Translate

16 março 2011

Harvard - S.O.S.

Harvard - S.O.S.
Por Isabel Sales

Hoje eu estava conversando com o Glauber Barbosa (a quem agradeço) que me informou que Harvard está iniciando um trabalho com o Brasil para um intercambio entre professores e estudantes. Interessante, não é mesmo? Ainda mais após a postagem fresquinha sobre as top 100 universidades do mundo.

Acho importante o relacionamento saudável entre universidades internacionais. Isso conta, inclusive, na avaliação da Capes que incentiva o intercâmbio com outros centros, acordos e convênios com instituições internacionais.

Minha torcida por esse envolvimento Brasil-Harvard cessa a partir do momento em que eu leio que os norte-americanos buscam, adicionalmente, recursos financeiros nesses convênios. Isso mesmo. Recursos financeiros. Do Brasil. Para Harvard.

Bom, tendo em vista que somos a 7ª economia em expansão (EUA em primeiro), que não entramos na lista das maiores universidades (Harvard é a primeira) – se eu souber que o Brasil está financiando Harvard eu me tornarei uma mini-acadêmica muito frustrada. E irritada. Como foi publicado aqui no blog, o orçamento total de Harvard corresponde a 60% do orçamento total do Ministério de Educação e Cultura, cerca de US$ 25 bilhões. Todavia, falemos de outros pontos importantes.

A presidente de Harvard, Drew Gilpin Faust, estará em são Paulo no dia 23 de março. No jornal “The Boston Globe” publicado ontem, Faust e Hockfield (presidente da MIT – Massachusetts Institute of Technology) discorreram sobre como os Estados Unidos superaram muitos problemas, tais quais guerras e depressões. Assim, estar em um momento que envolve crise não é sinônimo de que o país não terá um futuro próspero, mas sim que são necessárias atitudes que levem a ressurreição da moral e da prosperidade.

As presidentes afirmam que acelerar a inovação e aplica-la ao mercado de trabalho requer comprometimento tanto da indústria quanto do governo. Segundo um novo relatório da Bettele, uma empresa de desenvolvimento de pesquisa e tecnologia, as fontes públicas e privadas dos Estados Unidos ainda são líderes mundiais em financiamento de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Todavia, a China, a Coréia, a Índia, a Rússia e o Brasil (!!!) estão expandindo seu comprometimento com P&D de forma muito mais rápida que os Estados Unidos e outros líderes tradicionais, como a Alemanha e o Japão.

Ela termina o seu texto com um parágrafo que diz: “O Congresso está frente a um déficit orçamentário nacional doloroso. Mas os Estados Unidos também sofrem de um déficit nacional de inspiração; nós acreditamos muito pouco no nosso poder de inventar um futuro melhor para focar prioridades que trarão resultados não no próximo trimestre, ou mesmo no próximo ciclo eleitoral, mas nas próximas gerações. A história e a ciência julgariam esse pessimismo um erro”.

Olha que bonito. Mesmo sendo a universidade n. 1 do mundo, ela continua buscando e pregando a excelência. Depois dessa, quem não quer contribuir com Harvard?

Leia mais em:
Harvard busca alunos, professores e fundos em outros países

As maiores empresas de contabilidade dos EUA


O maior mercado financeiro do mundo apresenta as seguintes maiores empresas na área contábil:

 É possível observar que a maior empresa, Deloitte, possui maior receita, maior número de empregados e escritórios (entre as “big four”). Sua receita é duas vezes maior que a quarta, a KPMG. 

Custo da água na Líbia

Postado por Pedro Correia
Líbia é um dos países mais secos do mundo, com apenas a região costeira (menos de 5% do país), recebendo mais de 100 milímetros de chuva por ano. Em 1953,pesquisas de petróleo no deserto do sul da Líbia levaram à descoberta não apenas das reservas de petróleo significativas, mas também grandes quantidades de água doce em aquíferos sob o deserto da Líbia. O Sistema Aqüífero da Núbia, o maior do mundo, está localizada na parte oriental do deserto do Saara e atravessa as fronteiras da Líbia, Chade, Sudão e Egito. Abrange uma enorme área e contém uma estimativa 150.000 km cúbicos de água subterrânea.

Devido a problemas de contaminação na água dessalinizada na costa da Líbia, em 1983 um grande projeto de engenharia, conhecido como o Great Man-Made River Project, foi criado para o abastecimento de água por meio de aqüíferos do deserto para a região costeira da Líbia e para a expansão da agricultura através da irrigação. Veja a imagem abaixo:




O projeto, de cinco fases dos quais três já foram concluídas, destina-se a fornecer 6,5 milhões de metros cúbicos de água por dia através de 4.000 km de tubulações provenientes de 1.100 poços através de cinco reservatórios, com um custo estimado de 25 bilhões de dólares. O custo desta água não-renovável ​​é de cerca de um décimo do custo da água dessalinizada.

