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12 janeiro 2012

Inadimplência

A elevação da inadimplência não demonstra que há uma bolha de crédito no Brasil, uma semelhante a da última crise norte-americana, pois o nosso mercado de hipotecas é bastante restrito, e os indivíduos costumam tomar empréstimos com juros fixos, para evitar as flutuações inflacionárias e dos juros. No entanto, a grande preocupação para os bancos no Brasil , é que com a estratégia de reduzir seus passivos, os consumidores estão se desalavancando e movendo para formas mais baratas de dívida . A última coisa que a economia brasileira precisa é de um consumidor reticente. Veja a reportagem da Serasa Experian:


A inadimplência dos consumidores brasileiros cresceu 21,5% em 2011, na comparação com 2010, conforme revela o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. Foi a maior elevação verificada desde 2002, quando houve um crescimento de 24,7% ante 2001.
Na relação anual (dezembro de 2011 sobre dezembro de 2010), por sua vez, a elevação foi de 13,1%, a menor desde setembro de 2010. Já na comparação entre dezembro e novembro último o levantamento apresentou queda de 2,5%.
Para os economistas da Serasa Experian, o aumento da inflação, que reduziu o rendimento do trabalhador, e os juros ainda elevados afetaram a capacidade de pagamento do consumidor diante de um endividamento crescente em 2011. Cabe destacar que o acumulo de dívidas, de médio e longo prazos, vem desde 2010, ano em que as condições de crédito e do orçamento do consumidor foram mais favoráveis do que em 2011.Leia mais:



Em 2011, o valor médio das dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água), foi de R$ 320,63, o que representou uma queda de 17,3% na comparação com 2010.
Quanto às dívidas com bancos, o valor médio verificado ao longo dos doze meses de 2011 foi de R$ 1.302,12, com redução de 0,7% ante o mesmo acumulado de 2010.
Os títulos protestados, por sua vez, registraram em 2011 um valor médio de R$ 1.372,86, ocasionando um crescimento de 16,0% quando comparado com 2010.Por fim, os cheques sem fundos tiveram, em 2011, um valor médio de R$ 1.359,19, representando um aumento de 8,4% sobre 2010.


Leia mais: http://www.serasaexperian.com.br/release/noticias/2012/noticia_00740.htm#ixzz1j64rLQIX

Recolhimento de tributos nos EUA

Mais de US $ 2 trilhões em tributos são recolhidos anualmente pelo Serviço de Receita Interna dos EUA (IRS). A diferença de imposto, a quantidade de imposto que não foi pago no tempo correto, por empresas e indivíduos nos Estados Unidos, foi de US $ 450 bilhões em 2006, segundo um novo relatório do IRS. O último relatório, que analisou o ano fiscal de 2001, estimou que 345 bilhões de dólares ainda não tinham sido pagos. Em termos de compliance, pouco mudou desde o último relatório, assim, cerca de 83% da receita tributária é paga no tempo certo. Tal como em 2001, a declaração incorreta dos rendimentos, por parte dos indíviduos, constitui a maior parte da diferença de tributos.


Evolução da safra de cereais, leguminosas e oleaginosas

O gráfico abaixo mostra como têm evoluído as safras de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil nos últimos 22 anos. Em 2012, a previsão do IBGE é de uma produção de 160,3 milhões de toneladas (0,3% a mais do que foi produzido em 2011) e de uma área a ser cultivada de 50,0 milhões de hectares (um avanço de 2,7% sobre a área plantada no ano anterior). Mas há sinais amarelos: neste momento, a estiagem começa a castigar as plantações no Sul e do Centro-Oeste e as enchentes, as do Sudeste.

Mesmo com a pouca utilização de tecnologia nos campos brasileiros, é uma produtividade fantástica.


11 janeiro 2012

Rir é o melhor remédio

As práticas financeiras islâmicas

Enquanto a incerteza continua a incomodar os mercados mundiais, levando muitos investidores a um recuo total, uma parte do setor financeiro está se expandindo exponencialmente: os ativos financeiros que cumprem os preceitos da lei islâmica cresceram de cerca de US$ 5 bilhões no fim dos anos 1980 para cerca de US$ 1,2 trilhão em 2011.

Essa classe de ativos, que se caracteriza por risco compartilhado entre instituições e clientes, evita muitas das consequências mais graves da crise financeira mundial que começou em 2008. Essa capacidade de resistência, juntamente com vários outras características cruciais, está na base do elevado desempenho e crescente popularidade do mundo financeiro islâmico.

A crise financeira mundial afetou negativamente um pequeno número de instituições financeiras islâmicas, quando a economia real encolheu e alguns emissores de títulos islâmicos não honraram suas dívidas. Mas o compartilhamento de riscos inerente ao mercado financeiro islâmico tornou esses instrumentos mais resistentes à primeira rodada de contágio financeiro que surgiu em 2008. Economistas de renome, como Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, têm sugerido que o sistema financeiro islâmico comprova as vantagens de maior igualdade e compartilhamento de riscos em relação ao viés convencional que privilegia instrumentos de dívida.

