08 agosto 2012
Teste 574
Eis um teste para saber se você conhece realmente contabilidade. Abaixo, na figura, estão pedaços de logos de dez entidades da área contábil. Tente descobrir quais são.
Total de Acertos = Mais de oito = Sabe tudo !!! Medalha de Ouro
7 e 8 acertos = você está quase lá. Medalha de Prata.
5 e 6 acertos = seu conhecimento é mediano. Medalha de Bronze
3 e 5 acertos = você não chegou ao pódio.
0 a 2 acertos = quem sabe no próximo.
As respostas estão no comentários.
Resposta do Anterior: 2300 x ⅓ x 691,6 + 2300 x ⅓ x 376,1 + 2300 x ⅓ x 41,8 = 850 mil, aproximadamente. Fonte Aqui
Total de Acertos = Mais de oito = Sabe tudo !!! Medalha de Ouro
7 e 8 acertos = você está quase lá. Medalha de Prata.
5 e 6 acertos = seu conhecimento é mediano. Medalha de Bronze
3 e 5 acertos = você não chegou ao pódio.
0 a 2 acertos = quem sabe no próximo.
As respostas estão no comentários.
Resposta do Anterior: 2300 x ⅓ x 691,6 + 2300 x ⅓ x 376,1 + 2300 x ⅓ x 41,8 = 850 mil, aproximadamente. Fonte Aqui
Deloitte e o Irã
Todos nós sabemos que os Estados Unidos não gostam do governo iraniano. Existe uma série de restrições às transações com aquele país, acusado de ajudar o terrorismo internacional.
Uma investigação conduzida pelo Departamento do Estado de Nova Iorque de Serviços Financeiros no Standard Chartered PLC, um banco britânico muito conhecido por ser o patrocinador do Liverpool encontrou algumas evidências de transações financeiras envolvendo o Irã. O banco foi ameaçado de perder a autorização para funcionamento no estado caso não se defenda das acusações de acobertar 250 bilhões de dólares que seriam usados para financiar grupos terroristas.
Anteriormente, em 2004, o banco tinha sido obrigado a contratar um consultor independente para ajudá-lo nos problemas relacionados com as práticas de lavagem de dinheiro. A Deloitte foi escolhida como consultor independente para ajudar a colocar a instituição no eixo.
Mas uma investigação do departamento mostrou que a Deloitte tornou-se um “service provider” (prestador de serviços). Segundo a investigação, a Deloitte ajudou com que o banco continuasse com as atividades ilegais. A Deloitte passou, de maneira ilegal, para o Standard Chartered Bank relatos que tinha preparado para outros dois grandes bancos estrangeiros e que estavam sendo investigados.
Um grande fator que impede que empresas de auditoria assumam risco de estarem envolvidos nestas atividades é a reputação (vide capítulo 1, Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva). Mas Francis McKena, da Forbes, acha que isto não é um impeditivo suficientemente forte para as grandes empresas de auditoria. Conforme declara a articulista da Forbes, as big four continuam se envolvendo com atividades que deveriam ser punidas pelas autoridades.
No mês passado a Reuters tinha divulgado que o HSBC estava sendo investigado por lavagem de dinheiro. A Deloitte também está envolvida.
Um aspecto irônico é que a Deloitte é também auditor do Federal Reserve Bank: supostamente a empresa de auditoria ajudou um cliente, o Standard, a mentir para outro cliente, o Fed, conforme destaca McKenna. A Deloitte vêm enfrentando problemas em diversos países, incluindo Afeganistão, China, entre outros.
A empresa nega que tenha ajudado o Standard a violar a lei dos EUA.
Uma investigação conduzida pelo Departamento do Estado de Nova Iorque de Serviços Financeiros no Standard Chartered PLC, um banco britânico muito conhecido por ser o patrocinador do Liverpool encontrou algumas evidências de transações financeiras envolvendo o Irã. O banco foi ameaçado de perder a autorização para funcionamento no estado caso não se defenda das acusações de acobertar 250 bilhões de dólares que seriam usados para financiar grupos terroristas.
Anteriormente, em 2004, o banco tinha sido obrigado a contratar um consultor independente para ajudá-lo nos problemas relacionados com as práticas de lavagem de dinheiro. A Deloitte foi escolhida como consultor independente para ajudar a colocar a instituição no eixo.
Mas uma investigação do departamento mostrou que a Deloitte tornou-se um “service provider” (prestador de serviços). Segundo a investigação, a Deloitte ajudou com que o banco continuasse com as atividades ilegais. A Deloitte passou, de maneira ilegal, para o Standard Chartered Bank relatos que tinha preparado para outros dois grandes bancos estrangeiros e que estavam sendo investigados.
Um grande fator que impede que empresas de auditoria assumam risco de estarem envolvidos nestas atividades é a reputação (vide capítulo 1, Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva). Mas Francis McKena, da Forbes, acha que isto não é um impeditivo suficientemente forte para as grandes empresas de auditoria. Conforme declara a articulista da Forbes, as big four continuam se envolvendo com atividades que deveriam ser punidas pelas autoridades.
No mês passado a Reuters tinha divulgado que o HSBC estava sendo investigado por lavagem de dinheiro. A Deloitte também está envolvida.
Um aspecto irônico é que a Deloitte é também auditor do Federal Reserve Bank: supostamente a empresa de auditoria ajudou um cliente, o Standard, a mentir para outro cliente, o Fed, conforme destaca McKenna. A Deloitte vêm enfrentando problemas em diversos países, incluindo Afeganistão, China, entre outros.
A empresa nega que tenha ajudado o Standard a violar a lei dos EUA.
