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18 maio 2011

Por que os atletas ficam em dificuldades financeiras?

Na semana passada ficamos sabendo que o ex-jogador de futebol Muller estava morando de favor (aqui a notícia original; e aqui também). O caso de Muller é somente mais no futebol brasileiro, em que o atleta esbanja todo seu dinheiro e depois, já sem condições de trabalho, vive de favores.

Este fato não é exclusividade do futebol, nem do Brasil. Uma extensa reportagem publicada recentemente na revista Sports Illustrated (How (and Why) Athletes Go Broke), tenta explicar por que os atletas quebram. Os números são impressionantes: 78% dos ex-jogadores da NFL, a liga do futebol americano, faliram ou estão em dificuldades financeiras dois anos após a aposentadoria; e 60% dos jogadores da NBA, a liga de basquete, estão quebrados cinco anos após a aposentadoria.

Respondendo a questão, existem quatro grandes razões para o desastre financeiros das estrelas esportivas.

Em primeiro lugar, os jogadores fazem péssimos investimentos. Restaurantes, filmes, imóveis, concessionárias de veículos, entre outras coisas, são algumas das escolhas preferidas pelos atletas. Algumas são idéias mirabolantes que dificilmente dão resultado. Os investimentos geralmente são realizados em coisas “tangíveis”, deixando de lado ativos de maior liquidez e intangíveis, como ações.

Em segundo lugar, os atletas geralmente não possuem conhecimento básico de finanças pessoais. Para resolver seus problemas, contratam pessoas erradas e delegam demais. Isto inclui deixar seus negócios nas mãos de parentes (pais, irmãos, primos etc) ou conhecidos. Uma pesquisa da NFL mostrou que entre 1999 a 2002 a perda dos jogadores foi de 42 milhões de dólares por confiarem em consultores financeiros questionáveis.

Terceiro, a família. E juntamente com a família, o divórcio: a taxa de divórcio entre os atletas está acima de 60%. O pior é que a maioria das separações ocorre na aposentadoria, quando o atleta já não possui renda suficiente para manter o padrão de vida. E a presença de crianças complica mais ainda pois existem as pensões.

O quarto problema são as expectativas geradas quando o atleta torna-se conhecido e famoso. Os antigos conhecidos ficam à espera de ajuda, de dinheiro ou de emprego. E existe o problema de dizer não. Ou da dificuldade de dizer não.

Em razão disto, o caso de Muller não será o último.

Eletrobrás

"A situação suscita dúvida sobre a continuidade operacional dessas empresas", concluíram os auditores da PriceWaterhouseCooopers sobre a saúde financeira das distribuidoras da Eletrobras. No fim de 2010, elas tinham excesso de passivos sobre ativos circulantes de R$ 554,3 milhões. "O que os auditores estão dizendo é que a holding terá de continuar bancando as operações", diz o presidente das distribuidoras, Pedro Hosken. "O caixa não é suficiente para pagar as dívidas". Desde 2008, quase R$ 5 bilhões em dívidas das distribuidoras do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima com a holding foram transformadas em capital.

A frágil situação financeira das distribuidoras de energia da Eletrobras ficou ainda mais evidente depois da divulgação, com atraso de quase dois meses, do balanço de 2010 da companhia. Pela primeira vez [1], os auditores independentes da empresa foram taxativos: "A situação suscita dúvida sobre a continuidade operacional dessas empresas". O problema a que se referem os auditores da PricewaterhouseCooopers é um rombo de mais de meio bilhão de reais entre passivos e ativos circulantes dessas distribuidoras.

A Eletrobras não só está ciente das dificuldades como o presidente das distribuidoras, Pedro Hosken - que está deixando o cargo para assessorar diretamente o presidente da holding-, diz que é difícil resolver a situação no curto prazo. A distribuidora tem que ter rapidez, produtividade e padrão. "Isso não faz parte de uma empresa pública. Os prazos no ambiente público são mais lentos do que no privado", disse. "Esse tipo de concessão não é para ser pública, a não ser que se crie uma cultura, que toma um longo prazo. Todos do setor sabem disso, o presidente da Eletrobras sabe, o governo sabe e os políticos estão começando a perceber." [2]

As seis distribuidoras do grupo talvez não tenham esse longo prazo para resolver seu rombo. Todas elas têm a concessão vencendo em 2015, e mesmo que o governo se decida pela prorrogação, essa é uma prerrogativa de empresas saudáveis. Além disso, terão que enfrentar um processo de revisão das regras tarifárias que vai reduzir as margens de ganhos e as receitas das distribuidoras no país.

