03 setembro 2011
Canal de Suez x PIB
Por Pedro Correia
Segundo a The Economist, quantidade de carga que passa pelo Canal de Suez pode ser utilizado como um indicador antecedente das condições econômicas, pois em torno de 8% do fluxo comercial do mundo atravessa o canal egípcio. Em dezembro de 2010, o aumento médio do peso total de carga que passa através do canal foi de 9,5%, no entanto, de maio a junho deste ano, foi de apenas 5,7%. De acordo com a análise simplista da revista, esse indicador sugere que o PIB mundial cairá de 3,8% no primeiro trimestre para 3,3% no segundo.
Imprensa estrangeira especula sobre ingerência no BC
A decisão do Banco Central do Brasil de reduzir em meio ponto percentual a taxa básica de juros (Selic) – quando especialistas esperavam manutenção ou mesmo elevação – virou assunto em três das mais influentes publicações de economia do mundo, a saber, a revista britânica “The Economist”, o jornal também do Reino Unido “Financial Times” e o diário americano “The Wall Street Journal”. Uma coisa que os três textos apresentam em comum é a referência a uma suposta ingerência de outras áreas do governo.
A “Economist” desta semana publica uma análise segundo a qual a decisão do BC marca uma “mudança de direção” na política econômica do governo. Durante anos, o Brasil ficou com um pé no freio (juros altos definidos pelo BC) e outro no acelerador (gastos públicos em alta), segundo a revista, que toma essa opinião emprestada de um analista do BNP Paribas.
A atual decisão do BC, de baixar os juros logo depois de o governo definir um aperto da política fiscal, inverte essa ordem, na opinião da “Economist”. De uma situação de política fiscal frouxa e política monetária ortodoxa, o Brasil ensaia uma fase de aperto fiscal e relaxamento monetário.
Sobre a possibilidade de ter havido pressão para baixar a Selic, a “Economist” afirma: “Ainda que nos últimos anos o Banco Central tenha sido amplamente livre para definir as taxas de juros sem interferência do governo, ele não é formalmente independente. O presidente da instituição, Alexandre Tombini, é mais próximo do ministro da Fazenda do que o seu antecessor, Henrique Meirelles.
Ainda no Reino Unido, o “Financial Times”, mesmo já tendo publicado um editorial sobre o Brasil ontem (quarta-feira, 1), colocou em seu site hoje [2/09] uma análise que deve ser publicada na coluna Lex da versão impressa amanhã [3/09]. O diário afirma que a decisão do BC brasileiro inspira “admiração , medo e ciúme”.
Admiração porque mostra a “coragem” do BC em “responder bravamente à súbita deterioração da economia global”. Mas há motivos para medo, na opinião do jornal. Primeiro, porque o corte nos juros pode ser decorrência de ingerência política no BC. Segundo, porque a redução da Selic pode ter ocorrido por “impotência” da autoridade monetária em ao mesmo tempo controlar a inflação e não acabar com o crescimento econômico.
Mesmo assim, a situação do Brasil ainda desperta inveja de outros bancos centrais, diz a revista, porque mostra que no País ainda há “espaço para manobra”, ou seja, os juros podem baixar mais se necessário – diferentemente das nações ricas, em que o juro básico está hoje zerado.
A reportagem do “Wall Street Journal” afirma que o corte de 0,5 ponto na Selic pode ser o início de uma “ampla campanha para conter os efeitos da crise internacional”.
Para o “Journal”, a decisão representa uma tentativa de uma ação coordenada entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda. O diário americano afirma que as negativas de que o governo teria feito pressão para o BC cortar juros “pode não ser suficientes para os investidores”, que buscarão respostas na ata da reunião de ontem, a ser divulgada no dia 8.
Fonte: Sílvio Guedes Crespo, aqui.
A “Economist” desta semana publica uma análise segundo a qual a decisão do BC marca uma “mudança de direção” na política econômica do governo. Durante anos, o Brasil ficou com um pé no freio (juros altos definidos pelo BC) e outro no acelerador (gastos públicos em alta), segundo a revista, que toma essa opinião emprestada de um analista do BNP Paribas.