Baixa na Petrobrás
Ainda sobre o prejuízo da Petrobrás veja a seguinte notícia:
Os poços secos, assim chamados quando não há petróleo, foram a grande surpresa do decepcionante resultado do segundo trimestre da Petrobrás. Investimentos perdidos [1] com a perfuração malsucedida somaram R$ 2,7 bilhões e contribuíram para anular parte das vendas da empresa e levar ao prejuízo de R$ 1,3 bilhão sofrido pela companhia no trimestre.
A presidente Graça Foster e o diretor de Exploração e Produção, José Miranda Formigli, classificaram o impacto negativo de atípico [2]. Formigli atribuiu a uma coincidência [3] o número tão alto de baixas e assegurou que os resultados dos próximos trimestres virão melhores. "Tivemos uma concentração atípica e não consideramos que no quarto trimestre tenhamos um número maior, pelo contrário", afirmou o diretor.
Analistas passaram boa parte da teleconferência com a diretoria da companhia tentando entender por que a empresa deu baixa no balanço, neste trimestre, em 41 poços que vinham sendo explorados desde 2009.
Esqueletos. Para alguns, Graça decidiu retirar do armário um esqueleto da gestão José Sergio Gabrielli [4]. Procurado pela reportagem, o ex-presidente da Petrobrás informou por meio de sua assessoria que não comentaria a questão.
Apesar do prejuízo, analistas entenderam que o insucesso exploratório não deve se repetir na mesma intensidade nos próximos trimestres [5], e deram um voto de confiança para a administração. "Estamos convencidos de que a diretoria está totalmente empenhada em conseguir avançar com as mudanças necessárias para restaurar a rentabilidade", disseram Frank McGann e Conrado Vegner em relatório do Bank of America Merrill Lynch.
Alto risco. A atividade exploratória é de alto risco e mesmo com estudos sísmicos e geológicos há boas chances de centenas de milhões de reais serem perdidos em vão. Cinco dos poços lançados no balanço custaram R$ 300 milhões cada, sem apresentar nenhum resultado.
Dos 41 poços, 21 estavam secos e outros apresentaram exploração inviável por diferentes motivos. Dois deles ficam na área do pré-sal, que há três anos ostentava um impressionante índice de sucesso de 100%. [6]
Ou seja, os tempos em que se encontrava petróleo em qualquer perfuração do pré-sal ficaram para trás. [7]
Formigli e Graça repetiram por vezes terem seguido todas as regras regulatórias da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e contábeis para o lançamento dos poços. [8]
O diretor explicou que quatro dos poços perfurados precisavam ser lançados imediatamente no balanço [9], de acordo com as regras. Em outros casos, a companhia pode administrar o lançamento no balanço com alguma flexibilidade e o fará nos próximos trimestres de forma a minimizar impactos no balanço.
"Planejar o insucesso se faz tão importante quanto planejar o sucesso na área de fronteira", disse Graça Foster. [10]
Estatal perdeu R$ 2,7 bi com poços secos - Sérgio Torres e Sabrina Valle - Estado de S Paulo - 7 de Agosto de 2012
[1] Este termo não é bom. Faz parte da atividade de exploração de petróleo ter insucesso em alguns poços. Talvez o melhor fosse "custo perdido"
[2] Não é atípico. O problema foi o lançamento de muitos insucessos de uma só vez.
[3] Não é uma coincidência. Os poços já estavam secos e a empresa sabia disto. Só decidiu lançar agora a baixa contábil.
[4] Fica claro que o lançamento da baixa já deveria ter sido feito na gestão anterior, que era muito mais política do que a atual. O desejo político do antigo presidente escondeu a baixa contábil.
[5] Isto confirma que a baixa é resultado de valores que já deveriam ser lançados anteriormente.
[6] Novamente isto mostra que a baixa indica que os resultados anteriores estavam superestimados.
[7] O texto foi infeliz: o índice de 100% só "ocorria" na contabilidade manipulada da empresa. Isto seria uma fraude contábil?
[8] Você acredita nisto?
[9] O termo "balanço" está inadequado. Os poços já estavam no balanço; agora, com a baixa, foram para a DRE.
[10] Fraude contábil, com atraso na baixa contábil, agora significa "planejar o insucesso".
Os poços secos, assim chamados quando não há petróleo, foram a grande surpresa do decepcionante resultado do segundo trimestre da Petrobrás. Investimentos perdidos [1] com a perfuração malsucedida somaram R$ 2,7 bilhões e contribuíram para anular parte das vendas da empresa e levar ao prejuízo de R$ 1,3 bilhão sofrido pela companhia no trimestre.
A presidente Graça Foster e o diretor de Exploração e Produção, José Miranda Formigli, classificaram o impacto negativo de atípico [2]. Formigli atribuiu a uma coincidência [3] o número tão alto de baixas e assegurou que os resultados dos próximos trimestres virão melhores. "Tivemos uma concentração atípica e não consideramos que no quarto trimestre tenhamos um número maior, pelo contrário", afirmou o diretor.
Analistas passaram boa parte da teleconferência com a diretoria da companhia tentando entender por que a empresa deu baixa no balanço, neste trimestre, em 41 poços que vinham sendo explorados desde 2009.
Esqueletos. Para alguns, Graça decidiu retirar do armário um esqueleto da gestão José Sergio Gabrielli [4]. Procurado pela reportagem, o ex-presidente da Petrobrás informou por meio de sua assessoria que não comentaria a questão.
