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23 maio 2012

Usando o P/L


Em postagem anterior comentamos sobre o índice P/L. Uma postagem do blog Crossing Wall Street apresenta uma relação interessante:

Índice P/L = (Taxa de Crescimento / 2) + 8

O blog usa o índice para determinar o preço “correto” de uma ação. Suponha o exemplo da Pfizer, apresentado na postagem, que tem um lucro por ação de 2,34. A taxa de crescimento da empresa é de 2,79%. Usando a expressão:

Preço / 2,34 = 2,79%/2 + 8 = 9,395
Preço = 21,98

Como o preço atual da empresa é de 22,98, isto indicaria que o preço da ação está muito próximo do valor ideal. Outro exemplo seria o da IBM, que possui um lucro de 16,61 e uma taxa de crescimento de 10,58%. Usando a expressão:

Preço / 16,61 = (10,58% / 2 ) + 8
Preço / 16,61 = 13,29
Preço = 220,75

Como atualmente o preço da ação da IBM é de 201,71, tem-se uma boa opção de investimento. Se olharmos a expressão é possível perceber que uma empresa sem perspectivas de crescimento deverá ter um P/L de 8. Ou seja, o preço pago pela ação será recuperado em oito exercícios sociais. O Aleph blog decidiu testar a expressão e o resultado foi uma regressão com baixo R2, mas significativo. Eis o gráfico (que por sinal está estranho, já que foi realizado uma regressão linear e a linha resultante não é uma reta):


Rir é o melhor remédio



Fonte: SCHULZ. A vida segundo Peanuts. 2. ed. Porto Alegre: L&PM, 2012

Abordagem do Mercado


Alguns autores conhecem como abordagem relativa. Em mercados de títulos é usado o termo matrix pricing

Definição – mede o valo de uma entidade ou de ativos intangíveis pela comparação com índices de mercado de transações reais de empresas ou ativos similares.

Onde usar – Para avaliação da entidade como um todo ou de ativos intangíveis que possuam transações passadas conhecidas no mercado.

Base teórica – Em alguns casos, a abordagem de mercado é decorrente de  processos de negociação anteriores, sendo resultado da curva de oferta e procura.

Conceitos relevantes – Parâmetro e Outliers. O parâmetro é o índice escolhido para determinar o valor de mercado. Sua escolha envolve obter uma amostra de negociação relativamente homogênea, calcular índices relativos potenciais e escolher aquele que possui um menor desvio-padrão entre os calculados. Quanto menor o desvio de um parâmetro melhor será para o resultado final.
Em algumas situações, é possível que o resultado médio dos parâmetros calculados esteja sendo influenciado por uma (ou mais de uma) observação extrema. É o outlier, que deve ser analisado para verificar se pode ser eliminado da série ou não. Em algumas situações, um outlier pode prejudicar a determinação de um parâmetro adequado. Alguns autores sugerem, em razão disto, que se utilize a mediana, em lugar da média, para determinação do parâmetro.
Passos para aplicação
1)      Criar uma base com negociações (mercado) para certos tipos de empresas. Em alguns países e setores esta base já existe.
2)      Padronizar os dados. Isto pode envolver relativizar os valores, dividindo por parâmetros como receita, lucro operacional e outros.
3)      Verificar a existência de outliers na amostra e se for o caso excluí-los.
4)      Aplicar o parâmetro obtido para a empresa que se quer avaliar.
5)      Fazer os ajustes finais para o caso que esta sendo avaliado.

Em alguns países os passos (1) a (3) são produzidos por empresas especializadas. Assim, o avaliador pode dispor do parâmetro adquirindo uma base de dados já existente. Mesmo para alguns ativos específicos, existem empresas que fazem esta abordagem em alguns países. A Royalty Source, por exemplo, faz uma estimativa de royalties de transações. A Consor é especialista em propriedades intelectuais.
No Brasil, alguns ativos tangíveis possuem o valor de mercado disponível, como é o caso de automóveis e imóveis.

Ressalvas
1)      Os parâmetros geralmente são construídos através de negociações ocorridas no passado. Um dos problemas é que a taxa de crescimento estimada para operações no passado pode ser diferente para a situação atual. Neste caso, pode-se usar uma expressão ajustada do valor de mercado dada por Hitchner (p. 226): , sendo ma = parâmetro de mercado ajustado, mo = parâmetro de mercado original; go = taxa de crescimento original e ga = taxa de crescimento ajustada. Assim, se o múltiplo original for 15, mas foi calculado num momento que o crescimento da economia era de 6% e a projeção para os próximos anos é de 2%, o múltiplo ajustado será de: 9,37.
2)      Também podem ser feitos ajustes para o tamanho da empresa. Este ajuste é similar ao processo realizado com a taxa de crescimento.
3)      Para base de dados de empresas de capital aberto é necessário verificar se existe ou não um prêmio pelo controle. Isto é particularmente relevante no mercado brasileiro.
4)      Esta abordagem é mais acessível para mensurar o valor de uma entidade como um todo. Seu uso para ativo intangível é mais difícil em razão da falta de informações de transações passadas.

