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22 abril 2012

Enquanto isso, em 2004, na UnB


Discurso proferido como Patrono da Turma de Formandos em Ciências Contábeis, Fevereiro 2004.

Saudações: Vice-reitor, autoridades presentes, professores, senhoras e senhores, formandos.

Há um ditado no Brasil que diz que “conselho, se fosse bom, não seria de graça”. Peço portanto aos formandos que interpretem o que vou dizer apenas como pensamentos em voz alta de alguém mais velho que vocês.

Se me permitem, vou cometer a ousadia de falar sobre a profissão de contador. Tradicionalmente, a profissão tem sido a menos nobre ou o “patinho feio” dentre aquelas da área econômico-financeira (economia, administração, contabilidade e engenharia de produção). Talvez isso se deva ao fato de que os antigos contadores, na verdade técnicos em contabilidade, limitavam-se ao “fechamento de balanços”, atividade que tinha finalidades legais e de onde não saiam informações úteis para o gerenciamento da organização. O contador era o funcionário que ficava numa pequena sala entre pilhas de notas fiscais trabalhando até altas horas para fechar as contas da empresa.

Os tempos mudaram, e vêm mudando cada vez mais rápido para todo mundo. A formação do contador tornou-se muito mais complexa. O contador gera e analisa as informações financeiras estratégicas para as organizações. A importância da profissão aumentou muito e estão aí os cursos de mestrado em contabilidade, inclusive o nosso da UnB, o doutorado da USP e futuramente o nosso doutorado também.

No entanto, como quase tudo nesse mundo, as coisas não evoluem homogeneamente. Assim é com a evolução das profissões. Com relação à contabilidade, infelizmente ainda há empresários para os quais o contador só serve para manipular o balanço da empresa e mostrar o lucro desejado ou pagar o menos imposto de renda. Não perceberam ainda que o contador pode ser um agente crucial para a tomada de decisões estratégicas num mundo competitivo. Nessas empresas, as reuniões decisórias geralmente envolvem economistas, engenheiros, administradores, etc, mas o contador não é chamado a participar.

Do outro lado dessa arena, muitos contadores e estudantes de contabilidade parecem não ter percebido as possibilidades que a profissão lhes permite. Ao se limitarem a pouca coisa além do conhecimento das normas e procedimentos contábeis, talvez passem ao largo de outros assuntos de grande importância para a vida profissional, tais como os aspectos filosóficos, econômicos, sociológicos, psicológicos, quantitativos, dentre outros.

Na verdade, talvez isso já esteja mudando. Meus ex-alunos devem lembrar, talvez com algum calafrio, que tiveram que estudar algumas coisas meio distantes da contabilidade, tais como derivadas, logaritmos, matrizes, variâncias e regressões lineares. Alguns não escondiam a surpresa e até o medo de ter que passar por isso. No entanto, dentre mortos e feridos, salvaram-se quase todos.

Outros demonstraram a capacidade de vencer desafios ao elaborarem monografias sobre assuntos bem acima do que estudaram durante o curso, tais como redes neurais artificiais, teorias de Modigliani & Miller, modelo Black-Scholes, etc.

Assim, quando soube que havia sido escolhido patrono dessa turma, perguntei-me qual teria sido o motivo. Talvez com um pouco de otimismo, quero acreditar que o motivo é que, apesar da relutância inicial, os alunos sentiram-se gratos pelo desafio de enfrentar coisas novas, teoricamente mais difíceis. Se não foi por isso, agradeço de qualquer forma.

Conhecer os princípios e normas e saber “fechar um balanço” é fundamental para o contador, pois é a base de sua profissão. Entretanto, ouso pensar em voz alta que não deve haver obsessão pelas normas, até porque elas mudam. Muitas das normas contábeis são estabelecidas por lei e como disse Otto von Bismarck, chanceler da Alemanha no século XIX, a respeito das leis: “as leis são como as salsichas. Melhor é não ver como elas são feitas”.

Não estou sugerindo que os contadores devam desobedecer as normas e as leis, mas simplesmente que é importante ter um olhar crítico sobre essas coisas e, sempre que possível, questionar, sugerir e lutar por alterações que sejam pertinentes, especialmente quando é para o bem da sociedade em geral.

Muitos dos conceitos contábeis em vigor foram escritos numa época em que não havia preocupação com a validação empírica das idéias. Hoje em dia, impera a busca pela validação das teorias e hipóteses em todas as áreas do conhecimento. Se queremos que a contabilidade seja uma ciência, pensemos no que disse Karl Popper, o filósofo da ciência: “uma teoria só pode ser considerada científica se puder ser testada empiricamente”.