Apesar do prejuízo, analistas entenderam que o insucesso exploratório não deve se repetir na mesma intensidade nos próximos trimestres [5], e deram um voto de confiança para a administração. "Estamos convencidos de que a diretoria está totalmente empenhada em conseguir avançar com as mudanças necessárias para restaurar a rentabilidade", disseram Frank McGann e Conrado Vegner em relatório do Bank of America Merrill Lynch.
Alto risco. A atividade exploratória é de alto risco e mesmo com estudos sísmicos e geológicos há boas chances de centenas de milhões de reais serem perdidos em vão. Cinco dos poços lançados no balanço custaram R$ 300 milhões cada, sem apresentar nenhum resultado.
Dos 41 poços, 21 estavam secos e outros apresentaram exploração inviável por diferentes motivos. Dois deles ficam na área do pré-sal, que há três anos ostentava um impressionante índice de sucesso de 100%. [6]
Ou seja, os tempos em que se encontrava petróleo em qualquer perfuração do pré-sal ficaram para trás. [7]
Formigli e Graça repetiram por vezes terem seguido todas as regras regulatórias da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e contábeis para o lançamento dos poços. [8]
O diretor explicou que quatro dos poços perfurados precisavam ser lançados imediatamente no balanço [9], de acordo com as regras. Em outros casos, a companhia pode administrar o lançamento no balanço com alguma flexibilidade e o fará nos próximos trimestres de forma a minimizar impactos no balanço.
"Planejar o insucesso se faz tão importante quanto planejar o sucesso na área de fronteira", disse Graça Foster. [10]
Estatal perdeu R$ 2,7 bi com poços secos - Sérgio Torres e Sabrina Valle - Estado de S Paulo - 7 de Agosto de 2012
[1] Este termo não é bom. Faz parte da atividade de exploração de petróleo ter insucesso em alguns poços. Talvez o melhor fosse "custo perdido"
[2] Não é atípico. O problema foi o lançamento de muitos insucessos de uma só vez.
[3] Não é uma coincidência. Os poços já estavam secos e a empresa sabia disto. Só decidiu lançar agora a baixa contábil.
[4] Fica claro que o lançamento da baixa já deveria ter sido feito na gestão anterior, que era muito mais política do que a atual. O desejo político do antigo presidente escondeu a baixa contábil.
[5] Isto confirma que a baixa é resultado de valores que já deveriam ser lançados anteriormente.
[6] Novamente isto mostra que a baixa indica que os resultados anteriores estavam superestimados.
[7] O texto foi infeliz: o índice de 100% só "ocorria" na contabilidade manipulada da empresa. Isto seria uma fraude contábil?
[8] Você acredita nisto?
[9] O termo "balanço" está inadequado. Os poços já estavam no balanço; agora, com a baixa, foram para a DRE.
[10] Fraude contábil, com atraso na baixa contábil, agora significa "planejar o insucesso".
Além da Euforia
O Brasil precisa depender menos do capital e mais da produtividade" – Armando Castelar
O governo federal anunciou na última quarta-feira mais um pacote com o intuito de tentar salvar a economia brasileira de um “pibinho”. A nova tentativa vem num momento em que o mercado - e o próprio Banco Central - rebaixa suas estimativas para 2012. Faltaram ousadia e visão à equipe da presidente Dilma, que apelou, uma vez mais, para a batida fórmula de tentar “salvar” o PIB com base na ampliação do consumo. A estratégia – que se mostrou bem-sucedida enquanto milhões de brasileiros ainda não tinham ascendido à classe média e não possuíam acesso ao crédito – dá hoje sinais de esgotamento. O país tampouco pode ser dar ao luxo de contar com o cenário externo. Por uma década, o Brasil foi favorecido pela crescente demanda por suas commodities e pelo amplo acesso ao financiamento barato no mercado internacional. A combinação desses fatores resultou em crescimento e, de 2006 a 2010, euforia. Contudo, a dificuldade de reverter o quadro negativo que se arrasta desde a metade do ano passado começa a lançar por terra esse entusiasmo.
No pacote da semana passada, o governo resolveu oferecer seu próprio poder comprador para tentar estimular o PIB. A opção deixa antever que está perdendo fôlego o apoio do consumo ao crescimento. De um lado, as famílias, limitadas por um endividamento recorde, não se sentem compelidas a comprar mais – mesmo com prorrogação do IPI reduzido de eletrodomésticos e móveis, automóveis mais baratos, estímulo ao crédito via bancos públicos, etc. De outro, o empresário, amedrontado pela deterioração da economia global, tem se arriscado pouco a investir. Para destravar o setor privado de nada têm adiantado a postura cada vez mais intervencionista do governo no campo microeconômico – regras que mudam a todo o momento, exigência cada vez maior de conteúdo nacional nas fábricas – e o fechamento “branco” do país à concorrência externa.
O problema apontado por analistas é que será pífio o impacto de tais compras governamentais na economia. O volume anunciado de 8,4 bilhões de reais em aquisições de caminhões, tratores, retroescavadeiras, equipamentos hospitalares, etc, representa só 0,2% do PIB. O comentário mais comum entre os economistas é que o governo criou um ‘pacote’ apenas para fazer propaganda e atender os interesses corporativistas de meia dúzia de indústrias – coincidentemente aquelas para as quais a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vinha fazendo lobby escancarado.
O cenário que se coloca hoje diante dos brasileiros felizmente não é catastrófico, mas se distancia daquela visão do “Brasil maravilha” dos últimos anos. Para mudar a perspectiva de taxas baixas de crescimento nas próximas décadas, o governo federal tem de começar a atacar os problemas estruturais da nação. Políticas de longo prazo para melhoria da educação, da taxa de poupança e da infraestrutura precisam ser bem estruturadas e postas em prática ainda que seus resultados não se mostrem visíveis no curto prazo. Essas ações é que tornarão o Brasil uma nação mais produtiva, isto é, capaz de gerar riqueza com maior eficiência.