Várias características peculiares tornaram as instituições financeiras islâmicas relativamente estáveis durante a crise. Um desses aspectos é que os instrumentos financeiros islâmicos são garantidos por ativos, assegurando, assim, um vínculo direto entre as operações financeiras e atividades econômicas reais. Os retornos obtidos por instituições de poupança e investimento são intimamente interligados, porque são determinados pelo setor real, e não pelo setor financeiro.

Isso cria um mecanismo de ajuste flexível, para o caso de ocorrerem choques imprevistos. Isso também garante que os valores de ativos reais e de passivos sejam sempre iguais, ao mesmo tempo em que proíbem alavancagem excessiva e diversas formas complicadas de securitização. Além disso, o sistema financeiro islâmico é mais justo: credores e tomadores compartilham riscos e recompensas, o que aumenta o foco em metas de longo prazo e desestimula excessiva tomada de riscos em curto prazo.

Em suma, as instituições financeiras islâmicas tratam seus clientes como parceiros de negócios. Portanto, elas têm fortes incentivos para que avaliem cuidadosamente os pedidos de financiamento e para ajudar os tomadores de empréstimos nos maus momentos, reduzindo assim as pressões no sentido de vender ativos a "preços de liquidação" e minimizando a probabilidade de contágio financeiro. Finalmente, as práticas financeiras islâmicas protegem saldos de depósitos e impedem o crescimento excessivo do crédito.

Instrumentos financeiros islâmicos estão atualmente disponíveis em pelo menos 70 países e representam atualmente cerca de 0,5% do ativos financeiros em todo o mundo. Mas as perspectivas de crescimento rápido e contínuo são fortes. Em seu "Relatório sobre o sistema bancário islâmico mundial" (novembro 2011), o Deutsche Bank projeta uma taxa de 24% de crescimento anual composto para os ativos islâmicos durante os próximos três anos. Há cinco razões principais para essa previsão:

1) Os serviços financeiros islâmicos proporcionam a poupadores e investidores alternativas a instrumentos convencionais.

2) A qualidade dos serviços financeiros islâmicos está melhorando e esses não se limitam a determinados clientes.

3) Instituições financeiras multinacionais convencionais estão cada vez mais oferecendo ativos islâmicos e há um crescente interesse por eles em Londres, Luxemburgo e outras capitais do mundo financeiro.

4) O boom de commodities em alguns países muçulmanos gerou excedentes que precisam ser alocados por meio de intermediários financeiros e fundos de riqueza soberana.

5) Instrumentos financeiros islâmicos podem respeitar a sharia - código moral e lei religiosa islâmica -, bem como enviar sinais de mudança compatíveis com os recentes acontecimentos em vários países de maioria muçulmana.

Mas perceber o potencial do sistema financeiro islâmico exige forte acompanhamento supervisor. As instituições financeiras precisam melhorar o cumprimento dos requisitos para empréstimos e o cumprimento do monitoramento pós-empréstimo. Também é problemático o fato de que, em muitos países, dívidas recebem tratamento tributário vantajoso, o que privilegia alavancagem em detrimento de participação de capital e esquemas de compartilhamento de lucro e prejuízos. Isso precisa mudar.

Além disso, hipotecas, seguros, leasing e microfinanças são subdesenvolvidos, no mundo financeiro islâmico; procedimentos de insolvência e falência devem ser melhorados; e mecanismos para lidar com calotes envolvendo "títulos islâmicos" precisam ser estabelecidos. Finalmente, as instituições financeiras islâmicas precisam responder às preocupações quanto à gestão do risco de liquidez, cumprimento as regras da Basileia.

Embora recentes relatórios enfatizem a dimensão e o crescimento de ativos e instrumentos financeiros islâmicos, é a qualidade dos serviços, contínua inovação financeira e práticas sensatas de gestão de riscos que acabam por definir seu sucesso. Corrigindo suas deficiências, o sistema financeiro islâmico poderá incentivar o crescimento inclusivo em muitos países em desenvolvimento.

Se o esquema financeiro islâmico puder solucionar os principais entraves de regulamentação e de governança corporativa, poderá satisfazer mais necessidades bancárias e de investimentos das pessoas, expandir seu alcance e contribuir para maior estabilidade financeira e inclusão no mundo em desenvolvimento. Isso é algo a que todos deveriam dar boas vindas. (Tradução de Sergio Blum)

Mahmoud Mohieldin é diretor-executivo do Banco Mundial.