Para que as idéias evoluam é necessário testar e criticar a validade do que está estabelecido, em qualquer área do conhecimento. Só é possível criticar alguma coisa se pudermos olhá-la como se estivéssemos do lado de fora. Daí a importância de o contador estar aberto a outras áreas do conhecimento e de não ter receio de aprender. Para mim está mais do que claro que os estudantes de contabilidade têm competência para aprender tudo o que quiserem. Basta não terem medo das derivadas, logaritmos, elasticidades, curvas de demanda e outras coisas mais.

Com essa atitude, pode-se esperar que o contador assuma o seu devido papel como participante efetivo do processo decisório das organizações e não meramente como “fechador” ou manipulador de balanços para cumprir a lei ou para que o patrão pague menos impostos ou cometa fraudes, que podem prejudicar milhares de pessoas (vide Parmalat).

Com isso, podemos esperar que no futuro não ocorra mais o que ocorreu aqui mesmo nessa Universidade, quando um professor de uma outra área afirmou com desdém que ciências contábeis era algo que cabia num disquete de computador.

A valorização da profissão depende de vocês. A superação de uma pretensa inferioridade, inexistente de fato, que tentam às vezes impingir a essa profissão depende da atitude de vocês.

Muito obrigado.

Rir é o melhor remédio

As armas dos heróis. Fonte: Aqui

Tony Judt


No meio do caminho deste livro provocador e inspirador, Tony Judt afirma que Richard Cobb, um dos mais renomados especialistas sobre a Revolução Francesa no mundo, "na verdade nunca me considerou um historiador. Para Cobb, eu era um intruso na disciplina, com todos os piores vieses de um intelectual francês: escrevendo política sob o manto de erudição histórica". Se Cobb, historiador britânico que morreu em 1996, realmente o depreciou nesses termos, podemos suspeitar que Judt tenha extraído uma satisfação maliciosa do fato. Em certos aspectos, Judt - que encerrou sua carreira como professor de estudos europeus na Universidade de Nova York -, era realmente mais um intelectual francês do que um historiador acadêmico inglês.

Aos vinte e poucos anos, confessa Judt, ele estava "maravilhosamente contente" vivendo em Paris como estudante de pós-graduação. Publicou seu primeiro livro, um estudo sobre o Partido Socialista francês na década de 1920 - em francês, e não em inglês. Como qualquer fervoroso polemista parisiense, amava os embates das discussões públicas entre os intelectuais sobre as questões do momento.

Mas Judt tinha uma aversão a extremismos ideológicos mais típica de um pensador inglês do que de um francês. A mordacidade com que tratava os estudantes na École Normale Supérieure, uma das prestigiadas "grandes écoles" francesas, é essencialmente inglesa: no início da década de 1970, diz ele, ela estava "repleta de jovens franceses absurdamente supercultos, com egos inchados e peitos encolhidos".

Além disso, em seus campos de especialização, política europeia e pensamento político do século XX, Judt aderia aos mais altos padrões de erudição histórica anglo-americana. Autodisciplinado, bem como extraordinariamente talentoso como pensador e escritor, ele acreditou até o fim que o estudo das ideias políticas deve ser solidamente fundamentado em seu contexto histórico.

O fim de Judt veio, aos 62 anos de idade, em agosto de 2010, quando sucumbiu à esclerose lateral amiotrófica, doença neurológica degenerativa. "Thinking the Twentieth Century" ("Pensando o século XX") é produto de uma série de longas conversas que manteve em 2009, em Nova York, com Timothy Snyder, amigo e historiador americano especializado em Europa Oriental. Snyder gravou e editou as conversas, e então enviou-as para serem revisadas por Judt.

Por pura coragem humana, assim como por seu brilho intelectual, o resultado é notável. Apesar de sua alarmante deterioração física, Judt produziu um derradeiro conjunto de ideias eloquentes sobre o fascismo, o stalinismo, o pensamento dissidente na Europa Oriental pós-1956, as falhas da moderna Israel, a invasão americana no Iraque em 2003 e o futuro da democracia social ocidental.

O livro cobre parte do terreno já explorado em duas outras obras. "O Mal Ronda a Terra" [Objetiva], publicado em 2010, disseca a busca desenfreada de autointeresse material que, acreditava ele, caracterizou as sociedades americana e britânica desde a década de 1980 até a crise financeira de 2008. "O Chalé da Memória", de 2011, é uma coletânea de ensaios publicada logo após sua morte [lançada agora no Brasil pela editora Objetiva]. Já "Thinking the Twentieth Century" é, em si mesmo, um feito substancial.