A discussão sobre o que ainda precisa ser feito – a chamada "metade vazia do copo" – é o ponto central do livro Além da Euforia - Riscos e Lacunas do Modelo Brasileiro de Desenvolvimento (Editora Elsevier-Campus, 312 páginas), de Armando Castelar e Fábio Giambiagi, que será lançado oficialmente em 11 de julho, mas já pode ser encontrado em algumas livrarias. Os economistas falaram ao site de VEJA.
Por que o livro se chama “Além da Euforia”?
Armando Castelar – É uma referência ao fato de o Brasil ter vivido um período de euforia entre 2004 e 2010. Mas esse momento não vai perdurar indefinidamente. No livro, discutimos as razões disso. É preciso que haja um debate sobre o que precisa ser feito para melhorar a situação que virá depois que essa euforia passar.
Por que essa euforia vai passar?
O governo federal anunciou na última quarta-feira mais um pacote com o intuito de tentar salvar a economia brasileira de um “pibinho”. A nova tentativa vem num momento em que o mercado - e o próprio Banco Central - rebaixa suas estimativas para 2012. Faltaram ousadia e visão à equipe da presidente Dilma, que apelou, uma vez mais, para a batida fórmula de tentar “salvar” o PIB com base na ampliação do consumo. A estratégia – que se mostrou bem-sucedida enquanto milhões de brasileiros ainda não tinham ascendido à classe média e não possuíam acesso ao crédito – dá hoje sinais de esgotamento. O país tampouco pode ser dar ao luxo de contar com o cenário externo. Por uma década, o Brasil foi favorecido pela crescente demanda por suas commodities e pelo amplo acesso ao financiamento barato no mercado internacional. A combinação desses fatores resultou em crescimento e, de 2006 a 2010, euforia. Contudo, a dificuldade de reverter o quadro negativo que se arrasta desde a metade do ano passado começa a lançar por terra esse entusiasmo.
No pacote da semana passada, o governo resolveu oferecer seu próprio poder comprador para tentar estimular o PIB. A opção deixa antever que está perdendo fôlego o apoio do consumo ao crescimento. De um lado, as famílias, limitadas por um endividamento recorde, não se sentem compelidas a comprar mais – mesmo com prorrogação do IPI reduzido de eletrodomésticos e móveis, automóveis mais baratos, estímulo ao crédito via bancos públicos, etc. De outro, o empresário, amedrontado pela deterioração da economia global, tem se arriscado pouco a investir. Para destravar o setor privado de nada têm adiantado a postura cada vez mais intervencionista do governo no campo microeconômico – regras que mudam a todo o momento, exigência cada vez maior de conteúdo nacional nas fábricas – e o fechamento “branco” do país à concorrência externa.
O problema apontado por analistas é que será pífio o impacto de tais compras governamentais na economia. O volume anunciado de 8,4 bilhões de reais em aquisições de caminhões, tratores, retroescavadeiras, equipamentos hospitalares, etc, representa só 0,2% do PIB. O comentário mais comum entre os economistas é que o governo criou um ‘pacote’ apenas para fazer propaganda e atender os interesses corporativistas de meia dúzia de indústrias – coincidentemente aquelas para as quais a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vinha fazendo lobby escancarado.
O cenário que se coloca hoje diante dos brasileiros felizmente não é catastrófico, mas se distancia daquela visão do “Brasil maravilha” dos últimos anos. Para mudar a perspectiva de taxas baixas de crescimento nas próximas décadas, o governo federal tem de começar a atacar os problemas estruturais da nação. Políticas de longo prazo para melhoria da educação, da taxa de poupança e da infraestrutura precisam ser bem estruturadas e postas em prática ainda que seus resultados não se mostrem visíveis no curto prazo. Essas ações é que tornarão o Brasil uma nação mais produtiva, isto é, capaz de gerar riqueza com maior eficiência.
A discussão sobre o que ainda precisa ser feito – a chamada "metade vazia do copo" – é o ponto central do livro Além da Euforia - Riscos e Lacunas do Modelo Brasileiro de Desenvolvimento (Editora Elsevier-Campus, 312 páginas), de Armando Castelar e Fábio Giambiagi, que será lançado oficialmente em 11 de julho, mas já pode ser encontrado em algumas livrarias. Os economistas falaram ao site de VEJA.
Por que o livro se chama “Além da Euforia”?
Armando Castelar – É uma referência ao fato de o Brasil ter vivido um período de euforia entre 2004 e 2010. Mas esse momento não vai perdurar indefinidamente. No livro, discutimos as razões disso. É preciso que haja um debate sobre o que precisa ser feito para melhorar a situação que virá depois que essa euforia passar.
Por que essa euforia vai passar?
Giambiagi – O Brasil teve condições excepcionais e favoráveis ao crescimento neste período. Duas delas são associadas ao cenário externo. Primeiramente, temos o índice de preço das exportações. Para se ter ideia, entre 1997 e 2002, esse indicador teve queda acumulada de 23%. Entre 2002 e 2011, contudo, houve um aumento impressionante de 165%. A segunda condição é o baixo nível das taxas de juros internacionais. Essa configuração de preços “nas nuvens” com uma taxa de juros externa pequena tirou a possibilidade de aumentar a absorção doméstica sem que fosse gerada uma situação muito dramática no balanço de pagamentos – ao contrário do que ocorreu em outros ciclos de expansão históricos.
