16 março 2012
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Fracasso
Razões para o fracasso no doutorado
Eficiência: Supremo julga uma ação com mais de 50 anos de trâmite
98% das pessoas mentem no currículo do Linkedin
Lazer
Dez lugares para visitar antes de desaparecerem
Neimar será personagem de Maurício de Sousa
Oriente
Panda Sushi (foto)
Exemplos de origamis inspirados
Tecnologia
Celular e gravidez
Depois de 244 anos, a Enciclopedia Britânica não será mais impressa
Estados Unidos
Nos EUA denúncia pode valer dinheiro
Bernanke salvou a economia
AICPA e a questão do reconhecimento da receita segundo Fasb e Iasb
Empresas dos EUA possuem 1,24 trilhão em caixa
Multa para quem vendia as ações do Facebook
Endividamento
Definição – Mede se uma empresa é muito ou pouco endividada, ou seja, se usa muito ou pouco capital de terceiros onerosos.
Fórmula – Endividamento = (Passivo / Ativo) x 100
Sendo
Passivo – corresponde a soma do passivo circulante e do passivo não circulante (de longo prazo) da empresa. Para as empresas que possuem um quantidade significativa de desconto de duplicatas, do lado do ativo, este valor deverá ser somado ao passivo.
Ativo – refere-se ao total do ativo da empresa. Nas empresas com desconto de duplicatas expressivo, este valor deverá ser considerado no passivo, pois trata-se de um empréstimo com garantia.
Unidade de Medida – O endividamento está expresso em percentagem. Assim, falamos que uma empresa possui 40% de endividamento, significando que o passivo representa 40% do ativo da empresa.
Intervalo da medida – A rigor o endividamento pode ser superior a 100%, quando a empresa possui passivo a descoberto (ou seja, patrimônio líquido negativo). O normal é que o índice esteja entre 0 e 100%, sendo que quando maior o índice maior o nível de endividamento.
Como calcular – Os valores do índice são encontrados no balanço patrimonial das empresas.
A figura a seguir foi retirada do balanço da Braskem, obtido aqui. Os valores estão expressos em reais mil.
O passivo corresponde a soma do circulante e do não circulante:
Passivo = 6629 975 + 15 640 221 = 22 270 196
O denominador é o ativo, que corresponde a 32 054 milhões de reais. Assim, o endividamento é dado por:
Endividamento = (22 270 / 32 054) x 100 = 69,5%
Ou seja, o endividamento da empresa é de quase 70%. Assim, o ativo é financiado por 30% de capital próprio e 70% de capital de terceiros.
Grau de utilidade – Elevado. É um dos índices mais relevantes para análise de uma empresa. Mostra se a empresa é muito ou pouco endividada.
Controvérsia de Medida – Pouca. Existem algumas medidas alternativas, mas nada que questione a forma de cálculo apresentada aqui.
Observações Adicionais
a) Uma possibilidade alternativa é relacionar o passivo com o patrimônio líquido. A desvantagem desta opção é que o intervalo da medida poderá variar entre zero e infinito. Já o índice passivo sobre ativo varia entre zero e cem por cento.
b) O fato de a empresa ser muito endividada não significa necessariamente algo ruim. Tudo irá depender da composição da dívida. No exemplo apresentado, observe que quase todo dívida de curto prazo da empresa é originária de fornecedores, que geralmente não tem despesas financeiras. Isto significa 5 bilhões de reais. Os financiamentos e empréstimos, geram despesa financeira, corresponde a algo em torno de 12 bilhões de reais. Além disto, quando a empresa consegue captar a um custo reduzido, numa operação com juros subsidiados, volumes elevados de financiamento pode permitir alavancar o resultado da empresa.
Veja também:
Ebitda
Margem Operacional
NIG sobre Vendas
Valor do Empreendimento
Capitalização
Margem Bruta
ROI
Liquidez Corrente
15 março 2012
Fluxo de Caixa Livre
Definição – O fluxo de caixa livre corresponde a movimentação do caixa com as atividades operacionais mais o fluxo decorrente dos investimentos de capital realizados.
Fórmula – Fluxo de Caixa Livre = Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais – Gastos com manutenção de capital
Sendo
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais – refere-se ao fluxo das operações, conforme obtido na demonstração dos fluxos de caixa. Não devem ser consideradas neste item as despesas financeiras, que em algumas DFCs é parte do fluxo operacional.