O livro acompanha o leitor por meio de nove dimensões da vida de Judt, cada uma precedida de seu próprio título de capítulo: Questionador Judeu, Escritor Inglês, Politicamente Marxista, Sionista de Cambridge, Intelectual Francês, Liberal do Leste Europeu, Historiador Europeu, Moralista Americano e, finalmente, Social-Democrata. Como indicam esses rótulos, Judt não residia numa torre de marfim, sendo, antes, um homem incansável que assumia riscos, tendo raramente ficado em uma mesma cidade ou cargo acadêmico por muito tempo.

Nascido em Londres, filho de pais judeus com origens no Leste Europeu, durante sua adolescência Judt desenvolveu uma posição sionista de esquerda, tendo servido como intérprete no exército israelense durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. Até o fim de sua vida, foi um crítico severo contra Israel. Ele comenta no livro que o Estado "se destaca por sua cultura política nacional um tanto paranoica e tornou-se doentiamente dependente da muleta do Holocausto - a muleta moral e arma predileta com que Israel se defendia de todas as críticas".

Essas opiniões incisivas valeram-lhe uma condenação em círculos pró-Israel americanos, acusado de "judeu antissemita". Mas a polêmica, sob muitos aspectos, errava o alvo, pois a disputa entre Israel e os palestinos nunca esteve no centro das preocupações intelectuais de Judt.

Sua estatura como historiador repousa mais em "Pós-Guerra - Uma História da Europa desde 1945" [Objetiva], e em seus cinco livros sobre a França. Em minha opinião, os melhores são "Passado Imperfeito" [Nova Fronteira], que analisa por que tantos pensadores franceses nas décadas de 1940 e 1950 foram atraídos para o comunismo linha-dura, e "The Burden of Responsibility" [o fardo da responsabilidade], de 1988, que celebra a coragem política e intelectual de Raymond Aron, Léon Blum e Albert Camus na resistência a essa moda.

A mensagem central de "Thinking the Twentieth Century" é o que Judt denomina "pecado do intelectual do século: emitir juízo sobre o destino de outros em nome do futuro como você o vê". Se Lênin, Hitler, Stálin e Mao foram abomináveis bandidos e tiranos, os intelectuais que os defendiam também podem ser culpados por seu apoio.

"É crucialmente importante, para uma sociedade aberta, estar familiarizada com seu passado", diz Judt. "Foi uma característica comum das sociedades fechadas do Século 20, tanto de esquerda como de direita, que manipularam a história. Reescrever o passado é a mais antiga forma de controle do conhecimento."

Ele tem razão: o conhecimento da história, embora não garanta contra abusos de poder, contribui em alguma medida para sustentar a liberdade. A vida de Tony Judt foi uma homenagem corajosa e vibrante a essa verdade. (Tradução de Sérgio Blum).
Fonte: Tony Barber - Financial Times


21 abril 2012

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Princípio da Incerteza


Durante a leitura do livro Gigantes da Física : Uma História da Física Moderna através de oito biografias, de autoria de Richard Brennan, cheguei ao trecho sobre o Princípio da Incerteza, que já foi tema da seguinte postagem: Por que o contador influencia a medida?. Segue transcrição das páginas 182,182,183,184:


Na primavera de 1927, Werner Heisenberg, então com apenas 26 anos, propôs a Zeitschrift für Physik um curto artigo intitulado " Sobre o conteúdo perceptivo da cinemática da mecânica quântica teórica". Essse texto de 27 páginas, enviado da Dinamarca para a revista, continha a forumulação do famoso Princípio da Incerteza na Mecânica Quântica (também conhecido como Princípio da Indeterminação) assegurou a Heisenberg um lugar na história da ciência. Isso porque o princípio da incerteza tem amplas implicações não só parara a física subatômica como para todo o conhecimento humano.

A compreensão que está no cerne do Princípio da Incerteza surgiu das tentativas teóricas para determinar a órbita exata dos elétrons num átomo. Para determinar a posição de um elétron em circulação em um átomo, é necessário iluminá-lo d alguma maneira; isto é, um feixe de alguma radiação eletromagnética de comprimento de onda curto dve ser concentrado no elétron. Essa radiação iluminante, contudo, comporta-se como um grupo de partículas, e estas- ou até só uma delas-, ao colidir com o elétron, alteram-lhe a posição. Mais ou menos como uma bola de bilhar que atinge e move uma outra. Portanto, o próprio ato de iluminar o elétron apara observá-lo e medir sua posição altera-lhe o movimento e, consequentemente, deixa de ser possível medir sua posição com certeza.

