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03 novembro 2011

Panamericano

A Polícia Federal apurou que R$ 16,67 milhões foram sacados em espécie da conta da Panamericano Administradora de Cartões Ltda., entre junho de 2006 e novembro de 2010. Segundo a PF, naquele período foram realizados 86 saques em favor de empresas dos ex-diretores do Banco Panamericano "sem a apresentação de contratos ou outra causa que justificasse a despesa". (...) 


O expediente sob suspeita foi revelado por Jair Angelo Pitol, ex-gerente de contabilidade fiscal do banco. "Wilson Aro mandava mensalmente provisionar em uma conta da Perícia Seguros quantias para pagamentos a efetuar. Eram classificadas contabilmente como ‘contas a pagar’. Eu deduzia que os valores ‘provisionados’ eram destinados a retiradas, por parte dos diretores, pois eles não apresentavam notas fiscais e não justificavam para quem os valores seriam pagos."


Fonte: Estado de São Paulo

Panamericano e auditoria


A Polícia Federal não encontrou provas suficientes que justificassem o indiciamento dos dois sócios da Deloitte -José Barbosa da Silva Junior e Osmar Aurélio Lujan- responsáveis pela auditoria do PanAmericano


Para incriminá-los, a PF precisaria ter localizado indícios de que os dois participaram ou, ao menos, souberam das fraudes que levaram ao rombo de R$ 4,3 bilhões.


Para a PF, é possível que os auditores tenham se omitido ou cometido falha técnica. Mas essa investigação cabe ao Banco Central.


A Deloitte pode ser responsabilizada por não ter feito ressalvas no balanço do PanAmericano quando teve dificuldades para atestar transações envolvendo carteiras de crédito do banco vendidas a outras instituições -principal foco das fraudes.

(Fonte: Folha de São Paulo)

Exame de suficiência


O resultado da primeira edição do Exame de Suficiência mostrou um índice de reprovação médio de 69,17% (Jornal do CFC, p. 4). Apesar da prova ter sido considerada “fácil”, o número de reprovados assusta.

Entretanto é possível observar algumas relações interessantes. Em primeiro lugar, os estados com maior densidade demográfica tiveram um desempenho melhor (a correlação entre reprovação e densidade demográfica foi de menos 0,672). Steven Johnson, em “De onde vêm as boas ideias”, afirma que a existência de grandes metrópoles favorece o desenvolvimento humano. Mas considero muito forçado uma análise deste tipo.

De igual modo, os estados mais ricos, aqui medido através do PIB per capita, tiveram menos reprovações (correlação de -0,52). Ou estados mais desenvolvidos, medido pelo IDH, apresentaram melhor desempenho (correlação de -0,396).

Mas um aspecto é interessante dos números apresentados pelo CFC. As unidades da federação que possuíam um curso de pós-graduação reconhecido tiveram uma média de reprovação 65%, enquanto os estados sem um curso de mestrado ou doutorado a reprovação foi de 83%. Aqui não estamos afirmando que ter um curso de pós-graduação causa melhor desempenho no exame de suficiência (ou o contrário). De qualquer forma, esta pode ser uma questão a ser investigada com maior profundidade no futuro. 

02 novembro 2011

Rir é o melhor remédio





Crise na Europa

Deloitte e sócio fecham acordo para arquivar acusação



As acusações resultantes da investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no caso Aracruz, que geraram perdas de R$ 4,2 bilhões à companhia por conta de exposição a derivativos cambiais de alto risco em 2008, alcançaram a auditoria da empresa na época, a Deloitte Touche Tohmatsu, e seu sócio responsável pela empresa, José Carlos Monteiro. Ontem, a autarquia informou que fechou um termo de compromisso com ambos, no valor total de R$ 1 milhão.

Eles foram acusados porque as notas explicativas do balanço de 30 de junho de 2008 da Aracruz não evidenciaram os riscos específicos de “ganhos limitados e perdas ilimitadas” dos instrumentos financeiros detidos pela companhia, denominados “sell target forward”. Além disso, as notas não continham o valor de mercado das operações.

No relatório do Comitê de Termo de Compromissos, consta ainda que a nota da empresa divulgou incorretamente que os valores nocionais atualizados dos contratos somavam R$ 573 milhões, quando a exposição chegava a US$ 2,4 bilhões.

Com tudo isso, a Deloitte e Monteiro teriam deixado de seguir regras da CVM para o tema, além de recomendações do Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon). Na visão do regulador, caberia uma ressalva sobre as informações da Aracruz de junho de 2008.

Procurados, Deloitte e Monteiro não comentaram o assunto.

