(...)Se por um lado a C3 vai dar mais transparência à cessão de crédito, evitando a duplicidade na venda de ativos, há, por outro lado, um conjunto de fatores que pode limitar o potencial de desenvolvimento desse mercado.
A investida mais forte de grandes bancos de varejo nos segmentos de crédito consignado e financiamento de veículos verificada do começo do ano para cá é um desses fatores. Aproveitando a brecha deixada pelas instituições pequenas e médias, que por conta da maior exigência de capital para empréstimos de longo prazo a pessoas físicas acabaram colocando o pé no freio nas concessões, alguns bancos como o Santander parecem ter mudado de estratégia, preferindo liberar crédito diretamente.
“Quando se compra crédito o cliente não está com você”, afirmou Marcial Portela, presidente do banco de capital espanhol, durante anúncio do resultado do segundo trimestre. Segundo o diretor de relações com investidores de um banco médio que preferiu não ser identificado, houve um deslocamento da compra de recebíveis para o Bradesco. “Só que ele [Bradesco] não vai conseguir suprir o mercado inteiro”, ressaltou.
Embora tenha diminuído o ritmo de compras, o Bradesco promete continuar como uma das instituições financeiras ainda mais ativas no mercado de cessões. “Sempre fomos fortes e seguiremos comprando créditos de bancos com os quais costumamos trabalhar”, disse há duas semanas ao Valor Domingos Abreu, vice-presidente do banco. “É uma questão de oportunidade, simples assim”, completou. O saldo de créditos adquiridos pelo Bradesco encerrou junho em R$ 6,443 bilhões, crescimento de 0,4% na comparação com março e de 42% em relação a junho de 2010. As compras se concentram em crédito consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
Francisco Ferreira, diretor financeiro do Bonsucesso, especializado em crédito consignado, diz que a maior limitação encontrada para ceder créditos ao longo deste ano foi o próprio volume de negócios produzido pelo banco, apesar de Itaú Unibanco e Santander terem deixado de comprar seus ativos desde o escândalo do PanAmericano. As parcerias estão concentradas, agora, em três bancos, mas Ferreira se mostra otimista com a C3.
“Os grandes bancos têm potencial e capacidade para absorver mais ativos do que aqueles que estarão originando”, diz Ferreira. O Bonsucesso tem registrado na C3 um estoque de R$ 1,366 bilhão. No primeiro semestre, o banco cedeu R$ 870 milhões.
A entrada em vigor da resolução 3.533 do Banco Central (BC), que vai proibir, a partir de janeiro de 2012, a antecipação de receitas obtidas com a cessão de créditos feita com coobrigação – modalidade mais usual, em que o risco de crédito é dividido entre comprador e vendedor – poderá ser outra restrição no caminho da C3.
A aposta de parte do mercado financeiro é que as cessões feitas sem coobrigação (nas quais o risco de crédito é totalmente transferido ao comprador) passem a ganhar mais espaço. Segundo Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que reúne bancos pequenos e médios, a cessão sem coobrigação já deve representar cerca de 30% do mercado. “O que vai diferenciar uma da outra é preço”, conclui.
Com isso, espera-se maior transparência e segurança nesse mercado, capaz de evitar que uma mesma operação de crédito seja vendida mais de uma vez, como era prática comum no banco que pertencia ao empresário Silvio Santos.
A C3 estreia com um estoque de 13 milhões de contratos e R$ 80 bilhões em volume financeiro – 60% de crédito pessoal com desconto em folha de pagamento e 40% de financiamento de veículos. A Febraban espera que a central ajude a restabelecer a cessão, uma das principais fontes de financiamento dos bancos menores e que patina desde dezembro.
Fonte: Aline Lima, Valor Economico
23 agosto 2011
Lucro e Valor
O lucro da Petrobrás no último trimestre foi de 7 bilhões de dólares, um pouco abaixo do lucro da Apple, de 7,3 bilhões. A Vale teve um lucro no período de 6,5 bilhões, superior ao da Microsoft, de 5,8 bilhões.
Quando se compara o resultado anual, o lucro da Petrobrás foi de 19,81 bilhões e o da Apple 23,61 bilhões de dólares. Já Vale teve um lucro de 25,23 bilhões, acima do lucro de 23,15 da Microsoft (Fonte: Wolfram Alpha). Apesar do lucro anual da Vale ser superior ao das estrelas de tecnologia, o valor de mercado é inferior: 134 bilhões versus 201 da Microsoft ou 330 da Apple. A Petrobras tem um valor de mercado de 177 bilhões (ainda segundo a Wolfram Alpha).