Gastos com Manutenção de Capital – corresponde ao caixa usado para aquisição de imobilizado da empresa. Para as empresas que obtiveram receita com venda de imobilizado este valor deve ser retirado.
Unidade de Medida – O Fluxo de Caixa Livre está expresso em reais.
Intervalo da medida – Pode variar bastante, já que a unidade de medida é um número absoluto. Em geral o fluxo das atividade operacionais tende a ser positivo. Já os gastos com manutenção de capital geralmente são negativos. Quando o valor é negativo, considerando que a primeira parcela positiva, isto indicaria que a empresa está investimento dinheiro em imobilizados que precisam ser financiados por capital de terceiros ou pelos acionistas. Quando o fluxo de caixa livre é positivo isto significa que o caixa gerado nas operações é suficiente para financiar os investimentos de capital, sobrando dinheiro que será usado para remunerar o capital de terceiros e o capital próprio.
Como calcular – Algumas empresas calculam o fluxo de caixa livre. Entretanto, como não existe uma padronização, os métodos de cálculo podem variar muito. Os valores podem ser obtidos na DFC.
Considere a empresa Fibria e o seguinte extrato da DFC.
A última coluna corresponde a informação de 2010 e a penúltima de 2011, em milhões de reais. O fluxo operacional de 2011 foi de 1348 milhões de reais, mas está incluso juros pagos no financiamento, de 582.
Precisamos eliminar isto do fluxo operacional. Logo após, nas atividades de investimento, existem duas linhas: aquisição de imobilizado e receita na venda de imobilizado. Estas duas linhas correspondem ao gasto com capital. Assim o fluxo de caixa livre é dado por:
Fluxo de Caixa Livre de 2011 = (1348 + 582) – (1240 – 82) = 772 milhões de reais
Podemos fazer o mesmo cálculo para 2010:
Fluxo de Caixa Livre de 2010 = (1696 + 722) – (1066 – 20) = 1372 milhões de reais
Observe que a empresa reduziu o fluxo de caixa livre em 600 milhões de reais em razão da redução da geração de caixa das operações. Anualmente a empresa gasta em capital mais de 1 bilhão de reais.
Uma forma mais preguiçosa de calcular o fluxo de caixa livre é somar o fluxo das operações com o fluxo de investimento. No caso da Fribia isto representaria um Fluxo de Caixa Livre de 620 milhões e -122 milhões em 2011 e 2010, respectivamente.
Conforme afirmado anteriormente, algumas empresas calculam e apresentam esta informação. É o caso da Fibria. Entretanto seu cálculo parte do Ebitda ajustado, considera as despesas financeiras, o pagamento de dividendos e impostos. O valor obtido pela empresa está na figura a seguir
Esta forma de cálculo não é adequada e não reflete o fluxo de caixa livre.
Grau de utilidade – Moderada. O fluxo de caixa livre é um índice importante no longo prazo. Entretanto, em empresas com investimentos cíclicos, a medida pode gerar distorção. A rigor o melhor seria a projeção desta medida, pois representaria o fluxo de caixa previsto antes da distribuição do resultado da empresa.
Controvérsia de Medida – Muita. Observe no exemplo usado que a forma de cálculo da empresa é bastante divergente daquela que propomos.
Observações Adicionais
a) No longo prazo o fluxo de caixa livre deve ser positivo. Situações de valores negativos persistentes indicariam que a empresa não consegue gerar dinheiro para pagar seus financiadores;
b) Em alguns setores, os investimentos de capital são cíclicos. Isto faz com que períodos longos de fluxo de caixa livre positivo sejam acompanhados de períodos onde o fluxo pode ser negativo em razão do elevado volume de investimento. Nestes períodos a empresa geralmente evita pagar dividendos.
c) O fluxo de caixa livre pode ser usado comparando com as vendas anuais do período. Isto poderia facilitar a análise comparativa entre empresas de diferentes portes.
d) A rigor o gasto com manutenção de capital deveria ser estimado pelo analista, considerando todos os investimentos necessários para a empresa se manter no mercado.
e) Quando a empresa tem dificuldades de gerar caixa das operações existe uma tendência a reduzir o volume de investimento. Apesar disto permitir que o fluxo de caixa livre seja positivo num determinado exercício social, esta opção pode comprometer a participação da empresa no mercado.
