12 março 2012
NIG sobre Vendas
Definição – Quantos dias de vendas a empresa precisa para financiar a necessidade de investimento em giro.
Fórmula – (Necessidade de Investimento em Giro / Vendas Diárias)
Sendo
Necessidade de Investimento em Giro – corresponde aos valores diretamente vinculados ao ciclo operacional da empresa. Em geral os principais itens da necessidade de investimento em giro as contas a receber e estoques, do ativo circulante, e fornecedores e obrigações sociais e trabalhistas, do passivo circulante. Alguns itens podem eventualmente serem considerados se existir relação com o ciclo de compra, estocagem e venda da empresa. Assim,
Necessidade de Investimento em Giro = Estoques + Contas a Receber – Fornecedores – Obrigações Sociais e Trabalhistas
Vendas Diárias – corresponde a receita líquida de vendas,dividido pelo número de dias do período. Se a receita estiver relacionada com o trimestre, divide por noventa dias; se a receita for anual, por 360.
Unidade de Medida – Como a fórmula divide uma unidade monetária por unidade monetária por dias de vendas, a expressão final está em dias.
Intervalo da medida – A Necessidade de Investimento em Giro pode variar entre um número negativo e positivo. Espera-se que este valor não seja superior a um ano de dias de vendas, ou seja, 360, pois isto indicaria um excesso de investimento em capital de giro da empresa.
Como calcular – O cálculo utiliza informações do Balanço Patrimonial da empresa com a conta de vendas da Demonstração do Resultado.
A figura abaixo mostra informações do terceiro trimestre de 2011 da Drogasil.
A seguir o passivo da empresa:
O cálculo da Necessidade de Investimento em Giro da empresa é feito da seguinte forma:
NIG = 154 208 + 361 375 – 45 319 – 180 860 = R$ 289 404 mil
A figura a seguir mostra o extrato da demonstração do resultado a empresa:
Neste caso, a receita liquida de vendas do trimestre foi de R$599 849. Considerando noventa dias de operação no trimestre, tem-se que as vendas diárias foram de R$6.664 mil, aproximadamente.
O índice é obtido da seguinte forma:
NIG/Vendas Diárias = 289 404 / 6.664 = 43,42 ou 43 dias de vendas
Isto significa dizer que o investimento realizado pela empresa no capital de giro corresponde a 43 dias de vendas. A empresa precisa vender durante 43 dias para financiar suas necessidades de investimento em giro. É importante notar que parte do financiamento é feita pelos fornecedores.
Grau de utilidade – Moderada. Pode-se considerar um índice muito importante para as empresas comerciais. Ao contrário de alguns indicadores, restritos a empresas de capital aberto, este índice pode ser usado por qualquer tipo de empresa.
Controvérsia de Medida – Reduzida. Existe alguma controvérsia sobre o que incluir no numerador.
Observações Adicionais
a) Este índice também pode ser desdobrado em vários outros índices. Observe que
NIG sobre Vendas = (Estoques + Contas a Receber – Fornecedores – Obrigações Trabalhistas) / Vendas
NIG sobre Vendas = (Estoques/Vendas) + (Contas a Receber/Vendas) – (Fornecedores/Vendas) – (Obrigações Trabalhistas/Vendas)
NIG sobre Vendas = (Estoques/Vendas) x (CMV/CMV) + (Contas a Receber/Vendas) (Vendas a Prazo/Vendas a Prazo) – (Fornecedores/Vendas) x (Compras/Compras) – (Obrigações Trabalhistas/Vendas) x (Despesa de Salários / Despesa de Salários)
NIG sobre Vendas = (Prazo de Estocagem x % CMV nas Vendas) + (Prazo de Recebimento x % Vendas a Prazo) – (Prazo de Pagamento a Fornecedores x % Compras nas Vendas) – (Prazo de Pagamento de Salários x % Salários nas Vendas)
b) Como o analista pode usar vendas diárias do último trimestre ou do último ano, é possível fazer bastante variação no cálculo do índice. Veja o exemplo da Drogasil. Observe que na figura da demonstração do resultado também existe a informação das vendas acumuladas até final de setembro (segunda coluna de dados). Usando o valor de 1,7 bilhão de vendas nos três primeiros trimestres e dividindo este valor por 270 dias, vamos encontrar um NIG sobre Vendas de 46,3 dias.
c) Este índice pode apresentar um valor negativo. Isto ocorre em geral quando a empresa usa muito recurso de terceiro não oneroso, como fornecedores. Quando ocorre, isto significa que a empresa não coloca dinheiro seu no financiamento do giro. Empresas com posição dominante na negociação com fornecedores geralmente conseguem esta proeza.
d) O índice pode sofrer influencia da sazonalidade dos negócios. Nestes casos, recomenda-se que o analista esteja atento a este problema e use dados comparativos compatíveis. Empresas com forte crescimento também podem ter o índice influenciado.
e) Algumas empresas podem ter valores de estoques, fornecedores, contas a receber e obrigações trabalhistas no longo prazo. Apesar de esta situação ser uma exceção, sua inclusão ou não no índice irá depender de cada caso.
Veja também
Valor do Empreendimento
Capitalização
Margem Bruta
ROI
Liquidez Corrente
Brasil exportará asnos para a China
Sucesso econômico chinês ,nas últimas décadas, tem por base políticas governamentais que estimularam a economia a evoluir na direção de sua maior vantagem comparativa: indústrias intensivas em mão de obra.
No caso do Brasil, encontramos uma vantagem comparativa bem curiosa: os asnos.Veja a reportagem:
Em meio a tantos produtos brasileiros exportados para a China, surgiu, recentemente, um novo objeto do desejo: o popular jegue nordestino. Há cerca de um mês, um acordo entre os dois países liberou o intercâmbio de asnos — também conhecidos como burros e jumentos, largamente utilizados na indústria de alimentos e na de cosméticos no país asiático.
