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27 fevereiro 2012

Ensino superior do futuro


Gustavo Ioschpe
Revista Veja, 22/02/2012


O ensino superior do futuro

Há uns anos, fui dar uma palestra em uma universidade privada. Perguntei ao diretor qual era o maior desafio deles. Imaginei que ele fosse me dizer que eram outras universidades semelhantes, ou a universidade pública, mas não: “O que nos atrapalha é esse pessoal que engana os alunos dizendo que curso de dois anos é ensino superior”. Eis um bom retrato do nosso ensino superior: não só pequeno como atrasado. Hoje, nosso primeiro problema é termos uma taxa de matrícula de 22%, entre um terço e um quarto da dos países desenvolvidos, metade da de países como Chile, Venezuela e Peru e abaixo da de todos os Brics, exceto a Índia.

A principal explicação para esse acanhamento no ensino superior é a falência da nossa educação básica. Mas, se algum dia consertarmos esse problema (crença que se aproxima cada vez mais do dito sobre o segundo casamento: é o triunfo da esperança sobre a experiência), nossos graduandos se defrontarão com um modelo de ensino superior defasado. Esse não é um problema só brasileiro. No começo do ano participei de um seminário sobre ensino superior em países em desenvolvimento na Universidade de Oxford, e o que se discutiu lá, mais aquilo que já vem sendo pensado aqui, nos permite ter uma ideia de como será o ensino superior da próxima geração. Eis os horizontes mais relevantes (agradeço a Jamil Salmi, até recentemente líder da área de ensino superior do Banco Mundial, por muitos dos exemplos abaixo).

Flexibilidade - Durante séculos, o ensino superior foi algo que acontecia em universidades, em cursos de quatro anos, preparando o aluno para uma carreira específica. No futuro, o ensino se dará em universidades, em escolas técnicas e em outros formatos que ainda não conhecemos que permitam o lifelong learning, o aprendizado ao longo de toda a vida. Os cursos poderão ser presenciais ou on-line. Mais frequentemente, serão das duas formas. Terão dois, três ou quatro anos de duração. Tratarão de várias áreas do conhecimento, e estarão mais preocupados em ensinar a pensar do que em transmitir conhecimentos e habilidades específicos, pois a obsolescência do saber será ainda maior do que é hoje.

Menor duração – O Brasil tem três tipos de formação: bacharelado, licenciatura e curso de tecnólogo. Esse último dura entre dois e três anos, focado no desenvolvimento de uma competência profissional específica, normalmente para cargos de salário médio. No Brasil, só 10% das matrículas em cursos presenciais está nesse tipo de curso. Na China, é mais da metade. Nos países desenvolvidos (OCDE), é um terço (dados disponíveis em twitter.com/gioschpe). Em vez de ser percebido como a melhor alternativa para a pessoa que busca um diferencial rápido e eficaz no mercado de trabalho, o curso de tecnólogo ainda é erroneamente visto como um “primo pobre” do ensino “de verdade”.

Laços com o ensino básico – Nas últimas décadas, o ensino superior se massificou e deselitizou (o Brasil ainda chegará lá), e o ritmo de inovação no mercado de trabalho fez com que um diploma de uma boa universidade não fosse mais suficiente para uma carreira cada vez mais longa. Assim, a distinção entre educação básica e superior vai ter cada vez menos sentido. Ambas estarão dentro de um contínuo, que começa na pré-escola e só termina com a morte. Na Alemanha, as faculdades de engenharia e escolas politécnicas já estão em contato com jardins de infância para atrair futuros bons engenheiros. No Brasil, teremos um problema adicional a resolver: as áreas de licenciatura e pedagogia, hoje patinhos feios da academia, terão de ganhar em importância e prestígio. As universidades terão de entender que sem um aluno bem formado no ensino básico não conseguirão fazer o seu trabalho com qualidade.

Tecnologia – No Brasil, só reconhecemos diplomas de instituições brasileiras, mas certamente em breve validaremos o ensino dado nas melhores universidades do mundo. Hoje já é possível assistir, on-line e sem custo, a aulas de instituições como o MIT e Stanford. Nos EUA, um sexto das matrículas do ensino superior já é feito em cursos on-line. O Brasil está chegando perto, com uma em cada sete, depois de uma explosão que levou o número de matriculados de 200 000, em 2006, para 930 000, em 2010. Stanford, Purdue e Duke são universidades que já gravam todos os seus cursos, para que os alunos possam baixá-los e rever as aulas quantas vezes quiserem. Há algumas semanas, a Apple lançou uma plataforma de venda de livros didáticos para o iPad. Além do texto, tem vídeos, animações, lugar para resumos. Em breve, serão compartilháveis.

Desabou a Torre de Marfim – À medida que o ensino superior se massifica, desaparece a noção da academia como instituição alheia (e superior) ao mundo “real”. Haverá cada vez mais forte competição entre instituições pelo aluno, o que faz com que as universidades precisem se desdobrar para atender às demandas dos alunos e de seus futuros empregadores. A Universidade do Sul da Flórida dá uma garantia a seus alunos de engenharia: se, durante seus cinco primeiros anos no mercado de emprego, eles sentirem a necessidade de competências que não aprenderam na faculdade, podem voltar e aprendê-las de graça.