Com a assinatura do termo de compromisso, é extinta a discussão sobre culpa ou inocência dos acusados, já que o caso é arquivado e não vai a julgamento.

Durante o processo na CVM, a Deloitte havia apresentado argumentos de defesa alegando, entre outros pontos, que o entendimento das operações detidas pela Aracruz foi emitido com base nas circunstâncias econômicas existentes à época. A variação cambial que disparou as perdas da Aracruz – bem como as da Sadia e outras empresas que fizeram apostas semelhantes – teve início com a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, justamente o término da temporada dos balanços do segundo trimestre.

Antes de alcançarem um acordo no valor de R$ 1 milhão, a Deloitte havia proposto, em 2010, o pagamento de R$ 200 mil pela firma de auditoria e mais R$ 100 mil pelo sócio. A sugestão, contudo, foi recusada pelo Comitê de Termo de Compromisso da autarquia.

A auditoria chegou a sugerir a ampliação dos valores para R$ 300 mil e R$ 150 mil, respectivamente. Mais uma vez, a proposta não foi aceita.

O comitê da autarquia, ao avaliar o contexto das infrações, a gravidade das condutas e o histórico de ocorrências da empresa de auditoria (termo de compromisso do processo da Parmalat de 2005), recomendou que as propostas para o acordo deveriam ser aprimoradas e sugeriu a obrigação de R$ 1,7 milhão pela Deloitte e de R$ 800 mil pelo sócio.

No relatório, o comitê em questão também destaca que o colegiado deveria avaliar se o encerramento do caso por meio de um termo de compromisso seria oportuno, dada a possibilidade de emissão de parecer norteador ao mercado com o julgamento.

Tal discussão ocorreu em novembro de 2010. O termo foi alcançado somente em 13 de setembro passado e divulgado ontem ao mercado.
Fonte: Graziella Valenti e Juliana Ennes, Valor Economico

Conselhos têm poucos diretores financeiros


A Lei Sarbanes-Oxley devia ter colocado mais diretores financeiros nos conselhos das grandes empresas americanas. Mas, quase dez anos depois, eles continuam escassos.

Não é que os diretores financeiros não queiram ser conselheiros. Além de oferecer remuneração generosa pelo que é basicamente um trabalho de meio período, um assento no conselho confere prestígio e o reconhecimento de que o executivo faz mais do que lidar com números.

Os conselhos também querem esses diretores. Eles preenchem exigências regulatórias de que os conselhos tenham sabedoria financeira. E também podem ajudar ou liderar comitês de auditoria.

Mas os diretores financeiros das maiores empresas americanas trabalham em média para 0,30 conselho, uma queda de 19% se comparado a 0,37 conselho quatro anos atrás, de acordo com a firma de contratação de executivos CristKolder Associates. É menos de um assento para cada três diretores financeiros.

Os motivos são intrigantes. Tais como cultura corporativa, ou uma cota não oficial com intenção de maximizar a diversidade de talentos num conselho. Às vezes, o maior obstáculo para que diretores financeiros entrem em conselhos de outras empresas é um chefe que teme sua distração com atividades externas.

A Honeywell International Inc., por exemplo, autoriza seus executivos a participarem de conselhos externos “de maneira limitada”, de acordo com um porta-voz. Isso desde que o executivo esteja na Honeywell por “um período extenso de tempo e que a oportunidade avance seu desenvolvimento profissional”. E ainda exige aprovação pelo presidente do conselho da Honeywell.

Um dos objetivos da Lei Sarbanes-Oxley de 2002 foi deixar os conselhos mais responsabilizáveis pelas finanças das empresas, em parte pela ampliação dos deveres do comitê auditor do conselho e pela elevação dos exigências em termos de conhecimento financeiro e independência para os candidatos a conselheiro. As novas regras pareciam favorecer os diretores financeiros.

E, na verdade, as oportunidades atuais para eles são abundantes, se comparadas com o que eram na virada do milênio. “Diretores financeiros que eram conselheiros independentes em 2000 podiam ser contados com uma mão”, diz Peter McLean, presidente da área de finanças globais da Korn/Ferry
International.

Há mais agora, de acordo com a Korn/Ferry, mas mesmo assim somente 20% dos 1.000 principais diretores financeiros dos EUA estão em conselhos atualmente, e quanto menor a empresa, piores as chances de seu diretor financeiro ser membro de um conselho.

“Há mais diretores financeiros que querem assento num conselho do que oportunidades disponíveis”, diz Jeremy Rickman, diretor da área de contratação para conselhos da Russell Reynolds Associates, de Chicago

Fonte: Maxwell Murphy The Wall Street Journal, Valor Economico