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13 julho 2011

Críticas ao ISE

Postado por Pedro Correia


O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa, criado há cinco anos, está longe de ser um consenso no mercado. Prestes a ganhar um fundo com cota negociada em bolsa – mais conhecido como ETF – baseado na sua carteira de empresas, o índice ainda não convenceu parte dos investidores de que é a melhor referência para aplicações em companhias com as práticas mais avançadas em sustentabilidade financeira, ambiental e social.[1]e [2]

O ISE foi o tema que gerou mais polêmica no primeiro dia do 13º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, evento realizado pelo Instituto de Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e pela Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca), ontem em São Paulo.
O tom mais vigoroso de discórdia foi dado por Marcelo Mesquita, sócio da Leblon Equities, gestora de recursos. “O investidor não entende a formação do ISE. Algumas empresas, inclusive, não deveriam estar lá, pois causam descrédito para o índice.” [3]

O ISE é formado por 40 empresas, selecionadas dentre as 180 com maior liquidez na bolsa. As companhias são convidadas a responder um questionário com 150 perguntas sobre gerenciamento de recursos e riscos.

Mesquita questiona a “complexidade” do processo seletivo, em que a bolsa usa informações passadas pelas próprias empresas, e não apenas os dados públicos. Ele defende a utilização de critérios mais objetivos e quantitativos como os do Novo Mercado. “Hoje parece uma caixa-preta.” [4]

As respostas dos questionários não são divulgadas aos investidores atualmente. Mas isso será possível na formação da nova carteira do ISE, prevista para novembro. A BM&FBovespa vai perguntar a cada companhia se ela autoriza ou não a publicação dos dados.

Para Mesquista, o ISE poderia dar oportunidade e ser uma vitrine para as empresas menores. “Do outro lado, o poder do lobby das maiores empresas é muito forte, o que enviesa a formação do índice.”[5]

Sônia Favaretto, diretora de sustentabilidade da bolsa, aponta a importância do ISE como “ferramenta econômica” para os investidores. “O objetivo é sair da autorregulação e tentar levantar a discussão. A questão não é mais ser sustentável ou ser lucrativo, mas, sim, como a empresa faz para ter lucro sustentável”, declarou.[6] e [7]

Segundo Luiz Fernando Moran de Oliveira, gerente de relações com investidores da WEG, do ramo de motores e automação, o nível de preocupação dos investidores em relação às práticas de sustentabilidade das companhias ainda é bastante heterogêneo. “Participamos do ISE nos anos de 2005 e em 2007. Mas em 2008 e 2009 nem tentamos entrar. O esforço era muito grande para pouco retorno”, conta.[2]

Segundo Moran, a WEG voltou a responder o questionário do ISE no ano passado, apostando que “o mercado pode estar começando a olhar mais para esse tipo de iniciativa, ainda que de forma tímida”.[1] e [6]

Para Moran, a grande falha do ISE não é a sua extensão ou complexidade, mas o fato de não revelar as ações das companhias que geram valor a partir da sustentabilidade. “É como se o conceito de sustentabilidade só passasse pelo gerenciamento de riscos e servisse apenas como uma forma de evitar problemas futuros. Essa percepção é muito superficial”, afirma.[3]


A Abrasca aproveitou o encontro para lançar o selo de governança, o Código Abrasca de Autorregulação e Boas Práticas das Companhias Abertas, que começa a vigorar dia 15 de agosto e já teve a adesão voluntária de 30 empresas.

Fonte: Marina Falcão e Denise Carvalho, Valor Econômico

[1]Segundo Bissonnette , o mercado financeiro está atento a questão da responsabilidade social corporativa e foca-se cada vez mais com preocupações sociais e ambientais. A criação de índices de ações voltadas para estas questões é crescente. No mercado norte-americano os mais famosos são o: Dow Jones Sustainability e o FTSE4Good.