Fórmula – Fluxo de Caixa Livre = Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais – Gastos com manutenção de capital
Sendo
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais – refere-se ao fluxo das operações, conforme obtido na demonstração dos fluxos de caixa. Não devem ser consideradas neste item as despesas financeiras, que em algumas DFCs é parte do fluxo operacional.
Gastos com Manutenção de Capital – corresponde ao caixa usado para aquisição de imobilizado da empresa. Para as empresas que obtiveram receita com venda de imobilizado este valor deve ser retirado.
Unidade de Medida – O Fluxo de Caixa Livre está expresso em reais.
Intervalo da medida – Pode variar bastante, já que a unidade de medida é um número absoluto. Em geral o fluxo das atividade operacionais tende a ser positivo. Já os gastos com manutenção de capital geralmente são negativos. Quando o valor é negativo, considerando que a primeira parcela positiva, isto indicaria que a empresa está investimento dinheiro em imobilizados que precisam ser financiados por capital de terceiros ou pelos acionistas. Quando o fluxo de caixa livre é positivo isto significa que o caixa gerado nas operações é suficiente para financiar os investimentos de capital, sobrando dinheiro que será usado para remunerar o capital de terceiros e o capital próprio.
Como calcular – Algumas empresas calculam o fluxo de caixa livre. Entretanto, como não existe uma padronização, os métodos de cálculo podem variar muito. Os valores podem ser obtidos na DFC.
Considere a empresa Fibria e o seguinte extrato da DFC.
A última coluna corresponde a informação de 2010 e a penúltima de 2011, em milhões de reais. O fluxo operacional de 2011 foi de 1348 milhões de reais, mas está incluso juros pagos no financiamento, de 582.
Precisamos eliminar isto do fluxo operacional. Logo após, nas atividades de investimento, existem duas linhas: aquisição de imobilizado e receita na venda de imobilizado. Estas duas linhas correspondem ao gasto com capital. Assim o fluxo de caixa livre é dado por:
Fluxo de Caixa Livre de 2011 = (1348 + 582) – (1240 – 82) = 772 milhões de reais
Podemos fazer o mesmo cálculo para 2010:
Fluxo de Caixa Livre de 2010 = (1696 + 722) – (1066 – 20) = 1372 milhões de reais
Observe que a empresa reduziu o fluxo de caixa livre em 600 milhões de reais em razão da redução da geração de caixa das operações. Anualmente a empresa gasta em capital mais de 1 bilhão de reais.
Uma forma mais preguiçosa de calcular o fluxo de caixa livre é somar o fluxo das operações com o fluxo de investimento. No caso da Fribia isto representaria um Fluxo de Caixa Livre de 620 milhões e -122 milhões em 2011 e 2010, respectivamente.
Conforme afirmado anteriormente, algumas empresas calculam e apresentam esta informação. É o caso da Fibria. Entretanto seu cálculo parte do Ebitda ajustado, considera as despesas financeiras, o pagamento de dividendos e impostos. O valor obtido pela empresa está na figura a seguir
Esta forma de cálculo não é adequada e não reflete o fluxo de caixa livre.
Grau de utilidade – Moderada. O fluxo de caixa livre é um índice importante no longo prazo. Entretanto, em empresas com investimentos cíclicos, a medida pode gerar distorção. A rigor o melhor seria a projeção desta medida, pois representaria o fluxo de caixa previsto antes da distribuição do resultado da empresa.
Controvérsia de Medida – Muita. Observe no exemplo usado que a forma de cálculo da empresa é bastante divergente daquela que propomos.
Observações Adicionais
a) No longo prazo o fluxo de caixa livre deve ser positivo. Situações de valores negativos persistentes indicariam que a empresa não consegue gerar dinheiro para pagar seus financiadores;
b) Em alguns setores, os investimentos de capital são cíclicos. Isto faz com que períodos longos de fluxo de caixa livre positivo sejam acompanhados de períodos onde o fluxo pode ser negativo em razão do elevado volume de investimento. Nestes períodos a empresa geralmente evita pagar dividendos.
c) O fluxo de caixa livre pode ser usado comparando com as vendas anuais do período. Isto poderia facilitar a análise comparativa entre empresas de diferentes portes.
d) A rigor o gasto com manutenção de capital deveria ser estimado pelo analista, considerando todos os investimentos necessários para a empresa se manter no mercado.
e) Quando a empresa tem dificuldades de gerar caixa das operações existe uma tendência a reduzir o volume de investimento. Apesar disto permitir que o fluxo de caixa livre seja positivo num determinado exercício social, esta opção pode comprometer a participação da empresa no mercado.