O case da galinha


(...) Dan Pallottta, que mantém um blog no website da revista de negócios Harvard Business Review, declarou recentemente que em aproximadamente metade de suas conversas sobre negócios não tem a mínima ideia do que seus interlocutores estão falando. Confessa que, quando jovem, sentia-se tolo por não entender o que as outras pessoas diziam, mas que agora suspeita que a "tolice" seja de seus interlocutores, por não conseguirem se fazer entender.


O autor identifica algumas manifestações curiosas do fenômeno. Uma delas é o “abstracionismo”, a prática de substituir palavras simples e de domínio público por expressões empoladas e complicadas. Por exemplo, uma simples maçaneta pode ser transformada em uma “inovação em acesso residencial” e um investimento duvidoso pode ser magicamente transmutado em uma “aplicação estruturada em derivativos de perfil agressivo”. Outra manifestação é a proliferação de expressões de grande efeito e pouco significado, tais como “pensar fora da caixa”, “quebrar paradigmas”, “provocar inovações de ruptura”, “adotar a estratégia do oceano azul” [??] e “encantar os clientes”.

O fenômeno descrito por Pallotta conta mais de três décadas. Desde os anos 1980, o mundo corporativo vem desenvolvendo dialetos peculiares. A origem tem base comum, mas suas manifestações parecem ter se multiplicado. Primeiro, vieram os consultores, apropriando-se inventivamente do vernáculo para embalar velhas ideias com novos significados. Sua criatividade oral foi retratada com exemplar ironia em uma anedota, popular nos anos 1990, na qual é perguntado a um consultor por que, afinal, uma galinha atravessa a rua, ao que o profissional responde:

“A desregulamentação da economia estava ameaçando sua posição dominante no negócio. A galinha teve de enfrentar desafios para criar e desenvolver as competências essenciais para o novo mercado competitivo. Nossa consultoria orientou a galinha a repensar sua estratégia. Usando um Modelo Galináceo Integrado (MGI), a consultoria ajudou a galinha a usar seu capital social para alinhar os recursos dentro de um framework de classe mundial. Um programa de sete passos foi realizado para alavancar seu capital intelectual, tanto tácito quanto explícito, e possibilitar um aumento da sinergia para agregar valor à cadeia produtiva. Tudo foi conduzido em direção à criação de uma solução holística e sustentável. Em suma: a consultoria ajudou a galinha a tornar-se uma galinha de sucesso”.

Em tempo, a resposta certa seria: para chegar ao outro lado da rua.

Fonte: Os herméticos - Thomaz Wood Jr

Em leilão comportado, KPMG ganha conta do BB

O cenário vivido na tarde de ontem no Banco do Brasil foi o mesmo de 29 de outubro de 2010: PwC, KPMG e Ernst & Young disputaram a conta de serviço de auditoria da instituição em um leilão eletrônico. O resultado também foi igual: a KPMG ganhou o certame e seguirá responsável, em 2012, pela checagem das contas da maior instituição financeira do país.

Apesar das semelhanças entre o início e o fim do processo, a disputa foi bem diferente da vista na primeira ocasião, em que a vencedora arrematou o contrato com um lance de apenas R$ 95 mil, com desconto de 99,5% ante o preço original, após uma dura batalha com a Ernst & Young.

A derrubada dos honorários para um nível tão baixo no leilão anterior, que teve uma repercussão negativa muito grande entre os profissionais do setor, parece ter ensinado algo às firmas de auditoria, que dependem da reputação para sustentar seu negócio.

Na época, auditores de diversas regiões do país divulgaram textos criticando a conduta de KPMG e EY, duas das chamadas “Big Four”, grupo que reúne as quatro grandes auditorias do mundo e conta ainda com Deloitte e PwC.

Do lado dos representantes dos auditores, o que mais se ouviu foram críticas ao modelo do pregão eletrônico usado pelo BB para contratação do serviço. Mas não havia como fugir à realidade de que o sistema não reduz os lances sozinho.

Dessa vez foi tudo diferente. Nenhuma das três auditorias que participaram da disputa reduziu o lance inicial. Com a proposta mais barata, de R$ 6,39 milhões, a KPMG saiu vencedora. A Ernst Young Terco havia proposto cobrar R$ 9,72 milhões e a PwC tinha pedido R$ 13,8 milhões.

Em 2010, a KPMG tinha pedido inicialmente R$ 19,6 milhões, enquanto a PwC colocou lance de R$ 12,5 milhões e a Ernst & Young, de R$ 6,0 milhões.

Embora o preço tenha subido de um ano para o outro, o BB seguirá pagando menos que seus pares pelo serviço. Em 2010, o Bradesco pagou R$ 33,7 milhões para a PwC, antes de trocá-la pela KPMG em 2011. Também em 2010, o Itaú pagou R$ 40,9 milhões à PwC, enquanto o Santander remunerou a Deloitte em R$ 9 milhões.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico