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30 junho 2011

O que deve conter um resumo?

Já comentamos em postagem anterior o conteúdo de uma conclusão e de um título. Hoje, algumas observações sobre o resumo.

Talvez o melhor conselho é observar os periódicos que são publicados pela Emerald. Esta editora padronizou o resumo onde os autores devem apresentar:

a) Propósito – ou seja, qual a finalidade do texto? Observem que este termo é mais abrangente que o “objetivo”, mas existe aqui uma similaridade.

b) Desenho/Metodologia/Abordagem – Aqui o destaque é para como foi realizado o trabalho. É importante notar que os principais autores de periódicos científicos não estão preocupados em classificar a pesquisa. O importante é informar como foi feita a pesquisa.

c) Achados – O que foi encontrado com a pesquisa. Alguns autores procuram esconder do leitor às descobertas, tentando induzir a leitura completa do artigo. Eles deveriam escrever novelas ou romances de suspense, não um texto científico. Dos itens que devem compor o resumo, este deveria ser o de maior destaque.

d) Implicações práticas – em outras palavras, queremos saber o efeito prático da pesquisa. Como a pesquisa pode ajudar na melhoria do nosso mundo. Provavelmente este é um item difícil de ser escrito.

e) Originalidade/valor – O que a pesquisa diferencia das demais.

É interessante notar que a estrutura proposta pelos periódicos da Emerald termina sendo um bom guia prático para fazermos nossos resumos.

Em geral, os autores dão pouco valor ao resumo. Mas isto não deveria ocorrer por duas razões. Em primeiro lugar, é cada vez maior o número de congressos e periódicos que faz uma primeira triagem no resumo. Se o assunto parecer pouco relevante, por exemplo, o texto é descartado. O segundo motivo para que o resumo seja importante é que ele atrai o leitor. Encontrando um artigo que me interesse, pela leitura do título, leio o resumo para verificar se realmente posso gastar meu tempo na sua leitura. Observem que em postagem anterior a leitura do resumo aparecia em segundo lugar num roteiro para leitura de um artigo.

A primeira impressão é aquela que fica. Isto diz tudo sobre a relevância do resumo.

Teste 496

As três empresas com maior valor em prejuízos acumulados no Brasil, em 31 de dezembro de 2011, são Cobrasma, Net e Café Brasília, nesta ordem. A soma dos valores corresponde a ________ (7,5 bilhões/ 5 bilhões/ 3,8 bilhões) na conta, um saldo ______ (credor/devedor)

Resposta do Anterior: Todas as contas são de Ativo. Trata-se do Balanço de 2008 da Embrapa

Fato Relevante


(...) A categoria de informações úteis pode ser classificada como comunicado ao mercado ou aviso aos acionistas. São informações como calendários de eventos e esclarecimentos prestados pelas companhias sobre consultas formuladas pela CVM.


A informação relevante deve ter tratamento diferenciado e destaque na divulgação, no site da CVM e publicação em jornal de grande circulação, com o título Fato Relevante.


Esse tipo de informação está submetido a uma formalidade específica. Suas regras seguem a Instrução 358, publicada pela CVM em 2002.


Segundo a norma, considera-se como fato relevante qualquer decisão de acionista controlador, deliberação da assembleia geral, dos órgãos de administração ou qualquer outro ato ou fato político-administrativo, técnico, negocial ou econômico-financeiro que possam influenciar na cotação das ações e na decisão do investidor de comprar, vender, manter ou exercer quaisquer direitos inerentes à sua condição de titular dos papéis.


A não divulgação e a publicação de informações incompletas em fato relevante pelas companhias com ações em bolsa respondem por um índice relativamente alto de processos julgados pela CVM nos últimos anos.


A pedido da reportagem do Valor, a autarquia fez um levantamento e constatou que 19 casos que envolvem esses tipos de problemas foram julgados pelo colegiado no período entre 2006 e 2010. O volume responde por aproximadamente 6% do total de 295 processos julgados pela CVM. Além disso, no mesmo período, 82 acusados, em 34 processos, celebraram termos de compromisso por causa da infração.


