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12 setembro 2011

Publicação, importante etapa da ciência

Artigo de Rogério Meneghini na Folha de São Paulo (30/08/2011):

No Brasil, os periódicos são publicados por sociedades, e não por publishers; por isso, a maioria é gerenciada de modo amador e com poucos recursos A produção mundial de ciências tem crescido intensamente, principalmente em países emergentes. Estima-se que haja mais de 100 mil periódicos científicos no mundo.

Tanto em taxa de crescimento quanto em total de artigos, os países emergentes do grupo Brics se destacam, com 18% das publicações mundiais. Tais números ressaltam a quantidade, mas e quanto à qualidade? A avaliação mais próxima desse atributo se faz pelo número médio de citações aos artigos, utilizando bases internacionais de indexação.

Na mais prestigiosa, a Thomson-Reuters-ISI, o Brasil se encontra na 13ª posição em número de artigos publicados e na 35ª posição em citações por artigo; em resumo, relativamente bem em produtividade, mas mal em qualidade. Entre os fatores que pesam para isso está o baixo nível de colaboração internacional (27% dos artigos).

Países mais avançados apresentam taxas superiores a 50%. É evidente que, hoje, a interação com parceiros internacionais aumenta a troca de ideias e informações, beneficiando o trabalho resultante.

Outro fator é a baixa presença de cientistas brasileiros nos corpos editoriais das revistas internacionais. Não por menos, esses pesquisadores são chamados de guardiões do portão: como cientistas destacados, têm o poder de estabelecer os contornos da ciência contemporânea, definindo o que é relevante e vanguardeiro.

Nossos periódicos também têm seus guardiões. Poderiam eles compensar a pouca presença internacional? Dificilmente. Os países emergentes buscam indexar seus periódicos nas bases internacionais, e alcançaram sucesso nos últimos anos. Contudo, tais periódicos não se tornam necessariamente internacionais por isso. Eles operam primordialmente para fluir a produção científica nacional.

No Brasil, são publicados por instituições ou sociedades, e não por publishers, como na grande maioria dos países. Por isso, são em sua maioria administrados de forma amadora e com recursos modestos.


O programa SciELO, apoiado primordialmente pela Fapesp, tem operado para selecionar os melhores periódicos brasileiros, dispondo-os em acesso aberto na internet e alavancando-os para indexação nas bases internacionais. O programa, porém, não intervém em suas administrações, não exercendo, portanto, o papel de publisher.

Como avançar na internacionalização desses periódicos? A meta é atingir maior visibilidade (citações) com uso intensivo da língua inglesa e da colaboração internacional.

Para isso, é necessário: (1) profissionalizar a administração, por meio de publishers e de atuação na composição do corpo editorial com pesquisadores conceituados e ativos (não perfunctórios), remunerados e experientes internacionalmente; (2) adotar um modelo econômico em que os autores pagam para publicar seus artigos, com recursos provindos de seus projetos.

A escolha de onde publicar já seria um procedimento de avaliação dos melhores periódicos pelos pesquisadores.


Rogério Meneghini é professor titular aposentado da USP, coordenador científico do programa SciELO de revistas científicas e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Custo da Copa


O Portal da Transparência do governo, montado pela Controladoria-Geral da União, diz que a Copa custará R$ 23,4 bilhões.


A Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), que tem acordo de cooperação técnica com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o Ministério do Esporte, trabalha com outros números.


Estima em R$ 112 bilhões o custo total do Mundial e em R$ 84,9 bilhões, se considerado o recorte feito pelo Portal da Transparência, com o cálculo incluindo só aeroportos, portos, segurança, arenas e mobilidade urbana.


Fonte: aqui

11 setembro 2011

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Intangível

Se ativos intangíveis - patentes, por exemplo - dominam grande parte da economia moderna, por que continuam, em grande parte, fora dos balanços das maiores companhias americanas?

Algumas vendas de patentes alçadas às manchetes reacenderam o interesse pela questão. Entre elas: o leilão, com arremate por US$ 4,5 bilhões, de patentes de tecnologia sem fio da Nortel, em 1º de julho, e os US$ 12,5 bilhões pagos pelo Google em 15 de agosto pela Motorola Mobility Holdings e suas 24,5 mil patentes e pedidos de patentes pendentes, além de outros ativos.

Agora, a agência australiana que estabelece normas contábeis em nome de um grupo mundial do qual faz parte a Financial Accounting Standards Board americana está colocando o tema na agenda da contabilidade mundial. A entidade realizou, recentemente, uma pesquisa com empresas, auditorias e reguladores sobre a contabilização de intangíveis e se mudanças devem ser feitas.

Nos EUA, ativos intangíveis, como marcas, relacionamento com clientes, patentes e outras informações tecnológicas, são contabilizados de uma forma se criadas nas próprias empresas - e de outra maneira, caso adquiridas.

