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19 junho 2011

Alugar ou Comprar

O dilema alugar versus comprar nos tempos atuais, sob a ótica dos estúdios e gravadoras:


Desde que as lojas de vídeo da Blockbuster tornaram-se bem-sucedidas, os consumidores têm a opção de escolher entre pagar menos para alugar um filme ou mais para comprá-lo. O cálculo geralmente se baseia na frequência com que os usuários acreditam que vão ver o conteúdo, mas fatores menos racionais são levados em conta, como o desejo de criar uma videoteca com os filmes de Truffaut, que você dificilmente veria, mas impressionaria os amigos. 


O que preocupa as companhias de mídia é que os americanos tornaram-se “uma nação de locatários”, segundo recente análise de Michael Nathanson, do banco de investimento Nomura. Se antes eles alugavam DVDs na Blockbuster, o que dava aos estúdios US$ 1,45 por filme, agora eles preferem assinar serviços digitais como o da Netflix, cujo lucro é de US$ 1,25, ou usar quiosques de aluguel como o da Redbox, que pagam aos estúdios apenas US$ 1 por filme. 


Com os consumidores se movendo da compra, que proporciona altas margens, para o aluguel, de margens baixas, a perspectiva é de que o lucro anual dos estúdios por residência caia de US$ 135 em 2005 para apenas US$ 89 em 2015, segundo projeção divulgada em março pelo banco Morgan Stanley. 


A equação alugar-versus-vender é diferente na área de música, porque as pessoas que assistem à série “Família Soprano” só uma ou duas vezes, podem ouvir o álbum de uma soprano de ópera dezenas de vezes. No entanto, o acesso sob demanda por uma tarifa mensal muda essa equação, e o streaming ou os modelos de acesso adotados por serviços como Pandora e Spotify ganham terreno, enquanto os downloads continuam sob o mesmo ritmo. 


No mundo digital, ter a propriedade de grandes arquivos de vídeo também engorda o espaço ocupado no disco rígido, estimulando os consumidores a buscarem os serviços de streaming. Por que, então, as empresas de conteúdo veem os novos serviços de armazenagem na “nuvem” como uma oportunidade adicional de crescimento? A Apple, com o serviço iCloud, e outras companhias encorajam o hábito de manter a propriedade do conteúdo: os usuários podem acessar, de qualquer aparelho, o conteúdo que eles já compraram. 


(...) Qualquer um que já viu “Toy Story” vezes sem conta com seus filhos diria que comprar sempre faz sentido para alguns filmes. Com conteúdo atrativo, e o empacotamento correto, você ainda pode persuadir as pessoas a comprarem [conteúdo]. Desde a chegada dos Beatles ao iTunes, em novembro, 1,3 milhão de cópias digitais de seus álbuns foram vendidos, com a ajuda de “extras” como um documentário exclusivo. Em resumo, para os que os produtos empacotados do setor de mídia sobrevivam, as companhias de conteúdo terão de ser melhores na tarefa de embalá-los. 

Mídia se debate entre comprar e alugar - Financial Times - Andrew Edgecliffe-Johnson - publicado no Valor Econômico de 16 de jun de 2011, via aqui

Cada um faz apenas o que estudou pra fazer....

Postado por Isabel Sales. Outro excelente texto de Juliana Cunha.

"Tinha essa professora do ginásio que era bem mala mas que, sei lá, uma vez por mês soltava algo tão engraçado que eu adorava ela e ficava sempre na tensão sobre quando seria o ponto alto do mês.

O ponto alto do ensino médio veio em um dia em que a sala estava um caos, ninguém deixava ela falar. A gente já era bem velho pra isso, mas parece que um garoto e uma garota estavam resolvendo suas tensões sexuais na base da tesourada no cabelo, um grupinho antecipava a era fotologger com uma câmera analógia e outro atirava objetos pela janela.

A garota do amor cortês chegou no tablado da professora para reclamar de um tufo de cabelo amputado. No mesmo instante, o estojo de alguém foi arremessado na quadra e os trendsetters da analógica – qua haviam sido convidados pela professora a dar um passeio no SOE – vieram reclamar que ela não tinha esse direito.