Falhas na comunicação sempre foram algo recorrente no mercado de capitais. No começo de junho, por exemplo, a Suzano divulgou um comunicado revisando as projeções de investimentos, feitas em 2008, e adiando a data de início da operação de duas fábricas de celulose.


A unidade de Piauí deve entrar em operação no primeiro semestre de 2016. A data prevista era o fim de 2014. A fábrica do Maranhão voltou ao cronograma original, que prevê a partida em novembro de 2013. O prazo previsto era o início de 2013.


É a típica situação que merece fato relevante, diz o especialista Ricardo Rochman, coordenador do mestrado profissional de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo. A revisão de orçamento e o atraso na entrega das fábricas têm o poder de impactar o preço das ações, porque os analistas e investidores consideraram essas informações na hora de estimar projeções e os resultados futuros da empresa.
Por meio da assessoria de imprensa, a Suzano informa que preferiu divulgar comunicado porque a empresa já tinha feito publicação em fato relevante, em 2008, no anúncio do plano de investimentos. Ainda segundo a assessoria, a revisão de investimentos e a postergação do início da operação das fábricas seriam uma atualização do andamento do processo.


A empresa não considerou relevante; o mercado, sim. As ações da Suzano encerraram o pregão no dia da divulgação do comunicado com queda de 2,96%. Até quarta-feira, acumulavam uma retração de quase 20% no mês.


No caso da Lojas Americanas, a informação sobre o empréstimo de R$ 200 milhões foi divulgada em ata da reunião do conselho de administração da B2W, no dia 7 de dezembro. A ata informa que a B2W faria uma emissão de debêntures não conversíveis em ações, dia 22 de dezembro de 2010, com prazo de vencimento em seis anos. O documento não diz, porém, que a Lojas Americanas faria a subscrição integralmente.


A implicância dos investidores com a Lojas Americanas foi ainda maior por causa das condições do empréstimo à B2W.


O custo da operação foi equivalente à taxa de 111,5% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), o juro interbancário que serve de referencial para as aplicações mais conservadoras. Na ocasião, a Lojas Americanas tinha empréstimo de capital de giro a taxas que chegavam a 145% do CDI.


Se a Lojas Americanas tinha dinheiro em caixa, devia tê-lo usado para pagar as linhas de financiamentos mais caras do capital de giro, diz um investidor que não quis ser identificado.


Procurado para comentar a forma de divulgação, o executivo Murilo Corrêa, diretor de relações com investidores da Lojas Americanas, diz que a empresa agiu conforme a lei. Foi uma operação privada, que não exigiu esforço de venda, diz Corrêa. Fizemos o que está previsto na lei. A informação está na ata do conselho e no formulário de referência.


Sobre a finalidade dos recursos do caixa, Corrêa explicou que a taxa cobrada da B2W foi mais interessante que aquelas propostas pelos bancos para a Lojas Americanas antecipar o pagamento de empréstimos.


Consultada para justificar por que preferiu divulgar as informações sobre a operação em ata do conselho, a B2W informou que a operação de emissão de debêntures privadas da empresa se revestiu de todas as formalidades legais pertinentes, além de ter sido divulgada como exige a lei.


Procurada para comentar se investidores abriram reclamações contra o aporte dos R$ 200 milhões, por não divulgação de fato relevante, a CVM informa que não comenta casos específicos envolvendo companhias com ações em bolsa.


No emaranhado de anúncios que chegam à CVM, há casos de companhias que adotam a política de publicar quase tudo como fato relevante. A OGX, empresa de petróleo e gás do empresário Eike Batista, é o exemplo mais simbólico disso. Desde que abriu o capital, em 2008, a companhia divulga fato relevante sobre todas as etapas de exploração.


É uma estratégia de marketing. A OGX é pré-operacional e quer dar publicidade sobre o seu progresso. Mas uma enxurrada de fatos relevantes pode fazer com que o investidor despreze as informações mais importantes, diz Rochman, da FGV. A OGX não quis se pronunciar.


A rival Petrobras, por outro lado, divulga fato relevante apenas das reservas comprovadas. Encontrar indícios de petróleo não significa descoberta, diz o executivo Almir Barbassa, diretor financeiro e de relações com investidores da estatal. A base do fato relevante é a materialidade. A empresa não pode fazer expectativas a partir de indícios. Apesar dos cuidados, as informações da Petrobras são públicas no site da Agência Nacional do Petróleo.


