04 julho 2012
Truques da Mente
Talvez nós possamos dizer que os mágicos são os profissionais que se aproveitam da falta de racionalidade plena das pessoas. Mesmo com o desenvolvimento da tecnologia, dos truques revelados em programas de televisão e com a propagação da crença na ciência pela sociedade, os mágicos ainda são admirados e exercem uma grande atração em todos os públicos.
O livro Truques da Mente mostra como funciona a mágica. Ou seja, como os mágicos conseguem “enganar” as pessoas, seja através de ilusões de ótica, cognitivas, multissensoriais, mnêmicas, entre outras. O arsenal de truques usados pelos mágicos é revelado e explicado no livro. No capítulo dez, por exemplo, os autores explicam a correlação ilusória (que também chamamos de espúria), que está associada a superstição.
Para quem gosta de mágicas, este livro é altamente indicado. Em cada capítulo os autores aprofundam um tema, mostrando como os mágicos se aproveitam da inocência das pessoas. Ao longo do texto, através de alertas de Spoiler, os autores mostram como funcionam os principais truques. Veja o seguinte vídeo, disponível na internet (e no sítio do livro):
Neste truque o mágico utiliza a luz negra, ou a luz ultravioleta. O mágico cobre o palco de veludo negro; os objetos que “aparecem” também estão encobertos com veludo negro, assim como os ajudantes que transitam no fundo do palco. Os detalhes do truque o leitor poderá encontrar no livro (página 28 e 29).
A mágica é um assunto tão sério que os autores explicam como ela foi usada durante a guerra fria para passar mensagens aos espiões, sem que o inimigo desconfiasse (página 260 e seguintes).
Ao final da leitura percebemos como somos fáceis de sermos enganados.
Truques da Mente – Stephen Macknik, Susana Martinez-Conde & Sandra Blakeslee. Zahar, 2010.
O livro Truques da Mente mostra como funciona a mágica. Ou seja, como os mágicos conseguem “enganar” as pessoas, seja através de ilusões de ótica, cognitivas, multissensoriais, mnêmicas, entre outras. O arsenal de truques usados pelos mágicos é revelado e explicado no livro. No capítulo dez, por exemplo, os autores explicam a correlação ilusória (que também chamamos de espúria), que está associada a superstição.
Para quem gosta de mágicas, este livro é altamente indicado. Em cada capítulo os autores aprofundam um tema, mostrando como os mágicos se aproveitam da inocência das pessoas. Ao longo do texto, através de alertas de Spoiler, os autores mostram como funcionam os principais truques. Veja o seguinte vídeo, disponível na internet (e no sítio do livro):
Neste truque o mágico utiliza a luz negra, ou a luz ultravioleta. O mágico cobre o palco de veludo negro; os objetos que “aparecem” também estão encobertos com veludo negro, assim como os ajudantes que transitam no fundo do palco. Os detalhes do truque o leitor poderá encontrar no livro (página 28 e 29).
A mágica é um assunto tão sério que os autores explicam como ela foi usada durante a guerra fria para passar mensagens aos espiões, sem que o inimigo desconfiasse (página 260 e seguintes).
Ao final da leitura percebemos como somos fáceis de sermos enganados.
Truques da Mente – Stephen Macknik, Susana Martinez-Conde & Sandra Blakeslee. Zahar, 2010.
Automóveis
Um texto do jornal Estado de S Paulo (2 de julho de 2012, Indústria Automobilística teve isenção de R$1 milhão por emprego criado):
Desde o início da crise financeira internacional, o governo brasileiro abriu mão de R$ 26 bilhões em impostos para a indústria automotiva [1]. Ao mesmo tempo, o setor criou 27.753 novas vagas de trabalho, o que equivale dizer que cada nova carteira de trabalho assinada pelas montadoras custou cerca de R$ 1 milhão em renúncia fiscal aos cofres públicos. [2]
As medidas de estímulo à venda de veículos nos últimos três anos e meio [3] também contribuíram para a remessa de US$ 14,6 bilhões ao exterior [4], na forma de lucros [5] e dividendos, para as matrizes que contavam prejuízos com a queda na receita nos Estados Unidos e na Europa. O lucro enviado para fora do País fica próximo do valor que as empresas deixaram de pagar em impostos [6].
