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25 agosto 2012

Teste da Semana


Para o leitor atento do nosso blog, eis um pequeno teste para medir seus conhecimentos sobre os principais fatos relacionados com a contabilidade. Após responder, olhe as respostas no comentários e faça a conversão: de 9 a 10 certas = medalha de ouro; 7 e 8 certas = prata; 5 e 6 = bronze. Abaixo disto, ...

1 - A última edição da Revista Brasileira de Contabilidade traz como destaque de capa uma entrevista com um não contador. Trata-se de
Bill Clinton, ex-presidente dos EUA
Hans Hoogervorst, presidente do Iasb
Marcos Cesar Pontes, primeiro astronauta brasileiro

2 – Segundo um levantamento, este país é o que mais exporta cérebros no mundo:
Brasil
Índia
Japão

3 – Esta modelo brasileira já acumulou 250 milhões de dólares ao longo da carreira, estando em segundo lugar no ranking:
Adriana Lima
Alessandra Ambrosio
Gisele Bundchen

4 – Um estudo da KPMG mostrou que o número de empresas em dificuldades no Brasil aumentou em
10%
20%
50%

5 – Segundo um levantamento nas cooperativas de crédito no país, um quarto dos empresários
Acreditam que a taxa de juros irá reduzir no futuro próximo
Estão em atrasos com o pagamento do principal e juros
Pegam recursos como pessoa física para financiar suas empresas

6 – Uma extensa reportagem publicada na revista Exame mostrou que a redução na taxa de juros poderá trazer um sério problema para:
As instituições financeiras
Os fundos de pensão
Os municípios nordestinos

7 – Esta instituição bancária estatal está apurando um desvio de recursos acima de R$2 bilhões. Em razão disto, um lucro menor em razão do aumento das “contingências”.
Banco da Amazônia
Banco de Brasília
BNB

8 – 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região tomou uma decisão importante: os Conselhos Regionais de Contabilidade ...
Deve evidenciar todas suas transações com o governo
Podem cobrar judicialmente as contribuições dos associados em atraso
Tem poder de polícia para requisitar informações dos contadores

9 – O investidor Soros adquiriu 7,85% das ações:
Da equipe de futebol Manchester United
Do fundo private equity GP Investimentos
Do Carrefour

10 – Nesta semana esta empresa bateu o recorde de valorização no mercado acionário mundial
Apple
Exxon
Microsoft

Fato da Semana


Fato da Semana: A entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos, o PCAOB, soltou um relatório sobre a fiscalização de 23 trabalhos realizados pelas empresas. O índice de qualidade obtido foi muito baixo.

Qual a importância disto?  Existe um debate antigo sobre quem deveria pagar pela auditoria. Aqueles contrários ao modelo atual defendem que a entidade do mercado (a CVM, por exemplo) deveria remunerar o auditor, para melhorar a qualidade dos relatórios de auditoria. Outras medidas também são defendidas, como o incentivo a concorrência no setor, a proibição de serviços adicionais pelas empresas, o aumento na responsabilidade dos auditores, entre outros. Os diversos escândalos contábeis recentes arranham a credibilidade das empresas de auditoria. O relatório do PCAOB é mais um capítulo na história recente de problemas com o atual modelo das empresas de auditoria. Isto pode ser mais uma arma a favor da reforma no setor nos países desenvolvidos, que irá afetar o modelo do setor em países como o Brasil.

Positivo ou negativo?  - Negativo. A figura do auditor perde credibilidade.

Desdobramentos – Por enquanto, nenhum. Mas o relatório do PCAOB será mais um argumento a favor da reforma do setor. 

Paulo Freire


Viva Paulo Freire!
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 19 de abril de 2012

Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido.

As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma. Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta.

Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire:

“Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.)

“Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.)

“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.)

“A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.)

“Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.)

“A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Association em Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.)

“Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.)

“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.)

Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I).

Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.

Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.

24 agosto 2012

Rir é o melhor remédio

(Via Gabriel Ferreira Silva, grato. Foto: Perelman, que é humilde mesmo)

Panamericano

O Ministério Público Federal informou nesta quinta-feira que protocolou na 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, em São Paulo, denúncia contra 14 ex-diretores e 3 ex-funcionários do Banco Panamericano, por supostos crimes contra o sistema financeiro nacional. Entre os denunciados estão o ex-presidente do Conselho de Administração do banco, Luiz Sebastião Sandoval, e o ex-diretor superintendente, Rafael Palladino.