Os ativos intangíveis de uma empresa, quando desenvolvidos por ela própria, têm seu valor contabilizado por pouco mais do que as taxas legais e de registro, porque pesquisas são deduzidas como despesas, e não capitalizadas. Ativos adquiridos, por outro lado, como as patentes que o Google obterá com a compra da Motorola, são contabilizados pelo "valor justo".

Os críticos dizem que a diferença faz com que seja difícil realizar comparações entre empresas e muitas vezes oculta os ativos mais importantes.

O tratamento diferenciado implica que uma patente desenvolvida por uma empresa e depois vendida para outra pode ser originalmente avaliada por um valor praticamente nulo, e então, quase da noite para o dia, passar a valer milhões - ou até mesmo bilhões - de dólares, diz Esther Mills, presidente da Accounting Policy Plus, uma firma de consultoria de Nova York especializada em questões contábeis complexas.

Mills está entre os que sustentam que intangíveis criados internamente devem constar do balanço pelo seu valor de mercado ou por um montante que reflita mais plenamente os custos do esforço de pesquisa e desenvolvimento que tenha resultado na criação de um ativo intangível.

A diferença contábil pode resultar em comportamento distorcido, adverte Abraham Briloff, um professor emérito de contabilidade no Baruch College, já que torna tentador, para uma empresa, comprar propriedade intelectual em vez de realizar pesquisas.

O valor de patentes compradas é subtraído dos lucros ao longo de sua vida útil, mas em setores como telecomunicações, nos quais as empresas são avaliadas com base em seu Ebitda (lucro antes da dedução de juros, impostos, depreciação e amortização), esses custos tendem a ser largamente ignorados por analistas e investidores.

Alguns peritos em contabilidade contra-argumentam que levar patentes e outros intangíveis para o balanço patrimonial criaria riscos de abusos. "É uma boa maneira de manipular os lucros", diz Robert Willens, diretor de serviços tributários e contábeis da consultoria que leva seu nome. Por exemplo, empresas poderiam inflar seus lucros capitalizando tanto os custos diretos como indiretos do desenvolvimento de intangíveis, evitando que virem despesa na demonstração de resultados,diz ele.

Não é fácil determinar o valor correto de um intangível e pode ser particularmente difícil em situações como a do Google. Além de qualquer valor que as patentes da Motorola Mobility poderão proporcionar em termos de fluxo de caixa futuro, o Google também está contando com as patentes como uma defesa contra ações judiciais de concorrentes. Isso é particularmente subjetivo e de difícil avaliação, segundo especialistas.

A questão tornou-se mais importante à medida que a economia americana fica cada vez mais dominada pelos intangíveis. De acordo com a Ocean Tomo, especialista na avaliação de ativos com sede em Chicago, 80% do valor de mercado das empresas componentes do S&P 500 em 2010 podem ser atribuídos a ativos intangíveis, contra 68% em 1995 e 32% em 1985.

Desde 1999, ágios têm sido sistematicamente pagos por ativos intangíveis, embora sejam mais baixos hoje do que no auge da bolha de tecnologia em 1999 e 2000, segundo análise de mais de 6 mil fusões e aquisições no setor de tecnologia e telecomunicações realizadas para a Reuters pela Capital IQ, uma monitoradora de dados.

O exame adicional de apenas 848 operações que atribuíram um valor mensurável a intangíveis adquiridos mostrou que o prêmio pago por bens intangíveis tem variado ao longo do tempo, mas atingiu um pico recente, em 2010, quando os compradores pagaram em média 15 vezes o valor dos ativos intangíveis das empresas-alvo.

Um estudo realizado por Carol Corrado, da associação de pesquisas da The Conference Board Research Association, e pelo professor Charles Hulten, da Universidade de Maryland, publicado em 2010, mostrou que em meados dos anos 1990 as empresas começaram a investir mais em ativos intangíveis do que em ativos tangíveis, como prédios e máquinas. De lá para cá, a diferença só cresceu. Uma razão para o descompasso entre a economia e a contabilidade pode ser a falta de interesse dos executivos em corrigir a situação.


Robert Herz, ex-presidente do Financial Accounting Standards Board (Fasb), dos EUA, disse que, em 2006 e 2007, quando seu grupo e o International Accounting Standards Board (Iasb) realizaram consultas a investidores, gestores e auditores sobre o que eles deveriam focar, a contabilização de intangíveis, de modo geral, não foi considerada tão relevante como uma série de outros temas.

Baruch Lev, um professor da New York University que tem estudado largamente os ativos intangíveis, disse que o status quo protege os gestores em algum grau. "Eles têm financiamentos fora de balanços e ativos fora de balanços - e estão muito satisfeitos com intangíveis fora dos balanços", disse Lev. "Intangíveis são arriscados, não há dúvida sobre isso, e eles podem ter de zerá-los contabilmente e responder a questionamentos embaraçosos. Eles perguntam: 'Por que precisamos disso?'"