A professora deu um chilique, chilique mesmo, histórico. Disse que ela havia estudado português:

- PORTUGUÊS. Eu estudei PORTUGUÊS, adjunto adverbial. Ninguém aqui me pede pra resolver a posição do sujeito. Esse me aparece – e ela puxava o braço do dono do estojo – com uma questão de polícia. A outra ali – e apontava para a careca – vem com uma questão de psicologia. O rebanho do canto vem com uma questão jurídica, eles querem um advogado porque eu não tenho “direito” de tirar aluno da sala. Eu não estudei nada disso, me perguntem o que eu sei.

Professora, eu também não estudei nada disso. No meu trabalho eu sinto – sinto todo dia – que sou mais designer gráfica ou secretária ou babá de fonte do que repórter. E acho que todo mundo sente isso, não tem como não sentir. No fim, o nosso trabalho, aquilo que a gente gosta de dizer que é o nosso trabalho, é só uns 5% do que a gente faz no ambiente de trabalho.

Todo mundo pratica antropologia, não importando a carreira nem o que estudou. Porque é todo um puta processo para a gente entender como falar com as pessoas, como mexer nos sistemas criados por elas e conseguir as informações retidas por elas e conseguir que elas fiquem caladas e no lugar delas ou que elas saiam do caminho e deixem a gente passar.

Eu trabalhei dez horas nas últimas dez horas e não vai rolar de me preocupar com o fato de que estou falando uma porção de obviedades, mas é isso, professora, quando você surtou eu super pensei que estava completamente certa, que o mundo deveria ser tipo um grande sistema Ford de produção em que cada um faria apenas o que estudou para fazer. Não vai rolar. Fico pensando se é o caso de voltar lá em Salvador, voltar lá na escola e te dizer o quanto não vai rolar.

Juliana Cunha
"

O impacto social das universidades

Por Pedro Correia


Uma pesquisa da New Economics Foundation, em conjunto com universidades do Reino Unido, tentou quantificar o impacto social das universidades desta região.

Todos nós sabemos que o ensino superior é essencial para uma economia prosperar. Não obstante ,as universidades oferecem muito mais do que benefícios estritamente econômicos.

O desempenho das universidades é frequentemente avaliado de acordo com um conjunto limitado de indicadores, por exemplo, retorno financeiro para os estudantes e o impacto sobre o crescimento econômico. Tais avaliações são limitadas, pois ignoram o papel que as universidades desempenham na construção de uma sociedade mais forte e civilizada.

Assim, à luz dessas considerações, a pesquisa tentou mensurar o impacto social da educação universitária em termos de valores monetários, que fossem mais representativas do seu real benefício econômico. De acordo com o estudo, as universidades do Reino Unido contribuem com 1,31 bilhão de libras de valor social para a economia. Foram utilizados 3 fatores para a mensuração:

Higher interest in politics (measured through government willingness to pay for higher electoral participation); greater interpersonal trust (valued through the costs of home and personal security, and greater economic growth because of higher levels of social capital); greater self-reported health (valued through savings to the NHS, greater productivity through higher job and life satisfaction)


Várias críticas foram feitas à metodologia da pesquisa, como: baixa qualidade dos testes estatísticos, fatores utilizados na mensuração etc.Alguns acreditam que foi uma tentativa de valorizar a pesquisa.


Leia mais aqui.

18 junho 2011

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Periódicos 2

É interessante conhecer os melhores periódicos de contabilidade, segundo Matherly e Shortridge (“A pragmatic model to estimate journal quality in accounting”, de Michele Matherly e Rebecca Shortridge, Journal of Accounting Education, 2009, p. 14-29):

1. Journal of Accounting Research
2. Journal of Accounting and Economics
3. Contemporary Accounting Research
4. The Accounting Review
5. Review of Accounting Studies
6. Journal of Business, Finance and Accounting
7. National Tax Journal
8. Abacus
9. Journal of Accounting Literature
10. Accounting, Organizations and Society

A lista predomina os periódicos positivistas, começando pelos primeiros colocados. É interessante a presença do CAR, um periódico relativamente recente, mas que se tornou de prestígio com os artigos de Ohlsen na década de noventa. A presença de um periódico específico sobre impostos, em sétimo lugar, mostra que existe lugar para boa pesquisa na área tributária. Abacus é um periódico australiano, na linha tradicional. Em décimo, AOS, um periódico avesso a pesquisa positivista, mas de elevado prestígio.