Castelar – Parte do cenário externo favorável ao Brasil deriva da China, cujo quadro doméstico complicou um pouco nos últimos tempos. Os preços das exportações pararam de aumentar do jeito que vinham subindo e decaíram um pouco neste início de ano. O país começa a ter um pouco de dificuldade de crescimento internamente. Ainda assim, a situação dos preços continua bastante favorável ao Brasil conforme os padrões históricos. É preciso lembrar, contudo, da importância do cenário externo. Toda a América Latina teve melhora de desempenho muito semelhante à de nossa economia. Os países da região estão vivendo níveis recordes de baixa de desemprego, segundo dados recentes da Cepal. O mérito não é exclusivamente brasileiro.
No capítulo sobre produtividade, o livro afirma que a parcela dos economistas que defende estímulos ao consumo para alavancar o crescimento tem resistência a acreditar que o país começa a enfrentar limitações de oferta. Por que há tanta resistência?
Castelar – Isso é um corte histórico que data dos anos 1950 para cá. Prevalece a ideia de que se for aumentada a demanda, a oferta vai se apresentar. No livro, defendemos que é preciso ter políticas explicitas para o lado da oferta. Melhorar a produtividade, melhorar o ambiente de negócios, cuidar de ciência e tecnologia, etc.
Castelar – Isso é um corte histórico que data dos anos 1950 para cá. Prevalece a ideia de que se for aumentada a demanda, a oferta vai se apresentar. No livro, defendemos que é preciso ter políticas explicitas para o lado da oferta. Melhorar a produtividade, melhorar o ambiente de negócios, cuidar de ciência e tecnologia, etc.
Giambiagi – Eu e Armando destacamos no livro que a filosofia econômica hoje dominante no Brasil é aquela inspirada nas ideias do economista John Maynard Keynes, que publicou em 1936 a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Essa grande obra foi escrita no contexto da crise dos anos 1930 – período em que a indústria estava com grande capacidade ociosa –, fornecendo o conteúdo teórico para o presidente americano Franklin Roosevelt adotar a política do New Deal, que ajudou a tirar os Estados Unidos da sua situação de penúria. A prescrição de políticas ditas keynesianas, calcada no estímulo à demanda, pode se justificar por essa situação de abundância de capacidade ociosa, como aconteceu no mundo em 2008 e hoje se vê na Europa, por exemplo. Mas uma vez que o Brasil está ‘batendo no teto’ de ocupação de recursos físicos, nosso entendimento é que é preciso ‘mudar o software’ para enfatizar a importância da expansão da oferta. Estamos vivendo uma situação inédita nos últimos 30 anos.
O que acontecerá se o Brasil não mudar esse ‘software’?
Castelar – Capacidade ociosa significa que existem fábricas e trabalhadores treinados que não estão sendo utilizados. É algo bem diferente de quando já se está usando todo o potencial e é necessário aumentá-lo para conseguir expandir a produção. Essa ampliação de capacidade não é um processo rápido. O investimento privado no Brasil é inibido pela falta de infraestrutura, pelo ambiente de negócios e pela escassez de mão de obra capacitada. Em outras palavras, temos energia elétrica insuficiente e cara; estradas, portos e aeroportos congestionados; entre outros problemas. Tudo isso limita o crescimento uma vez que o custo aumenta e o investimento fica menos interessante. A empresa cresce mais devagar. No tocante à demanda, existem outras restrições. Uma é a poupança, que é dificultada quando existe grande aumento de consumo. A segunda é confluência de expansão do consumo e do investimento, o que tende a gerar um déficit mais elevado nas transações correntes do Brasil com o exterior. Esse déficit só não estourou nos últimos anos por conta do cenário externo favorável. Além disso, com o aumento forte do consumo interno, a taxa de câmbio evolui de maneira a se apreciar – e o país torna-se menos interessante aos investimentos, como por exemplo, se dá hoje no setor industrial. É preciso trabalhar essas questões para continuar crescendo. Resolvê-las é fundamental para eliminar essa crise de produtividade do Brasil.
No livro, vocês analisam que o crescimento do produto potencial brasileiro nas últimas décadas foi possível justamente pela elevação da produtividade. O que causou esse aumento e por que ele não continuou?
Castelar – No período áureo de crescimento do Brasil, entre os anos 1950 a 1980, houve sim um aumento razoável da produtividade graças ao investimento. Nessa época, a infraestrutura se expandiu muito. Em segundo lugar, a indústria também contribuiu. Da década de 1980 até 1994, com a crise da dívida pública, a produtividade andou para trás e ficou negativa. A economia ficou mais fechada, a inflação era muito alta e havia uma intervenção estatal gigantesca. Começou então uma série de reformas estruturais, com abertura da economia, privatização e desregulamentação de uma série de atividades. Em 1994, com a estabilização proporcionada pelo Plano Real, a produtividade recuperou-se parcialmente. Desde então, nunca mais se conseguiu reproduzir esse investimento e o capital deixou de ter contribuição relevante para o crescimento do PIB. No período mais recente, o que contribuiu para melhorar a produtividade brasileira foi o emprego, isto é, há mais gente trabalhando. Atualmente, o desemprego está baixo e uma transição demográfica está em curso. Podemos prever, no entanto, que essa fonte de crescimento vai secar na frente. Então, as outras duas – capital e produtividade – passam a ser mais importantes.
