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13 setembro 2011

Basileia 3 e Globalização

Dorotea, uma empresária de trinta e poucos anos que trabalha por conta própria com cerâmica, nas longínquas florestas do Peru, sabe tudo sobre a crise financeira mundial. Ela pode não estar familiarizada com as tecnicalidades do desaparecimento do Lehman Brothers, em 2008, nem com a consequente enxurrada de regulamentações destinadas a reparar o quebrado sistema bancário. Mas ela sabe que é uma pessoa de sorte. Se estivesse hoje tentando obter o empréstimo de 1.200 soles para um novo forno que obteve alguns anos atrás, ficaria frustrada.

A exemplo, virtualmente, de todos os bancos mundiais, sua instituição de microcrédito, o Mibanco, teve de reduzir os riscos a que estava exposto, e não está mais concedendo financiamento a empresários empobrecidos como Dorotea. “Ainda estamos emprestando”, diz seu gerente local. “Mas procuramos riscos menores – tomadores não tão pobres e não tão micro.”

Três anos depois de mergulharmos nas profundezas do pior colapso financeiro das últimas oito décadas, está mais claro do que nunca que a crise que muitos julgavam encerrada dois anos atrás continua em vigor – e, de certa forma, principalmente nos EUA e em toda a zona do euro, está se intensificando. As empresas e os políticos dizem que o crédito ou não está disponível ou está caro demais. Os bancos reclamam que os lucros estão sendo tão fortemente comprimidos que os investidores estão desertando deles. As autoridades reguladoras, ilhadas no meio, estão entregues às suas próprias dúvidas sobre se sua reação natural à crise – a formulação de novas e rígidas normas – está mesmo erigindo um sistema mais sólido, como o pretendido, ou se está exacerbando os problemas de uma frágil economia mundial.

Numa visão retrospectiva, está claro que a estrutura do setor nos anos anteriores a 2007 constituía um desastre anunciado. As instituições tinham se distorcido na busca de lucros arrasadores. Elas mantiveram pouco capital próprio para se proteger – e o capital que elas efetivamente tinham era, em muitos casos, amplificado em até 50 vezes com instrumentos de endividamento. Amplos lucros eram acumulados através de tomadas de empréstimo barato, muitas vezes de curto prazo, contratados sob o pressuposto de que os riscos inerentes de produtos que iam desde contratos de crédito imobiliário até derivativos complexos eram desprezíveis.

Hoje, esses elementos constitutivos da lucratividade – que geraram retornos sobre o capital de até 25 ou 30%, correspondente a cinco vezes a taxa normal de muitas empresas industriais de primeira linha – não existem mais. Muitos bancos detêm atualmente o triplo do capital que possuíam antes, e até seis vezes o financiamento líquido. Os múltiplos de alavancagem mais comuns se reduziram a 20. Os riscos foram reavaliados. E os lucros despencaram. Segundo o indicador preferido dos próprios bancos, o retorno sobre o patrimônio, que historicamente tem um desempenho ilusoriamente maximizado ao relacionar os retornos apenas com aquelas parcas reservas de segurança de capital, o máximo a que podem aspirar agora corresponde à metade da faixa do pré-crise.

O Citigroup, uma das grandes vítimas americanas, encolheu seus ativos – empréstimos, contratos de crédito imobiliário e de outro tipo de crédito – drasticamente. “O mundo mudou”, diz Alberto Verme, coprincipal executivo de suas divisões europeias. “Os bancos estão voltando ao básico – à captação de depósitos, ao repasse desses depósitos sob a forma de concessão de empréstimos e à administração do que é cada vez mais importante para os clientes – gerenciamento de caixa, financiamento de comércio exterior, câmbio.”

Os órgãos reguladores, por sua vez, baixaram uma grande quantidade de normas sobre o volume de capital próprio e de liquidez das instituições. Embora a maioria faça parte dos novos padrões do comitê da Basileia, o órgão regulador mundial, a serem introduzidos, progressivamente, até 2019, os analistas e investidores pressionam pelo cumprimento antecipado. Sua máxima para os últimos anos é simples: quanto maior o índice de capitalização – especificamente o patrimônio líquido em relação aos ativos ponderados pelo grau de risco -, melhor.