[1] Esta informação foi obtida como? Lembro que uma das justificativas da criação da DVA era a possibilidade de verificar a contribuição que uma empresa estrangeira estaria trazendo para o país. Entretanto, o modelo de DVA não permite obter esta informação. O texto da reportagem não informa onde o autor do texto obteve o dado. Num gráfico afirma que a fonte foi o CAGED, a Receita Federal, o Banco Central e a Anfavea
[2] Considerando 35 anos de trabalho, isto corresponde a R$2300 por mês para cada empregado.
[3] Considerando 2008, seriam 4 anos e meio
[4] A comparação com a remessa de lucros é injusta. O autor da reportagem poderia comparar com qualquer item (despesa, receita etc), mas ao comparar com a distribuição de resultado cria um viés negativo no texto.
[5] Fiquei pensando como é remeter lucros para o exterior. Sendo entidades separadas, somente seria possível remeter dividendos.
[6] Mais adiante o texto ressalta que a indústria de automóveis tem uma cadeia produtiva longa e os benefícios devem incluir os aspectos positivos diretos. Mas também deve-se levar em consideração os custos da política, em especial o custo de oportunidade.
Desde o início da crise financeira internacional, o governo brasileiro abriu mão de R$ 26 bilhões em impostos para a indústria automotiva [1]. Ao mesmo tempo, o setor criou 27.753 novas vagas de trabalho, o que equivale dizer que cada nova carteira de trabalho assinada pelas montadoras custou cerca de R$ 1 milhão em renúncia fiscal aos cofres públicos. [2]
As medidas de estímulo à venda de veículos nos últimos três anos e meio [3] também contribuíram para a remessa de US$ 14,6 bilhões ao exterior [4], na forma de lucros [5] e dividendos, para as matrizes que contavam prejuízos com a queda na receita nos Estados Unidos e na Europa. O lucro enviado para fora do País fica próximo do valor que as empresas deixaram de pagar em impostos [6].
[1] Esta informação foi obtida como? Lembro que uma das justificativas da criação da DVA era a possibilidade de verificar a contribuição que uma empresa estrangeira estaria trazendo para o país. Entretanto, o modelo de DVA não permite obter esta informação. O texto da reportagem não informa onde o autor do texto obteve o dado. Num gráfico afirma que a fonte foi o CAGED, a Receita Federal, o Banco Central e a Anfavea
[2] Considerando 35 anos de trabalho, isto corresponde a R$2300 por mês para cada empregado.
[3] Considerando 2008, seriam 4 anos e meio
[4] A comparação com a remessa de lucros é injusta. O autor da reportagem poderia comparar com qualquer item (despesa, receita etc), mas ao comparar com a distribuição de resultado cria um viés negativo no texto.
[5] Fiquei pensando como é remeter lucros para o exterior. Sendo entidades separadas, somente seria possível remeter dividendos.
[6] Mais adiante o texto ressalta que a indústria de automóveis tem uma cadeia produtiva longa e os benefícios devem incluir os aspectos positivos diretos. Mas também deve-se levar em consideração os custos da política, em especial o custo de oportunidade.
Despreparo Comercial
Editorial, O Estado de S.Paulo, 27 de maio de 2012
Um levantamento do Fórum Econômico Mundial situa o Brasil em 84.º lugar em uma lista de 132 países classificados de acordo com sua capacitação comercial. Houve um avanço de três posições em relação à pesquisa anterior, de 2010, realizada com 125 países. Mas a melhora é quase insignificante, quando se considera a distância entre o Brasil e dezenas de competidores desenvolvidos e em desenvolvimento.
Vários dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras nem são mencionados no estudo. Há referencias a tarifas, por exemplo, mas não aparece, na pesquisa, uma comparação direta entre o sistema tributário brasileiro, complexo, pesado e incompatível com as necessidades de integração nos mercados globais, e os de outros países participantes do comércio internacional. Se esse e outros componentes importantes do custo Brasil fossem considerados, a classificação brasileira provavelmente seria ainda pior.
O relatório pode surpreender por causa da classificação nem sempre boa de algumas das maiores potencias econômicas e comerciais. Não há, no entanto, relação necessária entre a capacitação para o comércio e o tamanho da economia. Os Estados Unidos, maior potência do mundo, ocupam o 23.º posto.
Cingapura, Hong Kong, Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia surgem nos cinco primeiros lugares. O Canadá só aparece em 9.º e o Reino Unido, em 11.º. Em 13.º está outra grande potência, a Alemanha, seguida imediatamente pelo pequeno Chile, em excelente posição no quadro geral. O latino-americano seguinte é o Uruguai, 40.º colocado. O preparo para o comércio é determinado por atributos independentes do tamanho, como a qualidade da política econômica, a burocracia, o ambiente regulatório e a infraestrutura.