Giambiagi – Este ponto do mercado de trabalho é muito importante. Nos últimos dez anos tivemos um crescimento anual do PIB da ordem de 4% e uma ampliação da população ocupada de cerca de 2,5%. A diferença está no conceito de produtividade por trabalhador. Naquele período, a população economicamente ativa (PEA) crescia mais ou menos 1,5% ao ano. Em suma, o emprego aumentava em ritmo mais intenso que o da própria PEA, o que diminuía o desemprego. No entanto, a partir do momento em que o país esbarra no limite do pleno emprego, que se estima que seja algo próximo a 5%, a população ocupada só poderá se expandir na mesma taxa de crescimento da PEA, que caminha para ficar em 1,1% daqui a uns anos, segundo dados do IBGE. No período de 2010-2050, o número de trabalhadores deve ficar estável, ou seja, todo o aumento da produção nesse período terá de vir de produtividade porque as pessoas que vão gerar o PIB serão “as mesmas”.
Além de melhorar a produtividade do trabalho, o livro aponta que há um longo trabalho para elevar a taxa de poupança interna. Por que este ponto também precisa ser atacado?
Castelar – O Brasil tem sérios problemas em relação a isso. A poupança aqui é muito baixa – o último dado mostra que está em 15,7% do PIB – e o ambiente de negócios não ajuda o investimento. É muito comum as pessoas apontarem a Coreia do Sul como modelo, mas eles investem cerca de 30% do PIB, quase o dobro do Brasil. Isso só é possível porque possuem uma taxa de poupança muito alta. Nossa média dos últimos 20 anos foi 16,5%. Provavelmente, vamos precisar recorrer à poupança externa, mas isso tem certo limite, pois aumenta o déficit em conta corrente. O Brasil precisa depender menos do capital e mais da produtividade.
Se o Brasil tivesse conseguido manter os níveis de produtividade que foram observados até os anos 1980, como o país estaria?
Giambiagi – Seríamos uma Coreia. Tínhamos a mesma renda per capita que eles em 1980.
Em que medida a alta carga tributária agrava o problema de produtividade?
Giambiagi – As duas palavras-chave são escala e impostos. Quando se produz algo para o mercado mundial, distribuem-se os custos por um número muito maior de unidades, o que reduz o custo unitário. Lá fora, a carga de impostos é muito menor que a daqui.
Giambiagi – Seríamos uma Coreia. Tínhamos a mesma renda per capita que eles em 1980.
Em que medida a alta carga tributária agrava o problema de produtividade?
Giambiagi – As duas palavras-chave são escala e impostos. Quando se produz algo para o mercado mundial, distribuem-se os custos por um número muito maior de unidades, o que reduz o custo unitário. Lá fora, a carga de impostos é muito menor que a daqui.
Castelar – Ambos os pontos estão relacionados. O imposto aumenta muito o preço e a empresa vende menos. Consequentemente, tem menor escala. Então, parte do problema da escala tem a ver com o tamanho gigantesco da carga tributária no Brasil.
Diante de tantos desafios, que esperam para o país nos próximos anos?
Giambiagi – Nosso livro buscar servir de alerta. Os sinais estão se avolumando. De certa forma, estão corroborando nossa tese central de que a economia brasileira encontra-se num ciclo que dá manifestações crescentes de esgotamento. Vemos um 2012 fraco, com crescimento em torno de 2%. Desde que não aconteça nenhuma hecatombe na Europa, deve haver melhoria no segundo semestre. Mesmo assim, nada espetacular. Já 2013 começará com uma perspectiva mais razoável – que talvez se estique ao ano seguinte devido ao conjunto de obras que terá de ser tocado para a Copa do Mundo. Fechado esse ciclo, a partir de 2014, nossa impressão é de que o 'software' utilizado nos últimos anos, de estímulo à demanda, terá de ser trocado por estímulos à oferta com uma preocupação crescente com a produtividade e a competitividade. Associada a isso está a necessidade de colocar na agenda política do país a retomada das reformas que foram, de certa forma, abandonadas há dez anos.
Castelar - Não consigo me classificar numa escala de pessimista a otimista. Vejo que o país tem oportunidades importantes. Fizemos avanços nos últimos vinte anos, mas, por outro lado, olhando a história do Brasil e da América Latina, penso que o país já esteve nessa posição antes. Já houve muito otimismo com relação às nossas perspectivas, como nos anos 70 quando a economia crescia 10% ao ano. Não surpreendentemente a América Latina vive esse tipo de ciclo quando os preços de produtos exportados estão altos e o acesso ao crédito está fácil. Tenho esperança que nossa classe política consiga aproveitar essa oportunidade para fazer diferente do que fez no passado. Agora, há preocupação também porque nossos governantes não têm uma boa visão de quão importante o cenário externo é. Aquilo que, efetivamente, no passado fez a América Latina perder o bonde foi não perceber que existe um componente fora do controle do país que está dando uma ajuda muito grande.
Em que medida os líderes políticos podem contribuir para melhorar a produtividade brasileira?
Giambiagi – Na nossa visão, os avanços necessários não vão decorrer de propostas que emanem do Legislativo. Ele possui contradições internas e tende a não ter essa visão geral do conjunto, que é mais natural do Executivo, que tem dentro de si a restrição orçamentária e está sujeito a demandas políticas e sociais de todo o tipo. Destacamos no livro quatro elementos que nos parecem fundamentais. Primeiro, é preciso ter uma visão de longo prazo: tomar medidas não pensando apenas nos próximos dois ou três anos, mas saber onde se deseja levar o país dentro de 30 anos. Segundo, a essa visão de longo prazo tem de estar associada a certa capacidade de tolerância. Obviamente, estamos numa democracia e todo o partido político busca se eleger. Contudo, se todas as ações políticas forem guiadas única e exclusivamente pelo objetivo de vencer a próxima eleição, questões mais controversas nunca terão vez. Outro ponto importante é a capacidade de explicar as deficiências estruturais da nação à população. Nos últimos dois períodos de governo, tivemos dois comunicadores talentosíssimos. No caso de Fernando Henrique Cardoso, não tanto o presidente, mas sim o ministro da Fazenda que conseguiu explicar um plano maluco para as pessoas e assim garantir o êxito do Plano Real. No caso do ex-presidente Lula, nem se fala. O quarto elemento é a capacidade de articulação. No governo Dilma, por exemplo, houve o caso do salário mínimo em 2011, em que o governo conseguiu vencer no Congresso com sua proposta de reajuste real zero. Quando o governo fixa uma pauta e se empenha, tem boa chance de êxito.
