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01 agosto 2011

Gerenciando hospitais


Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos tentou determinar se a gestão de um hospital por parte de um médico produz melhores resultados que uma organização gerenciada por um administrador profissional.

Comparando indicadores de desempenho dos dois grupos de hospitais (chefiados por médicos x chefiados por administradores), Amanda Goodall, a autora do estudo, encontrou que o primeiro grupo são de organizações com melhores índices.

Entretanto, boas organizações devem ser avaliadas ao longo do tempo, não de forma estanque. Este é um ponto não considerado na referida pesquisa, o que enfraquece as conclusões obtidas.

Viciados em parcelar


Os programas especiais de parcelamento de dívidas criados pelo governo nos últimos 11 anos criaram uma legião de viciados em renegociações. Empresas e pessoas físicas em débito com a Receita Federal e Previdência Social têm pago apenas as primeiras parcelas e depois abandonam os pagamentos à espera de novo perdão e nova renegociação. A estratégia tem funcionado. Desde 2000, já foram lançados quatro parcelamentos e as dívidas nunca são quitadas. (...) 


(Fisco cria viciados em parcelar dívidas - Estado de S Paulo, 15 de julho de 2011, p. B1)

31 julho 2011

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

GOL e a revisão das projeções para 2011

A Gol terminou a sexta-feira valendo R$ 893 milhões a menos do que começou o dia. O valor de mercado da companhia passou de R$ 4,13 bilhões para R$ 3,24 bilhões entre quinta e sexta-feira, segundo informações da Economática.

A queda no valor de mercado é consequência da desvalorização de 21,6% dos papeis da companhia no último pregão, a maior queda em um único dia desde que estreou na bolsa de valores, em 23 de junho de 2004.

A desvalorização brusca da companhia foi uma reação do mercado para a revisão das projeções para 2011, anunciadas nesta sexta-feira. [...]


Valor de mercado da Gol derrete R$ 893 milhões em um dia. Marina Gazzoni e Aline Zampieri, iG São Paulo

Sono mono, bi ou poli?

Sono mono, bi ou poli? – Por Isabel Sales

Você às vezes tem a sensação de que 24 são poucas horas para que você faça tudo o que gostaria ou deveria fazer? Isso porque, além das nossas obrigações, temos que dormir algumas horas para reabastecer o organismo, não é mesmo?

Quando eu estava tendo aulas no mestrado tinha um amigo que defendia o sono polifásico: você estuda, dorme um pouquinho. Acorda, termina um paper, dorme mais outro bocado. E assim até que a noite ou as suas obrigações (ou você) terminem.

Segundo a Wikipédia, “O sono polifásico é um padrão de sono alternativo no qual o tempo dedicado ao descanso pode ser reduzido em até duas horas por dia sem causar danos a saúde. Ele é atingido pela separação do período de sono em momentos mais curtos e espaçados. Historicamente foi utilizado por pessoas engajadas em atividades que não permitem longos períodos de sono, como velejadores, astronautas. Acredita-se que tenha também sido utilizado por diferentes motivos e de diferentes maneiras por personalidades como Leonardo da Vinci, Lord Byron, Benjamin Franklin, Nikola Tesla, Thomas Edison, Wiston Churchill e Napoleão Bonaparte.”

Eu que sou uma adepta ferrenha de ao menos oito horas muito bem dormidas nem dei ouvidos. Quando durmo pouco sou capaz de um péssimo gênio! A vida seguiu e eu continuei deixando a tarefa “dormir” como prioritária na minha lista de afazeres.

Imaginem a minha surpresa quando li que insônia não é prejudicial e que o sono bifásico era super normal antigamente. Pior! Não só era normal, como entre um sono e outro o pessoal saía de casa e ia fazer a social com o vizinho!

Segundo a pesquisa, dormia-se em dois blocos de cerca de quatro horas. No intervalinho, alguns ficavam ali, conversando com seu parceiro, outros se levantavam e iam cumprir afazeres, outros visitavam os vizinhos, trocavam umas idéias antes de voltar a dormir. Que cena fantástica!

