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16 agosto 2012

AICPA e a Convergência

Numa palestra em Orlando, Florida, o chairman da AICPA, Gregory Anton, afirmou não esperar nenhuma novidade até as eleições presidenciais, quando o assunto é a convergência dos EUA às normas internacionais.

Anton destacou que a AICPA apoia a opção de usar as IFRS, mas que a adoção deve levar no mínimo cinco anos.

Balanços Trimestrais 2

Sempre que o dólar registra fortes variações de curto prazo - o que não é raro no Brasil [1] -, a história se repete: o câmbio afeta de forma significativa o resultado financeiro de diversas grandes empresas que não usam instrumentos de proteção para o passivo em moeda estrangeira - ou ao menos não totalmente.

Nesse grupo estão companhias como Petrobras, Vale, Braskem, Fibria, Suzano e Marfrig.

Como no segundo trimestre o dólar subiu 11%, apenas essas seis empresas tiveram despesa financeira somada de R$ 16,3 bilhões.

Mas a companhias que sofrem esse efeito têm a prática recorrente de minimizar essas perdas decorrentes do câmbio. E os três argumentos usados por elas são: a despesa que derruba o lucro não significa desembolso de caixa [2]; a dívida em dólar é de longo prazo [3]; e a companhia está naturalmente protegida, por ter receita atrelada ao dólar [4].

Isso de fato é verdadeiro, mas não significa que a alta do valor contábil da dívida não tenha consequências negativas.

Quando as variações são bruscas e rápidas, a dívida das empresas sobe de forma imediata após a alta do dólar, enquanto as receitas dolarizadas só aumentam o resultado operacional ao longo dos trimestres, num prazo mais dilatado.

Esse descasamento afeta um dos principais índices de endividamento observados pelo mercado, que é a razão entre a dívida líquida e o Ebitda [5] de uma empresa. (Ebitda é a sigla em inglês para o lucro antes do resultado financeiro, dos impostos sobre o lucro, da depreciação e da amortização) (...)

Dólar caro provoca efeito bilionário - Valor Econômico - 15/08/2012

[1] Não somente. Isto é normal em qualquer economia.
[2] No longo prazo o regime de competência é igual ao regime de caixa.
[3] Mas o efeito é agora. Além disto, a falta de instrumento de proteção pode sinalizar, para o mercado, uma gestão financeira ruim. Além de maior risco.
[4] Para algumas empresas, como a Vale, isto está correto.
[5] Mas o Ebitda seria influenciado positivamente. Bom, de qualquer forma, o Ebitda não é um índice a ser levado a "sério" por uma analista, certo? Além disto, este índice é esdruxulo demais para ser considerado.

Balanços trimestrais

Uma tempestade perfeita que combinou variação cambial, crise externa e desaceleração interna transformou o segundo trimestre em um dos piores da história recente das companhias de capital aberto brasileiras [1].

Nem nos piores momentos de 2008, quando o dólar também disparou depois da quebra do Lehman Brothers, as empresas sentiram tanto o efeito na última linha de seus balanços.

Das 153 companhias com ações em bolsa que divulgaram seus resultados até ontem, 43 fecharam o trimestre no prejuízo, o dobro em relação ao mesmo período do ano passado. Foram R$ 6,11 bilhões de perdas, com a Petrobras, a petroquímica Braskem, a companhia aérea Gol, a fabricante de celulose Fibria e a construtora PDG no topo da lista.

A safra de balanços do segundo trimestre foi a pior dos últimos tempos. Entre 153 companhias abertas não financeiras que haviam divulgado seus números até a manhã de ontem, 43 amargaram prejuízo no período, o que equivale a quase 30% do total e mais do que o dobro do verificado no mesmo período de 2011.

O maior estrago nos balanços foi causado pelo efeito da alta de 11% do dólar sobre a dívida das empresas. [2]

Mas diferentemente do que ocorreu no terceiro trimestre de 2011, quando o dólar tinha subido quase 20%, ou mesmo no auge da crise de 2008, desta vez o lado operacional não compensou o efeito cambial negativo.