[2]É interessante observar que diversos estudos já foram feitos de modo a comparar o desempenho das empresas socialmente responsáveis (ESR) e outras que não são assim consideradas. Um estudo divulgado na The Economist conclui que existe uma fraca relação positiva entre as ESR e o seu desempenho financeiro. Outrossim, as empresas não são muito bem recompensadas por suas ações de responsabilidade social, mas nem por isso elas destroem valor para os acionistas. Apesar disso, Lobe e Walkshauls mostram que há pouca diferença no desempenho das ações de investimentos socialmente responsáveis e ações de companhias relacionadas aos setores: de entretenimento adulto, álcool, jogo, energia nuclear, tabaco e armas.


[3] Os critérios de seleção das empresas que compõe o ISE são muito claros.Além disso, é temerário dizer que algumas empresas que estão na carteira não dão crédito ao índice.


[4]É claro que ainda é necessário critérios mais objetivos e quantitativos, no entanto, isso não é algo fácil de se implementar,pois há grandes dificuldades quando se trata da mensuração de práticas socioambientais.É um tema bastante subjetivo e cheio de juízo de valor.


[5]Não vejo nenhum tipo de lobby na escolha das empresas.Os critérios elencados pela Bovespa são justos e claros.

[6]Até meados da década de 70, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Essa percepção mudou e segundo autores da área, o conceito de desenvolvimento sustentável embute a ideia de que o mesmo tem de ocorrer nas esferas ambiental, social, e não só na econômica. As práticas de sustentabilidade são um conjunto de ações de responsabilidade, ética e transparência, que visem minimizar as externalidades negativas no ambiente a qual pertence a corporação.Isso vai de encontro ao conceito de Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade) criado por John Elkington nos anos 90.

[7]A questão da responsabilidade social corporativa(RSC)normalmente é associada ao altruísmo e filantropia. No entanto, a RSC é um dos meios utilizados para maximizar os resultados. Em outras palavras, as empresas estão inclinadas a criar um ambiente propicio para o lucro, pois as ações de responsabilidade social geram uma série de vantagens competitivas para as empresa. A RSC é parte do modelo de negócios de diversas empresas. Um das possíveis explicações para isso é que os consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais.

Novas exigências para o Formulário de Referência

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda incluir duas novas exigências no Formulário de Referência das companhias abertas: detalhamento das emissões no exterior e reconhecimento da remuneração dos executivos no resultado consolidado. Essas informações poderão ser cobradas já a partir do ano que vem.

Segundo superintendente de relações com empresas da CVM, Fernando Vieira, algumas empresas ofereceram esses dados voluntariamente neste ano. “Achamos que foi um exemplo de boas práticas, que podem ser ampliadas.”

Embora ainda não tenha concluído levantamento sobre os principais problemas dos formulário neste ano, Vieira revela que os campos sobre remuneração e comentários dos administradores foram os maiores alvos de desvios, assim como em 2010. “Inconsistências e informações discrepantes dentro do próprio formulário ou em relação a outros documentos também foram comuns.”

A CVM também colocará holofote sobre a atuação das agências de classificação de risco. A autarquia pretende colocar em audiência pública, ainda no segundo semestre, a regulação das agências que atuam no Brasil.

Fonte: Marina Falcão e Denise Carvalho, Valor Econômico

A Omnisys agora é 100% francesa

A francesa Thales, que atua nos mercados de defesa, segurança, transporte e aeroespacial, informou hoje que passou a deter 100% do capital da Omnisys, subsidiária brasileira que tem sede em São Bernardo do Campo (SP).

A Omnysis, que está sob o guarda-chuva da Thales desde 2005, projeta, desenvolve e fabrica radares de longo alcance e de defesa aérea Ground Master 400 (GM 400) de terceira geração (3D), radares de trajetória, guerra eletrônica e mísseis para o domínio naval.

Em nota, o diretor-geral da Thales no Brasil, Laurent Mourre, diz que o país é estratégico para os negócios do grupo. "Ela (a Omnysis) será responsável pela transferência de tecnologia prevista para os grandes programas a serem lançados no Brasil nos próximos anos", afirma.

Uma das principais fornecedoras globais de tecnologia nos mercados de defesa, segurança, transporte e aeroespacial, a Thales obteve receitas de 13,1 bilhões de euros em 2010 [1]. O grupo conta com 68 mil funcionários e está presente em 50 países.