O texto da reportagem (É relevante?, Denise Carvalho, Valor Econômico, 24 jun 2011, p. D1) está interessante. Aqui uma pesquisa sobre a legibilidade dos fatos relevantes no Brasil. Recentemente, o autor desta postagem concluiu uma pesquisa, juntamente com uma aluna de graduação, Ana Paula Ribeiro Lopes, sobre o número de divulgações de fatos relevantes. Neste estudo mostrou-se que empresas que tem uma "tradição" em divulgar fatos relevantes são mais propensas a fazer a publicação dos fatos relevantes.

Fato Relevante 2


O texto a seguir complementa o anterior:

As empresas de petróleo no Brasil têm maneiras distintas de divulgar suas descobertas de reservatórios de petróleo ou gás.


A Agência Nacional do Petróleo (ANP) obriga todas a fazer uma notificação de descoberta sempre que for encontrada uma "coluna de hidrocarbonetos" (petróleo ou gás) durante uma perfuração, comercial ou não.


A Petrobras só informa essas descobertas quando tem uma estimativa sobre a área ou uma certeza maior sobre a comercialidade futura.


As grandes petroleiras privadas adotam práticas parecidas. A ExxonMobil, por exemplo, não fez qualquer notificação ao mercado quando descobriu petróleo em uma perfuração no único bloco do pré-sal de Santos que não tem a Petrobras como operadora. Em seguida a gigante americana fez outra perfuração onde encontrou um poço seco. Nada falou. E o mesmo aconteceu quando o resultado da terceira perfuração mostrou que a área não é comercial.


A OGX adota uma estratégia diferente. Ela divide com o mercado todas as informações passadas para a ANP. Como ainda não é possível saber quanto das descobertas vão se tornar reservas que irão para o balanço da companhia, é preciso cuidado.


Marcus Sequeira, analista do Deutsche Bank, alerta que os investidores devem ter em mente que depois de um anúncio inicial são necessários vários testes para se ter uma noção dos impactos daquela descoberta para a companhia. "Nem todo anúncio se torna comercial. É preciso entender que ele é muito preliminar. E para efeitos de balanço, só valem as reservas provadas." Para ele, esse é um exemplo do risco e do potencial de valorização do setor, na aposta que essas descobertas transformem-se em reservas provadas. "Ganha quem entrar [no papel] antes dessa virada", explica.


Desde a abertura do capital em 2008, as ações da OGX valorizaram 27,94%, enquanto o Ibovespa perdeu 9,36% no período. Mas a empresa já perdeu R$ 17,9 bilhões do seu valor de mercado este ano. Na HRT a valorização das ações é de 14,58% desde a oferta pública no ano passado, com aumento de R$ 1 bilhão do valor de mercado. Em 2011, todas estão em queda. A OGX se desvalorizou 27,65%, a HRT, 13,52% e a Petrobras perdeu 16,14%. As ações da Queiroz Galvão caíram 11,05% desde o dia 9 de fevereiro, quando fez sua estreia na bolsa, superior à perda do Ibovespa acumulada em 2011, que é de 7,23%.


O risco das descobertas passa longe da Petrobras, atualmente uma das empresas com maior portfólio de reservas a desenvolver em todo mundo. Mesmo assim, o papel tem riscos associados a ele. Desde dezembro, a Petrobras perdeu R$ 64,5 bilhões de seu valor de mercado. Se na exploração as incertezas são maiores nas empresas iniciantes, o mesmo não se pode dizer do retorno. Mas o analista do Deutsche repete o bordão dos colegas: é preciso ver o longo prazo, se a empresa tem disponível o dinheiro que vai precisar usar em um ano.


Emerson Leite, ressalta que depois da descoberta, é importante saber com que eficiência será possível monetizar as reservas encontradas, qual o plano de investimentos da companhia e qual a velocidade com que os barris serão produzidos. Esse é o atual estágio da discussão em torno do plano de negócios da Petrobras. "Ela está gastando todo o caixa no plano de investimentos e mais um pouco."