Todos foram denunciados com base na lei nº 7.492/86, que trata dos crimes contra o sistema financeiro nacional. Entre 2007 e 2010, período em que se concentraram as investigações, eles são acusados pelo MPF de fraudar a contabilidade do Banco Panamericano, melhorando o resultado dos balanços em pelo menos R$ 3,8 bilhões (em valores não atualizados). Segundo o MPF, nesse mesmo período eles receberam mais de R$ 100 milhões da instituição financeira, na forma de "bônus", e outros pagamentos considerados irregulares pelo Ministério Público.

De acordo com o MPF, a ação não trata da possível fraude na venda do Panamericano para a Caixa Econômica Federal, que está sendo investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal. Mas, segundo afirma em nota o procurador da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo, autor da denúncia, haveria "indícios fortes no sentido de que os 'vendedores' agiram com dolo, ocultando fraudulenta e conscientemente os problemas da instituição financeira durante a negociação da participação acionária".

Além dos crimes apontados no relatório da Polícia Federal, a análise do MPF identificou outras possíveis irregularidades na gestão do Panamericano, como o pagamento de propina a agentes públicos, pagamento de doações a partidos políticos com ocultação do real doador, pagamento a escritório de advocacia em valores aparentemente incompatíveis com os serviços prestados e fornecimento de informações falsas ao Banco Central.

O MPF diz que "o esquema era coordenado por Sandoval, Palladino, Wilson Roberto Aro, diretor financeiro, Eduardo de Ávila Pinto Coelho, diretor de tecnologia, Cláudio Barat Sauda, gerente de controladoria, Marco Antônio Pereira da Silva, chefe de contabilidade e Marcos Augusto Monteiro, responsável pela administração das carteiras de crédito e suas cessões", informa o MP em nota publicada em seu site.

De acordo com as informações, lançamentos manuais na contabilidade do Panamericano teriam permitido fraudar a contabilização das carteiras cedidas em R$ 1,6 bilhão e a contabilização das liquidações antecipadas em R$ 1,7 bilhão. O valor que deveria ser indevidamente contabilizado era estabelecido em reuniões mensais, com a participação de vários dos denunciados. Segundo a denúncia, fraudes na contabilização das carteiras cedidas eram realizadas para cobrir "rombos" decorrentes de anteriores fraudes nas liquidações antecipadas e vice-versa.

"As fraudes estavam interligadas e o conhecimento de uma implicava o de outra", afirma Fraga. O procurador diz não ter dúvidas de que Sandoval e Palladino eram os mentores dessas fraudes. "Sandoval era o principal beneficiário, entre os dirigentes do Banco Panamericano, do aumento artificial do resultado do banco, pois recebia os maiores "bônus" entre os dirigentes e acabava por utilizar o suposto bom resultado do banco para continuar operando todo o grupo econômico", afirma a denúncia.


Agência Estado

Hans na RBC 2

Com respeito ainda a entrevista do presidente do Iasb, Hans Hoogervorst (foto), para a Revista Brasileira de Contabilidade.

Lembro-me que atuava como professor de contabilidade na minha universidade, mas não tinha o diploma de contador (hoje tenho). Várias vezes tive problemas do conselho de contabilidade por este motivo: certa vez tive um trabalho recusado no Congresso de Contabilidade do CFC por não ter o registro; em outra, minha universidade recebeu uma correspondência do Regional exigindo minha saída de sala de aula.

O tempo passa... Agora o Iasb possui um presidente que não é contador. E que já reconheceu, no passado, que não entende de contabilidade. E que não consegue responder, numa entrevista, sobre os desafios para profissão de contador...

Sua entrevista é destaque de capa da RBC.

Hans na RBC

Leiam o trecho a seguir com atenção. É da entrevista concedida para RBC pelo presidente do IASB responde:

RBC - Quais são os principais desafios para a profissão de contador na América Latina?
Hans - A profissão de contador na região passou por um período de mudanças significativas. A maioria dos países latino-americanos adotou as IFRS nos últimos anos. Esta é uma grande conquista da qual o setor tem motivos para se orgulhar. Agora que esse trabalho está encaminhado, é uma questão de trabalhar os pontos de transição restantes. O Iasb está consultando sua agenda futura e pretendemos dar atenção especial às necessidades dos adotantes recentes das IFRS, como os da América Latina, para garantir que as normas possam ser aplicadas com uma base consistente. 

Perceberam? Ele não respondeu a pergunta.