Periódicos

Em “A pragmatic model to estimate journal quality in accounting”, de Michele Matherly e Rebecca Shortridge (Journal of Accounting Education, 2009, p. 14-29), as autores usam no modelo para determinar os mais relevantes periódicos científicos da área de contabilidade o valor da taxa de submissão. Isto é um aspecto interessante, já que nós, brasileiros, não estamos acostumados a pagar para submeter um artigo num periódico. Nos nossos periódicos, qualquer pessoa pode submeter um artigo.

As autoras consideram que a existência de uma taxa de submissão, e o seu valor, indica que o periódico é muito procurado pelos melhores autores. Além disto, evita que textos de qualidade inadequada sejam submetidos. No Brasil, a pressão dos órgãos públicos que controlam a pesquisa no país, no sentido de que os periódicos sejam de livre acesso cria uma cultura de gratuidade. Ademais, como boa parte dos periódicos estão vinculados as instituições de ensino pública, a cobrança pode representar muito mais um problema do que uma solução.

Capitalismo no Brasil?

Por Pedro Correia




Um levantamento inédito de ÉPOCA identifica 675 empresas na órbita do governo federal e revela a extensão da interferência estatal na economia.

...O economista americano Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, afirmou recentemente a ÉPOCA: “Não é o tamanho do Estado que importa, é o que o governo faz”.

De diferentes formas, o governo interfere na gestão de algumas das maiores empresas privadas nacionais, em setores tão distantes quanto metalurgia, criação de animais para abate ou telefonia. A teia de interesses estatais nos negócios é tão complexa, tem tantas facetas e envolve tantos conflitos de interesse que o próprio governo não consegue avaliá-la de modo preciso. Nem o Ministério do Planejamento, a que está ligado o Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais, nem a Secretaria do Tesouro Nacional, que controla o caixa federal, sabem quantas empresas no país têm participação estatal. E não há, em nenhuma repartição de Brasília, um diagnóstico completo da atuação e da influência do governo sobre nossa economia.

Nos últimos três meses, uma equipe de jornalistas de ÉPOCA dedicou-se a desfazer o nevoeiro que encobre essa questão. Com o apoio da empresa de informações financeiras Economática, mergulhamos em relatórios ministeriais, balanços e planilhas de dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), das estatais, da Bolsa de Valores e das empresas privadas sob influência do governo. Restringimos nosso trabalho às participações do governo federal – um critério conservador para estimar o tamanho do Estado, por omitir as estatais em poder de Estados e municípios. No futebol da economia brasileira, o governo não é apenas juiz, bandeirinha, técnico, zagueiro e artilheiro ao mesmo tempo. Ele também corta o gramado do estádio, costura as redes e – se quiser – pode até mexer no tamanho das traves.

De acordo com o levantamento, existem hoje no país pelo menos 675 empresas de todos os setores com algum tipo de participação ou influência do governo federal. São participações diretas ou indiretas do Tesouro, dos bancos e das empresas estatais ou dos fundos de pensão (entidades híbridas, inegavelmente na órbita do governo). Dessas, o governo controla 276, se somarmos todos os tipos de participação. Levando em conta apenas as 628 empresas não financeiras, o faturamento soma R$ 1,06 trilhão, algo como 30% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) ou 2,5 vezes as vendas dos 50 maiores grupos privados nacionais . Nas 247 empresas não financeiras controladas pelo governo, as vendas somam R$ 468,5 bilhões, ou 13% do PIB. E o valor de mercado das 99 empresas cujas ações são negociadas na BM&FBovespa totaliza R$ 1,7 trilhão, ou 71% do valor de mercado das empresas na Bolsa.

A interferência do Estado na economia via estatais, BNDES e fundos de pensão é tão intensa que, durante a pesquisa, ÉPOCA teve de atualizar os dados de muitas companhias que receberam recentemente dinheiro do governo, como o frigorífico JBS ou a Cipher, especializada em sistema de segurança de informação. “O governo brasileiro é um dinossauro com apetite insaciável. Nunca tivemos um capitalismo de Estado tão evidente”, diz o economista Rodrigo Constantino, sócio da Graphus Capital, uma empresa de gestão de recursos do Rio de Janeiro.

Confira tabelas do levantamento aqui.