Vantagens
1)      É simples de ser usada e as pessoas entendem sua lógica. Basta encontrar empresas similares;
2)      Usa dados reais para determinar o valor, em lugar de estimativas e projeções;
3)      É simples de ser aplicado. Pode ser usado sem a necessidade de fazer projeções e estimativas
4)      Inclui o valor total de toda a empresa, muito embora também seja possível aplicar o método para ativos específicos.
5)      Para certos tipos de ativos existe um número razoavelmente grande para compor a amostra que irá determinar o parâmetro. Algumas destas informações são públicas, como é o caso de transações envolvendo empresas de capital aberto, e outras são de conhecimento através de notícias de jornal, base de dados de empresas particulares, informações judiciais, entre outros.

Limitações
1)      Existe a necessidade de encontrar empresas similares para construir o método. Isto pode ser difícil de achar em certos tipos de empresas e setores. Algumas empresas são diversificadas e possuem tamanhos diferentes daquelas que compõe uma amostra potencial
2)      Muitas suposições são feitas no método. Isto inclui crescimento, mercado e tamanho, que devem ser similar a empresa que está sendo avaliada.
3)      Não é flexível ou adaptável. A introdução de uma característica na avaliação pode ser difícil de ser feita. Por exemplo, o porte. Assim, ativos raros podem ser difíceis de serem usados.
4)      Esta abordagem não pode ser usada para ativos específicos, exceto aqueles casos onde é possível estabelecer, a partir de transações passadas conhecidas, um parâmetro. Assim, seu uso no teste de impairment é limitado.
5)      Esta abordagem depende de informações que podem não estar disponíveis. Para a construção de um parâmetro mais adequado, uma quantidade de informação pode ser necessária e que talvez não seja pública. Por esta razão, alguns autores consideram que esta abordagem deva ser usada como um método de verificação dos valores obtidos em outros métodos. 

Esta postagem é uma continuação da série sobre métodos usados para avaliar empresas e grupo de ativos. 

Teste 558

Robert Herz (foto) parece o típico contador. Ele é um contador. Quem é Robert Herz?

Ex-partner da PwC
Ex-Chairman do FASB
Membro do Conselho do Canadian Accounting Standards Board

Resposta do Anterior: (a) os valores provavelmente são “variações” e não saldos; (b) reserva de lucros; c) vendas a serem pagas

O futuro do RTT

A adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil fez com que a Receita Federal adotasse o Regime Tributário de Transição (RTT). O RTT foi criado após a Lei 11 638 e tinha por finalidade reduzir o impacto fiscal da mudança contábil.

Para substituir o RTT, a Receita Federal está desenvolvendo uma versão do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real), segundo noticiou a Revista Capital Aberto (Fisco retoma projeto de tributação a partir dos balanços, 12 de maio de 2012, Yuki Yokoi). Neste novo LALUR a Receita despreza, para fins fiscais, "normas contábeis baseadas em critérios qualitativos". Isto incluiria o ajuste a valor justo, os ativos biológicos e, talvez, o ajuste a valor presente.

Passivo

O texto a seguir apresenta uma ilustração interessante para discutir as questões relacionadas ao passivo de uma empresa.


A mão de obra tem custado caro para empresas de construção civil, não só pela falta de pessoal, mas também por ações judiciais envolvendo trabalhadores. Em 31 de dezembro de 2011, a Gafisa tinha R$ 39,8 milhões em provisões para a cobertura de processos judiciais de cunho trabalhista, volume 67,2% superior ao de 12 meses antes. (...) Disponíveis em notas explicativas de demonstrativos financeiros, números como esses eram quase tudo a que investidores tinham fácil acesso sobre pendências trabalhistas das companhias abertas brasileiras. A partir de 2010, porém, com a divulgação obrigatória do formulário de referência (FR), uma nova gama de informações se abriu, permitindo a formação de um quadro muito mais completo sobre a natureza da relação entre empresas e empregados — e os riscos inerentes a essa temática.

A publicação do FR é exigida pela Instrução 480 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que lista as obrigações de prestação de contas de companhias abertas. A seção 14 do documento se dedica a destrinchar os recursos humanos da S.A. Nela, além de escrever sobre número de terceirizados, empregados diretos, índice de rotatividade e relacionamento com sindicatos, as companhias precisam detalhar sua exposição a passivos e contingências trabalhistas. Mais especificamente sobre este último ponto, várias têm preferido falar na parte do formulário voltada a fatores de riscos (no item processos não sigilosos relevantes). Desse modo, os interessados podem descobrir não somente os montantes provisionados para os casos de perda provável, algo já informado pelos balanços, como também as razões dos processos trabalhistas, muitos dos quais ainda nem geraram reservas.

