O jornal Valor Econômico dedica, na edição de hoje, diversas reportagens sobre a contabilidade.
Em “Setor Financeiro tem Demandas Específicas” o jornal destaca o fato de que as instituições financeiras ainda não aderiram completamente as normas internacionais. Os balanços consolidados estão segundo a IFRS, mas as demonstrações “individuais” estão dentro do padrão do Banco Central. Isto naturalmente traz reclamações sobre o custo de produção da informação. A justificativa, segundo o jornal, é a seguinte:
O motivo é o procedimento do BC para aprovação das normas emitidas pelo CPC, que requer tempo para saber as implicações de cada uma delas no setor e no mercado. Das 60 normais emitidas pelo CPC, o Banco Central adotou sete, sendo que duas delas aparecerão nos balanços somente em 2013.
Mas diversas normas são divergentes:
Uma delas refere-se à amortização do ágio. Pelo IFRS, essa operação é vedada. Dentro do padrão contábil do BC, exige-se que o passivo tributário do banco seja registrado, ainda que haja contestação na Justiça e as chances de ganhar sejam grandes ou prováveis. Pela regra internacional, o banco não precisa registrar o passivo se considera provável que vencerá a causa.
Outra questão apresentada pelo texto é a questão do leasing, que está aguardando uma nova norma do Iasb.
Em “Concessionárias discutem Ajustes na Normas” informa que os balanços de 2012 ainda não irão reconhecer os ativos e passivos regulatórios.
O fato é que os balanços em IFRS, sem reconhecimento dos ativos e passivos regulatórios no exercício, não refletem o modelo tarifário e geram uma variação temporária que pode ser negativa ou positiva no resultado de um determinado exercício, criando volatilidade entre períodos.
Em “Mudanças ampliam base para Distribuição de Dividendos” confirma a experiência de outros países com a adoção das IFRS: aumento no lucro apurado. Citando dois estudos o texto mostra o efeito das normas sobre o patrimônio líquido e o resultado.
Dentre os fatores de ajuste que mais afetaram o resultado das companhias em 2010 o mais marcante é o que se refere à combinação de negócios - normatizadas pelas CPCs 01, 04 e 15 - nos momentos em que são abordadas em operações de fusões e/ou aquisições, que eram ocasionais no passado, mas andam em alta nos últimos anos.
O texto “Regras para Tributos continuam indefinidas” afirma que 2012 irá trazer novidades com respeito a questão da tributação.
Além da promessa do Fisco de que será dada uma solução definitiva para substituir o Regime Tributário de Transição (RTT), há a expectativa da intensificação de fiscalizações e o aumento das autuações, pois o prazo para este tipo de lançamento relacionado aos fatos envolvendo IFRS e RTT começa a se esgotar em 2013.
Desde o começo do processo de convergência das empresas brasileiras ao padrão contábil internacional, havia a preocupação de qual seriam os efeitos para o cálculo de tributos. Com as novas regras para a elaboração do balanço societário, a expectativa era de que - com atualizações de ativos por valores de mercado e outras formas de garantir aos números a essência econômica e não os aspectos formais - os resultados poderiam ser maiores e, consequentemente, implicar em uma base maior para a incidência de tributos. Ou, dependendo da situação, ocorrer o inverso.
A medida provisória (parte da MP nº449/08) foi convertida na Lei nº 11.941/09 e ficou conhecida como Regime Tributário de Transição - RTT, dissociando a contabilidade fiscal da societária. Por conta do RTT, os resultados continuam a ser tributados segundo as normas contábeis anteriores a dezembro de 2007.
Mas, ao longo dos últimos quatro anos várias questões não conseguiram uma resposta clara no RTT, o que colocou advogados tributaristas, contadores, administradores e a Receita Federal em situações ainda sem respostas que podem, inclusive, resultar em autuações, processos administrativos e judiciais. Entre os questionamentos mais frequentes estão: o tratamento do ágio em aquisições, as despesas com juros na compra de ativos, qual patrimônio líquido - se o fiscal ou o societário - deve ser usado para cálculo dos juros sobre capital próprio, e até mesmo os critérios para o cálculo dos dividendos a serem distribuídos: se deve ser utilizado o lucro societário ou o fiscal.
O artigo “Excesso de informações sobrecarrega auditorias” mostra que a adoção das IFRS aumentou o trabalho das auditorias. O texto, infelizmente, deixa de comentar que a adoção das IFRS foi extremamente benéfico para as empresas de auditoria; afinal, mais trabalho é igual a maior remuneração.