A atual decisão do BC, de baixar os juros logo depois de o governo definir um aperto da política fiscal, inverte essa ordem, na opinião da “Economist”. De uma situação de política fiscal frouxa e política monetária ortodoxa, o Brasil ensaia uma fase de aperto fiscal e relaxamento monetário.
Sobre a possibilidade de ter havido pressão para baixar a Selic, a “Economist” afirma: “Ainda que nos últimos anos o Banco Central tenha sido amplamente livre para definir as taxas de juros sem interferência do governo, ele não é formalmente independente. O presidente da instituição, Alexandre Tombini, é mais próximo do ministro da Fazenda do que o seu antecessor, Henrique Meirelles.
Ainda no Reino Unido, o “Financial Times”, mesmo já tendo publicado um editorial sobre o Brasil ontem (quarta-feira, 1), colocou em seu site hoje [2/09] uma análise que deve ser publicada na coluna Lex da versão impressa amanhã [3/09]. O diário afirma que a decisão do BC brasileiro inspira “admiração , medo e ciúme”.
Admiração porque mostra a “coragem” do BC em “responder bravamente à súbita deterioração da economia global”. Mas há motivos para medo, na opinião do jornal. Primeiro, porque o corte nos juros pode ser decorrência de ingerência política no BC. Segundo, porque a redução da Selic pode ter ocorrido por “impotência” da autoridade monetária em ao mesmo tempo controlar a inflação e não acabar com o crescimento econômico.
Mesmo assim, a situação do Brasil ainda desperta inveja de outros bancos centrais, diz a revista, porque mostra que no País ainda há “espaço para manobra”, ou seja, os juros podem baixar mais se necessário – diferentemente das nações ricas, em que o juro básico está hoje zerado.
A reportagem do “Wall Street Journal” afirma que o corte de 0,5 ponto na Selic pode ser o início de uma “ampla campanha para conter os efeitos da crise internacional”.
Para o “Journal”, a decisão representa uma tentativa de uma ação coordenada entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda. O diário americano afirma que as negativas de que o governo teria feito pressão para o BC cortar juros “pode não ser suficientes para os investidores”, que buscarão respostas na ata da reunião de ontem, a ser divulgada no dia 8.
Fonte: Sílvio Guedes Crespo, aqui.
Mestrado e Doutorado - UnB, UFPB e UFRN
O prazo para inscrição no processo seletivo de 2012 para turmas de mestrado e doutorado do Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte se encerra no dia 6 de setembro, nesta terça-feira. Entre outros requisitos, é necessário estar inscrito no Teste ANPAD, edição de setembro.
Acesse aqui o edital.
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A vez dos artigos
Os periódicos científicos, onde pesquisadores publicam seus estudos, têm ganhado em importância. A tal ponto que, no Brasil, seguindo países como Holanda e EUA, alguns programas de pós-graduação já substituem a obrigação de escrever uma tese por artigos científicos.
O aluno pode defender, em banca, três trabalhos publicados ou aceitos para publicação em revistas científicas. Pelo menos dois deles devem estar em periódicos de "alto impacto", ou seja, aqueles que são muito citados por pesquisadores.
A substituição da tese pelos artigos é feita com aval da Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que avalia a pós-graduação no país. No Instituto de Biociências da USP, por exemplo, os alunos podem escolher entre a tese "padrão" ou os artigos.
"Ninguém lê tese, [1] a não ser os membros da banca. Se o trabalho não for publicado, vai ficar jogado numa biblioteca", diz a geneticista Mayana Zatz, uma das entusiastas do formato. "Juntar papers já publicados é o melhor que pode ser feito. Na Holanda, eles já fazem isto há muito tempo", afirma.
"A publicação prévia é importante, mas não podemos deixar nas mãos das revistas a titulação dos alunos. A defesa da tese tem de ser mantida", alerta Rogério Meneghini, coordenador científico do Projeto SciELO, que reúne publicações da América Latina com acesso livre.
Além de disseminar as informações acadêmicas mais facilmente, os artigos dão mais visibilidade à produção científica do país. Hoje, o Brasil está em 13º lugar no mundo em quantidade de artigos publicados. [2]
MAIS RANKINGS
Mas os artigos não podem ser publicados em quaisquer revistas. Gestores têm criado rankings de periódicos para classificá-las.
