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18 fevereiro 2011

Por que ninguém vai para cadeia?

A revista Rolling Stone pergunta: qual a razão dos executivos de Wall Street escaparem ilesos dos escândalos? O texto cita vários casos, mas selecionei um interessante e pouco conhecido: Sunbeam. Esta empresa é especializada em utilidades domésticas. No final dos anos 1990 a empresa estava usando truques contábeis. Seu executivo, Al "Chainsaw" Dunlap, foi multado em 500 mil dólares e proibido de gerir uma empresa aberta. Como o patrimônio dele era de 100 milhões, Dunlap aposentou-se com 99,5 milhões de dólares.

Eis a conclusão:

Para a maioria dos americanos, os crimes financeiros não são reais, você não vê os culpados brandindo armas em lojas ou arrastando pessoas em arbustos. Mas estas fraudes são piores do que os roubos comuns. São crimes de escolha intelectual, feita por pessoas que já são ricos e que têm todas as vantagens sociais possíveis, agindo sobre um cálculo simples e cínico: Vamos roubar tudo o que podemos.

Panamericano republica

O Panamericano reapresentou hoje documentos relativos às demonstrações financeiras e relatório da administração em decorrência de nove alterações nos textos.

A mudança se deve a correções ou inclusão de informações, sem alterar as partes mais essenciais do balanço, como o reconhecimento do rombo de R$ 4,3 bilhões nas contas da instituição financeira ou do prejuízo de R$ 133,61 milhões em dezembro.

O banco, por exemplo, tirou da seção de resultados a nomenclatura "lucro líquido do trimestre", que causou algumas confusões ontem, já que a administração do Panamericano decidiu publicar apenas os números de dezembro - dada a falta de confiabilidade sobre as cifras de períodos anteriores, contaminadas por irregularidades contábeis da antiga direção. Por isso, o banco colocou "prejuízo líquido do mês" na rubrica.

Em comunicado ao mercado, o Panamericano informa que a Deloitte, auditoria independente responsável pelo exame das demonstrações contábeis, concordou com as alterações e substituições efetuadas.
Panamericano reapresenta balanço com alterações no texto - Qui, 17 Fev, (Eduardo Laguna | Valor)

A força dos fundos de pensão


A figura mostra a participação dos fundos de pensão na economia de cada país. Enquanto os ativos dos fundos representam mais de cem por cento da economia da Holanda e Suíça, a participação é muito reduzida na França e Alemanha. Os 300 bilhões dos fundos brasileiros fazem com que o país esteja junto com estes países. Ou seja, existe potencial para crescimento dos fundos na nossa economia.

O valor reduzido não é bom nem ruim. Apenas uma característica da nossa economia. Poderia ser maior se a gestão dos fundos fosse mais profissional, e os fundos não fossem chamados, pelo governo, para participar de projetos de baixo retorno.

Efeitos da Basileia III

Até dezembro de 2011, as instituições financeiras terão uma nova definição do capital exigido para fazer frente aos riscos bancários. Segundo o chefe do Departamento de Normas do Banco Central (BC), Sergio Odilon, o conceito de Patrimônio de Referência (PR) será alterado para atender às exigências das regras prudenciais do acordo de Basileia III.

O capital nível 1 que compõe o PR será dividido em capital principal e capital adicional, onde entram dois tipos de “colchões”, poupanças anticrise. Para o capital principal do nível 1 serão considerados apenas ações (capital social) e lucros retidos, excluindo-se os atuais híbridos e dívidas subordinadas, que irão compor o nível 2.

Saem também do capital principal, créditos tributários, ágios, ativos permanentes, relacionados a fundos de pensão, ações em tesouraria, participações de minoritários e em seguradoras não controladas.

Os bancos vão ter que fazer dois colchões: um chamado capital de conservação e outro de capital anticíclico [1]. Ambos serão definidos pelo BC, no futuro. (...)

Hoje, o BC exige que cada banco tenha em capital próprio, um mínimo de 11% do PR. Com a mudança, poderá chegar a 13%. [2] (...) Até dezembro de 2012 será definido o capital de conservação, contracíclico e índices de alavancagem. Até dezembro de 2013 será definido o cálculo do índice de liquidez (LCR). Até dezembro de 2014 o BC divulga metodologia para outra medida de liquidez (NSFR). Até dezembro de 2016, a composição do NSFR. E até julho de 2017, a definição final da composição e do índice de alavancagem, informou o BC.

(Azelma Rodrigues | Valor Econômico - BC mudará cálculo do Patrimônio de Referência dos bancos neste ano - 17/02/2011

[1] Observe que isto está de acordo com a questão apresentada ontem no blog, sobre a provisão dinâmica

[2] Esta medida tem impacto sobre o crédito bancário. E os efeitos sobre a taxa de juros?