Para os balanços publicados este ano, a expectativa é a de que as informações possam chegar de forma mais objetiva e em menor volume. A maior preocupação é com a entrada em vigor de normas que vão tratar do reconhecimento e mensuração de instrumentos financeiros, com vigência prevista para os balanços de 2012, que trarão novos conceitos de avaliação por custo amortizado e por valor justo.
Em “Convergência Positiva” não se discute as vantagens, nem as desvantagens, da convergência, mas sim o processo de convergência
Os números evidenciam a forma até tranquila com que o processo de convergência caminha até o momento: das 630 companhias abertas que divulgaram suas informações no novo padrão em 2011 (considerando o ITR do terceiro trimestre), em apenas cinco casos a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pediu para refazer ou republicar as demonstrações. Em comum, as determinações envolveram situações em que a autarquia identificou ou a superavaliação do ativo ou que ocorrera uma subavaliação do passivo.
O texto lista os principais problemas que deverão ser investigados pela CVM:
As principais questões que permanecerão no foco da CVM neste ano são: a nota explicativa sobre receita, que deve mostrar com clareza as deduções e descontos que incidem sobre o faturamento bruto; a baixa de ativos, que deve ser mais bem explicada e detalhada para os investidores; a nota sobre partes relacionadas, que precisa conter informações mínimas para que se entenda as movimentações entre empresas do grupo no período; as premissas usadas para cálculo do ajuste a valor presente, como taxas de desconto; a divulgação sobre provisões e passivos contingentes; a clareza das notas sobre instrumentos financeiros; a explicação mais detalhada sobre o ativo imobilizado e as taxas de depreciação usadas por tipo de ativo e o uso da conta de reserva de lucros a realizar.
31 janeiro 2012
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Mercado e Pesquisa na Internet
As pesquisas feitas na internet podem apresentar uma interessante e útil informação sobre o comportamento do mercado. Se analisarmos o número de vezes que as pessoas pesquisaram a palavra "Facebook" no Brasil, será notado o crescente interesse por este produto.
Recentemente um artigo publicado no prestigioso Journal of Finance mostrou que a quantidade de pesquisa por uma determinada empresa estava relacionada com o interesse dos investidores. E que este aumento de pesquisa pode anteceder o aumento nos preços em duas semanas.
No Estado de São Paulo de ontem (aqui e aqui) foi divulgado que a empresa de blog Tumblr estava impressionada com o interesse do brasileiro pelo produto. Ao se pesquisar o termo no Google Trends é possível perceber que o Brasil é a segunda região com maior frequencia de busca. Cinco, das dez cidades onde mais se pesquisam, são brasileiras e a língua portuguesa é a segunda em preferência.
O gráfico abaixo ilustra o resultado referente a pesquisa da palavra “Euro Crisis”. Observe que o público esteve muito interessado no assunto no final do ano passado, mas em seguida o número de pesquisas reduz.
No mesmo período, o comportamento do título italiano foi o seguinte:
Os dois gráficos apresentam uma visão muito próxima. O mais interessante é onde esta pesquisa está sendo feita. O Google fornece, além da série histórica de pesquisas, os locais de onde partiram esta pesquisa. Para a palavra Euro Crisis o resultado é o seguinte:
Cingapura é o país de onde partiram o maior número de interessados sobre o assunto. Depois Irlanda, um país europeu que sofre as consequências da crise, a Índia, a Holanda e o Reino Unido. A presença da Holanda e Reino Unido entre os primeiros são razoáveis. Mas Cingapura e Índia são realmente estranhos. Qual a razão disto?
Uma possível resposta pode estar nos dois gráficos abaixo. O primeiro é o comportamento da bolsa de Cingapura e o segundo da Índia.
Os dois mercados apresentaram uma queda em dezembro, justamente o período no qual a palavra “Euro Crisis” foi mais pesquisada. Isto talvez seja um sinal de que os investidores destes dois países perceberam a existência de um contágio no mercado em razão da crise do Euro.
No mesmo periodo o mercado dos Estados Unidos agiu de maneira normal. Observe novamente que as pesquisas sobre a crise do Euro colocam os Estados Unidos em nono lugar. Ou seja, sem contágio com a crise do Euro.
Isto mostra que as pesquisas realizadas no Google podem apontar realmente o interesse das pessoas sobre um determinado assunto. Mais, indicam interesses de grupos específicos (um país, por exemplo).
