Pedro Sampaio Malan
O Estado de S.Paulo, 8/07/2012
Há exatamente uma semana o Real completou os primeiros 18 anos do que espero seja a longa vida de uma moeda que veio para ficar como um dos símbolos do avanço institucional do País. Os brasileiros que tinham 18 anos em 1994 - e, portanto, todos os que estão hoje na faixa dos 36-40 anos - provavelmente não têm nenhuma lembrança pessoal significativa, isto é, vivida, da marcha da insensatez que foi a evolução do processo inflacionário no Brasil pré-Real.
Vale lembrar: no meio século que vai de meados dos anos 40 a meados dos anos 90, o Brasil só teve três anos de inflação inferior a 10% (nos anos 40). Entre 1950 e 1980 a taxa média de inflação foi da ordem de 25%-30% ao ano. Do início dos anos 80 (quando chegou a 100%) até o Real, a taxa média anual foi superior a 600%, passando dos 1.000% em 1989 e chegando a quase 2.500% em 1993. Na literatura econômica há uma palavra para isso: hiperinflação.
Ainda era muito precária, à época, a percepção, que hoje felizmente existe, de que a inflação é um imposto. E o mais injusto de todos, porque incide principalmente sobre os mais pobres. Não é por acaso que os indicadores de concentração de renda e riqueza no Brasil nas últimas décadas - sejam os índices de Gini, sejam as parcelas de renda apropriadas pelo 1% mais rico e pelos 20% mais pobres - mostram que os piores anos de desigualdade na concentração de renda no Brasil foram ao final dos anos 80 e início dos anos 90.
O povo brasileiro entendeu, muito rapidamente, que o controle da inflação propiciado pelo Real era algo que redundava em seu benefício. E hoje a inflação baixa é vista como um objetivo da sociedade e como obrigação de qualquer governo minimamente responsável. Não é um fim em si mesmo, como sempre afirmamos, mas uma condição indispensável para que outros objetivos econômicos e sociais possam ser alcançados. Afinal, com inflação alta, crônica e crescente não há possibilidade alguma de verdadeira inclusão social, tampouco de crescimento sustentado.
O que quero dizer com isso? Que a importância e o significado do Real, que ora atinge sua maioridade, transcende de muito a derrota da hiperinflação em 1994. E que a agenda do Brasil pós-hiperinflação se confundia com a própria agenda do desenvolvimento econômico e social do País, que pôde, sem a zoeira da inflação, começar a alargar seus horizontes e procurar tornar-se um país mais normal, mais previsível, mais confiável, mais competitivo. Um país talvez capaz de crescer de forma sustentada, com inflação sob controle, com maior justiça social, menos pobreza, com as finanças públicas em ordem, infraestrutura decente, melhor educação e maior eficiência nos setores público e privado.
Como sabemos, 18 anos são pouco para a magnitude dessa empreitada. Mas o Brasil não começou com o Real e já havia avançado muito em períodos anteriores, apesar de aparências em contrário. Agora é preciso contemplar os próximos 18 anos. Afinal, 2030 está logo ali adiante, quando os que chegaram à sua maioridade com o Real - como meu filho mais moço - terão dobrada sua idade.
Quem viver até lá acompanhará as tentativas do governo atual, e os labores dos governos que se lhe seguirão, de lidar com as urgências constantemente postas e repostas pelo sempre fugidio "momento presente" - que exigem respostas no curto prazo da parte dos responsáveis por políticas públicas. Respostas que serão tão mais adequadas quanto mais levem em conta objetivos de longo prazo: políticas de Estado, e não apenas do governo de turno; para a próxima geração, e não somente para a próxima eleição.
Como procurou fazer o governo FHC, nessa área de respostas a problemas que precisavam ser encarados com firmeza - e o foram. Exemplos: a resolução de problemas de liquidez e solvência no sistema bancário nacional, privado e público; a reestruturação das dívidas de Estados e municípios então insolventes do ponto de vista fiscal e desde então sem problemas mais sérios nessa área; a Lei de Responsabilidade Fiscal, de maio de 2000, marco de mudança histórica nas finanças públicas brasileiras; o reconhecimento de que as necessidades de investimentos do País (não do governo) superavam de muito a capacidade do setor público e de suas empresas, exigindo mudanças, até mesmo constitucionais, que abrissem espaço ao investimento privado, doméstico e internacional.
(...)A propósito, é importante reconhecer que o governo Dilma, à diferença de seu antecessor, que nem sequer tentou (ou porque não quis, ou porque não pôde, ou talvez porque o extraordinário vento a favor que pegou da economia mundial lhe permitiu evitar incorrer em custos políticos domésticos), está procurando enfrentar certas "urgências do gradualismo", para as quais deveria ter apoio de quem pensa no longo prazo, como a mudança do insustentável regime de previdência do setor público e as "inexoráveis" concessões ao setor privado em áreas de infraestrutura, por exemplo. Para não falar nas necessárias resistências do Executivo às insaciáveis demandas de sua vastíssima "base de apoio" por contínua expansão dos gastos públicos no curto, no médio e no longo prazos.
Debates desse tipo são fundamentais quando se olha à frente. Afinal, teremos nada menos que cinco eleições presidenciais nos próximos 18 anos.
PEDRO S. MALAN, ECONOMISTA, FOI MINISTRO DA FAZENDA NO GOVERNO FHC. E-MAIL: MALAN@ESTADAO.COM.BR
20 julho 2012
Roupa
Arqueologistas descobriram num castelo da Áustria conjunto de roupas íntimas com mais de 600 anos de idade.