O que justifica esta diferença? Parte se deve ao fato de lucro não significar necessariamente valor. Mas a principal explicação diz respeito ao fato de que as empresas brasileiras possuem uma taxa de desconto superior a Apple e Microsoft. Isto pode ser decorrente de fatores inerentes as empresas ou ao ambiente onde estão inseridas. No primeiro caso, a gestão profissional, e não política, da Apple e Microsoft faz com que a segurança dos acionistas seja maiores que na Petrobras e Vale. No segundo caso, o risco país dos Estados Unidos é muito menor que o risco do Brasil. O risco país irá refletir na taxa de desconto de uma maneira muito simples: maior o risco do país -> maior a taxa de desconto -> menor o valor presente do fluxo de caixa -> menor o valor.
Assim, a comemoração de elevados lucros de empresas brasileiras ainda é tímida, pois não afeta, de forma mais expressiva, o valor das empresas.
22 agosto 2011
O custo de vida está cada vez mais maior?
Por Pedro Correia
Segundo o professor Steve Horwitz, um mito econômico contemporâneo é que o custo de vida para os americanos vem subindo de forma consistente desde o século passado.Em verdade, os preços são mais altos hoje do que eram há 100 anos. Não obstante, os preços de hoje foram impactados pela inflação. Uma forma de evitar distorções inflacionárias é observar a quantidade de horas de trabalho necessárias para comprar determinado bem ou serviço. Usando este critério, Horwitz mostra que a maioria dos bens e serviços nunca foram tão barato. A queda acentuada do custo de vida nos últimos 100 anos demonstra a força da competição nos mercados, pois as empresas são incentivadas a inovar, produzir com mais eficiência, reduzir custos etc.
Quanto custa o Iphone 4?
Por Pedro Correia
O Iphone é um dos produtos mais importantes para o faturamento da Apple. A empresa não fabrica qualquer um dos componentes e sequer faz a montagem do produto final - toda a produção é terceirizada,com a participação da Samsung, Foxconn, Micron, a Texas Instruments, AKM Semiconductor.
A figura abaixo mostra qual é o custo e origem de cada componente do Iphone.É interessante notar que, a Samsung, uma das maiores concorrentes da empresa de S.Jobs,é a que mais contribui para a construção do telefone. A atuação da Samsung como fornecedor de componentes para outras entidades, lhe proporciona uma eocnomia de escala ,e por consequência, a diminuição dos custos de produção de seus próprios produtos. Por outro lado, a estratégia da Apple é terceririzar a produção de componentes e montagem, pois isso a deixa livre para se concentrar nos seus pontos fortes: o design elegante, desenvolvimento de de hardware, software e serviços.
Segundo Nicholas Jackson,o preço médio de venda do iPhone 4 é de 560 dólares. Desse total, 7 dólares cobrem o custo de fabricação, $ 178 vai para os componentes,$ 7 fica com a Foxconn, e a Apple fica com 368 dólares. Esta análise é um tanto simplista, pois não considera outros gastos envolvidos na venda até o conumidor final, como: embalagem, transporte, publicidade, despesas gerais de varejo, os investimentos em pesquisa e processos de desenvolvimento de software do iPhone e os aplicativos da Apple.Estes são gastos adicionais significativos que precisam ser considerados antes da "fatia" da Apple.
Fonte: aqui
21 agosto 2011
Novas evidências de incetivos para a doação de sangue
Por Pedro Correia
A recompensa financeira para algumas pessoas doarem sangue, enquanto outros recebem apenas um superficial obrigado, é suficiente para afastar os doadores altruístas. Este artigo analisa dados de 15 países europeus e mostra que no caso de recompensas não-financeiras o resultado é diferente.Segue o resumo:
The issue of the nature of the altruism inherent in blood donation and the perverse effects of financial rewards for blood and/or organ donation has been recently revisited in the economic literature with limited consensus. As Titmuss (1970) famously pointed out, providing monetary incentives to blood donors may crowd out blood supply as purely altruistic donors may feel less inclined to donate if a reward is involved - in addition to having the effect of reducing blood quality. In this paper we take a different approach by focusing on the nature of the rewards. That is, we examine how favouring different types of incentives are related to the likelihood of donating blood by exploiting a large sample representative of 15 European countries in 2002. Our results show that donors are less likely to favour monetary rewards for blood donation but are more likely to favour non-monetary ones. This is consistent with the idea that while monetary rewards may crowd out blood donation, non-monetary rewards do not.
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