Esse projeto é uma das maiores obras de engenharia do planeta e é conhecido como
Grande Rio Artificial da Líbia.

Fonte: The Economist

Multiplus


Três textos sobre a empresa Multiplus foram publicados no Valor Econômico de 11 de março de 2011. Os textos comentam sobre a redução de capital da empresa no valor de R$600 milhões:

Raras empresas estariam dispostas a abrir mão de R$ 600 milhões, o equivalente a 87% do seu patrimônio líquido, decisão tomada pela Multiplus, empresa que opera programas de fidelidade, por meio de uma redução de capital. Ainda mais inusitado é o fato de a medida ter sido adotada um ano depois de a empresa ter feito um aumento de capital praticamente do mesmo valor, R$ 692 milhões. A explicação oficial é que o “capital social subscrito é atualmente considerado alto e sua redução oferecerá perspectivas de otimização da estrutura de capital em favor do acionista”.
Multiplus faz redução de capital de R$ 600 milhões – Fernando Torres – Valor Econômico – 11 de março de 2011

A explicação da otimização da estrutura de capital é controversa, já que a teoria de finanças afirma não existir uma estrutura ótima. Na realidade, ao diminuir o capital próprio a empresa estaria mais alavancada.

O texto tenta encontrar as razões para decisão da empresa. A principal delas parece ser tributária:

De início, a Multiplus não precisaria ter feito uma oferta primária de ações no ano passado, com conseqüente aumento de capital, quando a controladora TAM decidiu desmembrar a companhia e colocar as ações em bolsa. Isso porque o dinheiro arrecadado na oferta foi praticamente todo usado na compra de passagens de forma antecipada da própria TAM que ainda possui 73% do capital da empresa de fidelidade. Se o interesse era abrir o capital dessa divisão de negócios e ao mesmo tempo reforçar seu caixa, a companhia aérea poderia ter feito uma oferta secundária de ações da Multiplus, obtendo os mesmos R$600 milhões que recebeu via compra de passagens.
 Ao optar pela oferta primária, a TAM não precisou pagar imposto de renda sobre ganho de capital, que seria necessário caso tivesse decidido vender uma fatia da Multiplus na distribuição secundária. Como o patrimônio da empresa de fidelidade era quase zero, a conta seria salgada. (...)

A segunda razão seria o fato da empresa ter gerado muito caixa no exerício passado, sem um grande lucro líquido. A distribuição de dividendos estaria limitada pelo lucro, que foi reduzido; para compensar, a empresa fez a redução de capital. Ou seja, a operação seria uma distribuição de dividendos disfarçada:

A Multiplus teve geração de caixa de R$919 milhões no ano passado, enquanto o lucro líquido somou apenas R$118 millhões.
 Por ser uma empresa nova, sem lucros acumulados, a companhia não tinha como pagar nada além dos 118 milhões na forma de dividendos.
 A diferença entre a geração de caixa e o lucro se explica não só pela antecipação de compra de passagens prêmio da TAM, evitando desembolsos que ocorreriam normalmente, como também pelo sistema de reconhecimento da receita da companhia.Embora a Multiplus receba o caixa quando vende os pontos às parceiras, a receita e o correspondente custo só são registrados quandos os pontos são resgatados.Multiplus abre mão de caixa – Fernando Torres – Valor – D1

Finalmente o texto tenta explica a questão dos pontos não usados:

Os pontos esquecidos e perdidos pelos participantes do programa de fidelidade responderam por 23% do faturamento da Multiplus no ano passado. A companhia registrou receita de R$122 milhões em 2010 por conta do vencimento de pon tos não resgatados. E essa entrada não tem nenhum custo como contrapartida, explica o professor Ricardo Almeida, do Insper, o que significa que o efeito aparece diretamente no lucro. O nome usado para tratar desse despedício de pontos é taxa de “breakage”, que fechou o ano passado em 22,6%, considerando o período de 12 meses.
 (...) Apesar do bom resultado gerado atualmente, a própria Multiplus afirma, no relatório que fala dos números do quarto trimestre, que essa taxa “tende a apresentar uma tendência natural de queda no longo prazo (...)” (...) Os anlista do BTG Pactual projetam que essa taxa ficará em 19% no longo prazo.
Pontos sem resgate viram receita na Multiplus – Fernando Torres – Valor Econômico – 11 de março – p. D3

Isto não parece ser realmente um problema. 