O que deve ter uma "conclusão" de um trabalho científico?

A conclusão é a parte mais desprezada de um trabalho científico. Geralmente deixamos para o final, quando já estamos exaustos com a pesquisa. E temos dificuldade em escrevê-la. Existe um pesquisador que afirmou que por ele seus trabalhos nunca teriam o item “conclusão”, pois as mesmas são facilmente obtidas a partir da leitura do texto. Mas ele reconhece que isto tornaria difícil a aprovação do artigo num periódico de renome e por isto ele faz uma conclusão suscinta.

Aqui um roteiro sobre o que deve e o que não deve conter uma conclusão

O que não deve estar na conclusão

1. O objetivo do trabalho – Na realidade o objetivo só deve ser enunciado uma vez. Se o texto é claro, não é necessário repetição.
2. Os resultados do trabalho – Novamente o mesmo do anterior. Os resultados já estão no resumo, na introdução (e isto mesmo) e na análise de dados. Repeti-los na conclusão é considerar o leitor um prejudicado mentalmente.
3. O resumo do trabalho – Parece incrível, mas o resumo do trabalho deve estar numa seção chamada “resumo”.
4. As limitações – as limitações devem estar ao longo do trabalho, sempre que o assunto for abordado. Assim, quando se fala da amostra, as limitações decorrentes da amostra podem ser apresentadas.

Observe que as restrições acima fazem com que a conclusão seja algo realmente reduzido. Um trabalho de oitenta folhas poderia ter uma conclusão de no máximo uma página. Num artigo de vinte páginas, dois ou três parágrafos. Entretanto, isto é controverso. Algumas pessoas acham que a conclusão deve ser mais extensa.

O que pode estar na conclusão do trabalho

1. Uma opinião sincera e honesta sobre os achados – Os achados são relevantes para a ciência? Como podem contribuir para a melhoria do conhecimento científico? Quais os novos rumos das pesquisas futuras? Neste caso, as frases devem estar baseadas nos dados que foram analisados.

2. Sugestões de pesquisas futuras – Decorrentes das dificuldades encontradas, o pesquisador pode sugerir novos rumos a serem investigados.

P.S. Veja este link

Infraero

O texto a seguir mostra uma grande confusão de termos contábeis.

A Infraero aumentou as perdas [1] com a operação de seus 67 aeroportos nos últimos anos, segundo relatório de ontem da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Dados compilados pela agência apontam que, em 2009, as despesas dos aeroportos superaram as receitas em R$ 509 milhões, ano em que houve uma retração do setor, impactado pela crise mundial.

Conforme os critérios da Anac, o valor das perdas [1] é bem superior aos resultados de 2008 (R$ 383 milhões) e 2007 (R$ 346 milhões) [2]. O balanço de 2010 ainda não foi concluído pelo órgão [3].

Entre os principais aeroportos do país, Cumbica (em Guarulhos, na Grande São Paulo) ajudou a puxar o resultado para cima, com ganhos [4] de R$ 143 milhões.

Mas o bom desempenho de Cumbica não conseguiu compensar as perdas [1] do Galeão (R$ 146,3 milhões), maior aeroporto do Rio.

Ainda entre os maiores, Congonhas também deu resultado positivo (R$ 8,59 milhões), mas Brasília, que vem se posicionando sempre entre os quatro primeiros em número de passageiros, perdeu R$ 12,2 milhões.

O relatório da Anac, que busca avaliar a produtividade do setor, integra um programa de modernização da regulação dos custos de operação e das tarifas aeroportuárias [5]. O governo também vem discutindo a possibilidade de privatizar parte dos aeroportos.

Perda com aeroportos no Brasil chega a R$ 509 milhões - JOSÉ ERNESTO CREDENDIO - Folha de São Paulo

[1] Prejuízo?
[2] Ou seja, o prejuízo é estrutural.
[3] Observe que estamos em 2011 e o texto fala de 2009.
[4] Lucro?
[5] O texto é favorável a empresa

Hollywood depende do Exterior

O verdadeiro valor de um filme já não é decidida pela multidão que se reúne no Teatro Kodak, ou mesmo, por qualquer americano. É decidido pelos jovens em países como Rússia, China e Brasil.

A crescente onda estrangeira levantou filmes que foram praticamente nulos na América, como "Prince of Pérsia" e "As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada". Apesar estrelando pelo popular Jack Black, "As Viagens de Gulliver" teve uma temporada decepcionante na América do Norte, tendo $ 42 milhões nas bilheterias até agora. Mas a participação mais forte na Rússia e Coréia do Sul ajudaram a chegar a quase US $ 150 milhões em vendas em outros lugares. Como resultado deve ter lucro, diz John Davis, produtor do filme.

Bigger abroad - The Economist - 17 fev 2011