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29 abril 2011

Normas internacionais

Apesar da Lei 11 638 ter sido promulgado em 2007, ainda falta um trabalho de pesquisa mais profundo e de maior fôlego para verificar se a adoção de normas internacionais de contabilidade foi positiva ou não. A ausência desta pesquisa pode ser justificada pelas dificuldades metodológicas que seriam impostas; e pelo ambiente acadêmico pouco propicio a uma discussão mais crítica sobre o assunto. Particularmente gostaria de crer que o primeiro motivo seja mais importante, mas não posso de deixar de considerar a segunda alternativa.

A pesquisa Global Accounting Convergence and the Potential Adoption of IFRS by the United States: An Analysis of Economic and Policy Factors  (Luzi Hail, University of Pennsylvania; Christian Leuz, The University of Chicago; e Peter Wysocki Massachusetts Institute of Technology) representa um bom exemplo de um levantamento bibliográfico sobre o assunto. Infelizmente algumas das conclusões são válidas para o ambiente dos Estados Unidos.

Em linhas gerais, os autores afirmam que os benefícios da convergência dependem das empresas, dos setores de atuação, dos mercados e dos países. Entretanto, os estudos ressaltam que não são somente as normas contábeis que influenciam as práticas; fatores como incentivos dos gestores também são relevantes. Ou seja, adotar as IFRS não garante, por si só, benefícios para a contabilidade de um país.

Outro aspecto importante obtido nas pesquisas já realizadas é que “normas internacionais” não são sinônimas de comparabilidade. Isto contradiz fortemente os defensores das IFRS, que enfatizaram sua importância dizendo que seria possível analisar as demonstrações contábeis de vários países. Novamente os incentivos das empresas são relevantes e podem impedir a deseja comparabilidade. Além disto, os efeitos da comparabilidade são maiores em países menores com um número reduzido de empresas.

No fundo, os efeitos das normas dependem de outros elementos. Hail, Leuz e Wysocki chegam a afirmar que dependendo da infra-estrutura institucional os efeitos podem ser negativos. Usando os Estados Unidos, os autores afirmam que neste caso a adoção das IFRS trará efeitos reduzidos. O aspecto institucional é tão forte que os autores chegam a afirmar que as normas internacionais de contabilidade, que hoje são baseadas em “princípios” irão caminhar para uma direção oposto.

Será ‘educação’ a próxima bolha?

Será ‘educação’ a próxima bolha? – Por Isabel Sales

Recebi de Érica Chad, a quem agradeço, uma reportagem da The Economist com uma discussão sobre uma possível bolha na educação. Acrescento que as justificativas são pertinentes atualmente ao mercado norte-americano, mas não deixa de ser uma ótima leitura. Especialmente no ponto em que se ressalta a exigibilidade de maior nível educacional dos profissionais.

Nessa reportagem mencionada, Peter Thiel, um investidor legendário que inclusive foi retratado no filme sobre o Facebook, afirma que:

“A educação é uma bolha no sentido clássico. Para se chamar algo de bolha é necessário que esteja supervalorizado e que haja uma grande crença naquilo. Moradia foi uma bolha clássica, assim como as ações tecnológicas nos anos 90, porque ambas estavam supervalorizadas, mas havia uma crença difundida que quase não poderia ser questionada – você deveria possuir sua própria casa em 2005 e você deveria estar em um fundo de índices do mercado de capitais em 1999.

Provavelmente o único candidato que sobra para uma bolha – ao menos no mundo desenvolvido (talvez os mercados emergentes sejam uma bolha) – é a educação. É basicamente extremamente sobrevalorizada. Objetivamente, quando se faz as contas, as pessoas não estão conseguindo os retornos para o seu dinheiro. E ao mesmo tempo é algo em que se acredita intensamente; há certo componente psicossocial ao fato das pessoas pegarem esses enormes empréstimos quando vão pra faculdade simplesmente porque é o que todos estão fazendo.

Isso é, a meu ver, de algumas formas, pior que a bolha imobiliária. Algumas coisas a fazem pior. Uma é que quando as pessoas cometem erros ao pegarem um empréstimo educacional, é legalmente muito mais complicado de se livrar que empréstimos imobiliários. Com a moradia, há tipicamente uma não obrigação de pagar, você pode simplesmente sair da casa. Com a educação há a obrigação de pagar (há um fiador). Se você pegou dinheiro emprestado e foi para uma universidade na qual a educação não te acrescentou valor, isso foi potencialmente um grande erro”.