Fonte: Stella Fontes: Valor

Observação - Isabel Sales:
[1] Esse é o valor da receita bruta. O EBIT da empresa foi negativo, -173,3 milhões de Euros. O resultado final por sua vez, foi -107,6 milhões de Euros em 2010 e -201,6 milhões de Euros em 2009.

A Omnisys agora é 100% francesa 2

A Omnisys agora é 100% francesa 2 - Por Isabel Sales

A Omnisys é uma empresa formada no Brasil, com cerca de 300 funcionários, que lida principalmente com radares de tráfego de aeroporto. Leia mais aqui. É uma empresa muito interessante e tive a oportunidade de conhecer, em 2008, as instalações em São Bernardo dos Campos. Na época ainda era uma empresa franco-brasileira.

O mais curioso (e fantástico), é que, para empregar profissionais capacitados, a empresa tem um acordo com a Unicamp e negocia outros acordos com universidades. O Diretor de Desenvolvimento de negócios para a América Latina, Luiz Dias Henriques, afirmou para o Repórter Diário que “as universidades estão com um conceito de aproximação das empresas. O setor de tecnologia está aquecido e por isso há muito apelo no mercado”.

Ontem (12 de julho) a francesa Thales informou que a partir de agora detêm 100% do capital da Omnisys que, por ser uma empresa limitada, não publicou seus resultados em 2010. Todavia, a Thales vêm apresentando prejuízos (€ -107,6 milhões em 2010 e € -201,8 milhões em 2009).

Vocês sabem que eu não vibro quando empresas estrangeiras adentram tão fortemente o mercado nacional, ainda mais quando se trata de uma empresa com o perfil e objetivos diferenciados, tal como a Omnisys. Torçamos para que ela tenha um bom futuro na mão dos franceses, que os universitários continuem a ser incentivados a adentrar o mercado de trabalho de forma estimulante e que o Brasil impacte o mundo não apenas em setores que envolvam recursos naturais.

Para quem se interessar em ler mais sobre as informações financeiras da Thales, clique aqui.

Custo anual de vida

A lista abaixo mostra as cidades com os maiores custos de vida do mundo para estrangeiros.A capital da Angola, Luanda, tem o maior custo de vida anual, enquanto que,o centro financeiro do Paquistão,Karachi, é a mais barata para estrangeiros.O destaque vai para São Paulo(10º lugar), Brasília(12º)e Rio(33º).O resultado das cidades brasileiras reflete o câmbio valorizado e a inflação.Na hora de viajar é bom dar uma olhada nesta lista:


Fonte:Worldwide Cost of Living survey 2011

Abílio sozinho e desolado

O projeto de fusão das operações dos grupos Pão de Açúcar e Carrefour ao Brasil está encurralado. Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff orientar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a recuar em sua proposta de financiamento para o acordo, ontem foi a vez do Grupo Casino desferir críticas arrasadoras contra a iniciativa de Abilio Diniz.
Em reunião extraordinária realizada em Paris, o Conselho de Administração definiu o projeto como "contrário aos interesses" dos acionistas, baseado em uma visão estratégica "errada" e em estimativas de sinergias "fortemente superdimensionadas".

A reunião teve início às 11h15min na sede do Casino, em Paris, e se estendeu por duas horas e meia. Dela participava Abilio Diniz, que veio à capital francesa na expectativa de "explicar os méritos" de seu projeto. O que se seguiu, porém, foi a apresentação das consultorias encomendadas aos bancos Santander, Goldman Sachs, Messier-Maris & Associés e Rothschild & Cie, de um relatório do banco Merril Lynch e de um estudo econômico do gabinete Roland Berger. O resultado foi destruidor.

"Ao término dos trabalhos, o Conselho de Administração constatou por unanimidade, com exceção do senhor Abilio Diniz, que o projeto é contrário aos interesses do Grupo Pão de Açúcar (GPA), do conjunto de acionistas e de Casino", diz o comunicado oficial divulgado após a reunião. O conselho fecha a porta a negociações sobre as operações no Brasil, reiterando sua estratégia de desenvolvimento no país.