Estrutura Conceitual e Conservadorismo
Os resultados das pesquisas sobre a Hipótese do Mercado Eficiente sugerem que o preço das ações não é determinado apenas por informações contábeis. Ball e Brown (1968) afirmam que a falta de uniformidade nos princípios contábeis permitiu a manipulação dos lucros de forma a ofuscar a visão dos investidores.
Nos mais altos níveis teóricos, a estrutura conceitual da contabilidade define o escopo e o objetivo do financial reporting. No próximo nível fundamental teórico são definidas e identificadas as características qualitativas da informação financeira (relevância, fidelidade de representação, compreensibilidade, comparabilidade, oportunidade, verificabilidade); e os elementos básicos dos relatórios contábeis (ativos, passivos, patrimônio, receitas, despesas e lucro). No menor nível operacional, a estrutura conceitual trata princípios e preceitos de reconhecimento e mensuração dos elementos básicos, além do tipo de informação a ser divulgada (GODFREY et al, 2006).
Conforme Godfrey et al (2006), regulamentadores tentaram estabelecer ordem criando inúmeras resoluções e padrões contábeis. Algumas das regulamentações iniciais tratavam a essência de práticas adotadas com base em padrões arbitrários; outras eram resultados da influência direta de leis, regras governamentais, pressões de gestores, conveniência política.
Solomons (1978 apud GODFREY et al, 2006) vê a estrutura conceitual como uma defesa contra a interferência política na neutralidade dos relatórios contábeis. Ele nota que políticas contábeis podem ser implementadas apenas se fazendo um julgamento de valor, mas não há como provar que o julgamento de valor de qualquer grupo em particular é melhor para a sociedade do que aquele de outros.
Em setembro de 2002 o Financial Accounting Standards Board – FASB e o International Accounting Standards Board – IASB assinaram o acordo de Norwalk, no qual se comprometeram a desenvolver padrões de contabilidade compatíveis e de alta qualidade. O objetivo do Conceptual Framework é desenvolver uma estrutura conceitual em comum que seja tanto completa quanto internamente consistente, além de ser uma base segura para desenvolver padrões contábeis futuros.
Em setembro de 2010 o FASB publicou o Statement of Financial Accounting Concepts n. 8 – SFAC 8 (2010), atualizando estruturas conceituais anteriormente emitidas. No capítulo 3, que discorre sobre as características qualitativas da informação financeira útil, o Conselho (FASB, 2010) destaca a fidelidade de representação: para que seja útil, a informação deve não apenas reproduzir fenômenos relevantes, como também representar fielmente o fenômeno que se propõe a retratar. No parágrafo BC 3.19, do SFAC 8 (2010), é ressaltado que a representação fiel se distingue do que foi apresentado em versões precedentes ao descartar o conservadorismo como uma de suas características.
O conservadorismo implica que, quando em dúvida, deve-se escolher a alternativa contábil que tenha a menor chance de supervalorizar a receita ou os ativos da empresa. Isso acarreta a possibilidade de falta de confiabilidade, já que há espaço para decisões e avaliações subjetivas.
Basu (1997) interpreta o conservadorismo como sendo um mecanismo que ocasiona o reflexo mais rápido no lucro de más notícias do que de boas. Schroeder, Clark e Cathey (2009) afirmam que o princípio foi elaborado inicialmente para conter o otimismo gerencial, mas a crescente pressão por demonstrações mais confiáveis e relevantes reduziram a sua influência. Riahi-Belkaoui (2004) aponta que atualmente o conservadorismo é adotado principalmente como um guia para situações extraordinárias e que, por possibilitar erros, distorções e demonstrações enganosas, está destinado a ser menos utilizado.
Para verificar se a contabilidade conservadora induz uma assimetria informacional, Pope e Walker (1999) analisaram as diferenças na oportunidade de reconhecimento do lucro entre o Reino Unido e os Estados Unidos. Concluiu-se que no Reino Unido reconhecem-se as más notícias mais rapidamente que as empresas norte-americanas e que o lag no reconhecimento das boas notícias se atrasa em até um ano.
Frente a tal aspecto, há de se considerar que o conservadorismo contábil afete a análise das demonstrações.