A classificação do Chile, em 14.º lugar, à frente de várias das maiores e mais desenvolvidas economias e muito longe da maior parte dos latino-americanos, ressalta a importância de um governo leve, pouco intervencionista, comprometido com a integração internacional e bastante eficiente para manter um importante fundo soberano, conhecido por seus investimentos em vários países da região. A posição da Argentina, em 96.º lugar, ressalta o peso do intervencionismo e de uma burocracia montada para emperrar o comércio tanto à custa dos parceiros, como o Brasil, quanto dos empresários nacionais, protegidos por barreiras, mas com enormes dificuldades de acesso aos mercados externos.
O Brasil vai mal na maior parte dos requisitos considerados na pesquisa. A classificação geral de 84.º lugar é dada pela média das classificações de vários atributos. Quando se trata de disponibilidade e uso de tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, a economia brasileira aparece em 53.º lugar. Um dos componentes desse item é o uso da internet para atividades de negócios e nesse aspecto a posição é a de número 28. Mas a situação é desastrosa, quando se trata de várias condições dependentes de forma direta da intervenção governamental.
O País aparece em 104.º lugar no item "acesso aos mercados interno e externo", porque as tarifas são muito altas pelos padrões internacionais (114.º posto). As barreiras já eram muito altas e algumas ainda foram elevadas no ano passado. O cenário também é muito ruim quando se examinam a eficiência da administração aduaneira (99.º lugar) e os procedimentos de importação e exportação (101.º posto).
Em outros estudos comparativos, elaborados com objetivos mais amplos, o Brasil também aparece em classificação muito ruim, principalmente por causa da qualidade da administração pública. O setor empresarial privado normalmente recebe uma avaliação bem mais favorável do que o governamental. Pode haver deficiências nas empresas, mas o poder de competição da indústria e da agropecuária é geralmente razoável - e em alguns casos muito bom - quando se consideram as atividades apenas no interior das unidades produtivas. Esse contraste aparece apenas parcialmente nesse estudo sobre capacitação nacional para o comércio, mas, ainda assim, é bastante sensível.
Acesse o relatório do World Economic Forum na íntegra
Um levantamento do Fórum Econômico Mundial situa o Brasil em 84.º lugar em uma lista de 132 países classificados de acordo com sua capacitação comercial. Houve um avanço de três posições em relação à pesquisa anterior, de 2010, realizada com 125 países. Mas a melhora é quase insignificante, quando se considera a distância entre o Brasil e dezenas de competidores desenvolvidos e em desenvolvimento.
Vários dos principais obstáculos à competitividade das empresas brasileiras nem são mencionados no estudo. Há referencias a tarifas, por exemplo, mas não aparece, na pesquisa, uma comparação direta entre o sistema tributário brasileiro, complexo, pesado e incompatível com as necessidades de integração nos mercados globais, e os de outros países participantes do comércio internacional. Se esse e outros componentes importantes do custo Brasil fossem considerados, a classificação brasileira provavelmente seria ainda pior.
O relatório pode surpreender por causa da classificação nem sempre boa de algumas das maiores potencias econômicas e comerciais. Não há, no entanto, relação necessária entre a capacitação para o comércio e o tamanho da economia. Os Estados Unidos, maior potência do mundo, ocupam o 23.º posto.
Cingapura, Hong Kong, Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia surgem nos cinco primeiros lugares. O Canadá só aparece em 9.º e o Reino Unido, em 11.º. Em 13.º está outra grande potência, a Alemanha, seguida imediatamente pelo pequeno Chile, em excelente posição no quadro geral. O latino-americano seguinte é o Uruguai, 40.º colocado. O preparo para o comércio é determinado por atributos independentes do tamanho, como a qualidade da política econômica, a burocracia, o ambiente regulatório e a infraestrutura.
A classificação do Chile, em 14.º lugar, à frente de várias das maiores e mais desenvolvidas economias e muito longe da maior parte dos latino-americanos, ressalta a importância de um governo leve, pouco intervencionista, comprometido com a integração internacional e bastante eficiente para manter um importante fundo soberano, conhecido por seus investimentos em vários países da região. A posição da Argentina, em 96.º lugar, ressalta o peso do intervencionismo e de uma burocracia montada para emperrar o comércio tanto à custa dos parceiros, como o Brasil, quanto dos empresários nacionais, protegidos por barreiras, mas com enormes dificuldades de acesso aos mercados externos.