Pelo contrário. Embora a receita desse grupo de 153 empresas tenha crescido 10,6% na comparação anual, para R$ 275 bilhões de abril a junho, o lucro bruto das companhias recuou 4,7%, para R$ 80 bilhões, e o lucro operacional diminuiu 27%, para R$ 37 bilhões. [3]

A margem bruta, que é a relação entre o lucro bruto e a receita, caiu de quase 35% para 29%, o que é um sinal de perda força competitiva. Já a margem operacional (antes do resultado financeiro [4]), que é uma medida de eficiência e sofre bastante impacto da alta de gasto com pessoal, teve redução de 7 pontos, para 13,4%.

Não bastasse o desempenho fraco na operação, o resultado financeiro líquido das companhias - fortemente afetado pelo câmbio - saiu de um ganho [5] de R$ 1,78 bilhão no segundo trimestre de 2011 para uma despesa de R$ 23,98 bilhões de abril a junho deste ano.

Isso fez com que a última linha do balanço das empresas tenha ficado em R$ 12,16 bilhão, com queda de 67% em um ano.


UM TRIMESTRE PARA ESQUECER - Fernando Torres e Silvia Fregoni - Valor Econômico - 15/08/2012

[1] Talvez exista outra explicação: a base de comparação anterior está muito acima do padrão normal. O desempenho trimestral pode ser um fenômeno de reversão à média
[2] Acho difícil comprovar isto facilmente. Seria necessário verificar se as empresas não tinha nenhuma operação de hedge cambial.
[3] Isto geralmente ocorre quando as unidades fabris estão no ponto máximo da capacidade, o que não parece ser o caso das empresas. Outra possível explicação é que as empresas estão vendendo mais em termos de quantidade, mas com valor unitário pior.
[4] O correto seria após o resultado financeiro.
[5] O correto seria "receita"

Fotografias de cientistas

O rosto de uma pessoa transmite informação emocional. Sabe-se que o lado esquerdo do rosto é mais expressivo do que o lado direito. Assim, quando queremos expressar emoção usualmente colocamos o lado esquerdo na frente.



Analisando quase seis mil imagens de acadêmicos nas páginas de diversas universidades, uma pesquisa procurou verificar se a área de atuação dos pesquisadores estava vinculado a esta tentativa de expressar - ou não - a emoção. Assim, os cientistas de artes, por exemplo, deveriam usar o lado esquerdo - da emoção - enquanto o cientista da área de exatas teria uma tendência de usar o lado direito. Os autores encontraram que os psicólogos usam mais o lado emotivo, o que faz com que eles pareçam mais próximo das "artes" do que "ciência".


Mais informação, aqui

Direção perigosa




Uma campanha contra motoristas que dirigem e digitam mensagens no celular

Ainda Petrobrás

Sobre a questão contábil da Petrobras, que já comentamos diversas vezes aqui nos últimos dias, o ex-presidente da empresa, Gabrielli, concedeu uma entrevista para o Estado de S Paulo (15 Ago 2012 B14)

A percepção é que a presidente Graça Foster está, aos poucos, revelando "esqueletos" deixados por sua gestão.

Isso é absurdo. Não tem nada de "esqueleto". Na questão dos poços secos, por exemplo. Poço seco é algo que ocorre ao longo do tempo. Ele é resultado de um processo de contabilidade dos investimentos realizados em exploração, com expectativa de retorno econômico. No momento que não há mais essa expectativa, esses investimentos vão a resultado [1]. Isso é clássico. Não há nada de novo nisso.

Mas existe algum motivo para que o balanço da empresa tenha lançado 41 poços secos, explorados em sua gestão, de uma só vez?

Não conheço o detalhe de cada um dos poços, não estou mais na Petrobrás, mas a decisão de levar a resultado poços secos é uma decisão contábil universal [2]. Não é específica da Petrobrás, não tem nada de especial. Nesse balanço, quatro grandes poços afetaram o resultado da Petrobrás, dos quais três eram em terra. Mas os dois grandes elementos que afetaram o balanço foram a variação do câmbio - que afetou em quase R$ 7 bilhões o resultado - e a diferença dos preços da gasolina e do diesel na comparação com o mercado internacional. São fenômenos que estão existindo há algum tempo.

Esses "fenômenos" poderiam ser mais bem gerenciados?

Não vou discutir Petrobrás. Estou falando genericamente. Eu saí da Petrobrás em 9 de fevereiro. O trimestre divulgado é posterior à minha saída.

