Maldição do Vencedor - Postado por Pedro Correia
A revista Conjuntura Econômica de fevereiro traz uma entrevista especial com o economista Paul Milgrom. Milgrom é conhecido no meio acadêmico por suas contribuições para a área de leilões, contratos e economia industrial. Fora da academia ele tem contribuído em diversas áreas, principalmente em leilões. Em particular, desenhou o leilão ascendente simultâneo (LAS) usado nos EUA e em vários outros países para vender espectro de rádio, e que tem gerado centenas de milhões de dólares de receita para os governos. Além disso, é consenso entre economistas que as contribuições de Paul Milgrom nas áreas de teoria de leilões, teoria dos jogos, organizações e finanças, o fazem merecedor de um Prêmio Nobel.
Segue trecho da entrevista, em que ele comenta sobre
"a maldição do vencedor":
O governo brasileiro cederá à Petrobras os direitos de exploração dos blocos de pré-sal adjacentes àqueles que já são de sua propriedade, com o argumento de que ela tem “melhor informação sobre a viabilidade desses blocos”. É uma boa ideia?
Esse é um exemplo clássico da “maldição do vencedor”, e também ilustra uma situação na qual o leiloeiro se sai melhor quando distingue participantes fortes e fracos. A “maldição do vencedor” funciona assim: se um participante– digamos a Petrobras – está mais informado que os outros e se um participante menos informado vence o leilão, então o vencedor está “amaldiçoado”. A razão é simples: caso os direitos valessem muito a Petrobras teria dando lances agressivos para adquiri-los. Uma maneira simples de lidar com a “maldição do vencedor” é excluir o participante forte, bem informado. Se essa é uma boa ideia depende de uma análise específica. Por exemplo: é necessário avaliar a possibilidade de que a Petrobras distorça o resultado de qualquer maneira, vendendo ou trocando sua informação superior com outro participante. Outra questão é o número de participantes. E, dependendo dos fatos, pode haver outras maneiras menos custosas de mitigar a “maldição do vencedor” do que excluir a Petrobras.
Entrevista completa em português: aqui. Entrevista completa em inglês: aqui