O Brasil vai mal na maior parte dos requisitos considerados na pesquisa. A classificação geral de 84.º lugar é dada pela média das classificações de vários atributos. Quando se trata de disponibilidade e uso de tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, a economia brasileira aparece em 53.º lugar. Um dos componentes desse item é o uso da internet para atividades de negócios e nesse aspecto a posição é a de número 28. Mas a situação é desastrosa, quando se trata de várias condições dependentes de forma direta da intervenção governamental.
O País aparece em 104.º lugar no item "acesso aos mercados interno e externo", porque as tarifas são muito altas pelos padrões internacionais (114.º posto). As barreiras já eram muito altas e algumas ainda foram elevadas no ano passado. O cenário também é muito ruim quando se examinam a eficiência da administração aduaneira (99.º lugar) e os procedimentos de importação e exportação (101.º posto).
Em outros estudos comparativos, elaborados com objetivos mais amplos, o Brasil também aparece em classificação muito ruim, principalmente por causa da qualidade da administração pública. O setor empresarial privado normalmente recebe uma avaliação bem mais favorável do que o governamental. Pode haver deficiências nas empresas, mas o poder de competição da indústria e da agropecuária é geralmente razoável - e em alguns casos muito bom - quando se consideram as atividades apenas no interior das unidades produtivas. Esse contraste aparece apenas parcialmente nesse estudo sobre capacitação nacional para o comércio, mas, ainda assim, é bastante sensível.
Acesse o relatório do World Economic Forum na íntegra
Mestrado e Doutorado - USP
03 julho 2012
CVM
O cargo de diretor da CVM que era de Alexsandro Broedel Lopes, para área relacionada com as normas contábeis, já possui indicação da presidência da república: trata-se de Ana Dolores Moura Carneiro de Novaes.
Ao saber que a indicada era doutora em economia, procurei seu nome da plataforma Lattes, onde estão a base de currículos dos acadêmicos. A resposta foi negativa (figura). Não que ter o currículo na plataforma Lattes seja relevante.
Mas encontrei o currículo da nova diretora no sítio da CPFL, onde era conselheira:
Nascida em 23/01/1962 na cidade de Recife – PE
Doutora em Economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley em 1990 e advogada formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2008. Em 1999, adquiriu o direito de usar a designação CFA – Chartered Financial Analyst outorgada pela Association for Investment and Management Research (AIMR) dos Estados Unidos. Foi Analista de renda variável do Banco de Investimentos Garantia entre 1995 e 1997, e Diretora de Investimentos do Pictet Modal Asset Management entre 1998 e 2003. Trabalhou no Banco Mundial em Washington, D.C. entre 1991 e 1994, tendo ainda lecionado macroeconomia na Universidade Federal de Pernambuco no 1º semestre de 1991, e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2003. Entre 2008 e 2010, foi sócia da Galanto Consultoria, do Rio de Janeiro e desde 2010, é sócia da Oitis Consultoria, para serviços e aconselhamento na área de governança corporativa. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), da Metalfrio e da Condor, e participa do Comitê Financeiro e do Comitê de Auditoria da CCR. É membro do Conselho de Administração da CPFL Energia desde abril de 2007.
Ao saber que a indicada era doutora em economia, procurei seu nome da plataforma Lattes, onde estão a base de currículos dos acadêmicos. A resposta foi negativa (figura). Não que ter o currículo na plataforma Lattes seja relevante.
Mas encontrei o currículo da nova diretora no sítio da CPFL, onde era conselheira:
Nascida em 23/01/1962 na cidade de Recife – PE
Doutora em Economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley em 1990 e advogada formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2008. Em 1999, adquiriu o direito de usar a designação CFA – Chartered Financial Analyst outorgada pela Association for Investment and Management Research (AIMR) dos Estados Unidos. Foi Analista de renda variável do Banco de Investimentos Garantia entre 1995 e 1997, e Diretora de Investimentos do Pictet Modal Asset Management entre 1998 e 2003. Trabalhou no Banco Mundial em Washington, D.C. entre 1991 e 1994, tendo ainda lecionado macroeconomia na Universidade Federal de Pernambuco no 1º semestre de 1991, e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2003. Entre 2008 e 2010, foi sócia da Galanto Consultoria, do Rio de Janeiro e desde 2010, é sócia da Oitis Consultoria, para serviços e aconselhamento na área de governança corporativa. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), da Metalfrio e da Condor, e participa do Comitê Financeiro e do Comitê de Auditoria da CCR. É membro do Conselho de Administração da CPFL Energia desde abril de 2007.
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