No Brasil, o Qualis, da Capes, cumpre esse papel e classifica, por área de conhecimento, cerca de 17 mil títulos. Quem publicar mais nos melhores periódicos, ganha nota mais alta. E quem tiver as notas mais altas, recebe mais recursos, como bolsas.
A ligação direta entre a publicação de artigos e distribuição do dinheiro público para ciência tem tirado o sono dos pesquisadores, principalmente daqueles cujas revistas correspondentes à sua área não estão no topo.
"No meu campo de estudo, administração de empresas, o ranking não reflete a realidade", diz Ross Thomas, editor do "Journal of Educational Administration" e professor da Universidade de Wollongong, na Austrália.
Naquele país, o governo distribui R$ 2,8 bilhões para pesquisas de acordo com a "qualidade" da revista em que os trabalhos são publicados. Como não ocupa os primeiros lugares no ranking, que reúne 22 mil revistas do país, a área de Thomas fica com uma fatia pequena.
É isso também que acontece com as ciências humanas, cuja produção aparece mais em livros do que nas revistas. "É preciso adequar a metodologia [de avaliação] para essa área", diz Isidro Aguillo, do Laboratório Cybermetrics, do CSIC (Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha).
A distribuição de recursos de acordo com as áreas que mais publicam causa o que a sociologia da ciência chama "efeito Mateus". O nome é uma alusão à passagem bíblica que diz "a quem tudo tem, tudo lhe será dado".
"Quem mais publica artigos continua recebendo mais recursos", diz Maria Conceição da Costa, socióloga da ciência da Unicamp.
Postado por Isabel Sales. Indicado por Glauber Barbosa, a quem agradeço.
Fonte: Folha de São Paulo, 15 de agosto.
1: Leiam a postagem “uma tese é uma tese”: aqui.
2: Quantidade não significa qualidade. Provavelmente o Brasil está entre os que mais publicam frente às exigências da Capes. Mais: aqui.
Em Ciências Contábeis um fator a ser considerado é o tempo que leva desenvolver a pesquisa, enviar para um periódico e o artigo ser publicado. Isso se transforma em um processo que envolve mais que um ano. Talvez não seja viável publicar três ótimos artigos nos quatro anos em que se cursa o doutorado. Talvez não seja desejável. O principal objetivo é a qualidade do ensino e a tese, apesar de ser realmente lida integralmente por poucos, é um processo que desenvolve o aluno até que se torne um bom pesquisador.
O aluno pode defender, em banca, três trabalhos publicados ou aceitos para publicação em revistas científicas. Pelo menos dois deles devem estar em periódicos de "alto impacto", ou seja, aqueles que são muito citados por pesquisadores.
A substituição da tese pelos artigos é feita com aval da Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que avalia a pós-graduação no país. No Instituto de Biociências da USP, por exemplo, os alunos podem escolher entre a tese "padrão" ou os artigos.
"Ninguém lê tese, [1] a não ser os membros da banca. Se o trabalho não for publicado, vai ficar jogado numa biblioteca", diz a geneticista Mayana Zatz, uma das entusiastas do formato. "Juntar papers já publicados é o melhor que pode ser feito. Na Holanda, eles já fazem isto há muito tempo", afirma.
"A publicação prévia é importante, mas não podemos deixar nas mãos das revistas a titulação dos alunos. A defesa da tese tem de ser mantida", alerta Rogério Meneghini, coordenador científico do Projeto SciELO, que reúne publicações da América Latina com acesso livre.
Além de disseminar as informações acadêmicas mais facilmente, os artigos dão mais visibilidade à produção científica do país. Hoje, o Brasil está em 13º lugar no mundo em quantidade de artigos publicados. [2]
MAIS RANKINGS
Mas os artigos não podem ser publicados em quaisquer revistas. Gestores têm criado rankings de periódicos para classificá-las.
No Brasil, o Qualis, da Capes, cumpre esse papel e classifica, por área de conhecimento, cerca de 17 mil títulos. Quem publicar mais nos melhores periódicos, ganha nota mais alta. E quem tiver as notas mais altas, recebe mais recursos, como bolsas.
A ligação direta entre a publicação de artigos e distribuição do dinheiro público para ciência tem tirado o sono dos pesquisadores, principalmente daqueles cujas revistas correspondentes à sua área não estão no topo.