Aparentemente a lâmpada de nosso querido salva-pátria Thomas Eddison foi uma das “culpadas” para que esse oba oba terminasse. Antes dela, em um país em que a noite durava cerca de catorze horas, as pessoas não tinham muito a fazer no escuro, a não ser dormir. Com Eddison e a Revolução Industrial os hábitos mudaram, permitiram que fossemos mais produtivos por mais tempo e reduziu-se a quantidade de horas dormidas. Assim, se tornou suficiente dormir de uma vez por toda a noite.

Todavia, o estudo concluiu que dormir de forma bifásica é um padrão de sono mais natural e faz bem à saúde. Claro que temos que analisar bem a pesquisa, ver a amostra, se já foi replicada e toda a base para as conclusões de forma a verificar a sua validade. Enquanto isso, continuo dando apoio aos pesquisadores que me deixarem dormir oito ou dez horas por noite.

Custos de Transação

Custos de Transação - Por Isabel Sales

Os custos de transação – CT presentes no estudo de Coase (The nature of the firm, 1937) são os custos ao qual incorre uma empresa quando essa recorre ao mercado, ou os custos que incidem ao se localizar outro agente disposto à transação, sendo muitas vezes necessário utilizar um contrato (contratação de advogados, manutenção de registro, troca de documentos).

Fiani (A natureza multidimensional dos direitos de propriedade e os custos de transação, 2003) afirma que a teoria dos CT elabora um conjunto de condições que torna esses custos expressivos: racionalidade limitada, complexidade e incerteza, oportunismo e especificidade de ativos. O autor explana que a racionalidade limitada parte do princípio que o ser humano possui restrições frente ao leque de possibilidades existentes em uma transação comercial; isso pode ser exacerbado em situações nas quais há complexidade e incerteza, fazendo com que os gestores não consigam estabelecer antecipadamente uma árvore de decisões. Tal ambiente pode, também, propiciar a atuação oportunista dos agentes econômicos, associada à manipulação da assimetria da informação para se apropriar de benefícios. Fiani (2003) ressalta, ainda, que a especificidade dos ativos diz respeito àqueles que possuem determinadas características para atender a uma transação em especial, deste modo há redução da oferta dos produtos e da demanda em consequência a sua peculiaridade. Assim, quanto menor a especificidade dos ativos, menor a incerteza e menores os custos associados à utilização do mercado.

A contribuição de Willianson tornou a teoria mais previsível ao identificar características específicas das transações. Nesse ambiente, há dois tipos de custos de transação que afetam diretamente o desempenho das unidades econômicas participantes. O primeiro envolve os custos ex ante de negociar e estabelecer as contrapartidas e salvaguardas do contrato. Esses ocorrem, com maior intensidade, em situações nas quais é difícil estabelecer as condições prévias para que a transação seja efetuada de acordo com os parâmetros estimados. O segundo tipo abrange os custos ex post de monitoramento, renegociação e adaptação dos termos contratuais às novas situações e se apresentam em quatro formas:

- Custos de má-adaptação advindos dos efeitos ocasionados pelo surgimento de eventos não projetados;

- Custos de realinhamento, incorridos ao haver esforços para renegociar e corrigir a performance das transações cujas características foram alteradas ao longo do tempo;

- Custo de montar e manter estruturas de gestão que gerenciem as diferenças que eventualmente apareçam;

- Custos demandados para realizar comprometimentos, criando garantias de que não existam intentos oportunistas.

Além do que foi apresentado, há ainda muito que se falar sobre os custos transacionais e as contribuições de Couse. Há, inclusive, uma discussão sobre a forma que a academia a vem ensinando. Butler e Garnet (Teaching the Coase Theorem, 2003) estudaram 45 livros de microeconomia e descobriram que 80% representam de forma distorcida os argumentos de Coase, principalmente quanto às externalidades. Isso se correlaciona aos CT no momento em que os livros tomam como ideal um ambiente em que esses são inexistentes, tendo em vista que tal exemplo foi utilizado apenas para ressaltar a importância da consideração dos custos transacionais e não como possível cenário real.