Lev (1989) reitera que a relação entre lucros e retornos de diversos estudos é baixa. Kallunki e Martikainen (1997) propõem que um dos motivos para isso seria a falta da oportunidade do lucro em refletir eventos value-relevant. Isso ocorre, em parte, em decorrência das práticas contábeis adotadas atenderem à mensuração com base no custo histórico. Consequentemente, os contadores trocam a oportunidade no reconhecimento das mudanças nos ativos líquidos em favor da objetividade, verificabilidade e prudência.
E os lucros contábeis e retornos acionários?
Collins e Kothari (1989) ressaltam a importância de se considerar a estrutura de lead-lag entre os retornos e os lucros, já que as informações envolvidas nos lucros contábeis provavelmente não serão capturadas pelos preços acionários durante o período fiscal de forma contemporânea. Consequentemente, os retornos devem ser acumulados ao longo de um período determinado em torno do ano fiscal. Kothari (1992) considera que a natureza do processo contábil de mensuração do custo histórico limita a habilidade de refletir a expectativa do mercado quanto aos lucros futuros. De tal modo, os lucros seriam liderados pelos preços acionários.
A assimetria dos lucros decorrente do conservadorismo contábil tem forte poder explicativo sobre o declínio na associação lucros-retornos, conforme demonstrado por Ryan e Zarowin (2003). Balachandram e Mohanram (2011), ao contrário, não encontraram evidências de que a contabilidade é a fonte da redução temporal da value relevance das informações contábeis. Lim e Park (2011), por sua vez, analisaram o decaimento da associação entre lucros e retornos com hipóteses de pesquisas desenvolvidas com base na estrutura lead-lag das variáveis. Os autores concluíram que o declínio ocorreu devido ao aumento do ruído nos retornos acionários e não em consequência a ruídos no desenvolvimento das métricas contábeis, tal como lucro líquido ou fluxo de caixa.
Nota-se que vários estudos que focaram a relação lucros-retornos atribuíram a fraca associação encontrada a deficiências no sistema de mensuração contábil (LEV, 1989; LEV; THIAGARAJAN, 1993; RYAN; ZAROWIN, 2003). Essa, entretanto, pode ser uma conclusão prematura, pois, dentre outros aspectos, há de se reconhecer a relação contemporânea entre as variáveis.
Fonte: SALES, I. C. H. A dinâmica da relação entre lucros contábeis e os retornos acionários nas empresas brasileiras de capital aberto. 87f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN, 2011.
Nos mais altos níveis teóricos, a estrutura conceitual da contabilidade define o escopo e o objetivo do financial reporting. No próximo nível fundamental teórico são definidas e identificadas as características qualitativas da informação financeira (relevância, fidelidade de representação, compreensibilidade, comparabilidade, oportunidade, verificabilidade); e os elementos básicos dos relatórios contábeis (ativos, passivos, patrimônio, receitas, despesas e lucro). No menor nível operacional, a estrutura conceitual trata princípios e preceitos de reconhecimento e mensuração dos elementos básicos, além do tipo de informação a ser divulgada (GODFREY et al, 2006).
Conforme Godfrey et al (2006), regulamentadores tentaram estabelecer ordem criando inúmeras resoluções e padrões contábeis. Algumas das regulamentações iniciais tratavam a essência de práticas adotadas com base em padrões arbitrários; outras eram resultados da influência direta de leis, regras governamentais, pressões de gestores, conveniência política.
Solomons (1978 apud GODFREY et al, 2006) vê a estrutura conceitual como uma defesa contra a interferência política na neutralidade dos relatórios contábeis. Ele nota que políticas contábeis podem ser implementadas apenas se fazendo um julgamento de valor, mas não há como provar que o julgamento de valor de qualquer grupo em particular é melhor para a sociedade do que aquele de outros.
Em setembro de 2002 o Financial Accounting Standards Board – FASB e o International Accounting Standards Board – IASB assinaram o acordo de Norwalk, no qual se comprometeram a desenvolver padrões de contabilidade compatíveis e de alta qualidade. O objetivo do Conceptual Framework é desenvolver uma estrutura conceitual em comum que seja tanto completa quanto internamente consistente, além de ser uma base segura para desenvolver padrões contábeis futuros.