Pode-se faer uma analogia simples, que ajuda a explicar o princípio, com uma sala de aula cheia de estudantes. O diretor da escola não tem como descobrir por observação direta como os alunos se comportam normalmente porque o mero fato de sua entrada na sala de aula os faz se comportarem de uma menira atípica. Para dar um outro exemplo, quando se tenta medir a temperatura da água quente de uma chaleira sobre o fogão, a própria insrção de um trmômetro na água muda sua temperatura-não muito, é claro, mas o suficiente para tornar a exatidão impossível. O mesmo se aplica a todas as quantidades físicas. O ato da observação sempre altera o observado de maneira a tal impedir uma medida indiscutível.

(...)Heisenberg mostrou que, na verdade, a incerteza impregna toda a natureza; não é um mero efeito colateral anômalo do trabalho com variáveis experimentais muito diminutas. A incerteza está sempre presente, é inescapável.

(...)Que diferença faz a inexatidão para nós que vivemos no mundo mais amplo, o macrocosmo? A resposta é que, embora todas as medidas envolvam alguma grau d incerteza, na escala macroscópica ele não é significativo. Podemos continuar voando de São Francisco para Nova York com a certeza de alcançar nosso destino final. Não tingiremos exatamente o alvo, mas estaremos suficientemnte próximos. Podemos até lançar satélites nas profundezas do espaço com segurança de que, ainda que nossos cálculos tenha sido um pouquinho inexatos, o erro será tão pequeno que nenhum instrumento de medida poderá detectá-lo.

Ainda assim, pode ser filosoficamente pertubador compreender que há uma inexatidão inerente em tudo o que fazemos, em cada medição que fazemos. Alguns matmáticos gostariam de acreditar que quando fazem todos os seus cálculos da manira mais acurada possível, o resultado é inteiramente previsível. Mas não é o que acontece com o Princípio de Heisenberg. A própria tenativa de conhecer com absoluta precisão qualquer fato físico é fundamentalmente invasiva. Devemos por isso desistir da investigação científica? Obviamente não. A pesquisa científica prossegue, mas temos nova compreeensão de suas limitações.

Com o tempo, as implicações do princípio da incerteza d Heisenbrg começaram a mergir. Primiro so físicos quânticos aceitaram as ideias de Heisenberg, depois outros cintistas, e finalmente uns poucos do público esclarecido em geral. Com essa aceitação veio a compreensão pertubadora de que a incerteza não está confinada ao laboratório.

Logo se descobriram analogias com a mcânica quântica em muitos outros campos, e começou-se a fazer perguntas inquietantes sobre o próprio conhecimento. Haveria alguma área da investigação humana m que o conhcimento poderia ser pensado como absolutamente certo e correto? Mesmo no campo da matemática, por muito tempo considrado a cidadela da certeza, surgiram dúvidas. O matmático austríaco Kurt Godel mostrou no início da década de 1930 que no interior de qualquer sistema lógico, por mais rigidamente estruturado que seja, sempre há questões que não são possíveis resolver com certeza, sempre se pode descobrir contradições e imprecisões que nele se ergueiraram.

(...)A influência de Eisenberg foi tão difusa que pode ser detectada até no mundo da ficção. Num artigo publicado no The New York Times Book Review, um crítico disse a propósito de uma romancista: "Ela conhece bastante sobre Heisenberg para compreender que o ato de observar altera o objeto que está sendo observado; ou, em termos literários, que o ato de contar a história altera a história que está sendo contada."

20 abril 2012

Rir é o melhor remédio

Contador. Fonte: Blog Contabilidade Financeira

Teste 548

Em geral as entidades enfatizam os ganhos, não as perdas. Mas o Bank of America, na demonstração do primeiro trimestre de 2012, orgulhosamente informava que tinha registrado um prejuízo de US$4,8 bilhões em razão de ajustes do seu passivo. Sabendo que o passivo é avaliado a valor justo, qual a razão do júbilo do banco? (Uma dica: capitulo 7, Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva)

Resposta do Anterior: a) 6 mil; b) 3 mil; c) 1/3 de 3 mil ou mil; d) (1000 – 10 cupons x 50% x 60) = 700; e) R$2700 para ambos; f) 20 x 60 = 1200; g) 2700 para o cliente X e 1500 para Groupon. Baseado em Salmon