Os investidores podem estar sendo prejudicados por entender pouco sobre questões relacionadas com propriedade intelectual. James Malackowski, diretor-executivo da Ocean Tomo, salienta o desempenho - superior ao do mercado - do índice criado por sua empresa, que engloba as 300 empresas que possuem as patentes mais valiosas em relação a seu valor contábil. Segundo cálculos da empresa, o Ocean Tomo Patent Index 300 vem superando o S&P 500 desde sua criação, em 2007.

Por não dispor de dados suficientes sobre quem detém as patentes e seu valor, diz, os investidores estão ignorando o verdadeiro valor de muitas boas empresas.

Fonte: Valor Econômico.

Reino Unido veta fim de cópias de papel

A oposição esmagadora de grandes e pequenos investidores derrotou uma proposta que visava a permitir que as companhias parassem de imprimir em papel seus relatórios anuais e balanços.

O Financial Reporting Council (FRC), órgão de fiscalização responsável pelo cumprimento das normas contábeis e de governança empresarial no Reino Unido, disse que abandonou o plano depois que "foram levantadas preocupações com o fim das cópias em papel dos relatórios, que colocaria os pequenos investidores em desvantagem, uma vez que muitos deles são idosos ou possuem acesso limitado à internet".

Dentre as propostas publicadas pelo FRC na quinta-feira está também a obrigação das companhias de colocar seus contratos de auditoria sob licitação a cada dez anos, ou explicarem por que não o fizeram.

Stephen Haddrill, presidente do FRC, havia descrito neste ano os relatórios anuais impressos como "um enorme desperdício de papel, uma enorme perda de tempo e um desperdício de dinheiro".

A mudança de opinião reflete queixas de investidores e profissionais do mercado financeiro de Londres, muitos dos quais afirmam que, independentemente da idade do leitor, é mais difícil ler esses relatórios longos e documentos complexos na tela de um computador.

"Para muitos investidores, incluindo eu, é muito mais fácil ler em uma cópia impressa", disse Simon Laffin, ex-presidente do conselho de administração da administradora de pubs Mitchells & Buttlers, em uma carta condenando a proposta.

Laffin, que preside os comitês de auditoria da Aegis e da Quintain Estates & Development, também mencionou o exemplo da Argos, apontando que a companhia varejista ainda imprime cópias de seu catálogo, além de operar on-line. "Uma lição importante da economia digital não é que as pessoas querem tudo on-line e sim que elas exigem informações de várias maneiras", disse ele.


Fonte: Valor Econômico- Adam Jones Financial Times, de Londres

PanAmericano têm vantagens acima da média

O banco PanAmericano possui, hoje, vantagens que o colocam acima da média dos bancos médios brasileiros, diz um relatório do banco Santander. A principal delas é o fato de a instituição contar com acionistas de peso (o BTG Pactual e a Caixa Econômica Federal). O BTG adquiriu 3 bilhões de reais em carteiras de créditos durante o primeiro trimestre de 2011, o que proporcionou uma liquidez extra para o caixa do PanAmericano, segundo os analistas do Santander. Já a Caixa se comprometeu a financiar o banco em 10 bilhões de reais nos próximos oito anos, divididos em 2 bilhões de reais em empréstimos interbancários e 8 bilhões de reais em aquisições de carteiras de crédito. “É uma estrutura de financiamento exclusivo: mais barato, a longo prazo, e menos volátil – um sonho que se realiza para um banco médio”, diz o Santander.

Outro ponto positivo para o PanAmericano, segundo o Santander, é o potencial de sinergias com a Caixa, que deverá ajudar o banco a diversificar sua atuação no mercado de empréstimos. O objetivo é se consolidar em financiamentos de veículos e crescer no setor de crédito consignado e em linhas para pequenas e médias empresas. Se isso de fato ocorrer, projetam os analistas, o banco poderá ter uma carteira de crédito de 35 bilhões de reais nos próximos quatro anos, mais que o triplo da atual.

O Santander, no entanto, faz duas ressalvas: o Índice de Basileia do banco – de 12% – está abaixo da média do setor, o que significa que o banco deverá aumentar a sua capitalização para se enquadrar nas exigências da Basileia III. Mesmo assim, os analistas do Santander recomendam a compra das ações do PanAmericano.

Depois de uma queda de 30% nas ações do PanAmericano em 2010, depois de ser descoberto um rombo de quase 4 bilhões de reais no seu balanço, os papéis do banco valorizaram 39% em 2011 – a quinta maior alta da bolsa -, enquanto o Ibovespa caiu 20% no mesmo período.

Fonte: Thiago Bronzatto, Exame.com