Em setembro de 2010 o FASB publicou o Statement of Financial Accounting Concepts n. 8 – SFAC 8 (2010), atualizando estruturas conceituais anteriormente emitidas. No capítulo 3, que discorre sobre as características qualitativas da informação financeira útil, o Conselho (FASB, 2010) destaca a fidelidade de representação: para que seja útil, a informação deve não apenas reproduzir fenômenos relevantes, como também representar fielmente o fenômeno que se propõe a retratar. No parágrafo BC 3.19, do SFAC 8 (2010), é ressaltado que a representação fiel se distingue do que foi apresentado em versões precedentes ao descartar o conservadorismo como uma de suas características.
O conservadorismo implica que, quando em dúvida, deve-se escolher a alternativa contábil que tenha a menor chance de supervalorizar a receita ou os ativos da empresa. Isso acarreta a possibilidade de falta de confiabilidade, já que há espaço para decisões e avaliações subjetivas.
Basu (1997) interpreta o conservadorismo como sendo um mecanismo que ocasiona o reflexo mais rápido no lucro de más notícias do que de boas. Schroeder, Clark e Cathey (2009) afirmam que o princípio foi elaborado inicialmente para conter o otimismo gerencial, mas a crescente pressão por demonstrações mais confiáveis e relevantes reduziram a sua influência. Riahi-Belkaoui (2004) aponta que atualmente o conservadorismo é adotado principalmente como um guia para situações extraordinárias e que, por possibilitar erros, distorções e demonstrações enganosas, está destinado a ser menos utilizado.
Para verificar se a contabilidade conservadora induz uma assimetria informacional, Pope e Walker (1999) analisaram as diferenças na oportunidade de reconhecimento do lucro entre o Reino Unido e os Estados Unidos. Concluiu-se que no Reino Unido reconhecem-se as más notícias mais rapidamente que as empresas norte-americanas e que o lag no reconhecimento das boas notícias se atrasa em até um ano.
Frente a tal aspecto, há de se considerar que o conservadorismo contábil afete a análise das demonstrações.
Lev (1989) reitera que a relação entre lucros e retornos de diversos estudos é baixa. Kallunki e Martikainen (1997) propõem que um dos motivos para isso seria a falta da oportunidade do lucro em refletir eventos value-relevant. Isso ocorre, em parte, em decorrência das práticas contábeis adotadas atenderem à mensuração com base no custo histórico. Consequentemente, os contadores trocam a oportunidade no reconhecimento das mudanças nos ativos líquidos em favor da objetividade, verificabilidade e prudência.
E os lucros contábeis e retornos acionários?
Collins e Kothari (1989) ressaltam a importância de se considerar a estrutura de lead-lag entre os retornos e os lucros, já que as informações envolvidas nos lucros contábeis provavelmente não serão capturadas pelos preços acionários durante o período fiscal de forma contemporânea. Consequentemente, os retornos devem ser acumulados ao longo de um período determinado em torno do ano fiscal. Kothari (1992) considera que a natureza do processo contábil de mensuração do custo histórico limita a habilidade de refletir a expectativa do mercado quanto aos lucros futuros. De tal modo, os lucros seriam liderados pelos preços acionários.
A assimetria dos lucros decorrente do conservadorismo contábil tem forte poder explicativo sobre o declínio na associação lucros-retornos, conforme demonstrado por Ryan e Zarowin (2003). Balachandram e Mohanram (2011), ao contrário, não encontraram evidências de que a contabilidade é a fonte da redução temporal da value relevance das informações contábeis. Lim e Park (2011), por sua vez, analisaram o decaimento da associação entre lucros e retornos com hipóteses de pesquisas desenvolvidas com base na estrutura lead-lag das variáveis. Os autores concluíram que o declínio ocorreu devido ao aumento do ruído nos retornos acionários e não em consequência a ruídos no desenvolvimento das métricas contábeis, tal como lucro líquido ou fluxo de caixa.
Nota-se que vários estudos que focaram a relação lucros-retornos atribuíram a fraca associação encontrada a deficiências no sistema de mensuração contábil (LEV, 1989; LEV; THIAGARAJAN, 1993; RYAN; ZAROWIN, 2003). Essa, entretanto, pode ser uma conclusão prematura, pois, dentre outros aspectos, há de se reconhecer a relação contemporânea entre as variáveis.
Fonte: SALES, I. C. H. A dinâmica da relação entre lucros contábeis e os retornos acionários nas empresas brasileiras de capital aberto. 87f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN, 2011.
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