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06 dezembro 2011

Pesquisas iludem

Uma extensa reportagem no Wall Street Journal comenta sobre os prejuízos que pesquisas acadêmicas na área de saúde trazem para as empresas comerciais (Pesquisas iludem farmacêuticas e pacientes, Gautam Naik, Wall Street Journal, 4 de dez 2011). Ao anunciarem descobertas em trabalhos acadêmicos, as empresas tentam aproveitar na sua área comercial, mas muitas vezes não conseguem reproduzir os resultados. Este foi o caso de um estudo sobre uma proteína que atacava tumores cancerígenos, descoberta anunciada há dois anos. A empresa Amgen tentou reproduzir os resultados e gastou tempo e dinheiro.

A base dos artigos científicos e a capacidade de temos para reproduzir os resultados. Geralmente os orientadores recomendam a seus orientandos que indiquem claramente na metodologia como os resultados foram obtidos, para que outros pesquisadores possam replicar a pesquisa e chegar a resultado idêntico. Por este motivo, podemos dizer que a possibilidade de reproduzir o experimento é base da pesquisa científica.

Na teoria seria de esperar que os artigos publicados em periódicos pudessem ser replicados pelos avaliadores. Na prática isto é muito difícil pelo tempo necessário para fazer esta tarefa. Assim, a análise é feita baseada na confiança com que o pesquisador deveria agir. Alguns periódicos exigem que aqueles que submetem artigos coloquem sua base de dados a disposição de qualquer leitor. Isto é uma prática boa que deveria ser seguida por todos os periódicos, mas é uma exceção. Apesar desta medida reduzir a chance de que pesquisas não sejam replicadas, isto não impede a fraude.

Para as empresas comerciais a confiabilidade de uma pesquisa pode representar desperdícios de recursos quando se verifica que os resultados anunciados não são confiáveis. Parte do problema pode estar na possibilidade de que os dados podem produzir "erros estatísticos" (os chamados Erro Tipo I e Tipo II). Outras possibilidades são apresentadas no texto do WSJ:

Os cientistas têm várias teorias sobre por que duplicar resultados pode ser tão difícil. Laboratórios diferentes podem usar equipamentos ou materiais ligeiramente diferentes, levando a resultados divergentes. Quanto mais variáveis há em um experimento, mais provável é que pequenos erros não intencionais acabem fazendo as conclusões se inclinarem de uma forma ou de outra. E é claro que dados que foram manipulados, inventados ou alterados fraudulentamente não resistirão a uma futura análise. (...)
"Entre as razões mais óbvias, porém não quantificáveis, há uma competição imensa entre os laboratórios e uma pressão para publicar", escreveu Asadullah e outros da Bayer, em seu artigo de setembro. "Há também uma propensão para publicar resultados positivos, já que é mais fácil conseguir que estes sejam aceitos em boas publicações."
As publicações científicas também estão sob pressão. O número dessas revistas saltou 23% entre 2001 e 2010, segundo a Elsevier, que analisou os dados. Essa proliferação aumentou a competição até mesmo entre as revistas de elite, que podem gerar atenção publicando artigos chamativos, em geral com resultados positivos, para atender à demanda incessante dos meios de comunicação noticiosos.

Corrupção e IDH

O gráfico mostra a relação entre o IDH e a menor percepção de corrupção em diversos países. Quanto maior o desenvolvimento humano, menor o índice de percepção de corrupção. Mas alguns países escapam da curva traçada no gráfico em vermelho. A Venezuela possui um IDH elevado (acima de 0,7) para a percepção de corrupção próxima de dois (quanto menor este índice, maior a corrupção no país). Já Ruanda possui níveis de corrupção melhor que o Brasil, mas seu IDH é um pouco acima de 0,4. O Brasil está próximo a curva, com IDH um pouco acima de 0,7 e uma nota abaixo de 4 para corrupção.

Fonte: Aqui

Padronização

Para que a norma internacional pudesse ser adotada em diversos países, o Iasb fez uma escolha política de permitir um leque razoável de opções em certos tratamentos contábeis. Isto permitiu vencer a resistência de certos países em adotar as normas internacionais. Entretanto isto possui um sério problema: reduz a comparabilidade.

Entretanto talvez seja o momento de começar a reduzir este número de alternativas. Este aspecto é tratado numa reportagem do Valor Econômico (Norma internacional deve ter menos opções, Fernando Torres e Marina Falcão, 5 de dez 2011):

O órgão que escreve as normas internacionais de contabilidade está disposto a discutir a redução de algumas opções que existem em seus pronunciamentos, disse Stephen Cooper, membro da diretoria do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) (...)