Em entrevistas, o senhor se referiu à "inabilidade" da presidente Graça Foster nas apresentações feitas pela empresa...

Não disse isso. Não é uma questão de inabilidade, ou descuido. O problema é que você tem uma mudança que ocorre na maturação de um conjunto de mais de 600 projetos - que compõem o plano de negócios da Petrobrás -, que vai evoluindo. E a nova gestão tem de administrar essa nova realidade. Eu acho, e disse isso a ela pessoalmente, que alguns dos slides que ela apresentou não seriam os mais adequados. Ao representar a visão do mercado sobre a Petrobrás, na posição dela, ela traz para si algo que ela quer comprovar o contrário. Por exemplo: no que se refere a ajustes no processo de produção, a própria apresentação dela mostra que a produção vem sendo ajustada ao longo do tempo. No entanto, o que parece é que houve um ajuste de produção instantâneo, o que não é verdade. Ao dizer que os processos de definição dos projetos de investimentos nas refinarias têm uma forma de aprendizado, também. Isso já vinha sendo feito.

As apresentações trouxeram novas metas de produção, revisadas para baixo. Elas ficaram mais realistas?

Não vou comentar sobre isso. Deixei de ser presidente da Petrobrás em fevereiro.

Mas houve perda de eficiência operacional. Na Bacia de Campos, por exemplo, caiu de 90% para 71%. Um dos motivos apontados é a má gestão dos recursos na exploração...

Olha a interpretação. Há três grandes fases na produção de petróleo, a de exploração, a de desenvolvimento - implantar as plataformas, oleodutos, gasodutos, sistemas de controle, infraestrutura de transporte - e a de produção. Em todas elas você precisa de equipamentos. Se há uma fase de grandes descobertas, com prazos para desenvolver, você precisa fazer escolhas. Por exemplo: cinco anos atrás, a Petrobrás tinha duas sondas para mais de 2 mil metros de profundidade. Agora, ela vai ter 30, no fim do ano. Mas você tinha de optar. Ou eu usava essas sondas para fazer perfuração exploratória ou para desenvolver a produção. E essas coisas não acontecem no mesmo lugar. Eu tenho atividades exploratórias nas novas fronteiras e tenho as atividades mais antigas, em áreas como a Bacia de Campos, produzindo há muitos anos. Evidentemente, a eficiência no uso desse maquinário no desenvolvimento da produção, se eu tenho uma fase de mudança em quantidade de sondas, no tempo vai mudar. O que faz com que isso tenda a se acelerar quando você vai maturando os campos. Na medida em que isso vai acontecendo, o declínio da produção se acelera. Portanto, as intervenções necessárias nos campos mais maduros são maiores, com a necessidade de mais sondas. Quando se fala em perda de eficiência, não quer dizer que foi algo que não foi feito certo, foi que face a uma realidade de escassez de recursos críticos (as sondas), a opção de investir na exploração afeta a produção.

Ainda sobre gestão, há o caso das novas refinarias, que estão atrasadas e vão custar de três a seis vezes mais do que as similares no exterior. O que houve?

Quando as quatro refinarias em questão - a Abreu e Lima (PE), as Premium I (MA) e II (CE) e a Clara Camarão (RN) - foram pensadas, elas foram planejadas para o Nordeste porque a região era a que tinha menos áreas de refino da Petrobrás e a que estava mais bem posicionada, geograficamente, em relação à Europa e aos Estados Unidos. Naquele momento, o mercado brasileiro estava estável havia mais de dez anos, em termos de consumo de combustível. Como a perspectiva de produção era grande, a lógica era atender o mercado internacional. Essa equação mudou muito nos últimos seis, sete anos. O Brasil passou a crescer no mercado de consumo e hoje tem uma taxa de crescimento extraordinária. A demanda por gasolina cresceu mais de 40% nos últimos seis anos no País. Não há mercado no mundo com crescimento tão grande. As refinarias, pensadas para atender o mercado externo, tiveram de ser replanejadas para atender o mercado interno. Ou seja, mudou completamente a lógica. E esse processo se deu ao mesmo tempo em que a experiência da Petrobrás no processo de construir uma refinaria, algo que não fazia desde 1980, foi se maturando. A experiência de construir a Abreu e Lima foi a de sair de mais de 30 anos sem construir uma refinaria. A Petrobrás tentou fazer o projeto por si só, tentou fazer a estimativa de custo com base em seus próprios dados, e, consequentemente, errou. [3]

Mas é explicável que elas custem de três a seis vezes mais do que as do exterior?

Acho que a diferença é possível [4]. Se o Brasil tivesse um mercado decadente em termos de consumo de combustível, como os dos Estados Unidos, da Europa ou do Japão, nos quais o consumo per capita cai e há disponibilidade de refinarias velhas e baratas, talvez não se pudesse justificar. Mas essa não é a realidade do mercado brasileiro, que é um mercado pujante, em crescimento, como o chinês e o indiano. E o que está acontecendo na Índia e na China? Construção de refinarias. Além disso, o custo de se levar um barril de petróleo para os EUA, para refinar, e trazer de volta só traz prejuízos à Petrobrás e para a população brasileira. Só o diferencial de logística já justifica a construção.

Outra coisa muito comentada é a ingerência política na empresa, sob sua administração. Chama a atenção, na atual administração da Petrobrás, a troca dos diretores. Do seu tempo, só ficou o diretor financeiro, Almir Barbassa. O que se fala é que os indicados politicamente estão sendo trocados por técnicos...

E antes não havia técnicos? Na época em que eu era presidente da Petrobrás, o único não petroleiro, o único "terceirizado", era eu. Todos tinham 30 anos, 35 anos na Petrobrás, inclusive (a atual presidente) Graça. Interpretação, quem quiser fazer tem o direito de fazer. O fato é que a diretoria é constituída de técnicos, nos últimos nove anos [5].

E na gestão da empresa, em questões como os preços praticados pela Petrobrás no mercado, como foi a interferência do governo nas decisões?

Eu sempre defendi a política de preços da Petrobrás, na lógica de que não há necessidade de repassar para o mercado brasileiro as flutuações de preço do mercado internacional. As características do mercado brasileiro, com grande concentração de refino na mão da grande produtora de petróleo do País, com um mercado crescente, com o álcool como alternativa, não são adequadas para flutuar o preço na refinaria a cada momento que há variação internacional. Agora, evidentemente que, se caracterizada uma tendência clara no preço internacional, não há como a Petrobrás ficar isolada. Não só por uma razão política, mas por uma razão econômica. O mercado brasileiro é aberto. Então, se o preço dos combustíveis no Brasil ficarem acima do mercado por muito tempo e com a expectativa de que vão continuar altos, as importações de outros players vão existir.


[1] A frase é estranha e de difícil entendimento. A questão, que será discutida mais adiante, não é o fato do poço seco ir para resultado (não "investimento"); é a quantidade de poços, que o repórter não deixa escapar.

[2] Correto. A questão é o tempo: quando você deve levar a resultado. É universal que isto deveria ocorrer assim que isto fosse constatado.

[3] Não respondeu a pergunta.

[4] Não é possível, exceto se existirem custos "ocultos" nos projetos.

[5] Existem casos de políticos.  Um exemplo: José Eduardo Dutra.

15 agosto 2012

Rir é o melhor remédio

Zezão parou o caminhão na frente da loja do Seu HANNA e falou:

- Seu HANNA tem aqui um caminhão de arroz, sem nota, pela metade do preço, o senhor aceita?
- Claro que HANNA aceita - e vira-se para o sobrinho ELIAS JALLIS:  vai bra esquina e se abarecer fiscal vem corendo avisar babai.

Começam a descarregar e, no meio, aparece ELIAS JALLIS
- Babai!... Fiscal vem vindo!!!
- Bára tudo e volta caregar - grita HANNA.

Chega o fiscal:

- Venda grande não é seu HANNA ?
- Ôh ôh, melhor venda do ano que HANNA feiz...
- E isso aí tem nota?
- Ainda num tem nota borquê HANNA está esberando carega bra ver quanto mercadoria cabe na caminhon... daí, HANNA tira nota.
- Não pode! diz o fiscal. A nota fiscal tem de ser emitida antes de carregar!
- Ah!.... Antão bára tudo, que HANNA non qué brobrema com receita!..Volta, volta, descarega tudo caminhón e guarda lá dentro do loja.

(Enviado por Alexandre Alcantara, grato)