosas remunerações após prejuízos fabulosos. Um dos envolvidos é Michael Geoghegan, ex-presidente do HSBC no Brasil e ex-CEO da matriz. A instituição britânica estuda retomar cerca de 2 milhões de libras esterlinas (R$ 6,4 milhões) concedidos a Geoghegan e a Sandy Flockhart, ex-diretora da divisão mexicana do HSBC.
Outro que está com os bônus contados (ou cortados) é Eric Daniels, ex-CEO do Lloyds. O banco quer reaver parte de seus bônus pagos em 2010 e já segurou 2 milhões de libras em pagamentos devidos a Daniels e ex-executivos por conta de metas alcançadas. A retomada dos bônus pelos bancos é uma resposta à má gestão de alguns líderes, principalmente após os milionários escândalos do setor, que vão desde as vendas ilegais de produtos financeiros à manipulação da taxa de juros referencial no mercado interbancário londrino, a Libor. Nesse escândalo, o britânico Barclays foi multado em 290 milhões de libras. Seu ex-CEO Robert Diamond pode ter de devolver 20 milhões de libras (R$ 64,2 milhões).

Quero meu bônus de volta - 1 de Setembro de 2012 - Isto É Dinheiro - Patrícia ALVES

Produtividade para todos


Produtividade para todos
Autor: Raul Velloso, César Mattos, Marcos Mendes, Paulo Freitas
Valor Econômico - 21/05/2012

O governo tem buscado proteger a indústria. São isenções tributárias seletivas, barreiras à concorrência de importados, permissão legal para se pagar mais por produtos nacionais em licitações públicas, exigências de alto coeficiente de insumos nacionais em grandes empreendimentos, como o pré-sal e a telefonia móvel 4G, além de crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao adotar essas políticas o governo está dizendo que vale a pena pagar mais caro por produtos nacionais de pior qualidade para preservar a indústria nacional. Os maiores beneficiários dessa política são parcelas específicas da população: empregados, proprietários e acionistas das empresas protegidas, sob a forma de salários e lucros mais altos. Temos, assim, claramente, benefícios privados e custos socializados.

Quando analisamos a política do governo federal em relação às concessões de infraestrutura o discurso governamental muda completamente. O argumento passa a ser o de que é preciso oferecer estradas, portos, aeroportos e ferrovias ao menor custo possível para toda a população. Nesses casos, não se está disposto a aceitar que a sociedade "pague mais caro", para ter expansão rápida e de qualidade na infraestrutura.

Vimos isso no caso das concessões rodoviárias de 2007, em que as regras de leilão geraram pedágios baratíssimos. O fenômeno se repetiu no leilão dos aeroportos ao final de 2011 quando, em nome de estimular o máximo possível de concorrência, o governo fixou normas muito brandas de qualificação técnica, o que resultou em forte concorrência e altos ágios pagos pelos vencedores.

A princípio, esses seriam resultados fantásticos. Os usuários seriam contemplados com pedágios rodoviários baratos e com maiores investimentos do governo nos aeroportos que continuam sob controle estatal, cujo financiamento se daria com o dinheiro dos ágios dos leilões dos aeroportos mais rentáveis.

Na prática, contudo, nas estradas de pedágio barato os investimentos realizados após cinco anos de concessão estão muito aquém do que fora inicialmente previsto, resultando em estradas ruins e acidentes em alta. As tarifas, que deveriam subir de acordo com a variação do IPCA, sofreram reajustes bem acima da inflação.

Nos leilões de aeroportos, os vencedores foram operadores aeroportuários sem experiência na gestão de grandes aeroportos e empresas com histórico não muito recomendável em outras concessões similares. Isso permite antever problemas futuros. O que teria dado errado?

A questão é que a regulação de serviços públicos concedidos enfrenta um conhecido dilema entre: 1) estimular o empenho do concessionário, permitindo-lhe internalizar parte dos ganhos decorrentes de seus esforços, ou 2) oferecer serviços a baixos custos aos usuários finais, por meio de tarifas baratas ou extração de renda dos concessionários via ágio.

A opção pela primeira hipótese é fácil de justificar. Se os potenciais concessionários se deparam com regras que remuneram adequadamente tanto a qualidade do serviço prestado como a ampliação da infraestrutura e os esforços de redução de custos, eles terão incentivos para serem mais produtivos e cumprirem as metas de investimento e qualidade. Se as regras da concessão não premiarem o esforço, o governo, que não tem como medir o grau de empenho empreendido pelos concessionários, pouco pode fazer, e os concessionários tendem a se tornar mais relaxados.

Ao optar por pedágios baratos (nas rodovias) e por altos ágios (nos aeroportos), o governo sinalizou que não estava disposto a remunerar adequadamente os investimentos na ampliação dos serviços, ou a busca de qualidade e produtividade pelo concessionário.

Esse tipo de sinalização costuma atrair consórcios que já entram no leilão pensando em renegociar os termos do contrato após vencê-lo. Oferecem lances muito competitivos, ganham o certame e, depois, começam a atrasar os investimentos programados, a reduzir a qualidade do serviço e a pedir reajustes tarifários acima da inflação.

O governo pode, a princípio, simplesmente cancelar o contrato e fazer outra licitação, buscando um melhor concessionário. Mas isso tem alto custo. Há um longo processo de preparação da nova licitação, demandas judiciais da empresa destituída por reparação de custos, e prejuízo eleitoral para o governante pela descontinuidade ou má qualidade do serviço prestado. Acaba sendo melhor para o governante - e não necessariamente para a população - renegociar os contratos e ceder às vantagens solicitadas pelo concessionário. O pedágio barato ou o ágio elevado acabam virando serviços de má qualidade, preços crescentes e insuficiente ampliação dos serviços.

Nossa infraestrutura é precária. Necessitamos urgentemente de gerar ganhos de produtividade, para acelerar o crescimento da economia, e o setor de infraestrutura é vital nesse esforço. Nossas agências reguladoras não são suficientemente independentes para impor a ferro e fogo o cumprimento dos contratos. Nosso judiciário não tem tradição de zelar pelo cumprimento de contratos.

Por isso, torna-se inevitável aceitar que os concessionários tenham uma margem de lucro maior. Forçar a mão em favor de tarifas mais baixas ou da geração de ágios para financiar outros investimentos públicos tende a afastar os concorrentes que se recusam a trabalhar com a hipótese de colocar a "faca no pescoço" do governo após o leilão, exigindo renegociações. Aqueles que aparentemente aceitam as regras do jogo o fazem por acreditar que terão cacife político para renegociar o contrato a posteriori e mudar as regras a seu favor.

Ao contrário da política de proteção da indústria nacional, em que os custos são socializados e os benefícios apropriados por poucos, no caso da concessão de infraestrutura vale a pena pagar mais caro. Ou melhor: é imperioso pagar mais caro, porque uma boa infraestrutura beneficiará a todos, mediante fortes externalidades, que aumentarão a produtividade de toda a economia, expandindo a renda e o crescimento. Entre os beneficiários da boa infraestrutura se inclui a própria indústria nacional, que ganhará competitividade de forma sustentável e não apenas artificial.

Autores: Raul Velloso é Ph.D. em economia e consultor econômico.
César Mattos, Marcos Mendes e Paulo Freitas são consultores legislativos e doutores em economia.