Risco

A Previ, maior fundo de pensão do país, acha que os cerca de R$ 4 bilhões em títulos privados que têm em carteira hoje podem crescer mais R$ 15 bilhões em cinco anos. Até hoje foi possível bater metas atuariais só com títulos públicos, mas o diretor de investimentos da fundação, Renê Sanda, diz que isso vai acabar nos próximos anos. Basta que o juro fique em patamar próximo ao de outros países emergentes que você já está numa situação de ter que correr mais riscos. (Previ e Petros vão em busca de investimentos com mais risco - Marcelo Mota – Valor Economico – 24 jun 2011 – p. A1

É interessante a lógica do parágrafo. Se hoje o título público brasileiro paga um juro mais elevado a causa decorre do seu risco. Se no futuro a taxa de juros reduz é que provavelmente o risco reduziu. Assim, quando o risco do título público reduzir (e sua remuneração), a entidade irá trocar por um título com mais rentabilidade, mas que provavelmente possui um risco próximo aquele do título público.

Figura, aqui

Custos dos Estádios

A figura mostra a evolução dos custos dos estádios para Copa do Mundo. A maior evolução ocorreu em São Paulo, onde a construção encareceu o orçamento em 128%. Até 2014 ainda haverá mais aumento nos custos. (Fonte: Nove arenas da Copa estão em Construção - Valor Econômico - 27 de junho de 2011 - A4)

Compra pública responsável

Ninguém tem dúvida sobre o impacto do consumo na sustentabilidade dos recursos naturais. Na prática a premissa está hoje restrita aos negócios do setor privado. Não é incorporada pelo governo por um motivo simples: a legislação impõe o menor preço como critério na compra pública de materiais ou contratação de obras, sem considerar os quesitos socioambientais. "A tendência é o cenário mudar com a Lei Federal 12.349, aprovada em dezembro do ano passado, definindo a licitação como ferramenta para o desenvolvimento sustentável", afirma Luciana Betiol, coordenadora do programa de consumo sustentável da Fundação Getúlio Vargas (FGV).


"Resta saber como isso será interpretado e aplicado na prática, mas há boas chances de emplacar, com reflexos positivos no mercado", ressalva Luciana. A nova legislação, que também permite o governo adquirir produtos nacionais por preço até 25% superior ao estrangeiro, protegendo o mercado interno, alterou o Artigo 3º da Lei 8666 sobre licitações, sancionada em 1993.


"Apesar de restritiva, a lei original dá brechas para preocupações socioambientais na licitação, mas o assunto tem esbarrado na resistência da área jurídica a mudanças", analisa Luciana. Ela lembra que o conceito econômico de "vantagem" é visto pelos conservadores sob o ângulo do preço e não do custo, que envolve longo prazo. A barreira impede o governo de exercer o poder de compra para a promoção da sustentabilidade. No Brasil as compras públicas representam 15% do PIB, totalizando R$ 60 bilhões no ano passado, segundo dados da FGV. Em São Paulo, o valor atingiu R$ 17 bilhões.


"Há um muro cultural: não adiantam novas leis, se os gestores públicos fecham os olhos para os produtos ambientalmente adequados, que são mais caros e acabam excluídos", explica Denize Coelho, coordenadora da comissão de compras públicas sustentáveis da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. "Os servidores temem o controle por parte da Secretaria de Fazenda ou Tribunal de Contas", completa.


O governo estadual elaborou um catálogo de materiais e serviços que podem ser comprados pelos órgãos públicos, com 170 mil itens. Dos automóveis ao papel, há 360 produtos marcados no catálogo com um selo ambiental. "Mas apenas 3% das aquisições envolvem essa categoria", lamenta Denize.


"A lei de licitação é antiga e tende a se modernizar, inclusive prevendo benefícios para quem cumprir aspectos ambientais", prevê Marcelo Eira, secretário-adjunto do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele cita o projeto de lei que regulamenta a Medida Provisória 521 com regras para as obras da Copa do Mundo e Olimpíadas, incluindo soluções ambientais. "Enquanto não houver mudanças, precisamos interpretar a lei das licitações ao pé da letra", justifica Eira.

Fonte: Valor Econômico - 20/06