Translate

16 maio 2011

Foi a depreciação mesmo?

Veja a seguinte notícia:

A Triunfo Participações e Investimentos (TPI), holding que controla concessão de rodovias, porto privativo e hidrelétrica, teve lucro líquido de R$ 8,58 milhões no primeiro trimestre do ano, queda de 37,4% em relação ao mesmo intervalo de 2010. O recuo foi causado por uma reavaliação dos ativos da companhia em razão das mudanças de normas contábeis (adoção do IFRS), o que acabou aumentando a depreciação. (...) [Depreciação reduz em 37,4% lucro trimestral da Triunfo, Valor, 13 de maio de 2011, p D4, grifo do blog]

Mais adiante o texto afirma:

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou a R$ 89,46 milhões, crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2010. Já a margem Ebitda, calculada sobre a receita líquida, caiu de 60,9% para 55,3%, ocasionada pelo aumento dos gastos no segmento portuário, devido à volta da operação da trading Iceport e aos gastos com o início do negócio de cabotagem

A depreciação parece não  ter nenhuma relação com o desempenho da empresa, correto?

Mais capital

Os maiores bancos do mundo deverão ser afetados por uma exigência maior de capital, que cresce progressivamente conforme o porte da instituição, a extensão de suas conexões com outros bancos e o grau de facilidade com que pode ser substituída numa crise, revelaram autoridades reguladoras mundiais ao "Financial Times". As propostas terão efeitos benéficos para os enormes bancos chineses e japoneses voltados para o mercado interno, e para os bancos europeus e americanos de segunda linha. (...)

Os maiores bancos europeus e americanos deverão ser atingidos por grandes exigências adicionais devido à sua complexa estrutura e ao seu alcance mundial, enquanto os bancos chineses e japoneses deverão enfrentar exigências menores. As autoridades reguladoras nacionais aplicarão as exigências às Sifis em suas próprias jurisdições.

Grandes Bancos serão prejudicados por uma exigência maior de capital - Financial Times , via Valor

Valor da Moeda

No fim das contas, uma nota de 100 trilhões de dólares vale mesmo é US$ 5.


É o valor atual da nota mais alta do Zimbábue, o maior valor já impresso em papel-moeda — e também símbolo nacional de uma política monetária fora de controle. Num determinado momento de 2009 a nota de 100 trilhões de dólares não conseguia comprar uma passagem de ônibus na capital do país, Harare. (...)


A nota de 100 trilhões circulou durante poucos meses antes de o dólar do Zimbábue ser oficialmente abandonado como a moeda oficial do país, em 2009. (...)


Mas fora do país as inúteis notas do Zimbábue passaram a ser valiosas. O fato de ser nomeada como dólar aumenta ainda mais o apelo das notas, dizem operadores cambiais e colecionadores, especialmente depois da crise financeira mundial e das dívidas públicas crescentes motivarem temor de inflação nos Estados Unidos. (...)


"As pessoas as usam para fazer piadas sobre o que vai acontecer aqui", diz David Laties, dono da Educational Coin Company, que vende notas e moedas no atacado e é sediada em Highland, no Estado de Nova York. (...)

Ele pagou entre US$ 1 e US$ 2 por cédula em várias operações no decorrer de um ano e agora as vende por US$ 5 a US$ 6 cada.(...)


Como transformar 5 trilhões de dólares em 5 e ser feliz - Wall Street Journal - 12 de maio de 2010

Eis um caso interessante. Como seria o registro contábil da compra das notas do Zimbabwe? Pelo valor de custo, entre 1 a 2 dólares.

Evidenciação

Na sexta-feira a ECT divulgou, em jornal de grande circulação e no Diário Oficial, suas demonstrações contábeis. Mas se o leitor pesquisar no endereço da empresa irá encontrar somente as demonstrações de 2009. É interessante notar que publicar num jornal de grande circulação tem um custo muito elevado para a empresa; o custo de divulgar na página da empresa é praticamente zero.

Cinema

Alem de comprar os direitos de um filme, muitas vezes o distribuidor precisa pagar também pelas oportunidades de entrevistas com o diretor e o elenco. Uma entrevista de televisão com Brad Pitt, que promoverá este ano “A Árvore da Vida”, custa €4 mil por veículo. E a duração é de apenas sete minutos.


“Muitas vezes vale a pena pagar. Principalmente pela visibilidade que a entrevista terá na mídia”, diz Marcio Fraccaroli, executivo-chefe da Paris Filmes. (...) As produtoras responsáveis pelo filma [Meia-Noite em Paris] estão cobrando da distribuidora € 3 mil por vaga. Esse é o preço por veículo impresso que participara das entrevistas com Woody Allen em Cannes, com duração de 30 minutos. O mesmo tempo com os atores (entre eles, Owen Wilson, Marion Catillard e Rachel McAdams) sai por € 2,5 mil.


Para entender como funciona, quem paga é sempre a distribuidora. A idéia é que a entrevista reforce a divulgação do filme no país para os quais a empresa comprou os direitos de distribuição. Por isso, é a distribuidora quem escolhe a publicação que fará a entrevista. Quem recebe são os produtores. Os atores não vêem a cor desse dinheiro – geralmente, em seus contratos já estão previstas jornadas de divulgação e encontros com a imprensa. (...)

Em Cannes, até falar com estrelas custa caro – Valor Econômico – 12 mai 2011 p. B2

Empregados

Os carteiros são obrigados a caminhar até 15 quilômetros por dia, carregando sacolas com 11kg nas costas - um sistema da década de 70. Um grupo pequeno usa motos, mas a estatal não paga seguro nem da frota nem individual, o que obriga o trabalhador a arcar com as despesas do próprio bolso se for comprovada sua culpa em um acidente. Só em São Paulo, 628 funcionários têm um passivo a pagar de quase R$ 1 milhão.

Com salário bruto de R$ 850, os trabalhadores da chamada área fim (70% do quadro) recebem quase o mesmo (R$ 741) com o auxílio-alimentação, benefício que não conta para aposentadoria nem FGTS.

(Correios têm um chefe para cada dois servidores e 9 mil estão em licença-médica - O Globo)

Reguladores

O Valor Econômico trouxe duas reportagens sobre a guerra de preços entre as corretoras (Corretoras sob pressão e Programa de qualidade pode limitar a guerra de preços).

O cenário é o seguinte:

a) As corretoras estão numa guerra de preços através da redução das taxas de corretagens
b) O Banco Central estaria preocupado com isto, pois poderia levar a problemas financeiros
c) O Banco Central fez um pedido de estudo para a FGV sobre o setor de corretoras
d) O Banco Central estaria reforçando a fiscalização e investigando práticas desleais
e) Uma das propostas é não divulgar mais o ranking das corretoras. Outra é exigir um programa de qualidade operacional da bolsa; para cumprir seriam necessários investimentos em qualidade e controle

A intervenção do órgão regulador pode ser conservadora. Mas por outro lado é prejudicial ao investidor, que estaria sendo favorecido neste momento pela guerra de preços. O mais interessante é a típica medida do governo: para responder a uma crise, contrate a FGV. Ela provavelmente fará um estudo com os dados que foram produzidos pelo próprio governo, que será entregue após o problema já não ser tão relevante, e as decisões que serão tomadas serão políticas.