“Está bastante claro que o sistema bancário de hoje é mais seguro do que era alguns anos atrás”, diz Bob Penn, um dos sócios do escritório mundial de advocacia Allen & Overy. “Será que isso decorre de medidas regulatórias ou da simples reação do mercado à crise?”

Seja como for, a crise encontrou novo fôlego. Os custos diretos, arcados pelos governos três anos atrás, de salvar bancos quebrados, associados aos custos indiretos do desaquecimento da economia que acompanharam o colapso do setor e ao efeito bumerangue do excesso de tomada de empréstimos, se revelaram sob a forma de cargas de endividamento soberano insustentáveis da Europa aos EUA. Isso está se refletindo, novamente, no ainda frágil sistema bancário, num momento em que partes das carteiras tradicionalmente seguras das instituições de investimentos em bônus governamentais despencaram de valor.

“Nesse processo de reestruturação das demonstrações financeiras, as incertezas deste momento dizem respeito à habitação e aos governos”, diz Richard Brown, economista-chefe do FDIC, o órgão garantidor dos depósitos bancários e fiscalizador do setor nos EUA. Alguns acreditam que a raiz do problema foi a insuficiência das reformas. “As mudanças que foram lançadas e planejadas não tornarão [o sistema] seguro o suficiente”, diz o professor Anat Admati, da Universidade Stanford.

A título de exemplo, os mais recentes alvos da pressão vendedora dos mercados são os bancos franceses, que, com o apoio da autoridade reguladora nacional, resistiram em seguir a investida de Suíça, Suécia e Reino Unido para aumentar os níveis de capitalização para novos patamares recorde. Ao mesmo tempo, o BNP Paribas, o Société Générale e o Crédit Agricole têm exposições extraordinariamente altas à Grécia.

As autoridades de política monetária estão enfrentando dificuldades em corrigir os fundamentos errôneos das economias da zona do euro sem consumir o capital das reservas de segurança dos bancos. Mas, enquanto isso, a oferta de financiamento líquido de curto prazo a muitas instituições do continente está se esgotando, em uma reedição do nervosismo que aniquilou instituições como o Northern Rock do Reino Unido e o Lehman dos EUA em 2007-08.

“Os problemas fundamentais da zona do euro estão apenas piorando com o passar do tempo”, diz Ulf Riese, diretor financeiro do Handelsbanken da Suécia, cujo modelo de negócios de baixo risco o tornou um raro refúgio seguro dentre seus pares europeus. “A liquidez, para muitos bancos, está ficando de mais curto prazo ou dependente de medidas do governo.”

O prazo de sexta-feira para os detentores do setor privado de bônus soberanos da Grécia aderirem a um acordo voluntário de prorrogação do vencimento em até 10 anos poderá desencadear uma nova rodada de pressão vendedora em toda a zona do euro. Os dirigentes dos bancos preveem que a adesão ficará aquém da meta de 90%, o que poderá pôr em perigo a próxima tranche do dinheiro do pacote de salvamento à Grécia se os políticos sentirem que o ônus não está sendo compartilhado de forma justa.

A fragilidade dos mercados aparentemente levou alguns defensores de reformas, normalmente de linha dura, a questionarem a adequação de adotar um enfoque pouco flexível. Andrew Haldane, diretor-executivo de estabilidade financeira do Bank of England, o BC do Reino Unido, elogiou no mês passado a condução da regulamentação dos bancos na década de 1930 dada pelo presidente dos EUA Franklin Roosevelt – especificamente a de afrouxamento das normas durante a Crise de 1929, na tentativa, bem-sucedida, de intensificar a concessão de crédito.

Os dirigentes dos bancos, não é de admirar, concordam. Eles destacam, por exemplo, que o papel tradicional das instituições de crédito de fazer a mediação entre os mercados de capitais e os tomadores corporativos pode não ser mais viável economicamente, agora que tantos foram rebaixados pelas agências de classificação de crédito. “Hoje em dia, muitos bancos têm um custo mais alto de financiamento do que as empresas, e isso dificulta muito sua tarefa de conceder crédito a uma empresa”, diz Riese.