Os chineses pretendem importar 300 mil jumentos por ano do Nordeste. Além de movimentar a economia local, a iniciativa vai resolver o problema de excesso de oferta de jegues na região. Com as facilidades de financiamento, houve grande crescimento do uso de motos para transporte e os jegues estão perdendo espaço.
Em junho do ano passado, um grupo de empresários chineses conversou, da Bahia ao Rio Grande do Norte, com fazendeiros e políticos. Aos políticos locais, o grupo propôs um programa de garantia de compra a preços de mercado, envolvendo até linhas de crédito, por meio de um sistema batizado de Projegue. Mas o projeto ainda não deslanchou.
Os chineses pretendem importar 300 mil jumentos por ano do Nordeste. Além de movimentar a economia local, a iniciativa vai resolver o problema de excesso de oferta de jegues na região. Com as facilidades de financiamento, houve grande crescimento do uso de motos para transporte e os jegues estão perdendo espaço.
Em junho do ano passado, um grupo de empresários chineses conversou, da Bahia ao Rio Grande do Norte, com fazendeiros e políticos. Aos políticos locais, o grupo propôs um programa de garantia de compra a preços de mercado, envolvendo até linhas de crédito, por meio de um sistema batizado de Projegue. Mas o projeto ainda não deslanchou.
Fonte: aqui
11 março 2012
Indicadores
Nos últimos dias este blog postou um conjunto de textos sobre indicadores. A ideia é continuar com a postagem ao longo da semana.
Sempre tive uma grande inveja daqueles que conseguiam escrever livros de análise de balanços (meu eterno orientador Alexandre Assaf Neto e o amigo de blog, Alexandre Alcantara, são dois exemplos). Sempre tive dificuldade de ensinar este assunto. Acho muito complicado e difícil, já que nunca podemos estabelecer regras.
Entretanto a análise de balanços é um assunto muito instigante. Até hoje me lembro da alegria ao ler a obra de Rees, onde ele comentava as condições necessárias para usar um índice. Foi a descoberta de algo tão banal, mas que raramente encontro na bibliografia da área. E da alegria de ganhar uma versão capa dura do livro do Foster, do amigo e ex-orientando Adilson Tavares. (Até então tinha a obra xerografada, já que o livro foi publicado na década de oitenta e nunca mais reimpresso)
Outro momento especial foi a descoberta do livro de Peter Temple, com 33 índices. Este livro é a inspiração destas postagens. Espero que os textos sejam uteis e instigantes, tanto quanto foram para mim as obras de Rees, Foster e Temple.
Sempre tive uma grande inveja daqueles que conseguiam escrever livros de análise de balanços (meu eterno orientador Alexandre Assaf Neto e o amigo de blog, Alexandre Alcantara, são dois exemplos). Sempre tive dificuldade de ensinar este assunto. Acho muito complicado e difícil, já que nunca podemos estabelecer regras.
Entretanto a análise de balanços é um assunto muito instigante. Até hoje me lembro da alegria ao ler a obra de Rees, onde ele comentava as condições necessárias para usar um índice. Foi a descoberta de algo tão banal, mas que raramente encontro na bibliografia da área. E da alegria de ganhar uma versão capa dura do livro do Foster, do amigo e ex-orientando Adilson Tavares. (Até então tinha a obra xerografada, já que o livro foi publicado na década de oitenta e nunca mais reimpresso)
Outro momento especial foi a descoberta do livro de Peter Temple, com 33 índices. Este livro é a inspiração destas postagens. Espero que os textos sejam uteis e instigantes, tanto quanto foram para mim as obras de Rees, Foster e Temple.
10 março 2012
E&Y e o Lobby
A Reuters apresenta uma questão interessante sobre a empresa de auditoria Ernst & Young. Segundo a Reuters (via aqui) revelou, existe um grupo consultivo (advisory group) dentro da empresa chamado Washington Council Ernst & Young. A função do grupo é "ajudar a gestão de oportunidades dos clientes e risco associado com o processo legislativo e regulatório". Isto é sinônimo de "lobby".
Nos Estados Unidos a atividade de lobby é regulamentada e legal. Onde estaria o problema? Entre os clientes do Washington Council algumas empresas que a Ernst & Young faz auditoria. Isto levanta a questão de uma empresa de auditoria que defende os interesses dos seus clientes. Seria contrário aos interesses do mercado, que deseja que a empresa seja realmente independente (afinal o parecer é dos auditores independentes)?
Em 2004 a empresa foi punida por violar as regras de independência. E o atual CEO da Ernst & Young possui uma empresa de lobby. A mesma empresa foi responsável pelo esquema Repo 105, revelado pelo relatório preparado por Valuskas.
Nos Estados Unidos a atividade de lobby é regulamentada e legal. Onde estaria o problema? Entre os clientes do Washington Council algumas empresas que a Ernst & Young faz auditoria. Isto levanta a questão de uma empresa de auditoria que defende os interesses dos seus clientes. Seria contrário aos interesses do mercado, que deseja que a empresa seja realmente independente (afinal o parecer é dos auditores independentes)?
Em 2004 a empresa foi punida por violar as regras de independência. E o atual CEO da Ernst & Young possui uma empresa de lobby. A mesma empresa foi responsável pelo esquema Repo 105, revelado pelo relatório preparado por Valuskas.
Ecad e You tube
Sobre a proposta de cobrança do Ecad para os vídeos originários do Youtube, conforme postado aqui, o Google soltou um comunicado informando que não aprova a posição do Ecad. Parece também que nem as gravadoras são favoráveis a cobrança.
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