"O conselho reafirma ainda seu engajamento estratégico em favor do Brasil, que constitui um eixo de desenvolvimento maior do grupo e de GPA, do qual Casino é o primeiro acionista, com 43% do capital, e co-controlador via Wilkes", a empresa franco-brasileira que controla as operações no Brasil.

Em linhas gerais, o relatório afirma que "o projeto de operação financeira transmitido por Gama (a empresa criada para viabilizar a fusão) é contrária ao interesse do GPA e do conjunto dos acionistas". Diz ainda que a proposta é fruto de "uma visão errada da estratégia do GPA", baseada em "uma estimativa de sinergias fortemente superdimensionada" – 3,2%, contra 1% do volume de negócios de outras operações similares de fusão no mundo –, além de ser "muito diluidora para os acionistas" e "destruidora de valor", porque transformaria o Pão de Açúcar em "uma holding fragmentada em participações não controladas".

Para o Conselho de Administração do Casino, "uma participação minoritária no capital de Carrefour não corresponde a uma internacionalização adequada para o Pão de Açúcar, que deve ter o domínio de tal desenvolvimento". Segundo os conselheiros, a internalização deve se voltar aos países de mais forte crescimento, e não maduros, como a Europa. Carrefour é avaliado como "um investimento arriscado em razão das dúvidas expressas pelos mercados sobre sua estratégia".

Os membros do conselho do Casino também reclamam da perda de poder que a fusão representaria para seus interesses. "A oferta transmitida pela Gama repousa sobre uma diluição inútil dos acionistas atuais do GPA pela entrada no capital do BNDES e de BTG Pactual com € 2 bilhões", diz o comunicado, que acrescenta: "Ela seria realizada com base em um valor de R$ 64,7 por ação preferencial, representando uma perda significativa sobre o valor intrínseco do grupo Pão de Açúcar, em média R$ 82, segundo os analistas".

Não bastasse o tom de reprovação usado no texto, o relatório termina com uma advertência: "O conselho lembra que esta proposta, não solicitada, é hostil e ilegal". Jean-Charles Naouri, presidente do conselho e maior acionista do Casino, também foi encarregado por seus associados de encaminhar a resposta ao Conselho de Administração da Wilkes, além de "fazer valer todos os meios necessários, no respeito aos acordos existentes e à regulamentação brasileira".

Ao que tudo indica, a viagem do empresário Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, a Paris foi perdida. A reunião com o conselho de administração do Casino que ocorreu na manhã desta terça-feira, 12, terminou sem acordo.

Segundo Diniz, a reunião não resultou em acordo, mas ainda "há brechas" para um entendimento amigável. "É o que eu espero, um acordo amigável", reiterou. Questionado se havia visto a brecha no encontro de hoje, o brasileiro respondeu: "Olha, às vezes a gente não vê, mas continua tentando".

Para Casino, no entanto, a proposta de fusão vai contra o interesse dos acionistas. Em nota, o conselho de administração do Casino afirmou que estudos realizados por consultorias contratadas pela empresa indicam que a proposta de operação financeira feita pela Gama/BTG Pactual de associação do Carrefour com o Pão de Açúcar é "contrária aos interesses do Grupo Pão de Açúcar e de seus acionistas".

Na reunião, Diniz não chegou a apresentar suas propostas. Além disso, disse não ter concordado com os estudos apresentados sobre a negociação. Ele nao revelou detalhes sobre os levantamentos. "Eu não fiz apresentação nenhuma. Eu assisti a uma apresentação feita aqui", afirmou. "Não estou de acordo com os estudos que foram feitos, porque não representam a verdade. Mas eu não quero fazer criticas."

Sobre a suposta decisão do governo de orientar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a recuar em seuprojeto de financiamento da fusão Pão de Açúcar-Carrefour, Diniz não quis fazer comentários. "Não sei, naã sei. Estou aqui, não estou lá n Brasil. Não tenho nada a dizer."

Ao término da reunião, Diniz informou que retornaria a São Paulo, sem mais encontros em Paris.

Fonte: aqui e aqui