No FR da Gafisa relativo ao exercício de 2010 (o de 2011 tem prazo até 31 de maio para ser divulgado), fica claro que várias das ações judiciais contra a empresa movidas por trabalhadores são típicas do setor. Em 31 de dezembro daquele ano, a companhia figurava como ré em 2.789 processos de cunho trabalhista. Desses, consta no texto do formulário, "86% foram propostos por empregados de empresas terceirizadas". A alegação de vínculo empregatício por profissionais dessa indústria é comum. Não raro, a Justiça dá razão à queixa. Há uma súmula que considera ilegal terceirizar funcionários para a atividade–fim. (...)

todas as pendências legais das companhias abertas são acompanhadas por auditores e advogados e são classificadas, dependendo do andamento das ações e do entendimento do Judiciário sobre determinados assuntos, em três níveis de risco: provável, possível e remoto. Para a primeira categoria, as companhias são obrigadas a constituir provisão, o que traz certa transparência e conforto para os acionistas. Se a questão representar pouco do valor de mercado da companhia (menos de 5%, normalmente), a tendência é de a informação não ser considerada, pois as oscilações habituais de preços das ações na Bolsa diluem o efeito da "descoberta" de um novo passivo. (...)


O preço da mão de obra - 12 de Maio de 2012 - Revista Capital Aberto - Danilo Gregório & João Carlos de Oliveira

Balanços Públicos – Indicadores de Desempenho

Convidamos o professor mestre Maurício Corrêa da Silva para uma postagem sobre contabilidade governamental. Recebemos e-mails perguntando sobre o assunto então decidimos chamar alguém diferente, com bom conhecimento, para apresentá-lo a quem ainda não o conhece no ambiente da contabilidade nacional. O professor acabou de lançar um livro, comentado anteriormente aqui. Mas deixemos o mestre falar!

Balanços Públicos – Indicadores de Desempenho - Parte 1 - Apresentação

Ao analisar os recursos públicos de um país, de um estado e/ou de um município para comparar e identificar qual governo apresentou melhor desempenho em determinado período, devem ser observados vários fatores, tais como: extensão territorial, localização geográfica, indústria, Produto Interno Bruto, economia, quantidade de contribuintes, etc. Com tantas variáveis, as comparações de desempenho acabam perdendo o seu significado, mas com a utilização dos Métodos Quantitativos as mesmas podem ser substituídas por coeficientes que permitirão inferir as análises pretendidas.

Neste sentido o Livro DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PÚBLICAS: Indicadores de Desempenho e Análise apresenta exemplos da aplicação de alguns Métodos Quantitativos nas análises de resultados das entidades públicas, bem como elenca vários indicadores de desempenho (indicadores de execução orçamentária e financeira; execução patrimonial e indicadores gerais) para analisar as demonstrações contábeis públicas e comparar resultados.

Os quadros dos indicadores de execução orçamentária e financeira; patrimonial e gerais foram elaborados de forma a facilitar a compreensão pelos contribuintes. Os indicadores positivos têm o propósito de evidenciar resultados contábeis da gestão em que os resultados da razão dos itens de análises representam situações em que o resultado deverá ser o quanto maior, melhor, ou seja, o Governo utilizou adequadamente os recursos públicos.

Os indicadores negativos têm o propósito de evidenciar resultados contábeis de gestão em que os resultados da razão dos itens de análises representam situações em que o resultado deverá ser o quanto maior, pior, ou seja, o contribuinte espera que o Governo diminua tais indicadores.

Balanços Públicos – Indicadores de Desempenho - Parte 2 - Indicadores de execução orçamentária e financeira utilizados para analisar os dados do Balanço Orçamentário.

- Indicadores positivos:
Comprometimento da receita corrente: Receitas correntes / Despesas correntes (Análise de resultado: quanto maior – melhor - recursos para capitalização).

Investimento real: Investimentos / Despesas de capital (Análise de resultado: quanto maior – melhor - realização de obras).

- Indicadores negativos:
Amortização e Refinanciamento de dívida real: Amortização e Refinanciamento de Dívida / Despesa de Capital (Análise de resultado: quanto maior - pior - utilização excessiva de recursos de terceiros).

Operações de crédito e refinanciamento real: Operações de crédito e refinanciamento / Receita de capital (Análise de resultado: quanto maior - pior (aumento de endividamento)

Balanços Públicos – Indicadores de Desempenho - Parte 3 - Indicadores de execução patrimonial utilizados para analisar dados do Balanço Patrimonial.

Balanços Públicos – Indicadores de Desempenho - Parte 4 - indicadores gerais utilizados para analisar os dados de quaisquer demonstrativos contábeis públicos.

Balanços Públicos – Indicadores de Desempenho - Parte 5 – Exemplos de análises.