Membro do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o professor Eliseu Martins acredita que o mercado, em geral, sente-se mais confortável quando o modelo contábil possui uma regra específica para cada tipo de operação. Por isso, diz, há um constante risco de que a nova norma, baseada na natureza das transações, caia na "tentação" de se transformar num arcabouço de regrinhas. "Foi o que aconteceu com o US Gaap [norma americana] ao longo das décadas." (...)


Outros percalços apontados por Cooper para o processo de globalização contábil são as influências locais.


Segundo ele, os países começam em pontos diferentes do processo de convergência, conforme o grau de solidez da cultura contábil em vigência. (...)


O alerta de Eliseu Martins é bastante pertinente e acredito ser bastante possível que ocorra uma fasbização do Iasb, com criação de regras.

IFRS

Um texto do Valor Econômico de ontem comentava sobre a influência fiscal existente ainda nos balanços das empresas:

Passado praticamente um ano da adoção completa do padrão contábil internacional IFRS pelas companhias abertas do Brasil, prossegue a resistência de se aplicar o preceito da essência sobre a forma nos balanços. "Ainda se nota a influência fiscal nas práticas contábeis", diz Alexsandro Broedel, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), citando como exemplo o prazo de depreciação de máquinas e equipamentos das empresas.


Mesmo sendo explícito que a perda de valor desses bens deva ser registrada conforme sua vida útil econômica, a maior parte das empresas optou por manter as antigas taxas fornecidas pela Receita Federal. Veículos passam a valer zero no balanço após cinco anos, máquinas e equipamentos duram de cinco a dez anos e imóveis são depreciados a uma taxa anual de 4%. Broedel destaca que a prática foi mantida mesmo com o Fisco tendo deixado claro que as empresas poderiam seguir usando sua tabela só para fins tributários. (...)

Balanços (ainda) pro forma - Fernando Torres - Valor Econômico - 05/12/2011

Apesar do assunto ser interessante é importante ressalvar que o termo "pro forma", em contabilidade, está associado a um tipo de demonstração contábil que não se enquadra nos princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP), mas que a empresa divulga por achar que reflete melhor seu desempenho. Entretanto, com o uso excessivo, as demonstrações pro forma passaram a ter um sentido negativo, próximo a manipulação.

Nomes mais Comuns

1. Maria = 13,3 milhões
2. José = 7,8 milhões
3. Antônio = 3,6 milhões
4. João = 3,0 milhões
5. Francisco = 2,2 milhões
6. Ana = 2 milhões
7. Luiz = 1,5 milhão
8. Paulo = 1,4 milhão
9. Carlos = 1,4 milhão
10. Manoel = 1,3 milhão
11. Pedro = 995 mil
12. Francisca = 854 mil
13. Marcos = 824 mil
14. Raimundo = 821 mil
15. Sebastião = 799 mil

Segue Antônia, Marcelo, Jorge, Marcia, Geraldo, Adriana, Sandra, Luís, Ferando, Fábio, Roberto, Márcio, Edson, André, Sérgio, Josefa, Patrícia, Daniel, Rodrigo, Rafael, Joaquim, Vera, Ricardo, Eduardo, Terezinha, Sônia, Alexandre, Rita, Luciana, Cláudio, Rosa, Benedito e Leandro.

Fonte: Estado de S Paulo, 30 nov 2011, C10 (figura, aqui)


05 dezembro 2011

Rir é o melhor remédio

Too Big to Fail

Gatilho Emocional

Em algumas pesquisas científicas é necessário associar o estado emocional de uma pessoa com suas decisões. No passado, para induzir o medo, os cientistas aplicavam choques elétricos nas "cobaias". Nos dias de hoje é difícil imaginar isto acontecendo.

Para resolver este problemas, os cientistas usam vídeos que disparam "gatilhos" emocionais. Após assistirem estes vídeos, as pessoas estarão prontas para submeter a pesquisa.

Em 1995 dois cientistas fizeram uma pesquisa para determinar quais os vídeos eram mais efetivos em produzir emoções, como tristeza ou alegria. O resultado mostrou que para induzir repulsa a recomendação seria um curta metragem sobre amputação. Para disparar alegria nos pesquisados, a cena famosa do falso orgasmo de When Harry Met Sally (no Brasil, Harry e Sally, Feitos um para o Outro, foto acima). Para tristeza, uma cena do filme The Champ (O Campeão, no Brasil), onde o garoto chora sobre o corpo do pai morto (foto abaixo).