Investidor

Após perder US$ 2 milhões (R$ 3,3 milhões) com a compra de ações no Brasil no fim dos anos 1990, o investidor Ned Smith Junior ingressou com recurso na Justiça na tentativa de obter os valores de volta junto às corretoras e bancos locais que fizeram as aplicações. Mas Ned não apenas perdeu a causa no Superior Tribunal de Justiça (STJ) - instância máxima para julgar esse tipo de questão no Judiciário - como seu processo marcou um entendimento importante do tribunal a respeito de quais investidores podem pedir ressarcimento por prejuízos em aplicações financeiras.
O STJ fez uma diferenciação entre dois tipos de investidores: os habituais e os esporádicos. Os primeiros são aqueles que atuam diariamente no mercado e operam com risco. Os segundos são os que possuem poucas aplicações que não contêm grandes riscos como CDBs e fundos DIs.
"O grande investidor ou investidor habitual conhece o negócio, acompanha o mercado, sabe os riscos que corre", afirmou ao Valor o ministro Sidnei Beneti, relator do caso. Esse investidor "profissional" teria menos chances de vencer ações na Justiça em caso de perdas no mercado financeiro pois é visto como alguém que monitora o mercado e faz aplicações quase diariamente com a percepção de possíveis prejuízos.
"Já o investidor episódico, que aplica em fundos DI e CDBs, é diferente", completou o ministro. Nessa visão, o investidor de CDBs não seria um profissional, mas apenas alguém que aplica seus recursos em intervalos de tempo maiores. Esse investidor teria mais chances de ser protegido pela Justiça, caso perca quantias por má administração de bancos e corretoras, pois é considerado mais vulnerável à atuação dos administradores. (...)
STJ rejeita reparação de perda na bolsa - Juliano Basile - Valor - 14 mar 2011

5 Grandes Livros de Finanças Comportamentais em Língua Portuguesa

O Mito dos Mercados Racionais – Justin Fox – conta a história do conceito de mercado racional. São 16 capítulos que tratam de finanças modernas.

Psicologia Econômica – Vera Ferreira – Uma tese que foi transformada em livro. É bastante completo no assunto. Para os leitores com maior rigor acadêmico

Finanças Comportamentais – Aquiles Mosca – Coletânea de artigos que foram publicados no Valor Econômico. Estilo acessível é um atrativo

Previsivelmente Irracional – Dan Ariely – Acho que este deveria ser a primeira leitura em Finanças Comportamentais. Apesar do autor evitar os conceitos, é um livro muito acessível e interessante. 

Positivamente Irracional – Dan Ariely – Segundo livro de Ariely, ainda uma boa leitura.

O Mito dos Mercados Racionais

Foi lançado o livro de Justin Fox em língua portuguesa. No início do ano fiz um comentário sobre o livro em inglês e a tradução é muito oportuna. Para quem leu O Desafio aos Deuses, de Peter Bernstein, o livro de Fox é um excelente complemento. Recomendo para quem gosta de Finanças Modernas, principalmente para aqueles que acompanham Finanças Comportamentais. Eis o texto sobre o livro:
O livro The Myth of Rational Market, de Justin Fox, conta a história do conceito de mercado racional. A obra está dividida em 16 capítulos, sendo que cada capítulo geralmente dedicado a uma pessoa de destaque. O capítulo 1 inicia-se com as pesquisas de Irving Fisher, um dos mais brilhantes economistas e talvez o primeiro teórico da área de finanças. O trabalho de Macaulay na década de 30 é tema do segundo capítulo. Os dois primeiros capítulos compõem o período inicial do tema. A seguir quatro capítulos que narram à ascensão do mercado racional, com os trabalhos de Markowitz, a teoria de random walk de Samuelson, a suposição de Modigliani e Miller e a proposição de Gene Fama. Em termos temporais, estes capítulos dizem respeito à década de 50 e 60, quando a teoria de finanças começa o período de consolidação. Três capítulos seguintes dizem respeito à conquista de Wall Street, quando os teóricos conseguem influenciar as decisões de investimento. Os capítulos são dedicados ao investidor Jack Bogle, ao falecido Fischer Black (da teoria de opções) e Michael Jensen. A década de 70 representa a possibilidade de colocar em prática as conquistas da teoria. Os quatro capítulos seguintes representam os problemas encontrados na prática. Os trabalhos de Dick Thaler (finanças comportamentais), Bob Shiller (exuberância irracional), Warren Buffett e Ed Thorp (o primeiro, o grande investidor; o segundo, investidor e estudioso de jogos de azar) e a Alan Greenspan, ex-presidente do FED. A última parte diz respeito “a queda” do mercado racional. São três capítulos, onde Fox mostra como a teoria tem sido cada vez mais questionada e alguns dos seus grandes proponentes, incluindo Gene Fama, passaram a ter ressalvas sobre a mesma. São destacados os trabalhos do russo-americano Andrei Shleifer , novamente Mike Jensen e novamente Gene Fama & Dick Thaler. Em poucas palavras, o livro é muito bom. Traça um grande perfil histórico das finanças modernas, muito parecido com o texto Desafio aos Deuses, outro texto excepcional. São mais de trezentas páginas agradáveis, com diversos casos e situações importantes. É um livro importante para quem deseja aprofundar o estudo de finanças. Tenho algumas pequenas ressalvas, como o fato de Fox repetir três vezes no texto a afirmação de Jensen sobre o mercado racional. Mas nada que prejudique sua avaliação global.
Parceiros do blog:


Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.