"No meu campo de estudo, administração de empresas, o ranking não reflete a realidade", diz Ross Thomas, editor do "Journal of Educational Administration" e professor da Universidade de Wollongong, na Austrália.
Naquele país, o governo distribui R$ 2,8 bilhões para pesquisas de acordo com a "qualidade" da revista em que os trabalhos são publicados. Como não ocupa os primeiros lugares no ranking, que reúne 22 mil revistas do país, a área de Thomas fica com uma fatia pequena.
É isso também que acontece com as ciências humanas, cuja produção aparece mais em livros do que nas revistas. "É preciso adequar a metodologia [de avaliação] para essa área", diz Isidro Aguillo, do Laboratório Cybermetrics, do CSIC (Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha).
A distribuição de recursos de acordo com as áreas que mais publicam causa o que a sociologia da ciência chama "efeito Mateus". O nome é uma alusão à passagem bíblica que diz "a quem tudo tem, tudo lhe será dado".
"Quem mais publica artigos continua recebendo mais recursos", diz Maria Conceição da Costa, socióloga da ciência da Unicamp.
Postado por Isabel Sales. Indicado por Glauber Barbosa, a quem agradeço.
Fonte: Folha de São Paulo, 15 de agosto.
1: Leiam a postagem “uma tese é uma tese”: aqui.
2: Quantidade não significa qualidade. Provavelmente o Brasil está entre os que mais publicam frente às exigências da Capes. Mais: aqui.
Em Ciências Contábeis um fator a ser considerado é o tempo que leva desenvolver a pesquisa, enviar para um periódico e o artigo ser publicado. Isso se transforma em um processo que envolve mais que um ano. Talvez não seja viável publicar três ótimos artigos nos quatro anos em que se cursa o doutorado. Talvez não seja desejável. O principal objetivo é a qualidade do ensino e a tese, apesar de ser realmente lida integralmente por poucos, é um processo que desenvolve o aluno até que se torne um bom pesquisador.
Jogo: Supercrise
O jornal Estadão on line publicou um jogo interessante intitulado "supercrise". Nele você aposta indicadores econômicos (PIB, inflação) contra as cartas do computador. São utilizados os dados de 30 países para simular o jogo e há os níveis inicial, médio e avançado.
Entenda o jogo:
Seu objetivo é tomar todas as cartas do computador. Para tanto, você deve escolher o critério de desempenho que lhe parece mais favorável à sua carta.
Na sua vez de jogar: basta clicar sobre o critério escolhido.
Na vez do computador: você deve esperar por um tropeço da máquina.
Modos de jogo: no modo “Contra o Mundo”, você começa jogando e deve tomar todas as cartas da máquina. No modo “Contra o Tempo”, a máquina começa jogando. Quando a máquina perde a vez, o jogador tem 90 segundos pra conseguir a maioria das cartas. Se falhar, perde o jogo.
A ordem das cartas: a partir do sorteio inicial, as cartas seguirão uma ordem definida: a cada rodada, as cartas vão para o fim do monte.
Sobre os critérios: Em geral, o menor número vence. As únicas exceções são PIB e Rating.
Rating: em ordem decrescente de importância (os sinais de + ou – também contam):
AAA > AA > A > BBB > B > CCC > CC > R
Para jogar: aqui
Entenda o jogo:
Seu objetivo é tomar todas as cartas do computador. Para tanto, você deve escolher o critério de desempenho que lhe parece mais favorável à sua carta.
Na sua vez de jogar: basta clicar sobre o critério escolhido.
Na vez do computador: você deve esperar por um tropeço da máquina.
Modos de jogo: no modo “Contra o Mundo”, você começa jogando e deve tomar todas as cartas da máquina. No modo “Contra o Tempo”, a máquina começa jogando. Quando a máquina perde a vez, o jogador tem 90 segundos pra conseguir a maioria das cartas. Se falhar, perde o jogo.
A ordem das cartas: a partir do sorteio inicial, as cartas seguirão uma ordem definida: a cada rodada, as cartas vão para o fim do monte.
Sobre os critérios: Em geral, o menor número vence. As únicas exceções são PIB e Rating.
Rating: em ordem decrescente de importância (os sinais de + ou – também contam):
AAA > AA > A > BBB > B > CCC > CC > R
Para jogar: aqui
02 setembro 2011
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