Castelar – O brasileiro, às vezes, tem a sensação de que o planeta está parado e que nós estamos andando. Na verdade, o mundo também está caminhando e ele já está na nossa frente. Em outros lugares estão andando muito rápido. Por isso, o que talvez soe como avanço pode ser pouco. Acho notável como as expectativas relativas ao que a Copa do Mundo vai deixar estão sendo cada vez mais desinfladas. Tudo aponta que ficarão apenas estádios de futebol novos.
Podemos dizer que essa crise da produtividade que o Brasil começa a enfrentar é o que se vê hoje também na Europa, com os países menos eficientes com dificuldade para resolver seus problemas?
Giambiagi – O que acontece é a confluência de três crises: uma fiscal, em função de má administração em alguns países; outra financeira, devido à situação dos bancos; e outra associada à insuficiência de se ter uma mesma moeda para regiões muito díspares – problema que já era conhecido, mas que se revelou mais dramático do que se supunha no lançamento do euro.
Giambiagi – O que acontece é a confluência de três crises: uma fiscal, em função de má administração em alguns países; outra financeira, devido à situação dos bancos; e outra associada à insuficiência de se ter uma mesma moeda para regiões muito díspares – problema que já era conhecido, mas que se revelou mais dramático do que se supunha no lançamento do euro.
Castelar – Há sim um elemento de crescimentos díspares de custos unitários do trabalho. Na Alemanha, a produtividade cresceu bastante e os salários subiram pouco, ao passo que em alguns países da periferia europeia (Grécia, Portugal e Espanha, em especial) ocorreu o oposto. Com isso, esses países têm dificuldade de crescer exportando, pois não são competitivos. A falta de crescimento complica o problema fiscal e de crédito.
Privatizem a Petrobrás
A Petrobras possui controle estatal, mas tem capital misto, com milhares de investidores brasileiros e estrangeiros. O uso político da estatal tem custado cada vez mais a esses investidores, cujos interesses são ignorados pelo governo. O prejuízo divulgado na sexta é mais uma prova disso.
O governo mantém o preço dos combustíveis defasado para segurar a inflação, afetando negativamente o lucro da empresa. Além disso, ele demanda grande participação de fornecedores nacionais nos bilionários investimentos da estatal, o que custa mais e atrasa o cronograma. É o uso da empresa para a política industrial de governo, que já arrecada bilhões em royalties e impostos.
Infelizmente, quando o assunto é Petrobras o debate fica tomado pela emoção, sem espaço para argumentos racionais. A esquerda estatizante e a direita nacionalista se unem ideologicamente, alimentadas por muitos interesses obscuros em jogo, e repetem em uníssono que o setor é "estratégico". A Embraer, a Telebrás e a Vale também eram "estratégicas".
Ora, justamente por ser estratégico o setor deveria ser retirado da gestão politizada, ineficiente e corrupta do governo. A exploração do petróleo começou pela iniciativa privada nos Estados Unidos. Desde a primeira prospecção de Edwin Drake em 1859, na Pensilvânia, o setor viu um crescimento incrível com base na competição de várias empresas privadas. O Canadá também conta com dezenas de empresas privadas atuando no setor.
Por outro lado, países como Venezuela, México, Irã, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia possuem estatais controlando a exploração de petróleo. Ninguém ousaria dizer que isto fez bem para seus respectivos povos, vítimas de regimes autoritários.
O brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do mundo, o país ainda precisa importar derivados de petróleo após décadas de sonho com a autossuficiência, a estatal é palco de diversos escândalos de corrupção, mas muitos ainda repetem, inflando o peito, que "o petróleo é nosso!" Nosso de quem, cara-pálida?
O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo foi medíocre: somente 2,4% ao ano. Trata-se de um resultado lamentável após tantos bilhões investidos, inclusive com financiamento do BNDES.
A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, terminou o primeiro semestre de 2012 devendo mais de R$ 130 bilhões. O endividamento sobe em ritmo acelerado por conta de seu gigantesco programa de investimentos, mas nem os investidores nem os consumidores se beneficiam disso.
A rentabilidade da Petrobras é uma das menores do setor. Seu retorno sobre patrimônio líquido não chega a 10%, metade da média de seus pares internacionais. Os investidores acusam o golpe, e as ações da Petrobras apresentam um dos piores desempenhos no mundo.
Desde 2009, suas ações caíram 5%, enquanto o Ibovespa subiu mais de 40%, e a Vale, mais de 50%. É o governo destruindo o valor da poupança de milhares de pessoas, incluindo todos que utilizaram o FGTS como instrumento para apostar na empresa.
Por que não há maior revolta? Por que não há mobilização pela privatização da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos? Parte da resposta é o fator ideológico já citado. Outra parte diz respeito à enorme quantidade de grupos de interesse que mamam nas tetas da estatal.