Alguns proponentes de reformas acreditam que as autoridades reguladoras precisam manter a pressão – pela limitação, por exemplo, à capacidade dos bancos de pagar dividendos aos acionistas enquanto não tiverem aumentado mais os níveis de capitalização por meio de retenção dos lucros.

Mas a maior questão existencial continua sendo a de caráter básico, sobre a capacidade de concessão de crédito. E apenas quando a fraca demanda da economia por crédito finalmente se fortalecer, pondo à prova a capacidade dos bancos de conceder crédito com suas novas restrições de capitalização e liquidez, é que o mundo realmente saberá se o futuro do setor bancário se sustenta. (tradução de Rachel Warszawski)

Fonte: Patrick Jenkins, Brooke Masters e Tom Braithwaite Financial Times, Valor Economico

Infraestrutura

Renée Pereira
Estado de S.Paulo, 11.09.2011


A qualidade da infraestrutura brasileira piorou em relação ao resto do mundo pelo segundo ano consecutivo. Desta vez, no entanto, o País despencou 20 posições no ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial, de 84º para 104º lugar. Em 2010, já havia perdido três colocações por causa da lentidão do governo para tirar projetos importantes do papel.A tendência não é nada animadora.

Na avaliação de especialistas, com a paralisia verificada em algumas áreas este ano a situação tende a piorar. É o caso da malha rodoviária. No ranking mundial, elaborado com base na opinião de cerca de 200 empresários nacionais e estrangeiros, a qualidade das estradas brasileiras caiu 13 posições e está entre as 25 piores estruturas dos 142 países analisados.

A preocupação é que, depois dos escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes, muitas obras estão paralisadas. Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foram suspensos 41 editais, que estão sendo liberados de acordo com a prioridade do ministério. O órgão destaca, entretanto, que esses processos estavam em diferentes estágios, alguns na fase anterior à abertura das propostas. Apesar disso, afirma que conseguiu executar R$ 1,2 bilhão em agosto. Mas será preciso bem mais energia para melhorar a posição no ranking mundial, avalia o consultor para logística e infraestrutura da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet.

Os maiores empregadores

1. Departamento de Defesa dos EUA - 3,2 milhões de empregados
2. Exército Chinês - 2,3 milhões
3. Walmart - 2,1 milhões
4. McDonalds - 1,7 milhão
5. CNPC (empresa chinesa de petróleo) - 1,7 milhão

Fonte: Aqui

Concorrência

A PwC comenta sobre a concentração do mercado de auditoria:

"O mercado de auditoria é ferozmente competitivo e rejeitamos qualquer alegação de que sugere o contrário", disse Powell. "Trabalhamos em nome de alguns dos clientes mais sofisticados do mundo - Que são obrigados a aprovar a nossa nomeação a cada ano" 


Em julho, as quatro grandes atacaram a perspectiva de uma investigação da Comissão da Concorrência do Reino Unido, alegando que o plano é desnecessário e potencialmente prejudicial para Londres.


Reguladores esperam refrear o poder das empresas que auditam as contas de 99 das empresas do FTSE 100.

Fonte: aqui

12 setembro 2011

Rir é o melhor remédio

Uma propaganda antiga sobre Café e casais. Fonte: aqui

Beleza


O trabalho de Hamermesh não estabelece padrões para o que é ser bonito --o economista "driblou" essa questão. No estudo mais abrangente do livro, um grupo de avaliadores classificou a beleza do rosto de 2.774 profissionais. "Pessoas olham para fotos ou para indivíduos e [em geral] concordam sobre quem tem boa aparência ou não", justifica. "Claro, nem sempre há unanimidade."


O estudo concluiu que os trabalhadores americanos colocados entre os 7% mais feios ganham até 17% menos do que os 33% considerados mais bonitos. Hamermesh afirma ter verificado os efeitos da beleza em todas as profissões que pesquisou, incluindo professores, publicitários e economistas.

Fonte: aqui. Foto, aqui

Brics

Eis uma notícia interessante: O avanço da economia brasileira, no segundo trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado, ficou à frente da África do Sul, na comparação entre os cinco países que formam os Brics, atrás de China, Índia e Rússia.

 (Sempre tinha escutado dizer que era BRICs, de Brasil, Rússia, India e China. Entretanto, recentemente admitiu-se a África do Sul e a sigla é BRICS)