Desde 2008, quase R$ 5 bilhões em dívidas com a holding das seis distribuidoras, que atendem os Estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima, foram transformadas em capital. A dívida que essas companhias ainda têm soma cerca de R$ 1,5 bilhão é em sua maior parte, entre 60% e 70%, subsidiada por recursos da Reserva Global de Reversão (RGR). O fundo RGR empresta a juros de 5% ao ano, mais taxa de administração que não chega a 2%, e sem qualquer correção monetária. [3]

Nem todos esses privilégios, entretanto, foram suficientes para reverter a situação financeira das companhias nos últimos anos. Não é possível comparar os resultados em um período mais longo em função da alteração das regras contábeis. Pelo novo padrão internacional, entretanto, as distribuidoras registram prejuízos de mais de R$ 400 milhões tanto em 2009 quanto em 2010. "As empresas controladas do segmento de distribuição tem apurado prejuízos repetitivos em suas operações", diz o parecer dos auditores.

As novas regras contábeis também foram responsáveis por um prejuízo de mais de R$ 1,3 bilhão da Amazonas Energia, que também tem atividade de geração sob seu guarda-chuva. Segundo explica Hosken, esse prejuízo se deveu a provisões que pelas regras antigas não eram necessárias.

A reavaliação de ativos por conta do fim das concessões em 2015 afetou em R$ 500 milhões o resultado da Amazonas Energia. Além disso, ela teve que fazer uma provisão de créditos de PIS/Cofins de R$ 400 milhões.

"Os números não-recorrentes, em função da nova legislação, levaram ao prejuízo de R$ 1,3 bilhão", disse Hosken. Todos esses números só poderão ser melhor analisados na primeira semana de junho, quando a Eletrobras deve divulgar o balanço anual por empresa do grupo.

A Amazonas Energia tem também outros problemas sérios, principalmente na questão de perdas de energia em sua atividade. Enquanto o índice permitido de perdas pela Aneel é de 22%, o nível da companhia do Estado do Amazonas é de 42%. "Isso significa que R$ 400 milhões precisam ser bancados pelo acionista", diz Hosken. "Da mesma forma que os passivos apontados pela auditoria terão que ser bancados pela Eletrobras."

Segundo dados da empresa, nenhuma das distribuidoras consegue hoje atingir os níveis de gastos exigidos pela empresa de referência estabelecida pelo órgão regulador. Mas Hosken diz que os números foram melhorando ao longo dos últimos anos. Em gestão de material se gastava R$ 5 bilhões, segundo Hosken. Esse valor foi reduzido em 30%. Os processos de serviços que eram contratados por homem/hora foram alterados por unidade de serviço, o que dá grande economia. "Mas esse é um processo lento", disse Hosken. "São desafios que temos nas distribuidoras de médio ou longo prazo."

A companhia vive forte pressão, pois os prejuízos recorrentes afetam os números do grupo como um todo. A Eletrobras teve um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões. O prejuízo das distribuidoras foi de quase meio bilhão de reais. Todos esses desafios serão agora assumidos por Marcos Aurélio Madureira, que foi diretor de distribuição da Energisa e também da Cemig. Ele é o terceiro presidente em três anos. O cargo já foi ocupado por Flávio Decat, que deixou a empresa para assumir a área no grupo Rede Energia e hoje é presidente de Furnas. Hosken, que era diretor financeiro de Decat, assumiu a presidência e agora deixa o cargo para assessorar diretamente o presidente da holding Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto.

A solução para as empresas de distribuição é um desafio para o próximo presidente. As pressões são muitas e de várias direções. O representante dos minoritários da Eletrobras defende uma espécie de privatização branca, que leve essas empresas para o Novo Mercado da BM&FBovespa, com uma diluição de capital. Dessa forma, a Eletrobras poderia recuperar o que já investiu nas empresas.

Outra forte pressão tem sido feita pelos governos estaduais. Com níveis de qualidade de serviço insatisfatórios, reconhecidos pela própria Eletrobras, os novos governantes já ventilam a possibilidade de retomar as empresas. Todas as distribuidoras que estão hoje sob o guarda-chuva da Eletrobras foram federalizadas quando os Estados devolveram às concessões ao governo. E a outra pressão é para a privatização de fato das empresas, que daria mais agilidade na recuperação das companhias. O problema é que elas teriam que ser vendidas em bloco, pois agentes privados têm interesse em apenas alguns ativos.

Para este ano, os investimentos previstos nas distribuidoras é de R$ 1,5 bilhão. Esses volumes terão que ser financiados, boa parte em RGR. Outros R$ 700 milhões serão necessários para o programa Luz para Todos.