Seus 80 mil funcionários custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões em 2011, ou quase R$ 20 mil mensais por empregado. Claro que muitos merecem o que ganham, mas como negar o uso da estatal como cabide de emprego para os "amigos do rei"?
Fornecedores nacionais ineficientes ou corruptos também agradecem, pois não precisam competir abertamente no livre mercado. O caminho até a estatal muitas vezes é outro, como comprova o caso do Silvinho "Land Rover", o ex-secretário do PT que ganhou um carro importado de uma empresa fornecedora da estatal.
Artistas e cineastas engajados da "esquerda caviar" também aplaudem a estatal, que destinou mais de R$ 650 milhões para patrocínios culturais de 2008 a 2011. Isso sem falar de blogueiros "chapa-branca", que recebem gordas verbas da estatal. A lista é longa.
Os políticos, então, nem se fala. Quem esqueceu Severino Cavalcanti negociando à luz do dia, em nome da "governabilidade", aquela diretoria que "fura poço"? O ex-presidente Lula era outro que adorava usar a Petrobras para seus fins políticos em parceria com Hugo Chávez.
Só há uma maneira eficaz de acabar com esta pouca vergonha que tem custado tão caro aos investidores da empresa: sua privatização!
Privatizem a Petrobras! - 7 de Agosto de 2012 - O Globo - Rodrigo Constantino
O governo mantém o preço dos combustíveis defasado para segurar a inflação, afetando negativamente o lucro da empresa. Além disso, ele demanda grande participação de fornecedores nacionais nos bilionários investimentos da estatal, o que custa mais e atrasa o cronograma. É o uso da empresa para a política industrial de governo, que já arrecada bilhões em royalties e impostos.
Infelizmente, quando o assunto é Petrobras o debate fica tomado pela emoção, sem espaço para argumentos racionais. A esquerda estatizante e a direita nacionalista se unem ideologicamente, alimentadas por muitos interesses obscuros em jogo, e repetem em uníssono que o setor é "estratégico". A Embraer, a Telebrás e a Vale também eram "estratégicas".
Ora, justamente por ser estratégico o setor deveria ser retirado da gestão politizada, ineficiente e corrupta do governo. A exploração do petróleo começou pela iniciativa privada nos Estados Unidos. Desde a primeira prospecção de Edwin Drake em 1859, na Pensilvânia, o setor viu um crescimento incrível com base na competição de várias empresas privadas. O Canadá também conta com dezenas de empresas privadas atuando no setor.
Por outro lado, países como Venezuela, México, Irã, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia possuem estatais controlando a exploração de petróleo. Ninguém ousaria dizer que isto fez bem para seus respectivos povos, vítimas de regimes autoritários.
O brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do mundo, o país ainda precisa importar derivados de petróleo após décadas de sonho com a autossuficiência, a estatal é palco de diversos escândalos de corrupção, mas muitos ainda repetem, inflando o peito, que "o petróleo é nosso!" Nosso de quem, cara-pálida?
O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo foi medíocre: somente 2,4% ao ano. Trata-se de um resultado lamentável após tantos bilhões investidos, inclusive com financiamento do BNDES.
A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, terminou o primeiro semestre de 2012 devendo mais de R$ 130 bilhões. O endividamento sobe em ritmo acelerado por conta de seu gigantesco programa de investimentos, mas nem os investidores nem os consumidores se beneficiam disso.
A rentabilidade da Petrobras é uma das menores do setor. Seu retorno sobre patrimônio líquido não chega a 10%, metade da média de seus pares internacionais. Os investidores acusam o golpe, e as ações da Petrobras apresentam um dos piores desempenhos no mundo.
Desde 2009, suas ações caíram 5%, enquanto o Ibovespa subiu mais de 40%, e a Vale, mais de 50%. É o governo destruindo o valor da poupança de milhares de pessoas, incluindo todos que utilizaram o FGTS como instrumento para apostar na empresa.
Por que não há maior revolta? Por que não há mobilização pela privatização da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos? Parte da resposta é o fator ideológico já citado. Outra parte diz respeito à enorme quantidade de grupos de interesse que mamam nas tetas da estatal.
Seus 80 mil funcionários custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões em 2011, ou quase R$ 20 mil mensais por empregado. Claro que muitos merecem o que ganham, mas como negar o uso da estatal como cabide de emprego para os "amigos do rei"?
Fornecedores nacionais ineficientes ou corruptos também agradecem, pois não precisam competir abertamente no livre mercado. O caminho até a estatal muitas vezes é outro, como comprova o caso do Silvinho "Land Rover", o ex-secretário do PT que ganhou um carro importado de uma empresa fornecedora da estatal.
Artistas e cineastas engajados da "esquerda caviar" também aplaudem a estatal, que destinou mais de R$ 650 milhões para patrocínios culturais de 2008 a 2011. Isso sem falar de blogueiros "chapa-branca", que recebem gordas verbas da estatal. A lista é longa.
Os políticos, então, nem se fala. Quem esqueceu Severino Cavalcanti negociando à luz do dia, em nome da "governabilidade", aquela diretoria que "fura poço"? O ex-presidente Lula era outro que adorava usar a Petrobras para seus fins políticos em parceria com Hugo Chávez.
Só há uma maneira eficaz de acabar com esta pouca vergonha que tem custado tão caro aos investidores da empresa: sua privatização!
Privatizem a Petrobras! - 7 de Agosto de 2012 - O Globo - Rodrigo Constantino
Filmes e Olimpíadas
São quatro vídeos de filmes famosos, transformados em "provas olímpicas". Você seria capaz de lembrar o nome destes filmes?
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