Leia mais em
Google Insights for Search and the contagion effect
Recentemente um artigo publicado no prestigioso Journal of Finance mostrou que a quantidade de pesquisa por uma determinada empresa estava relacionada com o interesse dos investidores. E que este aumento de pesquisa pode anteceder o aumento nos preços em duas semanas.
No Estado de São Paulo de ontem (aqui e aqui) foi divulgado que a empresa de blog Tumblr estava impressionada com o interesse do brasileiro pelo produto. Ao se pesquisar o termo no Google Trends é possível perceber que o Brasil é a segunda região com maior frequencia de busca. Cinco, das dez cidades onde mais se pesquisam, são brasileiras e a língua portuguesa é a segunda em preferência.
O gráfico abaixo ilustra o resultado referente a pesquisa da palavra “Euro Crisis”. Observe que o público esteve muito interessado no assunto no final do ano passado, mas em seguida o número de pesquisas reduz.
No mesmo período, o comportamento do título italiano foi o seguinte:
Os dois gráficos apresentam uma visão muito próxima. O mais interessante é onde esta pesquisa está sendo feita. O Google fornece, além da série histórica de pesquisas, os locais de onde partiram esta pesquisa. Para a palavra Euro Crisis o resultado é o seguinte:
Cingapura é o país de onde partiram o maior número de interessados sobre o assunto. Depois Irlanda, um país europeu que sofre as consequências da crise, a Índia, a Holanda e o Reino Unido. A presença da Holanda e Reino Unido entre os primeiros são razoáveis. Mas Cingapura e Índia são realmente estranhos. Qual a razão disto?
Uma possível resposta pode estar nos dois gráficos abaixo. O primeiro é o comportamento da bolsa de Cingapura e o segundo da Índia.
Os dois mercados apresentaram uma queda em dezembro, justamente o período no qual a palavra “Euro Crisis” foi mais pesquisada. Isto talvez seja um sinal de que os investidores destes dois países perceberam a existência de um contágio no mercado em razão da crise do Euro.
No mesmo periodo o mercado dos Estados Unidos agiu de maneira normal. Observe novamente que as pesquisas sobre a crise do Euro colocam os Estados Unidos em nono lugar. Ou seja, sem contágio com a crise do Euro.
Isto mostra que as pesquisas realizadas no Google podem apontar realmente o interesse das pessoas sobre um determinado assunto. Mais, indicam interesses de grupos específicos (um país, por exemplo).
Leia mais em
Google Insights for Search and the contagion effect
Papel da Contabilidade
A Contabilidade não pode impedir a administração de fazer coisas estúpidas. Mas podemos informar tão logo possível, para que o mundo possa ver os resultados. (Walter Schuetze)
Dividendos: Odebrecht
No dia 24 de janeiro publicamos uma postagem sobre os dividendos da Odebrecht, sendo o último parágrafo:
“[...]o lucro da empresa foi de R$1,49 bilhão, mas a distribuição foi de R$100 milhões, ou 7%, abaixo do mínimo legal.”
Sobre o assunto, o site Tribuna Empresarial publicou:
“[...]o lucro da empresa foi de R$1,49 bilhão, mas a distribuição foi de R$100 milhões, ou 7%, abaixo do mínimo legal.”
Sobre o assunto, o site Tribuna Empresarial publicou:
[...] Na opinião do advogado Renato Ochman, especialista na Lei das S/A, uma companhia pode distribuir menos do que manda o estatuto desde que não haja oposição na assembleia. Não foi o caso, segundo Azevedo. O advogado foi um dos representantes da família na assembleia de abril. Ele conta que se absteve de votar sobre essa questão e que lavrou o protesto em uma ata separada. "A abstenção é uma prática usual, principalmente quando não se tem informações, o que era o nosso caso. A aprovação dos dividendos foi por maioria dos votos, mas não por unanimidade", diz.
'Faroeste'. Para os advogados dos Gradin, esse episódio é mais um em uma série de "quebras contínuas" das práticas de governança. Segundo Carvalhosa, a primeira delas foi a destituição "abusiva" de Miguel e Bernardo Gradin de seus cargos executivos. Em dezembro de 2010, antes da disputa se tornar pública, Miguel deixou a presidência da Odebrecht Óleo e Gás e Bernardo, o comando da Braskem. "Depois, em outubro, na reunião de conselho da Odbinv, mudaram o estatuto, rasgando a ordem do dia, e extinguiram o conselho com o intuito de bloquear nossas informações", diz Bernardo Gradin. "É como um faroeste."
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