Currículo – Oscar Wilde (1854-1900) escreveu que nada que vale a pena saber pode ser ensinado. O desafio das universidades do futuro será ensinar apenas aquilo que vale a pena saber, o que demandará novos currículos e nova didática. Um exemplo é o Olin College of Engineering, nos EUA. O ensino é centrado na resolução de problemas, sempre em equipes. Não há departamentos acadêmicos e os professores não recebem cátedra. O currículo é baseado em um triângulo entre engenharia (o projeto é exequível?), empreendedorismo (é viável?) e humanas (é desejável?).

Interdisciplinaridade – Os problemas do mundo real são complexos e não respeitam fronteiras departamentais. A universidade do futuro terá de respeitar essa realidade. Todo aluno de graduação nos EUA passa por todas as grandes áreas do saber. Só no início do terceiro ano é que ele precisará decidir qual será a sua “major”, a área em que vai se diplomar. Antes disso, o futuro cientista estuda sociologia e o historiador estuda matemática. A especialização virá mesmo só na pós-graduação. Algumas universidades federais no Brasil tomaram a iniciativa de criar um “bacharelado interdisciplinar”. É um bom começo, ainda que a iniciativa seja limitada pelo fato de que o aluno estuda apenas uma de quatro grandes áreas (artes, humanidades, saúde e ciência e tecnologia).

Nada é de graça – Um sistema educacional que matricule perto de 100% dos jovens (EUA, Finlândia e Coreia do Sul já estão chegando perto disso) é caro. Não é possível estender esse benefício a número tão grande de alunos e esperar que os contribuintes paguem a conta. Com exceção de México, República Checa e países escandinavos, todos os países da OCDE cobram mensalidades de seus alunos em universidades públicas. Passaremos por mais algumas invasões de reitorias, mas chegaremos lá.

26 fevereiro 2012

Rir é o melhor remédio

Dois trabalhos de Glennz: coelho e futebol


Ratings

Seis das sete agências de classificação de risco de crédito atuantes no Brasil apresentaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sugestões na audiência pública da minuta que regulará sua atuação no País. O grupo inclui as três grandes instituições de rating internacionais - Standard & Poor's (S&P), Moody's e Fitch Ratings -, que apresentaram relatórios minuciosos. As nacionais LF Rating, SR Rating e Liberum Rating também participaram.


Dentre os questionamentos levados ao órgão regulador pelas estrangeiras está a exigência de que tenham um funcionário específico e independente no Brasil responsável pela implementação e cumprimento das regras e controles internos da empresa (compliance). As agências alegam ter uma estrutura global e pedem que a CVM flexibilize a regra, permitindo que o suporte de compliance possa ser feito por suas operações no exterior.(...)

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Em 2006, Muhammad Yunus recebeu, em conjunto com o Grameen Bank, o prêmio Nobel da Paz pelo trabalho desenvolvido com o microcrédito. Foi uma decisão controversa do Comitê Norueguês, mas após a premiação muitos países, inclusive o Brasil, tentaram desenvolver instrumentos parecidos.

Mas notícias da Índia mostram um dos efeitos perversos do microcrédito: aumento da taxa de suicídio. Moradores endividados da província de Andhra Pradesh estão cometendo suicídio para não pagar suas dívidas. Segundo número compilado pelo governo do sul da Índia, mais de 200 pobres se mataram no final de 2010. O governo culpa as empresas de micro-finanças, que concedem empréstimos aos pobres, de pressionar as pessoas. As empresas negam. Mas alguns documentos das próprias empresas parecem indicar que seus funcionários tinham informações sobre alguns dos suicídios.

As investigações parecem apontar que empregados molestam verbalmente os mutuários endividados, incluindo humilhações.

O sucessor

O investidor Warren Buffett é um dos mais carismáticos investidores. Com sua firma Berkshire Hathaway tem conseguido, ao longo de muitos anos, obter retornos acima do mercado. Agora, na sua carta anual aos acionistas, Buffett afirmou que já escolheu alguém para sucedê-lo. Com mais de oitenta anos, o futuro executivo-chefe da empresa já era aguardado há anos. Segundo Buffett, a transição será tranquila "quando o momento chegar".

O nome do sucessor não foi revelado, mas acredita que já trabalha na empresa.

Buffett, que tem 81 anos, dirige o Berkshire Hathaway há quase meio século e transformou a empresa, que era apenas uma fabricante de têxteis debilitada, em um conglomerado com interesses em ferrovias, varejo e seguro, além de ter uma carteira gigante de ações negociadas em bolsas.

Na carta aos acionistas, Buffett afirma que ainda não tem planos de se aposentar dos cargos de presidente, executivo-chefe e diretor de investimentos do Berkshire. O empresário disse que está com uma "saúde excelente" e que não irá a lugar algum e destacou que os acionistas não devem interpretar a carta como sinal de que o próximo CEO assumirá o posto em breve.

25 fevereiro 2012

Rir é o melhor remédio





Crise da Grécia.

Don't lie to me, Argentina

Desde a semana passada, a The Economist deixou de utilizar os dados sobre a inflação divulgados pelo governo argentino:

Since 2007 Argentina’s government has published inflation figures that almost nobody believes... From this week, we have decided to drop INDEC’s figures entirely. We are tired of being an unwilling party to what appears to be a deliberate attempt to deceive voters and swindle investors. For Argentine consumer-price data we will look instead to PriceStats, an inflation specialist, which produces figures for 19 countries that are published by State Street, a financial services firm.



Aqui outra reportagem sobre o mesmo tema.