No original da The Economist, na coluna Lexington, não há concordância com essas ideias, “mesmo que venham de pessoas ricas e inteligentes” (então deve haver algo singelo nessa teoria...), já que, por exemplo, os últimos dados disponíveis sugerem que as inscrições nas universidades continuam a crescer e que cursar uma faculdade ainda traz retornos. De acordo com informações do último censo nos Estados Unidos, os rendimentos médios totalizavam US$ 83.144 por ano para aqueles com diplomas avançados (mestrado ou doutorado), comparado a US$ 58.613 para aqueles com apenas o grau de bacharel. Aqueles com apenas ensino médio têm em média US$ 31.283 de rendimento anual.

Um professor da Universidade da Califórnia, Norton Grubb, afirmou que essa hipótese de bolha é “ridícula”. O problema é que não há rotas rápidas para ocupações melhores e salários altos como antigamente, a não ser por aquele que possuem destrezas singulares (atletas, estrelas do rock, estrelinhas se preparando para “revelar tudo”) – o que a maioria de nós não possui. A educação não deixou de trazer seus retornos esperados, não em termos de renda a empregabilidade. Mas hoje em dia se espera maior graduação dos profissionais, o que não era exigido a décadas atrás.

A coluna da The Economist acrescenta não estar negando a existência de uma bolha. Esse é apenas o início de uma discussão. Talvez isso ainda não tenha sido refletido nos números... O que você pensa sobre isso?

Clique aqui para ler o texto na íntegra (em inglês).

Links

Rap em Vídeo: Keynes versus Hayek: um debate macro-econômico (aqui , aqui e aqui também)

Análise custo-benefício em Star Wars e as atitudes do Império

Máquina de escrever ainda é fabricada

Os piores erros da história

Mais de um bilhão com fome no mundo

As profissões mais estressantes

Banco Morada

O Banco Central (BC) anunciou a intervenção no Banco Morada, que atua basicamente no mercado de crédito consignado e tem uma única agência localizada no Rio de Janeiro. Segundo o BC, há indícios na instituição de inconsistência contábil. O Banco Morada tem cerca de mil clientes e terá um prazo para se adequar às regras da autoridade monetária e apresentar um plano de recuperação. O BC nomeou Sidney Ramos Ferreira como interventor com "plenos poderes de gestão". Ferreira foi interventor do Banco Central no Banerj.
(Fonte: aqui)

O Valor Econômico (DPGE deu gás a Morada e Schahin, Vanessa Adachi e Cristiane Lucchesi, 29 abr 2011) compara o caso com o banco Schahin, recentemente adquirido pelo BMG. E que o DPGE (certificado de depósito a prazo com garantia do FGC, criado para ajudar as instituições de pequeno e médio porte) cresceram depois do caso do Panamericano: "o que era para ser um mecanismo anti-cíclico tornou-se operacional"

Outra reportagem (BC investiga indício de fraude no Morada, Luciana Otoni e Adriana Cotias, 29 de abr de 2011) chama a atenção sobre a possibilidade de fraude, já que nos autos de intervenção constam decréscimo de patrimônio e indícios de irregularidades. Um aspecto judicial preocupante para o Banco Central é que o banco estava enquadrado no índice de Basileia e que a intervenção ocorreu quando a administração não cumpriu "ajustes em relação ao patrimônio de referência" solicitado pelo Banco Central. O parecer de auditoria, da UHY Moreira, não tinha ressalvas no último balanço.

O que é uma bolha de ativos?

Por Pedro Correia


Martin e Ventura respondem a esta pergunta:

"Today’s economies often experience large movements in asset prices that have significant macroeconomic effects. Given that many of these movements in asset prices seem unrelated to economic conditions or fundamentals, they have come to be called bubbles, whether swelling or bursting. Typically, these bubbles are unpredictable and generate substantial macroeconomic effects. Consumption, the capital stock, and output all tend to surge when a bubble arises and then collapse or stagnate when the bubble bursts. "

Brasil x BRICS

Por Pedro Correia





Estudo da Standard and Poor's faz comparações entre os países que formam os BRICS.

1-Investimento em relação ao PIB. Brasil em último.

2. Exportações em relação ao PIB. Brasil em último.

3. Dívida Pública em relação ao PIB. Só a Índia é pior que o Brasil.

4. Pagamento de juros em relação ao PIB. Só a Índia é pior que o Brasil.

5. Receita Tributária em relação ao PIB. Estamos disparados na 1ª posição

Como afirmou Clóvis Rossi:"o conglomerado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) soa como tijolo em inglês (brick), sinônimo de solidez. Mas é só tirar o C de China que vira um queijo mole e cremoso no miolo (o brie)."

Hat Tip: Paulo Roberto de Almeida


Casamento


O gráfico, da The Economist, mostra a evolução da idade no casamento, para o noivo (linha mais escura) e a noiva (linha mais clara). A conclusão é que as pessoas estão postergando o casamento.

 Ao mesmo tempo mostra também os casamentos reais (os círculos do gráfico).