Favorável
Sobre o documento da SEC, segundo o Valor Econômico
A análise sugere uma tendência favorável à adoção do IFRS, mas apresenta pontos de preocupação que teriam que ser tratados caso os Estados Unidos decidam incorporar o padrão contábil internacional ao seu arcabouço regulatório.
Fundação IFRS lamenta indefinição da SEC sobre padrão contábil - 16 de Julho de 2012 - Fernando Torres
Não vi isto no documento. Pelo contrário, o documento da SEC é bastante contrário à adoção, em especial pelas limitações das IFRS e do Iasb.
A análise sugere uma tendência favorável à adoção do IFRS, mas apresenta pontos de preocupação que teriam que ser tratados caso os Estados Unidos decidam incorporar o padrão contábil internacional ao seu arcabouço regulatório.
Fundação IFRS lamenta indefinição da SEC sobre padrão contábil - 16 de Julho de 2012 - Fernando Torres
Não vi isto no documento. Pelo contrário, o documento da SEC é bastante contrário à adoção, em especial pelas limitações das IFRS e do Iasb.
Primeiro Prejuízo da Microsoft
Nesta quinta-feira, a americana Microsoft anunciou um prejuízo líquido de 492 milhões de dólares (0,06 dólares por ação) no quarto trimestre fiscal. No mesmo período do ano passado, o lucro líquido da companhia foi de 5,87 bilhões de dólares (0,69 dólares por ação). A receita, por sua vez, cresceu 4%, para US$ 18,06 bilhões. Esse é o primeiro prejuízo da empresa, responsável por desenvolver o sistema operacional Windows, desde que se tornou uma empresa pública, em 1986.
O resultado foi atribuído em grande parte a uma baixa contábil em seus serviços on-line e ao adiamento das receitas relacionadas à promoção do sistema operacional Windows 8. Segundo a companhia, o crescimento contínuo das vendas do pacote Office a empresas ajudou a gigante da informática a amortecer o impacto da queda nas vendas de computadores pessoais.
A esperança de recuperação da empresa está na adaptação de seus produtos para o mercado móvel e no investimento em seus serviços para a nuvem. O Windows 8, a nova versão do sistema operacional da companhia, chega no próximo dia 26 de outubro com uma interface desenvolvida para dispositivos sensíveis ao toque. Já o Office 2013 está em período de testes e oferece integração com produtos como o disco virtual da empresa, conhecido como Skydrive, e o Skype – serviço de voz sobre IP.
Fonte: Aqui
O resultado foi atribuído em grande parte a uma baixa contábil em seus serviços on-line e ao adiamento das receitas relacionadas à promoção do sistema operacional Windows 8. Segundo a companhia, o crescimento contínuo das vendas do pacote Office a empresas ajudou a gigante da informática a amortecer o impacto da queda nas vendas de computadores pessoais.
A esperança de recuperação da empresa está na adaptação de seus produtos para o mercado móvel e no investimento em seus serviços para a nuvem. O Windows 8, a nova versão do sistema operacional da companhia, chega no próximo dia 26 de outubro com uma interface desenvolvida para dispositivos sensíveis ao toque. Já o Office 2013 está em período de testes e oferece integração com produtos como o disco virtual da empresa, conhecido como Skydrive, e o Skype – serviço de voz sobre IP.
Fonte: Aqui
19 julho 2012
Imprensa e Valor da Empresa
O papel da imprensa tem sido extensamente discutido em
diversas pesquisas acadêmicas. Acredita-se que um jornal ou um noticiário de
televisão possa influenciar as pessoas. Por isto, tem sido muito comum tentar
associar as atitudes das pessoas com o que foi noticiado pelos veículos de
comunicação de massa.
Em tempos de internet e da existência de inúmeras formas de
comunicação, as pesquisas ainda mostram esta influencia. Entretanto, o número
de pesquisas sobre o papel da imprensa no mercado financeiro ainda é reduzido. Mas
quando surge uma pesquisa deste nível geralmente envolve um elevado grau de
criatividade: em lugar da monotonia de processar dados em pacotes estatísticos,
as investigações envolvem certo grau de subjetividade. Nem por isto, são menos
científicas que os estudos realizados com base de dados de empresas e negócios
de ações.
Uma forma de analisar a imprensa é verificar como os fatos
são noticiados. Se estivermos falando da área financeira, isto significa
analisar as notícias financeiras nas suas diferentes dimensões. Dois
pesquisadores, Umit Gurun e Alexander
Butler, investigaram como a imprensa local apresenta as notícias financeiras,
quando se compara com a imprensa não local. Os cientistas estavam interessados
nas notícias envolvendo empresas locais. Sua descoberta é óbvia, mas nem por
isto irrelevante: a imprensa local usa menos palavras negativas quando se trata
de notícias sobre empresas da região onde atuam. Ou seja, empresas da cidade
têm notícias apresentadas de maneira mais suave pela imprensa local. O motivo é
o potencial de geração de receita publicitária.
A pesquisa de Gurun e Butler descobriu também que o efeito é
mais forte para pequenas empresas, entidades com predomínio de investidores
individuais, empresas ilíquidas ou com elevada volatilidade.
Já se sabia do “home bias”, onde as pessoas tendem a
investir, de maneira desproporcional nas empresas geograficamente próximas.
Agora temos o “media bias”. Assim, na próxima vez que você ler o jornal local,
seja mais crítico com as notícias financeiras das empresas de sua região.
Fonte:
GURUN; BUTLER. Don´t Belive the Hype. Journal of Finance, vol LXVII, n. 2 ,
abr, 2012.
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