Rombo na Eletrobras - Josette Goulart - Valor Econômico - 17/05/2011 - via aqui

[1] É estranho isto, já que uma situação tão grave não surge de repente. E os anos anteriores?
[2] Já é um avanço esta constatação. Mas será que resolve o problema?
[3] Juros subsidiados

Regulamentação bancária

Postado por Pedro Correia



Reportagem especial da The Economist disserta sobre as consequências das novas regras de regulamentação no setor bancário mundial após a crise.Estas novas regras poderão : alterar a rentabilidade dos bancos, aumentar o custo dos bancos e por consequência o custo dos empréstimos. Segundo a reportagem, o aumento de capital que será exigido dos bancos irá melhorar a segurança dos do sistema financeiro,assim como, reduzir a rentabilidade em um terço. Além disso, poderá direcionar o risco para setores obscuros do mercado finaceiro, que podem causar muito mais danos.


Os dois gráficos a seguir apresentam uma série de informações sobre os bancos, como: o número de famílias que têm conta bancária, a população adulta que não têm acesso aos bancos, o tamanho do mercado financeiro, os ativos dos bancos como proporção do PIB etc.








Clique nas imagens para ampliá-las








O jornal O Globo fez uma análise do 1º gráfico:

No país, 77 milhões não têm conta corrente

Em uma reportagem especial sobre a regulamentação do setor bancário, a revista britânica “The Economist” aponta que o Brasil é o quinto país do mundo em número de pessoas sem acesso a serviços bancários. De acordo com a revista, 77 milhões de brasileiros adultos não têm conta bancária. No ranking apresentado pela “Economist”, o Brasil fica atrás de China, Índia, Indonésia e Paquistão —países altamente populosos. Na China, onde a população já passou a marca do 1,3 bilhão, há 597milhões de pessoas sem acesso aos serviços bancários. Na Índia, são 395 milhões. Na China, apesar do enorme mercado potencial, o governo tem mostrado preocupação com arápida expansão do setor bancário, temendo uma bolha.

A distância dos dois primeiros do ranking para os demais é enorme. Na Indonésia, 97 milhões não têm conta bancária, enquanto no Paquistão o
número fica em 87 milhões. Nos dez primeiros lugares do ranking vêm ainda: Bangladesh (68 milhões), Nigéria (67 milhões),México (54milhões),
Vietnã (42 milhões) e Filipinas (40 milhões).

A “Economist” aponta que a maior parte da população sem banco (62%) está nos países em desenvolvimento: cerca de 2,4 bilhões. Nas nações ricas, este número é de 95 milhões.




Leia a reportagem na íntegra.

Quem está pagando?


Na primeira parte do gráfico os principais países que estão financiando a estabilidade dos países com problemas financeiros. A seguir, o destino do dinheiro.

Café

Fatos interessantes sobre o café:

Dois terços da oferta mundial são provenientes da América Latina, sendo o Brasil responsável por 30% do total

O maior consumidor per capita é a Finlândia, com 10 kg por pessoa.

O café mais caro do mundo é o Kopi Luwak, produzido na Indonésia com por um animal chamado civeta (parece um esquilo), que come os grãos; o animal elimina alguns nas suas fezes, que são usados para fazer o café. Custa até 600 dólares 450 gramas.

Para fazer um expresso utiliza 42 graos de café

Fonte: aqui

Blogs de Economia

Por Pedro Correia


Uma pesquisa feita nos EUA com 299 professores de economia apontou quais são os blogs de economia preferidos dos mesmos. É interessante observar que 52% destes professores não leem blogs com muita frequência.



Os 3 blogs mais preferidos são:Greg Mankiw, Marginal Revolution e Paul Krugman

Os economistas favoritos dos economistas

Postado por Pedro Correia


O mesmo artigo do post anterior mostra quais são os economistas favoritos dos economistas.A escolha foi dividida da seguinte forma:pré-século XX, século XX, mas já falecidos, e os vivos acima de 60 e vivos abaixo de 60.



No pré-século XX os 3 mais favoritos são:Adam Smith,David Ricardo e Marshail Alfred.





No século XX os 3 mais preferidos são: Keynes, Milton Friedman e Paul Samuelson.

Os 3 mais preferidos acima de 60 anos são:Gary Becker,Kenneth Arrow, Robert Solow.


Os 3 mais favoritos com menos de 60 anos são: Paul Krugman Greg Mankiw e Daron Acemoglu.


Clique nas imagens para aumentá-las.


Hat Tip : Greg Mankiw